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75 anos de Romaria Brasil_PT

SALETTE NA ROTA DO CRUZEIRO DO SUL

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<strong>75</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s a Nossa Senhora da Salette<br />

em Marcelino Ramos - RS<br />

1


Fundação Salette e Missionários<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette<br />

Curitiba - PR<br />

2010<br />

Projeto Gráfico e diagramação<br />

Pe. Adilson Schio, ms<br />

Revisão<br />

Pe. Atico Fassini, ms<br />

Fotografias<br />

Arquivo Provincial e Arquivo<br />

do Seminário Salette<br />

Impressão:<br />

2010 - Santuário Salette - Marcelino Ramos-RS.<br />

2


PE. ADILSON SCHIO, ms - Provincial<br />

Eis uma obra<br />

que celebra uma história.<br />

Não nasci em Marcelino<br />

Ramos, mas aprendi a admirar<br />

esta terra pois foi ali que<br />

<strong>de</strong>scobri muitas coisas da minha<br />

vida. Quanto a meu pai<br />

Afonso e minha mãe Leonora,<br />

eles vieram ao mundo nesta<br />

parte do planeta e, em duas<br />

comunida<strong>de</strong>s rurais, fizeram<br />

suas vidas até se casarem.<br />

Mesmo não sendo “marcelinense”,<br />

tomei água do Rio<br />

Uruguai e, como se diz, quem<br />

toma <strong>de</strong>ssa água, nunca esquece<br />

esta terra e sempre volta.<br />

Cheguei em Marcelino Ramos<br />

no ano <strong>de</strong> 1968. Na história<br />

do <strong>Brasil</strong> este ano foi marcado<br />

por muitas efervecências<br />

sociais e políticas. Lá na pequena<br />

Marcelino e para aquele pequeno<br />

projeto <strong>de</strong> vida que era<br />

eu, o ano <strong>de</strong> 1968 foi <strong>de</strong> muitos<br />

começos. Tudo era gran<strong>de</strong><br />

e novo para mim: o Moinho<br />

on<strong>de</strong> meu pai trabalhava; a casa<br />

on<strong>de</strong> morávamos; a Igreja<br />

Matriz; o Grupo Escolar on<strong>de</strong><br />

eu estudaria no ano seguinte e<br />

o Seminário. Ah! Este sim era<br />

gran<strong>de</strong> e no alto. Belo referencial<br />

religioso para um menino<br />

<strong>de</strong> família católica.<br />

Marcelino Ramos e a minha<br />

cabeça se transformavam<br />

no último domingo do mês <strong>de</strong><br />

setembro. Muitos carros, muitos<br />

ônibus, o trem apitando<br />

alegremente na chegada das 5<br />

da manhã, as pessoas caminhando<br />

e rezando... Lembro da<br />

Estação do Trem e muita gente<br />

subindo as “Escadarias do<br />

Correio”. É uma bonita recordação<br />

composta <strong>de</strong> pessoas<br />

em busca <strong>de</strong> chegar a um lugar<br />

mais alto.<br />

Agora este Livro comemorativo<br />

aos <strong>75</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s.<br />

Mais do que o tempo<br />

que o livro marca, ele é, na linda<br />

inspiração do texto do Pe.<br />

Atico Fassini, o registro da longa<br />

caminhada <strong>de</strong> um sonho: ao<br />

seguirem na direção do Cruzeiro<br />

do Sul, os Missionários Saletinos<br />

sempre carregaram consigo<br />

o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mostrar ao<br />

povo uma “Bela Senhora” que<br />

lhes tinha algo a dizer. E assim<br />

o fizeram...<br />

Que fiquem registrados,<br />

neste Livro, estes <strong>75</strong> <strong>anos</strong>,<br />

mas que saibamos que já começou<br />

outro tempo <strong>de</strong> muitos<br />

outros <strong>75</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s<br />

em Marcelno Ramos.<br />

3


1940 - 5 a <strong>Romaria</strong>.<br />

Índice<br />

08<br />

I - La Salette, manancial <strong>de</strong><br />

compaixão<br />

10<br />

II - Marcelino Ramos, remanso<br />

<strong>de</strong> reconciliação<br />

15<br />

III - A imersão missionária<br />

saletina<br />

15 - Fundação da Paróquia São<br />

João Batista<br />

19 - Fundação da Escola<br />

Apostólica<br />

32<br />

IV - As festivida<strong>de</strong>s Saletinas<br />

32 - O ciclo paroquial<br />

36 - As <strong>Romaria</strong>s Penitenciais<br />

36 - 1 a Fase: do vale da<br />

dispersão ao monte<br />

da reconciliação<br />

60 - 2 a Fase: O Santuário<br />

do encontro reconciliador<br />

107<br />

Conclusão<br />

4


Apresentação<br />

"SALETTE NA ROTA DO CRUZEIRO DO SUL"<br />

é um texto comemorativo. Feito <strong>de</strong> palavras, <strong>de</strong> fotografias,<br />

mas, sobretudo, da vida daqueles que construíram<br />

essa história, a saga saletina em terras sulinas<br />

do <strong>Brasil</strong>.<br />

Nessa história se tornaram relevantes as ROMA-<br />

RIAS PENITENCIAIS a NOSSA SENHORA DA SALETTE.<br />

História impregnada <strong>de</strong> fé, <strong>de</strong> conversão e <strong>de</strong> carinho<br />

filial para com a Mãe da Reconciliação. História que há<br />

<strong>75</strong> <strong>anos</strong> se faz sem interrupção.<br />

A presente obra quer sublinhar o valor <strong>de</strong>sse Jubileu.<br />

Paralelamente ao <strong>75</strong>º aniversário das <strong>Romaria</strong>s,<br />

o Município <strong>de</strong> Marcelino Ramos, RS, on<strong>de</strong> elas acontecem,<br />

celebra em 2010, o 1º Centenário <strong>de</strong> morte do<br />

engenheiro carioca MARCELLINO RAMOS DA SILVA que<br />

<strong>de</strong>lineou o traçado da estrada <strong>de</strong> ferro e da ponte ferroviária<br />

sobre o Rio Uruguai, na localida<strong>de</strong>. Em sua homenagem,<br />

a vila recebeu essa <strong>de</strong>nominação.<br />

Duplo é o jubileu. Dupla é a comemoração. Redobrada<br />

é a exultação. Ilimitadas são as felicitações que<br />

os Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette oferecem<br />

ao povo <strong>de</strong> Marcelino Ramos que os acolheu. Calorosamente<br />

recebem o carinho <strong>de</strong>sse mesmo povo a<br />

quem servem pela causa do Evangelho e do amor filial<br />

a Nossa Senhora da Salette.<br />

Ponte Ferroviária sobre o Rio Uruguai - Marcelino Ramos-RS.<br />

5


1928 - Primeira residência dos Missionários Saletinos em Marcelino Ramos-RS.<br />

6


Prefácio<br />

MARCELINO RAMOS é en<strong>de</strong>reço<br />

<strong>de</strong> uma das mais importantes<br />

e antigas <strong>Romaria</strong>s<br />

Marianas no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Caminhos múltiplos, tortuosos,<br />

escarpados e por vezes inesperados,<br />

ali se concentraram.<br />

Originários <strong>de</strong> longe, muito longe.<br />

De além mar. Caminhos<br />

que tornaram o local um centro<br />

religioso por excelência.<br />

As pequenas águas do regato<br />

Sézia, minúscula torrente<br />

a dois mil metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>,<br />

nas montanhas dos Alpes<br />

da remota LA SALETTE, França,<br />

<strong>de</strong>scem por natureza, impregnadas<br />

<strong>de</strong> pura beleza,<br />

mescladas às águas da misteriosa<br />

fonte, intermitente antes<br />

da Aparição a 19 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1846, incessante após o<br />

