Observatório do Analista em Revista - 6 Edição
Revista do colaborativa dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil
Revista do colaborativa dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil
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Capa<br />
Representantes governamentais, políticos e sindicais prestigiam o s<strong>em</strong>inário<br />
Texto: Ana Cláudia Nogueira / Foto: Ricar<strong>do</strong> Pessetti<br />
Um evento planeja<strong>do</strong> para aprofundamento da<br />
discussão sobre serviço público, servi<strong>do</strong>res e administração<br />
tributária brasileira atraiu, como não<br />
poderia deixar de ser, representantes <strong>do</strong> Executivo,<br />
<strong>do</strong> Legislativo e de sindicatos. Servi<strong>do</strong>res da<br />
área fazendária nacional, estadual e municipal<br />
compareceram com uma expectativa grande: entender<br />
o presente dentro de um contexto histórico,<br />
para assim conseguir vislumbrar o que pode<br />
ser o futuro. Estamos falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> S<strong>em</strong>inário “Esta<strong>do</strong>,<br />
Serviço Público e administração Tributária no<br />
Brasil”, promovi<strong>do</strong> pelo <strong>Observatório</strong> <strong>do</strong> <strong>Analista</strong><br />
<strong>em</strong> 15 de julho, <strong>em</strong> Belo Horizonte.<br />
Entre os palestrantes, muita gente da Receita Fe¬¬deral – superintendente,<br />
delega<strong>do</strong>, inspetor, analista tributário. Trouxeram uma visão interna crítica,<br />
tanto <strong>do</strong> papel da instituição quanto a sua estrutura e sua cultura. Destaca-<br />
-se, neste grupo, Sérgio Luiz Messias de Lima, Coordena<strong>do</strong>r Geral de Planejamento,<br />
Organização e Avaliação Institucional da Receita Federal, pela<br />
importância estratégica de sua função para se pensar no futuro da Receita.<br />
A proposta <strong>do</strong> s<strong>em</strong>inário era ampliar o olhar. No segmento sindicalista, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, pôde-se ouvir preciosas considerações de representantes <strong>do</strong> Sindireceita,<br />
Sinfazfisco, Sindpúblicos, Central da Classe Trabalha<strong>do</strong>ra (Intersindical),<br />
Febrafisco. Três deputa<strong>do</strong>s federais trouxeram informações sobre<br />
a agenda política de Brasília, e o verea<strong>do</strong>r de Belo Horizonte Gilson Reis<br />
colocou <strong>em</strong> discussão a placidez com que se atura a sonegação no Brasil.<br />
Finalmente, uma das maiores atrações <strong>do</strong> s<strong>em</strong>inário: o jornalista econômico<br />
Luís Nassif, conheci<strong>do</strong> pelas suas análises pontuais sobre os probl<strong>em</strong>as <strong>do</strong><br />
país e também <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro. Nassif passeou por diversos t<strong>em</strong>as, de<br />
valores a concurso público, de administração tributária a mídia.<br />
Foi um dia intenso de aprendizag<strong>em</strong>, troca de conhecimentos e insights.<br />
“Acho que despertamos t<strong>em</strong>as que ficam a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s. Foi importante e incômo<strong>do</strong><br />
ouvir que o servi<strong>do</strong>r não quer ser trata<strong>do</strong> como servi<strong>do</strong>r, e sim como<br />
autoridade. Que o Esta<strong>do</strong> deixou de la<strong>do</strong> o papel desenvolvimentista das<br />
entidades. Que grandes t<strong>em</strong>as de interesse da Nação, como as reformas,<br />
estão para<strong>do</strong>s há anos <strong>em</strong> Brasília, pois o Congresso só se importa com os<br />
congressistas. Coisas que a gente sabe, mas não pensa sobre elas. E no<br />
s<strong>em</strong>inário a gente pôde l<strong>em</strong>brar delas, racionalizar”, avalia Mari Lúcia Zonta,<br />
idealiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> s<strong>em</strong>inário, analista tributária da Receita Federal, e editora<br />
<strong>do</strong> <strong>Observatório</strong> <strong>do</strong> <strong>Analista</strong>.<br />
“Acho que despertamos t<strong>em</strong>as que ficam<br />
