O Grande Conflito por Ellen G Harmon-White

O Grande Conflito há de assumir proporções cada vez maiores até o seu final desenlace. Em todas as épocas a ira de mal esteve voltada contra a o bem. À medida que cada geração se aproxima da seu tempo de crise, o mal há de agir com redobrada energia - devotado a uma obra de repressão, destruição, corrupção, crueldade e engano. Contudo, toda vez, campeões bravos da direita tenham surgido que lutaram com força sobre-humana para a causa da verdade. E o conflito agudo e amargo desenvolvido nessa luta de longos séculos culminará no conflito final. É nesse tempo cheio de perigos no qual ele vai irromper uma intervenção poderoso e maravilhosa. O Grande Conflito há de assumir proporções cada vez maiores até o seu final desenlace. Em todas as épocas a ira de mal esteve voltada contra a o bem. À medida que cada geração se aproxima da seu tempo de crise, o mal há de agir com redobrada energia - devotado a uma obra de repressão, destruição, corrupção, crueldade e engano. Contudo, toda vez, campeões bravos da direita tenham surgido que lutaram com força sobre-humana para a causa da verdade. E o conflito agudo e amargo desenvolvido nessa luta de longos séculos culminará no conflito final. É nesse tempo cheio de perigos no qual ele vai irromper uma intervenção poderoso e maravilhosa.

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O Grande Conflito de Deus. Poderia falar dos Faraós, dos reis de Babilônia e dos de Israel, cujos trabalhos não contribuíram nunca mais eficazmente para a sua própria destruição do que quando buscavam, mediante conselhos, prudentíssimos na aparência, fortalecer seu domínio. Deus ‘é O que transporta montanhas, sem que o sintam.’” — D’Aubigné. Lutero falara em alemão; foi-lhe pedido então repetir as mesmas palavras em latim. Embora exausto pelo esforço anterior, anuiu e novamente fez seu discurso, com a mesma clareza e energia que a princípio. A providência de Deus dirigiu isto. O espírito de muitos dos príncipes estava tão obliterado pelo erro e superstição que à primeira vez não viram a força do raciocínio de Lutero; mas a repetição habilitou-os a perceber claramente os pontos apresentados. Os que obstinadamente fechavam os olhos à luz e se decidiram a não convencer-se da verdade, ficaram enraivecidos com o poder das palavras de Lutero. Quando cessou de falar, o anunciador da Dieta disse, irado: “Não respondeste à pergunta feita. ... Exige-se que dês resposta clara e precisa. ... Retratar-te-ás ou não?” O reformador respondeu: “Visto que vossa sereníssima majestade e vossas nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples e precisa, dar-vo-la-ei, e é esta: Não posso submeter minha fé quer ao papa quer aos concílios, porque é claro como o dia, que eles têm freqüentemente errado e se contradito um ao outro. Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém.” — D’Aubigné. Assim se manteve este homem justo sobre o firme fundamento da Palavra de Deus. A luz do Céu iluminava-lhe o semblante. Sua grandeza e pureza de caráter, sua paz e alegria de coração, eram manifestas a todos ao testificar ele contra o poder do erro e testemunhar a superioridade da fé que vence o mundo. A assembléia toda ficou por algum tempo muda de espanto. Em sua primeira resposta Lutero falara em tom baixo, em atitude respeitosa, quase submissa. Os romanistas haviam interpretado isto como sinal de que lhe estivesse começando a faltar o ânimo. Consideraram o pedido de delonga simples prelúdio de sua retratação. O próprio Carlos, notando, meio desdenhoso, a constituição abatida do monge; seu traje singelo e a simplicidade de suas maneiras, declarara: “Este monge nunca fará de mim um herege.” A coragem e firmeza que agora ele ostentara, bem como o poder e clareza de seu raciocínio, encheram de surpresa todos os partidos. O imperador, possuído de admiração, exclamou: “Este monge fala com coração intrépido e inabalável coragem.” Muitos dos príncipes alemães olhavam com orgulho e alegria a este representante de sua nação. 103