"Fato da Salette". Águas humil<strong>de</strong>s,<br />

fertilizadas pelas lágrimas<br />

<strong>de</strong> graça <strong>de</strong>rramadas pela BELA<br />

SENHORA assentada em tosco<br />

trono <strong>de</strong> pedra. Lágrimas <strong>de</strong><br />

Mãe e Rainha-Serva que fluíam<br />

como a torrente das "Águas <strong>de</strong><br />

Vida" que vertem do trono do<br />

Cor<strong>de</strong>iro, o Cristo (Ap 22,2).<br />

Atravessando vales e mares,<br />

paises, continentes, cida<strong>de</strong>s<br />

e florestas, a torrente <strong>de</strong><br />

graças com abundância impregnou<br />

a selvagem solidão dos<br />

morros <strong>de</strong> Marcelino Ramos,<br />

ponto <strong>de</strong> confluência <strong>de</strong> rios <strong>de</strong><br />

muitas águas, místico símbolo<br />

da profusão das águas salvadoras<br />

que banham a vida do<br />

Povo <strong>de</strong> Deus.<br />

Mulheres e homens, crianças<br />

e adultos, santos e pecadores,<br />

à medida que o caminho<br />

se faz, mais vivamente<br />

sentem a misteriosa se<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

águas que os atraem a<br />

esse recanto <strong>de</strong> silêncio e paz.<br />

São caminheiros dos pontos<br />

car<strong>de</strong>ais da constelação do<br />

Cruzeiro do Sul que brilha nos<br />

céus sulinos do <strong>Brasil</strong>, pálido<br />

reflexo da intensa luz que emana<br />

do Cristo Crucificado Ressuscitado,<br />

resplen<strong>de</strong>nte sobre<br />

o coração <strong>de</strong> Maria, na Aparição.<br />

O presente álbum <strong>de</strong>seja<br />

recuperar a memória <strong>de</strong>sta<br />

saga missionária iniciada em<br />

Marcelino Ramos em 1928.<br />

Fatos e fotos constituem a matéria<br />

prima <strong>de</strong>ssa obra, impregnada<br />

do sagrado suor missionário<br />

que transpira nas entrelinhas<br />

do texto.<br />

Local da Aparição - França<br />

7


1 - La Salette, manancial <strong>de</strong> compaixão<br />

LA SALETTE, em 1846, era<br />

constituída por um punhado <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias<br />

sem relevância, encolhidas pelo frio e<br />

pobreza, nos meandros das montanhas<br />

dos Alpes, na região <strong>de</strong> GRENOBLE,<br />

na França. O povo pobre, cerca <strong>de</strong><br />

800 habitantes, ignorante e sofrido,<br />

carregava o peso da fome, da mortalida<strong>de</strong><br />

infantil, dos <strong>de</strong>sconcertos meteorológicos,<br />

das pragas agrícolas. Povo<br />

sem presente nem futuro, sem esperança<br />

e sem fé, <strong>de</strong>sgarrado <strong>de</strong> Deus<br />

e da Igreja. A 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1846, foi, no entanto, contemplado<br />

pela infinita compaixão do Senhor.<br />

Duas míseras crianças analfabetas,<br />

Melânia e Maximino, na manhã<br />

<strong>de</strong>sse dia, conduziram um pequeno rebanho<br />

ao alto <strong>de</strong> uma das montanhas<br />

do local, muito acolá, a mil e oitocentos<br />

metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a pastagem<br />

era abundante.<br />

Após frugal refeição ao meiodia,<br />

amedrontadas, <strong>de</strong> súbito viram um<br />

foco <strong>de</strong> intensa luz à beira do regato<br />

Sézia que serpenteia o local. O foco<br />

vagarosamente se abriu. Uma Senhora<br />

sentada sobre uma pedra, chorava<br />

efusivamente. Levantando-se, com voz<br />

materna chamou junto a si as humil<strong>de</strong>s<br />

crianças. Falou-lhes da cruel realida<strong>de</strong><br />

que o povo vivia e <strong>de</strong> sua irreligião.<br />

Compa<strong>de</strong>cida, por meio <strong>de</strong>las convocou-o<br />

a se converter, assinalando-lhe<br />

nova esperança <strong>de</strong> vida pelas vias da<br />

reconciliação. Caminheira, andou <strong>de</strong>pois<br />

alguns passos montanha acima,<br />

seguida pelos vi<strong>de</strong>ntes. Ao <strong>de</strong>spedirse<br />

<strong>de</strong>les, pediu-lhes que transmitissem<br />

tudo a todo seu povo. E <strong>de</strong>sapareceu.<br />

Ignorantes, as crianças a <strong>de</strong>nominaram<br />

simplesmente <strong>de</strong> "BELA SENHORA".<br />

A divulgação ampla e imediata<br />

do fato levou multidões, por trilhas quase<br />

impossíveis, ao alto da montanha<br />

santa, para agra<strong>de</strong>cer e implorar graças<br />

a Maria.<br />

O Bispo <strong>de</strong> Grenoble, Dom<br />

Philisbert <strong>de</strong> Bruillard, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> rigorosa<br />

investigação, reconheceu oficialmente<br />

a autenticida<strong>de</strong> da Aparição cinco<br />

<strong>anos</strong> após, a l9 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1851. A 1º <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1852 or<strong>de</strong>nou<br />

a construção <strong>de</strong> um Santuário no local<br />

santificado pela visita da BELA SE-<br />

NHORA e fundou a Congregação dos<br />

Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette (MS) para servirem os numerosos<br />

peregrinos que acorriam à fonte<br />

<strong>de</strong> graças.<br />

O "Fato da Salette" percorreu o<br />

mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. 1<br />

1 - Uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada do Fato da Aparição, o texto da Mensagem da Bela Senhora, bem como o<br />

histórico central do que aconteceu após a Aparição, se encontram em distintas obras, particularmente em<br />

"CRÔNICAS DE UMA MISSÃO - 100 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> presença saletina no <strong>Brasil</strong>", <strong>de</strong> Pe. Atico Fassini ms,<br />

obra publicada em 2001, pela Associação Nossa Senhora da Salette, por ocasião do 1º Centenário da<br />

Missão Saletina no <strong>Brasil</strong>.<br />

08


Santuário da Salette - França<br />

O vigor das águas <strong>de</strong> vida<br />

saletina trouxe ao <strong>Brasil</strong>, a 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1902, o pioneiro, um missionário<br />

francês, Pe. Clemente<br />

Henrique Moussier, ms. Alguns mais vieram<br />

a seguir.<br />

A Congregação, pequeno rebanho<br />

nos primeiros <strong>anos</strong> do século XX,<br />

se <strong>de</strong>teve na região <strong>de</strong> São Paulo e Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Em 1928 partiu em direção<br />

ao Sul do <strong>Brasil</strong>, para uma terra<br />

que Deus lhe indicaria.<br />

09


2 - Marcelino Ramos, remanso <strong>de</strong> Reconciliação<br />

1934<br />

Vista parcial da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos-RS.<br />

10<br />

Estratégica porteira <strong>de</strong> entrada<br />

no centro-norte do solo gaúcho, montada<br />

nas barrancas do Rio Uruguai,<br />

MARCELINO RAMOS viu-se povoada<br />

por volta <strong>de</strong> 1880.<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 1888, o <strong>de</strong>sbravador<br />

Augusto César <strong>de</strong>sceu pelo Rio<br />

do Peixe, SC, até o Rio Pelotas. A junção<br />

<strong>de</strong> ambos, forma o Rio Uruguai.<br />

Nesse ponto se localiza Marcelino<br />

Ramos. "BARRA" foi sua primeira <strong>de</strong>nominação.<br />

Augusto César explorava<br />

o terreno para a futura ferrovia. Descendo<br />

mais pelo Rio Uruguai, <strong>de</strong>scobriu<br />

poucos quilômetros abaixo, o "Estreito<br />

Augusto César", hoje encoberto<br />

pelas águas da represa <strong>de</strong> Itá.<br />

O panorama é majestoso, <strong>de</strong>corado<br />

por montanhas carregadas <strong>de</strong><br />

mata atlântica que se espelham na serenida<strong>de</strong><br />

das águas do rio, divisa natural<br />

entre os Estados <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

No século XIX a região era<br />

habitada por poucos indígenas da tribo<br />

Coroados e por animais silvestres.<br />

Viu a população aumentar com a chegada<br />

<strong>de</strong> fugitivos da Revolução Fe<strong>de</strong>ralista<br />

<strong>de</strong> 1893. Outros moradores<br />

chegaram, a partir <strong>de</strong> 1907, para<br />

a construção da ferrovia e da ponte<br />

sobre o Rio Uruguai. A obra fora autorizada<br />

por <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Dom Pedro<br />

II a 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1889. Em outubro<br />

<strong>de</strong> 1911 uma parte do casario<br />

da localida<strong>de</strong> e a ponte provisória foram<br />

arrastadas corrente abaixo, por<br />

enorme enchente.


