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Observatório do Analista em Revista - 6 Edição

Revista do colaborativa dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil

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No Congresso Nacional<br />

O serviço público sob ataque<br />

Texto: Ana Cláudia Nogueira / Foto: Ricar<strong>do</strong> Pessetti<br />

Servi<strong>do</strong>r e cidadão<br />

Em defesa<br />

das reformas populares<br />

aqui fazer um alerta:<br />

t<strong>em</strong>os atualmente no Congresso<br />

Nacional uma agenda<br />

política ruim para o ser-<br />

“Venho<br />

viço público, ruim para o servi<strong>do</strong>r, e ruim<br />

para a sociedade. O serviço público<br />

está sob ataque”. Leonar<strong>do</strong> Catão de<br />

Carvalho, delega<strong>do</strong> sindical <strong>do</strong> Sindireceita/BH,<br />

iniciou desta forma enfática<br />

a sua participação na Mesa Agenda<br />

Parlamentar <strong>do</strong> Serviço Público. As falas<br />

que o seguiram, <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s Adelmo<br />

Carneiro Leão e Reginal<strong>do</strong> Lopes, infelizmente<br />

não tranquilizaram a plateia.<br />

O delega<strong>do</strong> sindical não estava se<br />

referin<strong>do</strong> ao famigera<strong>do</strong> Projeto de Lei<br />

5864, apresenta<strong>do</strong> à Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> 22 de julho - uma s<strong>em</strong>ana<br />

após a realização <strong>do</strong> S<strong>em</strong>inário Esta<strong>do</strong>,<br />

Serviço Público e Administração Tributária<br />

no Brasil. O alerta se referia ao Projeto<br />

de Lei 257 (aprova<strong>do</strong> <strong>em</strong> 10 de<br />

agosto com alterações à redação original)<br />

e à PEC 241.<br />

Os deputa<strong>do</strong>s federais presentes ao s<strong>em</strong>inário<br />

confirmaram a disposição para<br />

alterar o texto <strong>do</strong> PL 257. “Não somos<br />

contrários à renegociação das dívidas<br />

<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Distrito Federal.<br />

Somos contrários, sim, às contrapartidas<br />

exigidas. Somos contra os pedi<strong>do</strong>s que<br />

impactam o serviço público”, explicou<br />

Reginal<strong>do</strong> Lopes. Por sorte a matéria foi<br />

colocada para votação <strong>em</strong> ano eleitoral,<br />

o que fez com que até os governistas<br />

pressionass<strong>em</strong> pela retirada (que<br />

acabou acontecen<strong>do</strong>) <strong>do</strong> artigo que<br />

proibia por <strong>do</strong>is anos o reajuste salarial<br />

<strong>do</strong> funcionalismo.<br />

Mas foi a PEC 241 qu<strong>em</strong> recebeu os holofotes.<br />

“Será que a PEC 241 passa?” foi<br />

a primeira pergunta feita aos deputa<strong>do</strong>s<br />

durante o debate. “Não pode passar.<br />

Não pod<strong>em</strong>os permitir que isso aconteça”,<br />

respondeu Adelmo Carneiro Leão.<br />

A proposta de <strong>em</strong>enda constitucional,<br />

aprovada pela CCJ <strong>em</strong> 9 de agosto,<br />

limita gastos públicos por 20 anos,<br />

prejudican<strong>do</strong> investimentos <strong>em</strong> Saúde,<br />

Educação e Previdência Social. “Se<br />

aprovada, essa PEC vai facilitar muito<br />

a privatização <strong>do</strong> patrimônio público”,<br />

analisou Carneiro Leão.<br />

Se cada um <strong>do</strong>s projetos é ruim, a soma<br />

de to<strong>do</strong>s deixa às claras uma orquestração<br />

contra o serviço público e, por<br />

tabela, contra o servi<strong>do</strong>r. “Está tu<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>.<br />

