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RELATÓRIO FINAL

Relatorio-14-04-16

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Uma prática permitida no mercado agravava a insegurança<br />

das notas: o chamado “shopping de ratings”. As empresas<br />

que precisam de ratings bons pedem uma avaliação<br />

preliminar a uma agência. Se recebem uma nota baixa,<br />

tentam em outra, até conseguir uma nota satisfatória.<br />

Como hoje não é obrigatório divulgar os ratings<br />

preliminares, o investidor nem desconfia que a empresa<br />

teve uma nota ruim.<br />

Para impedir os efeitos prejudiciais dessa prática, a partir de<br />

1º de janeiro passa a valer uma instrução da CVM<br />

(Comissão de Valores Mobiliários) que torna obrigatório<br />

divulgar os ratings preliminares nos sites das agências.<br />

“Essa instrução da CVM deve mitigar esse shopping de<br />

ratings”, diz Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch<br />

Ratings no Brasil.<br />

“No Brasil, cada agência tem seus critérios de avaliação e há<br />

grandes discrepâncias”, diz Sergio Garibian, diretor de<br />

ratings da Standard & Poor’s na América Latina.<br />

Em fevereiro de 2006, o banco Cruzeiro do Sul encerrou seu<br />

contrato com a Fitch, que lhe dava nota BB+(bra), “elevado<br />

risco de inadimplência”. No mesmo ano, assinou contrato<br />

com a Moody’s, que lhe deu Baa1 para depósitos de longo<br />

prazo e meses depois elevou a A3 (ambos graus de<br />

investimento, considerados seguros).<br />

Por causa dessas contradições, o deputado federal Eduardo<br />

da Fonte (PP-PE) apresentou um projeto de lei prevendo<br />

que as agências respondam por “prejuízos causados por<br />

conduta dolosa (com intenção) ou culposa nas classificações<br />

de risco”.<br />

“Não é normal que algumas agências classifiquem um banco<br />

como tendo baixo risco e ele quebre alguns dias depois”, diz<br />

Fonte. “Ou a agência foi cooptada pelo banco ou não tem<br />

condições de classificar ninguém.”<br />

Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o<br />

“shopping de rating” está restrito a operações estruturadas<br />

como FIDC (Fundos de Investimento em Direitos<br />

Creditórios). “Não acho que isso ocorre com empresas e<br />

bancos”, disse.<br />

Para Paulo Rabelo de Castro, presidente da SR Rating, que<br />

não classificava nenhum desses bancos, “é importante uma<br />

regulamentação rígida, no momento em que o governo quer<br />

estimular o mercado de debêntures”.<br />

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