Dois <strong>anos</strong> após, em 1913, foi<br />

inaugurada a ponte metálica atual.<br />

No alvorecer do século XX, imigrantes<br />

alemães, itali<strong>anos</strong> e poloneses<br />

vieram do centro-sul do Rio Gran<strong>de</strong>,<br />

para a exploração agrícola da região.<br />

A eles se somaram remanescentes da<br />

Guerra do Contestado. Juntos trouxeram<br />

certo crescimento econômico e<br />

social à localida<strong>de</strong> que, em função da<br />

ferrovia, passou a se chamar "ESTA-<br />

ÇÃO ALTO URUGUAI". Os colonos<br />

<strong>de</strong>sbravaram o terreno, produziam alimento<br />

para si e o povoado. Pequenas<br />

indústrias apareceram. Um lento progresso<br />

da região aconteceu. Mo<strong>de</strong>stas<br />

casas <strong>de</strong> comércio surgiram. A localida<strong>de</strong>,<br />

muito isolada, tinha a ferrovia<br />

como única via <strong>de</strong> comunicação.<br />

Somente em 1911, o local foi <strong>de</strong>nominado<br />

"MARCELINO RAMOS",<br />

em homenagem ao engenheiro da ferrovia.<br />

Pouco antes, a 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1910, ele havia falecido no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. A ferrovia teve papel prepon<strong>de</strong>rante<br />

para o comércio e o transporte<br />

<strong>de</strong> passageiros entre as regiões su<strong>de</strong>ste<br />

e sul do <strong>Brasil</strong>.<br />

A 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1918, a localida<strong>de</strong><br />

foi elevada à categoria <strong>de</strong> vila,<br />

como 3º Distrito <strong>de</strong> Boa Vista <strong>de</strong> Erechim.<br />

A população crescia, somadas vila<br />

e roça, na simplicida<strong>de</strong> da vida patriarcal.<br />

Em 1918 ainda, foi inaugurada a<br />

primeira capela católica, em ma<strong>de</strong>ira. O<br />

Padroeiro escolhido foi São João Batista.<br />

Em 1930, as Irmãs <strong>de</strong> São José<br />

instalaram na vila o Colégio Cristo Rei.<br />

Indígenas primitivos da Região - Foto <strong>de</strong> 07/04/1930<br />

11


Por volta <strong>de</strong> 1931, a população<br />

da região contava cerca <strong>de</strong> seis mil e<br />

quinhentos habitantes. Apesar do reduzido<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, Marcelino Ramos<br />

foi <strong>de</strong>clarada município a 28 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1944.<br />

Em 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1945, a Igreja<br />

Matriz foi <strong>de</strong>struída por um vendaval.<br />

A imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette chorando, uma das três estátuas<br />

que representam a Aparição, confeccionadas<br />

na França e instaladas num<br />

altar próprio na Igreja Matriz pelo Pe.<br />

Simão Baccelli ms, em 1928, não sofreu<br />

dano algum. É carregada em procissão<br />

nas <strong>Romaria</strong>s da Salette. Pouco<br />

tempo após o vendaval, foi iniciada a<br />

construção da atual Igreja Matriz.<br />

Em 1947 o Hospital São João<br />

recebeu uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Irmãs da<br />

Carida<strong>de</strong>, que durante muitos <strong>anos</strong><br />

prestaram serviço aos doentes. O Hospital<br />

mais tar<strong>de</strong> cerrou as portas. Foi<br />

construído então, o atual Hospital Dr.<br />

Silveira. Uma instituição para proteção<br />

e educação <strong>de</strong> menores excluídos, posteriormente<br />

foi confiada ao cuidado das<br />

Irmãs dos Santos Anjos.<br />

Com a política econômica adotada<br />

pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral na década<br />

<strong>de</strong> 50, a evolução do município reverteu.<br />

O transporte rodoviário no conjunto<br />

do país suplantou o transporte ferroviário.<br />

Em Marcelino Ramos, a ferrovia<br />

foi <strong>de</strong>sativada nos <strong>anos</strong> <strong>de</strong> 1980.<br />

Algumas indústrias promissoras partiram<br />

para outras paragens. Hoje, apenas<br />

um trem turístico transporta ocasionalmente<br />

passageiros para os balneários<br />

<strong>de</strong> águas quentes, em Piratuba,<br />

SC, e em Marcelino Ramos, RS.<br />

1931 - Festa da Comunida<strong>de</strong><br />

1932 - Capela original e sacristia<br />

1933 - Capela restaurada, ao fundo vê-se o campanário original


1928 - Visita do<br />

Padre a antigos<br />

moradores.


1951 - 16 a <strong>Romaria</strong><br />

Imagem <strong>de</strong> N. Sra. da Salette conduzida em procissão<br />

pelas ruas <strong>de</strong> Marcelino Ramos. É a mesma imagem<br />

que não sofreu dano no vendaval <strong>de</strong> 1945.<br />

Nos <strong>anos</strong> 1950, a PETROBRÁS<br />

S.A. havia pesquisado a área à procura<br />

<strong>de</strong> petróleo. Encontrou apenas um<br />

gran<strong>de</strong> lençol freático <strong>de</strong> águas quentes<br />

e sulfurosas. Sem interesse, lacrou<br />

o poço. Em 1970, por iniciativa do Prefeito<br />

Municipal, o poço foi reaberto<br />

para a instalação <strong>de</strong> um balneário, o<br />

que trouxe novo impulso ao município.<br />

Em 1985 iniciaram os estudos<br />

para a construção da Usina Hidroelétrica<br />

<strong>de</strong> Itá, SC, no Rio Uruguai, algumas<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilômetros abaixo da<br />

cida<strong>de</strong>. A obra foi concluída em 2000.<br />

O imenso lago formado pela represa<br />

exigiu o levantamento da ponte ferroviária<br />

sobre o Rio Uruguai e a construção<br />

<strong>de</strong> novas instalações para o balneário<br />

das águas termais, favorecendo o<br />

potencial turístico da região. A elevação<br />

das águas exigiu também o <strong>de</strong>slocamento<br />

da população ribeirinha para<br />

dois novos bairros na periferia da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos, que recebeu<br />

aos poucos um tratamento urbanístico<br />

mais a<strong>de</strong>quado.<br />

14


Marcelino Ramos por volta dos <strong>anos</strong> 60<br />

3- A imersão missionária saletina<br />

Pe. Crozet, ms<br />

FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA<br />

Pe. Willy, ms<br />

Pe. Poncet, ms<br />

Dom Ático<br />

Sonhando com seu próprio<br />

crescimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1911 os Missionários<br />

queriam construir uma casa própria<br />

para a formação <strong>de</strong> seminaristas.<br />

O <strong>de</strong>sejo ressurgiu em 1917. As imposições<br />

da I Gran<strong>de</strong> Guerra impossibilitaram<br />

a realização da idéia e obrigaram<br />

a pequena Comunida<strong>de</strong> Saletina<br />

a permanecer restrita a São Paulo e<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Com a insistência do Superior<br />

Geral, Pe. Celestino Crozet ms, que<br />

visitara o <strong>Brasil</strong> em 1922, os Missionários<br />

se <strong>de</strong>cidiram por fim, em abril<br />

<strong>de</strong> 1927, enviar o Pe. Fidélis Willy ms,<br />

Superior Regional, ao Sul do <strong>Brasil</strong>,<br />

para observação do terreno. Percorreu<br />

diversas regiões, sobretudo em<br />

Santa Catarina e percebeu que a região<br />

sul era terreno fértil em vocações<br />

religiosas e sacerdotais.<br />

De volta a São Paulo, Pe. Fidélis<br />

tomou a iniciativa <strong>de</strong> enviar o Pe. Agostinho<br />

Poncet ms à Estação Uruguai, na<br />

Diocese <strong>de</strong> Lages, SC, para iniciar o<br />

trabalho pastoral e vocacional. Pe.<br />

Agostinho ali chegou a 12 <strong>de</strong> agosto<br />

<strong>de</strong> 1927. O povoado contava com uma<br />

estação <strong>de</strong> trem, às margens do Rio<br />

do Peixe, em região próxima ao Rio<br />

Uruguai.<br />

Pe. Agostinho, sem <strong>de</strong>mora, lançouse<br />

à semeadura na seara do Senhor em<br />

terras catarinenses. Viajava, seguidas<br />

vezes, até Marcelino Ramos, RS, na<br />

outra margem do Rio Uruguai, on<strong>de</strong> o<br />

comércio era mais farto. Visitava ali algumas<br />

famílias, criando laços, sem esquecer<br />

o exercício do ministério pastoral<br />

que, nas circunstâncias, podia realizar.<br />

A localida<strong>de</strong> possuía espaçosa, mas<br />

<strong>de</strong>teriorada capela, periodicamente<br />

atendida pelos Fra<strong>de</strong>s Francisc<strong>anos</strong>, <strong>de</strong><br />

BARRO, atual GAURAMA.<br />

15


A PÉ OU A CAVALO<br />

16<br />

A comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos <strong>de</strong>sejava, porém, um padre resi<strong>de</strong>nte.<br />