E se deixarmos solto, certamente<br />

ter<strong>em</strong>os mais novidades negativas <strong>em</strong><br />

breve com t<strong>em</strong>as como a reforma da<br />

previdência e a retomada da discussão<br />

da regulamentação <strong>do</strong> direito de<br />

greve (leia-se a inviabilização <strong>do</strong> seu<br />

exercício)”, previu Catão uma s<strong>em</strong>ana<br />

antes <strong>do</strong> Brasil saber da existência <strong>do</strong><br />

PL 5864.<br />

Texto: Ana Cláudia Nogueira / Foto: Ricar<strong>do</strong> Pessetti<br />

Até servi<strong>do</strong>res públicos<br />

são usuários de serviços<br />

públicos, l<strong>em</strong>brou Édson<br />

Carneiro (“Índio”), secretário-geral<br />

da Intersindical<br />

– Central da Casse Trabalha<strong>do</strong>ra.<br />

“Muito importante esse debate<br />

que os analistas tributários faz<strong>em</strong> aqui,<br />

de olhar sim para as suas reivindicações<br />

corporativas econômicas, mas pensar o<br />

serviço público na perspectiva <strong>do</strong> povo<br />

brasileiro, na perspectiva de um serviço<br />

público que atenda à população brasileira”.<br />

Índio chamou a atenção <strong>do</strong> público<br />

presente ao s<strong>em</strong>inário por tratar de<br />

questões além da defesa corporativa.<br />

Na sua opinião, os servi<strong>do</strong>res precisam<br />

se entender como trabalha<strong>do</strong>res que<br />

têm missão de prestar um bom serviço<br />

a toda a população, com comprometimento<br />

real, mas também de pensar e<br />

agir a favor <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />

país. E isso inclui se unir aos trabalha<strong>do</strong>res<br />

da iniciativa privada na defesa<br />

de questões cruciais, como as reformas<br />

“Precisamos construir,<br />

e acho que esse é o<br />

papel <strong>do</strong> Sindireceita.<br />

Precisamos discutir o<br />

papel <strong>do</strong>s bancos<br />

públicos, a importância<br />

na alavancag<strong>em</strong> no<br />

crescimento <strong>do</strong> país.”<br />

populares.<br />

O sindicalista alerta que a população<br />

está muito distante da agenda política<br />

atual. “To<strong>do</strong> dia t<strong>em</strong>os o governo anuncian<strong>do</strong><br />

medidas recessivas, restringin<strong>do</strong><br />

recursos para os benefícios sociais, para<br />

educação, saúde, infraestrutura. Mas<br />

mantém o dinheiro para pagar juros de<br />

uma dívida impagável”. Reconhece que<br />

os movimento sociais estão passan<strong>do</strong><br />

por um forte processo de despolitização,<br />

levan<strong>do</strong> a população junto. “Mas<br />

t<strong>em</strong>os obrigação de resistir”.<br />

“Nós precisamos construir, e acho que<br />

esse é o papel <strong>do</strong> Sindireceita e das<br />

organizações de trabalha<strong>do</strong>res. Precisamos<br />

discutir o papel <strong>do</strong>s bancos<br />

públicos, a importância na alavancag<strong>em</strong><br />

no crescimento <strong>do</strong> país. Precisamos<br />

constituir alianças sociais para defender<br />

uma reforma tributária, uma reforma política<br />

para mudar o processo de representação,<br />

mudar esse sist<strong>em</strong>a de financiamento<br />

de campanhas, colocar abaixo<br />

esse sist<strong>em</strong>a político apodreci<strong>do</strong>. Precisamos<br />

ter uma pauta de d<strong>em</strong>ocratização<br />

da comunicação. Precisamos fazer<br />

esse <strong>em</strong>bate com a população, mudar<br />

essa agenda, colocar uma agenda de<br />

fortalecimento <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no<br />

país, acabar com essa patifaria de que<br />

o governo brasileiro está incha<strong>do</strong> com<br />

muitos gastos sociais. Dev<strong>em</strong>os reduzir o<br />

papel e o poder <strong>do</strong> rentismo sobre a<br />

política pública e sobre o serviço público”,<br />

finalizou.<br />

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