a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s. Foi importante e incômo<strong>do</strong> ouvir que o<br />
servi<strong>do</strong>r não quer ser trata<strong>do</strong> como servi<strong>do</strong>r, e sim<br />
como autoridade. Que o Esta<strong>do</strong> deixou de la<strong>do</strong> o<br />
papel desenvolvimentista das entidades. Que grandes<br />
t<strong>em</strong>as de interesse da Nação, como as reformas,<br />
estão para<strong>do</strong>s há anos <strong>em</strong> Brasília, pois o<br />
Congresso só se importa com os congressistas.<br />
Coisas que a gente sabe, mas não pensa sobre elas. E<br />
no s<strong>em</strong>inário a gente pôde l<strong>em</strong>brar delas, racionalizar”<br />
Provocação<br />
desde o<br />
início<br />
A proposta era ser crítico. E foi tão levada a<br />
sério, que a própria organiza<strong>do</strong>ra Mari Lúcia<br />
Zonta iniciou o evento fazen<strong>do</strong> crítica... ao<br />
evento. Pela pouquíssima participação f<strong>em</strong>inina.<br />
“Apenas uma mulher integra o grupo<br />
de palestrantes: eu mesma. A deputada Jô<br />
Moraes teve um compromisso urgente e não<br />
poderá vir, desfalcan<strong>do</strong> assim nosso s<strong>em</strong>inário<br />
<strong>em</strong> 50% da participação f<strong>em</strong>inina. Quero<br />
fazer aqui a autocrítica, enquanto organiza<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> s<strong>em</strong>inário, e uma provocação a<br />
to<strong>do</strong>s participantes: por que tão poucas mulheres<br />
ocupam cargo gerencial na Receita,<br />
nos sindicatos e na política nacional?”.<br />
Unadir Gonçalves Júnior, presidente <strong>do</strong> Sinfazfisco<br />
de Minas Gerais, instigou os colegas<br />
a discutir um avanço na tributação brasileira.<br />
A ord<strong>em</strong> é buscar uma tributação mais justa<br />
e mais equânime para a população, onde<br />
qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> mais recursos deva contribuir mais –<br />
um senti<strong>do</strong> inverso <strong>do</strong> que t<strong>em</strong>os hoje, com a<br />
tributação mais pesada para os pobres e a<br />
classe média, <strong>em</strong> cima <strong>do</strong> consumo.<br />
Gilson Reis, verea<strong>do</strong>r de Belo Horizonte,<br />
apontou três grandes desafios a ser<strong>em</strong> discuti<strong>do</strong>s<br />
no s<strong>em</strong>inário. O primeiro é mostrar à<br />
sociedade como é dividi<strong>do</strong> o bolo tributário<br />
no Brasil. “É um desafio porque estamos<br />
diante <strong>do</strong> desmonte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e de uma<br />
ação fiscal draconiana que mostra o pobre<br />
e o trabalha<strong>do</strong>r como inimigos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”. O<br />
segun<strong>do</strong> desafio seria mostrar que o Esta<strong>do</strong><br />
precisa de mais Receita Federal, mais fiscalização<br />
contra a sonegação. E o terceiro é<br />
tratar <strong>do</strong> que ele chama de “escandalização<br />
da política brasileira”, movimento que<br />
está aprofundan<strong>do</strong> o fascismo no Brasil e<br />
ocultan<strong>do</strong> questões importantes como o escândalo<br />
da sonegação, que rouba <strong>do</strong> país,<br />
por ano, um trilhão de reais.<br />
O superintendente da Receita Federal <strong>em</strong><br />
Minas Gerais, Hermano L<strong>em</strong>os de Avellar Macha<strong>do</strong>,<br />
fez <strong>do</strong>is esclarecimentos ao público<br />
logo no início da sua fala. Primeiro, tratou <strong>do</strong><br />
acor<strong>do</strong> salarial da categoria que, segun<strong>do</strong><br />
ele, está prestes a ser soluciona<strong>do</strong> e t<strong>em</strong> o<br />
<strong>em</strong>penho de to<strong>do</strong>s os superintendentes regionais<br />
para solução das pendências. O<br />
segun<strong>do</strong> assunto foi quanto a uma nota publicada<br />
no site <strong>do</strong> Sindireceita contestan<strong>do</strong><br />
atos normativos da região. De acor<strong>do</strong> com<br />
Hermano, o sindicato teve prazo para apresentar<br />
sugestões e não o fez.<br />
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