Havia conversações a respeito<br />

com o Bispo <strong>de</strong> Santa Maria, RS,<br />

Dom Ático Eusébio da Rocha. O Bispo<br />

concordava com a idéia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

houvesse padre disponível para a nova<br />

missão paroquial. Pe. Poncet se pôs à<br />

disposição. A realida<strong>de</strong> marcelinense<br />

lhe parecia mais promissora para uma<br />

Paróquia com Casa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong><br />

seminaristas. Dom Atico, em <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1927, convidou Pe. Agostinho<br />

a ir a Santa Maria, on<strong>de</strong> o assunto da<br />

criação da Paróquia foi resolvido e logo<br />

após, comunicado ao Pároco <strong>de</strong> Barro<br />

para encaminhar o <strong>de</strong>smembramento<br />

da nova Comunida<strong>de</strong> Paroquial.<br />

Pe. Fidélis, Superior Regional,<br />

em janeiro <strong>de</strong> 1928 quis ainda enviar<br />

o Pe. Simão Baccelli ms a Marcelino<br />

Ramos e Santa Maria, para uma análise<br />

conclusiva sobre o assunto. De volta<br />

a São Paulo, Pe. Simão prestou informações<br />

ao Conselho Regional e, a<br />

3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1928, o Conselho<br />

<strong>de</strong>cidiu transferir o Pe. Poncet da Estação<br />

Uruguai para o novo campo <strong>de</strong><br />

missão em Marcelino Ramos.<br />

Não foi sem resistência por parte<br />

dos moradores da Estação Uruguai<br />

que a transferência aconteceu. Alguns<br />

amigos <strong>de</strong> Pe. Poncet, moradores <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos, colaboraram para<br />

que ela fosse feita discretamente. O Sr.<br />

Achylles Pagnoncelli, resi<strong>de</strong>nte em<br />

Marcelino Ramos, exerceu um papel<br />

importante nesse episódio.<br />

A torrente das águas <strong>de</strong> vida, que<br />

<strong>de</strong>sce <strong>de</strong> LA SALETTE, finalmente encontrava<br />

um remanso tranquilo para banhar<br />

o plantio da semente evangélica<br />

da conversão que Maria trouxe para<br />

todo o seu povo. Os Missionários Saletinos<br />

podiam agora erigir uma Tenda<br />

da Reconciliação nos rincões do Sul do<br />

<strong>Brasil</strong> e nela formar novos Missionários<br />

Saletinos.<br />

A 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1928, Pe.<br />

Poncet <strong>de</strong>sembarcou no novo en<strong>de</strong>reço<br />

e hospedou-se no Hotel Familiar até<br />

28 <strong>de</strong> maio, enquanto os trabalhos <strong>de</strong><br />

reforma da Casa Paroquial e da Igreja<br />

Matriz eram finalizados. Ali seria instalada<br />

a Escola Apostólica em sua primeira<br />

fase.<br />

Poucas semanas após, a 12 <strong>de</strong><br />

março, a Paróquia <strong>de</strong> São João Batista<br />

foi oficialmente fundada. A 18 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 1928, na missa dominical,<br />

em Barro, foi proclamado o <strong>de</strong>creto<br />

episcopal nomeando Pe. Poncet como<br />

primeiro Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Zelosamente o Padre começou<br />

a percorrer, a pé ou a cavalo, com o<br />

risco da própria vida, as comunida<strong>de</strong>s<br />

rurais da nova Paróquia, realizando um<br />

penoso, mas, valioso trabalho pastoral<br />

sempre voltado para a promoção<br />

vocacional. Teve o mérito <strong>de</strong> recrutar<br />

os primeiros candidatos para a Escola<br />

Apostólica. Percorria ao mesmo tempo,<br />

os arredores da vila, no intuito <strong>de</strong><br />

encontrar uma área apropriada para a<br />

Escola Apostólica, o centro <strong>de</strong> formação<br />

sacerdotal e religiosa, tão <strong>de</strong>sejado<br />

e <strong>de</strong>finitivo.<br />

O Pe. Simão Baccelli ms, viajou<br />

novamente <strong>de</strong> São Paulo a Marcelino<br />

Ramos a 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1928 e a 5 <strong>de</strong><br />

agosto substituiu o Pe. Poncet ms na<br />

direção da Paróquia São João Batista.<br />

Antes, a 24 <strong>de</strong> junho, o Pe. Poncet<br />

presidiu a celebração paroquial do<br />

Padroeiro. A 31 <strong>de</strong> julho, retornou para<br />

São Paulo e assumiu a Paróquia <strong>de</strong><br />

Santana, na capital.


Pe. Bacelli, ms<br />

Carta circular do Pe. Sorrel, ms datada <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1928,<br />

comunicando a <strong>de</strong>cisão do Conselho Geral <strong>de</strong> nomear o Pe. Simão<br />

Bacelli, ms como superior da Comunida<strong>de</strong> Religiosa<br />

e Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos-RS.<br />

17


Igreja Matriz São João Batista - 1999 - 64 a <strong>Romaria</strong><br />

Dom Atico, Bispo <strong>de</strong> Santa Maria, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1928, visitou Marcelino Ramos e <strong>de</strong>ixou escrita a seguinte<br />

mensagem:<br />

"Em visita pastoral nesta freguesia,<br />

dispensamos as nossas bênçãos<br />

mais escolhidas aos Revmos. Padres<br />

que a dirigem e à Escola Apostólica<br />

por cujo maior <strong>de</strong>senvolvimento<br />

fazemos votos a Deus. Que a Virgem<br />

Santíssima da Salette recompense<br />

os sacrifícios <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>dica-<br />

dos filhos, dando à sua benemérita<br />

Congregação abundantes e santas<br />

vocações. Marcelino Ramos, 17 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1928"<br />

(in LIVRO TOMBO I, da Paróquia).<br />

Dom Atico passou novamente<br />

por Marcelino Ramos a 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

1929, a caminho <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong><br />

assumiria a Diocese <strong>de</strong> Cafelândia. Na<br />

passagem, celebrou missa na Igreja<br />

Matriz e em lágrimas se <strong>de</strong>spediu da<br />

população ao embarcar no trem.<br />

A intensa ativida<strong>de</strong> pastoral <strong>de</strong><br />

Pe. Simão e <strong>de</strong> seus confra<strong>de</strong>s <strong>de</strong>spertou<br />

os paroqui<strong>anos</strong> <strong>de</strong> sua letárgica<br />

indiferença religiosa. Em 1932, ele<br />

voltou a trabalhar em São Paulo. O<br />

Pe. Fidélis Willy ms o substituiu como<br />

novo Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

A 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1933 a<br />

Região Saletina do <strong>Brasil</strong> foi elevada<br />

a Província, sob o título <strong>de</strong> Imaculada<br />

Conceição dos Missionários <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Salette. Pe. Simão foi<br />

nomeado primeiro Superior Provincial<br />

da Congregação no <strong>Brasil</strong>.<br />

18


Julho <strong>de</strong> 1928 - Pe. Agostinho Poncet, ms (<strong>de</strong> chapéu),<br />

Pe. A. M. Sorrel, ms e Pe. André Duguet, ms<br />

com os primeiros seis seminaristas: (da esquerda<br />

para a direita) - Angelo Ziliotto, João<br />

Casagran<strong>de</strong>, Quirino Marafon, José Bogoni, João<br />

Ziliotto e José Vicente.<br />

FUNDAÇÃO DA ESCOLA APOSTÓLICA<br />

No final <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1928, Pe.<br />

Agostinho Poncet, como Pároco <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos, recebeu a visita <strong>de</strong><br />

Pe. Fidélis Willy ms, Superior Regional.<br />

Com ele veio o Pe. A. M. Sorrel<br />

ms, Visitador enviado pelo Superior<br />

Geral. Tinha aportado ao <strong>Brasil</strong> poucos<br />

dias antes, a 20 <strong>de</strong> maio. Vieram<br />

acompanhados pelo Pe. André Duguet<br />

ms, chegado ao <strong>Brasil</strong> em 1926, para<br />

ser o Diretor da futura Escola Apostólica.<br />

Pe. Fidélis e Pe. Sorrel percorreram<br />

diferentes áreas da localida<strong>de</strong><br />

com o objetivo <strong>de</strong> ver a mais a<strong>de</strong>quada<br />

para a instalação da Escola.<br />

19


Depois <strong>de</strong> alguns dias seguiram<br />

para Santa Maria para um encontro<br />

com o Bispo, Dom Atico. De volta a<br />

Marcelino Ramos, prosseguiram na<br />

busca <strong>de</strong> um terreno favorável a seus<br />

objetivos. Finalmente fixaram o olhar<br />

numa chácara localizada no alto <strong>de</strong> um<br />

dos morros que circundam a vila. Pertencia<br />

ao Farmacêutico Mendonça. O<br />

terreno só foi adquirido a 2 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1930.<br />

Pe. Fidélis, a 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1928, voltou para São Paulo. O Pe.<br />

Sorrel permaneceu em Marcelino Ramos<br />

para participar da solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

abertura da Escola Apostólica. Na<br />

Festa da Visitação, a 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1928, Pe. Duguet e Pe. Poncet com<br />

um sorriso <strong>de</strong> imensa bonda<strong>de</strong> acolheram<br />

os seis primeiros alunos na Casa<br />

Paroquial adaptada para ser o berço<br />

da formação dos saletinos brasileiros.<br />

Na simplicida<strong>de</strong> da pobreza concretizava-se<br />

o sonho dos pioneiros.<br />

Rabisco da planta <strong>de</strong> localização da Escola Apostólica em relação<br />

à Igreja Matriz - 1928<br />

20<br />

Ao lado: Casa em ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>stinada à<br />

moradia dos Padres e dos Seminaristas.<br />

Alí funcionou, por alguns <strong>anos</strong>, a Escola<br />

Apostólica dos Missionários Saletinos no<br />

<strong>Brasil</strong>. À esquerda se vê o campanário<br />

original da Igreja Matriz.<br />

Foto <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1930.