O Grande Conflito Os partidários de Roma haviam sido vencidos; sua causa parecia sob a mais desfavorável luz. Procuraram manter seu poder, não apelando para as Escrituras, mas com recurso às ameaças — indefectível argumento de Roma. Disse o anunciador da Dieta: “Se não se retratar, o imperador e os governos do império consultar-se-ão quanto à conduta a adotar-se contra o herege incorrigível.” Os amigos de Lutero, que com grande alegria lhe ouviram a nobre defesa, tremeram àquelas palavras; mas o próprio doutor disse calmamente: “Queira Deus ser meu auxiliador, pois não posso retratar-me de coisa alguma.” — D’Aubigné. Ordenou-se-lhe que se retirasse da Dieta, enquanto os príncipes se consultavam juntamente. Pressentia-se que chegara uma grande crise. A persistente recusa de Lutero em submeter-se, poderia afetar a história da igreja durante séculos. Decidiu-se dar-lhe mais uma oportunidade para renunciar. Pela última vez foi ele levado à assembléia. Novamente foi feita a pergunta se ele renunciaria a suas doutrinas. “Não tenho outra resposta a dar”, disse ele, “a não ser a que já dei.” Era evidente que ele não poderia ser induzido, quer por promessas quer por ameaças, a render-se ao governo de Roma. Os chefes papais aborreceram-se de que seu poderio, o qual fizera com que reis e nobres tremessem, fosse dessa maneira desprezado por um humilde monge: almejavam fazê-lo sentir sua ira, destruindo-lhe a vida com torturas. Lutero, porém, compreendendo o perigo, falara a todos com dignidade e calma cristãs. Suas palavras tinham sido isentas de orgulho, paixão e falsidade. Havia perdido de vista a si próprio e aos grandes homens que o cercavam, e sentia unicamente que se achava na presença de Alguém infinitamente superior aos papas, prelados, reis e imperadores. Cristo falara por intermédio do testemunho de Lutero, com um poder e grandeza que na ocasião causou espanto e admiração tanto a amigos como a adversários. O Espírito de Deus estivera presente naquele concílio, impressionando o coração dos principais do império. Vários dos príncipes reconheceram ousadamente a justiça da causa de Lutero. Muitos estavam convictos da verdade; mas em outros as impressões recebidas não foram duradouras. Houve outra classe que no momento não exprimiu suas convicções, mas que, tendo pesquisado as Escrituras por si mesmos, tornaram-se em ocasião posterior destemidos sustentáculos da Reforma. O eleitor Frederico aguardara ansiosamente o comparecimento de Lutero perante a Dieta, e com profunda emoção ouviu seu discurso. Com alegria e orgulho testemunhou a coragem, firmeza e domínio próprio do doutor, e decidiu-se a permanecer mais firmemente em sua defesa. Ele contrastava as facções em contenda, e via que a sabedoria dos papas, reis e prelados, fora pelo poder da verdade reduzida a nada. O papado sofrera uma derrota que seria sentida entre todas as nações e em todos os tempos. 104

O <strong>Grande</strong> <strong>Conflito</strong><br />

de Deus. Poderia falar dos Faraós, dos reis de Babilônia e dos de Israel, cujos trabalhos não<br />

contribuíram nunca mais eficazmente para a sua própria destruição do que quando buscavam, mediante<br />

conselhos, prudentíssimos na aparência, fortalecer seu domínio. Deus ‘é O que trans<strong>por</strong>ta montanhas,<br />

sem que o sintam.’” — D’Aubigné.<br />

Lutero falara em alemão; foi-lhe pedido então repetir as mesmas palavras em latim. Embora<br />

exausto pelo esforço anterior, anuiu e novamente fez seu discurso, com a mesma clareza e energia que<br />

a princípio. A providência de Deus dirigiu isto. O espírito de muitos dos príncipes estava tão obliterado<br />

pelo erro e superstição que à primeira vez não viram a força do raciocínio de Lutero; mas a repetição<br />

habilitou-os a perceber claramente os pontos apresentados.<br />

Os que obstinadamente fechavam os olhos à luz e se decidiram a não convencer-se da verdade,<br />

ficaram enraivecidos com o poder das palavras de Lutero. Quando cessou de falar, o anunciador da<br />

Dieta disse, irado: “Não respondeste à pergunta feita. ... Exige-se que dês resposta clara e precisa. ...<br />

Retratar-te-ás ou não?” O reformador respondeu: “Visto que vossa sereníssima majestade e vossas<br />

nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples e precisa, dar-vo-la-ei, e é esta: Não posso<br />

submeter minha fé quer ao papa quer aos concílios, <strong>por</strong>que é claro como o dia, que eles têm<br />

freqüentemente errado e se contradito um ao outro. Portanto, a menos que eu seja convencido pelo<br />

testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido <strong>por</strong> meio das<br />

passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso<br />

retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui<br />

permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém.” — D’Aubigné.<br />

Assim se manteve este homem justo sobre o firme fundamento da Palavra de Deus. A luz do Céu<br />

iluminava-lhe o semblante. Sua grandeza e pureza de caráter, sua paz e alegria de coração, eram<br />

manifestas a todos ao testificar ele contra o poder do erro e testemunhar a superioridade da fé que<br />

vence o mundo. A assembléia toda ficou <strong>por</strong> algum tempo muda de espanto. Em sua primeira resposta<br />

Lutero falara em tom baixo, em atitude respeitosa, quase submissa. Os romanistas haviam interpretado<br />

isto como sinal de que lhe estivesse começando a faltar o ânimo. Consideraram o pedido de delonga<br />

simples prelúdio de sua retratação. O próprio Carlos, notando, meio desdenhoso, a constituição abatida<br />

do monge; seu traje singelo e a simplicidade de suas maneiras, declarara: “Este monge nunca fará de<br />

mim um herege.” A coragem e firmeza que agora ele ostentara, bem como o poder e clareza de seu<br />

raciocínio, encheram de surpresa todos os partidos. O imperador, possuído de admiração, exclamou:<br />

“Este monge fala com coração intrépido e inabalável coragem.” Muitos dos príncipes alemães olhavam<br />

com orgulho e alegria a este representante de sua nação.<br />

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