UM SANTO<br />

RELIGIOSO<br />

Pe. Allard, ms<br />

A 31 <strong>de</strong> julho, em companhia <strong>de</strong><br />

Pe. Agostinho, o Pe. Sorrel retornou<br />

para São Paulo e, a seguir, para a Europa.<br />

A 19 <strong>de</strong> outubro, o norte-americano<br />

Pe. Francisco Allard ms, Doutor<br />

em Filosofia, formado em Roma, veio<br />

para trabalhar na formação dos seminaristas.<br />

Em 1929, a 5 <strong>de</strong> maio, <strong>de</strong>sembarcou<br />

em Marcelino Ramos, o francês<br />

Irmão João Creff ms, um santo<br />

religioso que, na sua simplicida<strong>de</strong>, era<br />

homem <strong>de</strong> ação e oração inteiramente<br />

<strong>de</strong>dicado à causa vocacional saletina.<br />

Irmão João se <strong>de</strong>sdobrou em diferen-<br />

tes ativida<strong>de</strong>s básicas para a construção<br />

e o bom andamento da Escola<br />

Apostólica. Pôs-se logo a visitar a região<br />

para recrutar novos seminaristas<br />

e para difundir a revista "O Mensageiro<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette", fundada<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1917. A<br />

busca <strong>de</strong> recursos financeiros para a<br />

Escola Apostólica se tornou para ele<br />

uma missão incontornável. Para tanto<br />

se pôs a percorrer o Estado do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul. Nem sempre era bem<br />

recebido pelos ricos. Encontrava mais<br />

facilmente acolhida junto aos pobres.<br />

Disse ele, certa vez:<br />

Ir. Creff, ms<br />

"Muitas vezes o trabalho é duro, mas<br />

quanto mais dificulda<strong>de</strong>s encontro, mais<br />

sinto aumentar a coragem"<br />

(LIVRO TOMBO I, da Escola Apostólica, pg. 87)<br />

As primeiras colunas mestras da Escola Apostólica<br />

estavam, assim, erigidas.<br />

Pe. Picard, ms<br />

21


O aumento do número <strong>de</strong> seminaristas,<br />

em 1929, exigia providências<br />

urgentes para a instalação a<strong>de</strong>quada<br />

e <strong>de</strong>finitiva da Escola Apostólica.<br />

O Conselho Geral enviou, então, como<br />

Visitador, o Ecônomo Geral, Pe. Eugênio<br />

Picard ms. Sua missão era orientar<br />

a construção da obra no alto do<br />

morro. Desembarcou no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

a 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1930. Era largamente<br />

experiente no trato <strong>de</strong> construções.<br />

Chegando a Marcelino Ramos,<br />

a 23 <strong>de</strong> abril, pôs <strong>de</strong> imediato, mãos à<br />

obra. Os operários competentes eram<br />

raros. Por acaso, Pe. Picard encontrou<br />

num hotel da Vila, um jovem austríaco,<br />

<strong>de</strong>sempregado, José Hoenberger.<br />

Foi logo contratado para trabalhar na<br />

construção. Permaneceu a serviço do<br />

Seminário pelo resto <strong>de</strong> sua vida. Desempenhava<br />

diferentes funções: pedreiro,<br />

encanador, eletricista e pa<strong>de</strong>iro. Muito<br />

prestativo, tornou-se popularmente<br />

conhecido como "José Pa<strong>de</strong>iro".<br />

José Hoenberger, o<br />

“José Pa<strong>de</strong>iro”<br />

Ir. João Creff ms, Pe. André Duguet ms, Pe. Simão Bacelli ms (2 o Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos), Pe. Francisco Allard ms e<br />

os seminaristas <strong>de</strong> 1929 em frente a Escola Apostólica.


29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1930 - Bênção da Pedra Fundamental<br />

da nova Escola Apostólica<br />

Definido o projeto arquitetônico da Escola, e apresentado ao<br />

Conselho Regional e ao Conselho Geral, sua aprovação foi concedida<br />

a 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1930. Na festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong>sse mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental pelo Pe.<br />

Picard, em presença dos Missionários Saletinos, seminaristas, autorida<strong>de</strong>s<br />

locais e da população <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Os seminaristas, a 26 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1931, foram transferidos <strong>de</strong><br />

seu primeiro “ninho”, a Casa Paroquial, para um pavilhão no alto do<br />

morro. O prédio do Seminário, ainda inacabado, somente a 23 <strong>de</strong><br />

março abrigaria os 30 seminaristas apesar da situação gran<strong>de</strong>mente provisória.<br />

Em abril, as aulas na nova Escola pu<strong>de</strong>ram enfim iniciar, com<br />

restrito quadro <strong>de</strong> funcionários.<br />

A 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1931, pela primeira vez, em Marcelino Ramos,<br />

foi celebrada uma Procissão do Santíssimo Sacramento. A escadaria<br />

da entrada principal da nova Escola Apostólica tinha sido ornada com<br />

carinho para servir <strong>de</strong> altar durante a procissão. O Santíssimo foi levado<br />

pelo Padre Superior, da capela provisória através do pátio anexo<br />

até a escadaria principal <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi dada a bênção solene. Padres,<br />

apostólicos, alunos do Colégio Cristo Rei, as Irmãs <strong>de</strong> São José e<br />

uma gran<strong>de</strong> multidão <strong>de</strong> fiéis acompanharam a cerimônia.<br />

23


4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1931 - Altar para a Procissão do Santíssimo Sacramento, instalado na entrada da Escola<br />

24<br />

Em seu primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento,<br />

a Escola se tornava, portanto,<br />

um pólo <strong>de</strong> atração religiosa para o<br />

povo <strong>de</strong> Marcelino Ramos. A celebração<br />

antecipava <strong>de</strong> certa forma, o que<br />

aconteceria no futuro, por ocasião das<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>Romaria</strong>s.<br />

No final <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1932,<br />

Dom Antônio Reis, novo Bispo Diocesano<br />

<strong>de</strong> Santa Maria, visitou a Paróquia<br />

e a nova Escola Apostólica. No<br />

mesmo ano chegou o norte-americano<br />

Pe. Francisco Amos Connor ms,<br />

futuro Pároco e um iniciador das <strong>Romaria</strong>s.<br />

No dia 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1932, pela primeira vez foi celebrada<br />

uma missa solene na Escola Apostólica.<br />

Para a noite <strong>de</strong>sse dia, uma gran<strong>de</strong><br />

surpresa. Estava prevista a apresentação<br />

<strong>de</strong> uma peça teatral pelos apostólicos.<br />

Foi, porém, substituída pela cerimônia<br />

da Bênção do Santíssimo Sacramento.<br />

Um povo numeroso se fez<br />

presente.<br />

A 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1933, houve<br />

missa cantada na Capela da Escola<br />

Apostólica. Convidado pelo Irmão<br />

João, um grupo <strong>de</strong> agricultores da região<br />

participou da celebração. Ao par<br />

disso, junto à Igreja Paroquial, outras<br />

cerimônias eram organizadas para a população<br />

da Vila.<br />

No início <strong>de</strong> 1934, o Pe. André<br />

Duguet ms percorreu a região do Alto<br />

Uruguai, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, anteriormente<br />

visitada pelo Irmão João, em<br />

vista do recrutamento <strong>de</strong> novos apostólicos.<br />

O Irmão João foi <strong>de</strong>pois enviado<br />

a diferentes regiões do Sul, para<br />

recrutar candidatos e recursos financeiros.<br />

Percorreu diversas Dioceses<br />

com a permissão dos respectivos Bispos.


1932 - Dom Antonio Reis<br />

Bispo <strong>de</strong> Santa Maria-RS<br />

1932 - Pe. Francisco Amos Connor ms e paroqui<strong>anos</strong><br />

na entrada do Seminário<br />

1932 - Seminaristas e padres “acampam” no prédio ainda em construção.<br />

25


SEM MEDO DA<br />

POBREZA<br />

Tendo-se encontrado com Dom<br />

Antônio, Irmão João pediu-lhe a bênção<br />

para seu trabalho vocacional nas<br />

Paróquias da Diocese <strong>de</strong> Santa Maria,<br />

RS. Dom Antônio lhe disse: "Vai,<br />

há vocações para todos. Diga a todos<br />

que lhes envio minhas melhores bênçãos!".<br />

Nesse ano ainda, foram concluídos<br />

os trabalhos <strong>de</strong> construção da<br />

Capela do Seminário. Foi inaugurada<br />

a 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1934. A visita <strong>de</strong><br />

Dom Antônio Reis e do Superior Geral,<br />

Pe. Etienne Cruveiller ms, fez parte<br />

do calendário.<br />

Ao final <strong>de</strong> sua visita, simpática<br />

e animadora, o Padre Geral <strong>de</strong>ixou<br />

uma mensagem escrita na qual, entre<br />

outras coisas, afirma:<br />

Pe. Etienne Cruveiller ms<br />

Superior Geral em visita ao <strong>Brasil</strong> - 1934<br />

"(...) Que honra para todos nós sermos chamados a formar sacerdotes e<br />

religiosos. Mas igualmente, que responsabilida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>les não fizermos verda<strong>de</strong>iros<br />

religiosos, sacerdotes segundo o coração <strong>de</strong> Deus, e zelosos missionários!<br />

(...) É ele (i.e., o bom espírito religioso) que presidiu a bela funda-<br />

ção saletina do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. (...) Religiosos animados pelo espírito<br />

<strong>de</strong> fé e sem medo da pobreza, acumularão riquezas muito mais preciosas que<br />

as disputadas pelas pessoas mundanas. (...) Honra, pois, a nossos queri-<br />

dos Padres e Irmãos pelo bem já realizado. Não receamos afirmar que eles<br />

verão as bênçãos do céu fecundar seus esforços enquanto mantiverem, nessa<br />

casa, o bom espírito que os anima. É nesse sentido que acrescentamos aos<br />

nossos agra<strong>de</strong>cimentos e aos nossos melhores encorajamentos, a muito cor-<br />

dial e afetuosa bênção do pai <strong>de</strong> família. Marcelino Ramos, Festa <strong>de</strong> Santa<br />

Rosa <strong>de</strong> Lima, 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1934.<br />

Pe. Etienne Cruveiller ms, Superior Geral"<br />

(in LIVRO TOMBO I da Escola Apostólica, pgs. 95-96)<br />

26


Pe. Brandley, ms Pe. Rochedreux, ms Pe. Allaman, ms Pe. Hoegger, ms<br />

A partir <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1934, as Irmãs <strong>de</strong> São José num magnífico<br />

testemunho <strong>de</strong> Vida Religiosa,<br />

começaram a prestar, por longos <strong>anos</strong>,<br />

relevantes serviços domésticos aos seminaristas<br />

da Escola Apostólica. Eram<br />

cerca <strong>de</strong> quarenta estudantes.<br />

A 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935, com<br />

a bênção das estátuas <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette instaladas na Capela<br />

da Escola Apostólica, foi realizada pela<br />

primeira vez, na mesma Escola, a festa<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. Muitos<br />

agricultores da região assistiram à solenida<strong>de</strong>.<br />

Outros não vieram por causa<br />

da chuva, mas se reuniram na capela<br />

da respectiva comunida<strong>de</strong> para a recitação<br />

do terço e o canto das Ladainhas<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora. Os presentes<br />

à cerimônia na Escola Apostólica, após<br />

a Missa, almoçaram no bosque anexo.<br />

Em 1935, ainda, o Pe. Francisco<br />

Allard ms foi nomeado Superior e<br />

Diretor da Escola Apostólica, o Pe.<br />

Teodoro Brandley ms, Ecônomo Local,<br />

e o Pe. Pascal Rochedreux ms, Pároco<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

A Escola, nesse mesmo ano, recebeu<br />

a visita <strong>de</strong> dois Bispos: Dom<br />

José Barea, <strong>de</strong> Caxias do Sul, RS, que<br />

subiu e <strong>de</strong>sceu o morro, a pé, conforme<br />

promessa feita, e Dom Antônio<br />

Mazzarotto, <strong>de</strong> Ponta Grossa, PR, afirmando<br />

ser <strong>de</strong>voto <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette.<br />

Em 1936, a 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, veio<br />

o suíço Pe. Alberto Allaman ms que<br />

por longos <strong>anos</strong> foi professor na Escola,<br />

Mestre <strong>de</strong> Noviços, Diretor dos<br />

estudantes <strong>de</strong> Filosofia e <strong>de</strong> Teologia<br />

e Superior Provincial.<br />

Em novembro <strong>de</strong> 1938, Pe. Simão<br />

Bacelli ms, Superior Provincial, em<br />

viagem pela Europa, pediu <strong>de</strong>missão<br />

do cargo. Para substituí-lo, o Conselho<br />

Geral nomeou sem <strong>de</strong>mora, o ex-<br />

Superior Geral, o francês e competente<br />

entomologista Pe. Celestino Crozet ms<br />

para ser o Superior Provincial e colaborar<br />

na formação dos seminaristas e<br />

noviços. Nesse tempo chegou também<br />

o Pe. Francisco Xavier Hoegger ms,<br />

suíço, que por longos <strong>anos</strong> se <strong>de</strong>dicou<br />

à Escola Apostólica.<br />

Somente em 1943 o prédio da<br />

Escola recebeu o revestimento externo.<br />

Em virtu<strong>de</strong> do aumento significativo<br />

do número <strong>de</strong> seminaristas nessa<br />

época, foi construído um anexo em ma<strong>de</strong>ira<br />

para abrigar algumas salas <strong>de</strong> aula<br />

e possibilitar ativida<strong>de</strong>s culturais.<br />

27


1934 - Pe. Cruveiller ms, Superior Geral, na diligência e Pe. Bacelli ms, a cavalo.<br />

Gradativamente, sobretudo pela<br />

<strong>de</strong>dicação incansável <strong>de</strong> Irmão João e<br />

a abnegada generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inúmeros<br />

benfeitores, a Escola Apostólica ou<br />

Seminário Salette, equipava-se com<br />

salas e móveis a<strong>de</strong>quados. Os dias<br />

corriam repletos <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> oração,<br />

<strong>de</strong> celebrações, retiros, estudo,<br />

aulas dadas pelos próprios Padres com<br />

a ajuda <strong>de</strong> alguns leigos, esportes e trabalhos<br />

manuais na proprieda<strong>de</strong>.<br />

28<br />

1938 - Comunida<strong>de</strong> e alunos na visita do Pe. Celestino Crozet ms (<strong>de</strong> barba, ao centro)


TESTEMUNHO Pe. Antonio Bortolini, ms<br />

OS SEMINARISTAS E A ROMARIA<br />

A vida do Seminário, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, foi orientada por um rigoroso e<br />

disciplinar programa que buscava, na mentalida<strong>de</strong> da época, a formação<br />

religiosa e sacerdotal <strong>de</strong> seus candidatos.<br />

Entre os acontecimentos que marcavam o ano escolar, <strong>de</strong>stacava-se,<br />

como ponto alto, a <strong>Romaria</strong> ao Santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette, no<br />

último domingo do mês <strong>de</strong> setembro.<br />

Ao aproximar-se a data da <strong>Romaria</strong>, os seminaristas voltavam-se, ansiosamente,<br />

para o acontecimento, pois, oriundos <strong>de</strong> famílias simples e <strong>de</strong><br />

regiões incultas, conheciam apenas os eventos das respectivas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Para todos nós a <strong>Romaria</strong> era um acontecimento marcante.<br />

No início do mês <strong>de</strong> setembro, começavam os preparativos <strong>de</strong>sse evento.<br />

Os seminaristas, distribuídos em grupos, esparramavam-se pelos pátios e<br />

pelo bosque. Uns encarregavam-se da limpeza do recinto; outros montavam<br />

as mesas e barracas para o atendimento aos romeiros; e terceiros<br />

assumiam a montagem do altar campal.<br />

Dava-se, porém, uma atenção especial ao programa religioso. A partir<br />

do dia primeiro <strong>de</strong> setembro, após o almoço, os seminaristas dirigiam-se à<br />

Capela para a reza das Ladainhas <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette; antes da<br />

janta, participavam da reza do terço; no dia 11, iniciava-se a novena em<br />

preparação às solenida<strong>de</strong>s da Aparição; às vésperas da <strong>Romaria</strong>, celebrava-se<br />

o Tríduo preparatório com Missa e pregação.<br />

Raiava o dia da <strong>Romaria</strong>. Perfilados, dois a dois, vestidos <strong>de</strong> batina<br />

preta, crucifixo no peito, sobrepeliz e barrete na cabeça, feitos pequenos<br />

clérigos, <strong>de</strong>scíamos a montanha, carregando em procissão a imagem <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette chorando. Às 8 horas, iniciava a procissão<br />

penitencial rumo ao Santuário.<br />

Misturados à multidão, animávamos<br />

o canto e a reza do Terço. Chegando<br />

ao recinto do Santuário,<br />

participávamos da Missa Campal<br />

e ficávamos à disposição dos romeiros.<br />

São momentos inesquecíveis.<br />

Estão guardados na memória...<br />

1960 - 25 a <strong>Romaria</strong><br />

29


A Direção e os outros membros<br />

da Comunida<strong>de</strong> doavam-se inteiramente<br />

à formação dos seminaristas. O Seminário<br />

Salette assim crescia segundo um<br />

estilo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>sto, disciplinado e<br />

eficiente, na busca <strong>de</strong> seus objetivos e<br />

relativamente isolado do que era chamado<br />

"mundo". Muitos membros da<br />

Província a ele <strong>de</strong>dicaram sua vida.<br />

O aumento continuado <strong>de</strong> alunos<br />

e o clima <strong>de</strong> euforia reinante na<br />

Igreja Católica na época, concluíram<br />

na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se ampliar a Escola<br />

Apostólica com duas novas alas, na<br />

década <strong>de</strong> 1950. Anos após, a mudança<br />

da legislação educacional do pais<br />

levou a Escola a se organizar segundo<br />

as <strong>de</strong>terminações governamentais.<br />

No alto da Montanha, um dos sonhos tornou-se realida<strong>de</strong>, a Escola Apostólica.<br />

30


Tornou-se entida<strong>de</strong> jurídica <strong>de</strong>nominada<br />

SEMINÁRIO SALETTE.<br />

Um otimismo inflado superlotou o internato<br />

saletino. Centenas <strong>de</strong> alunos<br />

nele viviam. Essa realida<strong>de</strong> exigia novas<br />

providências na linha da formação<br />

e da sustentação. Os tempos trouxeram<br />

novos ares, com conseqüências<br />

nem sempre <strong>de</strong>sejadas. Anos após, um<br />

ajustamento <strong>de</strong> rumos abriu caminho<br />

para uma formação sempre mais condizente<br />

com o sentido eclesial da Vida<br />

Religiosa e Sacerdotal. A Escola Apostólica<br />

ou Seminário Salette cumpriu assim<br />

longo percurso, perpassado <strong>de</strong> zelo<br />

missionário. Penoso muitas vezes. Fecundo<br />

sempre, criando marcas profundas<br />

nos que por ele passaram e no povo<br />

que sempre teve muito carinho com a<br />

instituição.<br />

Com o Santuário, o Fac-simile<br />

e as <strong>Romaria</strong>s Penitenciais, Marcelino<br />

Ramos tornou-se a referência saletina<br />

por excelência, no Sul do <strong>Brasil</strong>.<br />

Da esquerda para a direita:<br />

José Vicente Júnior; Antonio Val<strong>de</strong>arenas;<br />

Mathias Gassner; Nome <strong>de</strong>sconhecido;<br />

José Bogoni; Pe. André Duguet;<br />

Angelo Ziliotto; João Neukirchen.<br />

1932 - Primeiro grupo <strong>de</strong> Noviciado<br />

31


4 - As festivida<strong>de</strong>s saletinas<br />

Década <strong>de</strong> 30 - Ruas engalapadas, em frente à Igreja Matriz, na festa da Comunida<strong>de</strong><br />

O CICLO<br />

PAROQUIAL<br />

32<br />

A festa paroquial é tradição antiga<br />

nas comunida<strong>de</strong>s cristãs. O dia do<br />

Padroeiro é Dia <strong>de</strong> Festa. O povo se<br />

reúne com seu Pároco. Celebra-se a<br />

Missa. Muitas vezes se organiza uma<br />

procissão com a estátua ou estandarte<br />

do Santo Padroeiro. Os sinos reboam.<br />

Há fogos <strong>de</strong> artifício. Folguedos<br />

não faltam. Barracas <strong>de</strong> alimentação<br />

tomam conta do espaço em torno da<br />

Igreja. O povo se alegra. Sente-se unido.<br />

Louva o Senhor e volta para casa<br />

abençoado.<br />

Antes da chegada dos Missionários<br />

Saletinos em Marcelino Ramos,<br />

o povo da Paróquia São João Batista<br />

já celebrava a festa do Padroeiro, a<br />

24 <strong>de</strong> junho. Com a chegada dos Missionários,<br />

a comemoração do aniversário<br />

da Aparição <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

em LA SALETTE, a 19 <strong>de</strong> setembro,<br />

foi incorporada no calendário das festivida<strong>de</strong>s<br />

paroquiais.


IMAGENS QUE<br />

VIERAM DA FRANÇA<br />

Ao Pe. Agostinho Poncet ms,<br />

primeiro Pároco, coube presidir a festa<br />

<strong>de</strong> São João Batista em 1928. Seu<br />

substituto, Pe. Simão Bacelli ms, organizou<br />

a primeira celebração em honra<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette na<br />

Paróquia, a 30 <strong>de</strong> setembro do mesmo<br />

ano.<br />

A solene celebração saletina foi<br />

precedida por um tríduo, na Igreja<br />

Matriz. Na missa da festa, algumas piedosas<br />

paroquianas receberam as insígnias<br />

da Confraria <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette, <strong>de</strong>pois instituída oficialmente<br />

por Dom Atico Eusébio da Rocha<br />

em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1928. A Confraria<br />

é ligada à da Montanha <strong>de</strong> La<br />

Salette, fundada logo após a Aparição.<br />

Após a missa, grandiosa procissão percorreu<br />

as ruas do povoado, carregando<br />

triunfalmente um estandarte <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette e um ornamentado<br />

andor da imagem do Padroeiro,<br />

São João Batista. A partir daí,<br />

anualmente se celebrou na Paróquia,<br />

o dia comemorativo da Aparição.<br />

A 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1930, na chácara<br />

do alto do morro, foi lançada a<br />

pedra fundamental do prédio da Escola<br />

Apostólica. A missa foi celebrada<br />

pelo Representante do Superior Geral,<br />

Pe. Eugène Picard ms, que veio<br />

para dirigir a construção da Escola.<br />

Na Igreja Matriz, um tríduo prece<strong>de</strong>u<br />

a festa do dia 19 <strong>de</strong> setembro.<br />

Numerosas comunhões foram ministradas.<br />

Foram abençoadas as estátuas<br />

que representam a Aparição. Vieram<br />

da França, doadas pela Confraria. A<br />

missa foi cantada pelos alunos da Escola<br />

Apostólica. A procissão percorreu<br />

os caminhos da localida<strong>de</strong>, com a<br />

imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora em lágrimas,<br />

carregada pela Confraria.<br />

Em 1931, com peculiar brilhantismo<br />

e preparado por um tríduo,<br />

foi celebrado o dia 19 <strong>de</strong> setembro,<br />

85º aniversário da Aparição, com missa<br />

cantada pelo coro do Colégio das Irmãs<br />

<strong>de</strong> São José e numerosas comunhões.<br />

Década <strong>de</strong> 30 - Barracas festivas na Praça da Matriz<br />

33


Dom Antonio Reis (à esquerda) e seu secretário particular<br />

Pe. Pascoal Librelotto, no Seminário, em 1934.<br />

A Confraria Nossa Senhora da<br />

Salette <strong>de</strong>u especial presença. Durante<br />

o tríduo, as pregações versaram sobre<br />

o dogma da Maternida<strong>de</strong> Divina<br />

<strong>de</strong> Maria, proclamado pelo Concílio <strong>de</strong><br />

Éfeso havia quinze séculos. Estrondosa<br />

alvorada prece<strong>de</strong>u a celebração da<br />

missa <strong>de</strong>sse dia. Uma imponente procissão<br />

carregou triunfalmente a imagem<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora chorando. Em benefício<br />

da Igreja Paroquial, houve <strong>de</strong>pois<br />

festejos animados, churrasco, chimarrão,<br />

doces, flores distribuídas pelas<br />

senhoras, orquestra <strong>de</strong> amadores e<br />

representações teatrais. A multidão presente<br />

e feliz era numerosa.<br />

O início do ano <strong>de</strong> 1932 foi marcado<br />

pela tomada <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> Dom<br />

Antônio Reis como novo Bispo Diocesano<br />

<strong>de</strong> Santa Maria, RS. Pouco<br />

<strong>de</strong>pois, no final <strong>de</strong> fevereiro, Dom Antônio<br />

fez sua primeira visita pastoral a<br />

Marcelino Ramos e à Escola Apostólica.<br />

Ainda em 1932, o Pe. Simão foi<br />

substituído pelo Pe. Fidélis como Pároco.<br />

Nesse ano, a solenida<strong>de</strong> saletina<br />

paroquial estava prevista para o dia 24<br />

<strong>de</strong> setembro, domingo, com tríduo preparatório,<br />

missa cantada e procissão<br />

com o andor <strong>de</strong> Nossa Senhora. A intensa<br />

chuva impediu a realização das<br />

cerimônias. A festa foi transferida para<br />

o dia 15 <strong>de</strong> outubro com a mesma programação.<br />

34


Na Escola Apostólica, o dia 19<br />

<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1932, porém, foi marcado<br />

pela primeira missa solene seguida<br />

<strong>de</strong> festa, churrasco e diversões.<br />

Diversos agricultores da região estavam<br />

presentes.<br />

À noite, uma surpreen<strong>de</strong>nte<br />

multidão participou da Bênção do<br />

Santíssimo Sacramento. O mesmo<br />

programa <strong>de</strong> festa e diversões foi repetido<br />

em 1933.<br />

No ano <strong>de</strong> 1934, o mês <strong>de</strong> setembro<br />

foi marcado pela visita pastoral<br />

<strong>de</strong> Dom Antônio Reis. Chegando a<br />

Marcelino Ramos no dia 15 <strong>de</strong> setembro,<br />

dirigiu-se à nova Escola Apostólica<br />

on<strong>de</strong> se hospedou. Visitou algumas<br />

capelas da Paróquia. No dia 19<br />

celebrou missa cantada na Escola<br />

Apostólica e participou dos festejos<br />

com os seminaristas. Posteriormente<br />

visitou outras capelas, sendo que no<br />

dia 23, durante missa solene na Escola<br />

Apostólica, proclamou o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong><br />

criação da Paróquia <strong>de</strong> Viadutos, RS.<br />

Ao final da visita, Dom Antônio<br />

<strong>de</strong>ixou uma mensagem escrita:<br />

"Com especial prazer <strong>de</strong>ixamos aqui registrado<br />

a nossa elevada e sincera admiração pelos mui-<br />

to zelosos e profundamente piedosos Padres<br />

Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette,<br />

que, com tanto carinho e abnegação apostólica<br />

vêm dirigindo os <strong>de</strong>stinos da Paróquia <strong>de</strong> São<br />

João <strong>de</strong> Marcelino Ramos. A eles e à sua prós-<br />

pera Escola Apostólica nossa mais afetuosa e<br />

escolhida bênção. Dom Antônio Reis,<br />

Marcelino Ramos, 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1934"<br />

(LIVRO TOMBO I da Escola Apostólica, pg. 98)<br />

Por causa da chuva, a festa paroquial<br />

foi pouco concorrida.<br />

Aos 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1935, Pe.<br />

Francisco Amos Connor ms, tomou<br />

posse do cargo <strong>de</strong> Pároco <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos. Sob sua direção, no dia<br />

19 <strong>de</strong> setembro, houve missa solene,<br />

com muitas comunhões na Igreja Matriz.<br />

Os festejos paroquiais foram feitos<br />

entre os dias 26 e 29 <strong>de</strong> setembro,<br />

com gran<strong>de</strong> participação do povo. Pe.<br />

Simão Bacelli ms foi o orador oficial.<br />

Dado o empenho pastoral dos<br />

Missionários, as celebrações em honra<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette na<br />

Paróquia, ao longo <strong>de</strong>sses poucos<br />

<strong>anos</strong>, atraíram fiéis cada vez mais numerosos.<br />

Embora fossem eles moradores<br />

da Paróquia, tornava-se previsível a<br />

importância que esses eventos religiosos<br />

assumiriam no futuro, com a participação<br />

do povo <strong>de</strong> regiões mais distantes,<br />

nas celebrações saletinas em<br />

Marcelino Ramos. A previsão se tornou<br />

realida<strong>de</strong> com as <strong>Romaria</strong>s a Nossa<br />

Senhora da Salette.<br />

35


AS ROMARIAS PENITENCIAIS<br />

1ª Fase:<br />

Do vale da dispersão ao<br />

monte da Reconciliação<br />

1947 - Romeiros chegando para a 12 a <strong>Romaria</strong><br />

Na cultura dos povos, as peregrinações<br />

a santuários ou locais sagrados<br />

sempre tiveram um forte e significativo<br />

apelo religioso. O senso do sagrado,<br />

da <strong>de</strong>pendência existencial, da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção, da atração<br />

da simpatia do além para com o ser<br />

humano, do reconhecimento da própria<br />

fragilida<strong>de</strong> face à gran<strong>de</strong>za do misterioso<br />

envoltório da vida, criou essa prática<br />

ritual entre os povos, com dimensões<br />

as mais variadas, inclusive sacrificiais<br />

e penitenciais.<br />

Nas intuições da fé num Deus<br />

<strong>de</strong>sconhecido que o convocava a caminhar<br />

rumo a uma terra prometida,<br />

mas, estranha, Abraão com seu clã fez<br />

longa peregrinação pelos <strong>de</strong>sertos do<br />

Oriente Médio. Pelo caminho marcava<br />

com símbolos consistentes, certos<br />

pontos referenciais do sentido da vida<br />

nova <strong>de</strong>scoberta nas experiências místicas<br />

dos encontros com o misterioso<br />

Deus que o impelia e amparava.<br />

O Povo <strong>de</strong> Israel, posteriormente,<br />

vivenciou experiências semelhantes<br />

em meio a gran<strong>de</strong>s tribulações da vida<br />

e a fortes confrontos bélicos na marcha<br />

do Egito para Canaã. Uma vez fixado<br />

na terra que lhe fora reservada<br />

pelo Senhor, Israel construiu um Templo<br />

para on<strong>de</strong>, com cantos festivos e<br />

<strong>de</strong> ação <strong>de</strong> graças, acorriam multidões<br />

para oferecer libações. O próprio Senhor<br />

Jesus, seus familiares e contemporâneos,<br />

viveram essa prática religiosa<br />

da peregrinação.<br />

36


TRILHAS<br />

MONTANHOSAS<br />

Essa prática encontrou continuida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>sdobramento no âmbito<br />

cristão, sobretudo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scoberta<br />

dos Lugares Santos da Vida, Paixão e<br />

Ressurreição <strong>de</strong> Jesus, o Cristo. Na<br />

Roma cristã, os locais do suplício e sepultura<br />

dos mártires, sobretudo os dos<br />

Apóstolos Pedro e Paulo, tornaram-se,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, pontos <strong>de</strong> atração religiosa<br />

e <strong>de</strong> simbólica expressão da unida<strong>de</strong><br />

da Igreja, na única fé dos inúmeros peregrinos<br />

das mais diferentes origens e<br />

culturas. A peregrinação para um local<br />

santo, era a figuração da caminhada da<br />

vida como tal, com suas fraquezas e lutas,<br />

com suas alegrias e sucessos, em<br />

busca do sentido da vida e do bem su-<br />

premo, Deus. A peregrinação <strong>de</strong> cristãos<br />

para Roma suscitou a ROMARIA.<br />

O Povo <strong>de</strong> Deus sente a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sentir-se POVO. A fé cristã<br />

não é uma experiência <strong>de</strong> vida exclusivamente<br />

individual. Tem raízes essenciais<br />

que se alimentam na experiência<br />

comunitária, a da Igreja. A eclesialida<strong>de</strong><br />

da fé é o suporte da vida cristã<br />

pessoal.<br />

Ao longo dos séculos <strong>de</strong> cristianismo,<br />

as romarias se multiplicaram,<br />

sobretudo com relação aos locais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>voção mariana. Maria também foi<br />

peregrina em sua vida. Peregrina no<br />

discipulado junto ao próprio Filho Jesus.<br />

Peregrina no seio <strong>de</strong> uma Igreja<br />

<strong>de</strong> discípulos e missionários a caminho<br />

da plenitu<strong>de</strong> do Reino <strong>de</strong> Deus. Mãe<br />

dos peregrinos. Mãe dos filhos <strong>de</strong> Deus<br />

dispersos. Peregrina a serviço da construção<br />

da comunhão. Mãe da Reconciliação.<br />

Salette se insere nesse contexto<br />

religioso. Des<strong>de</strong> os primeiros dias após<br />

a Aparição <strong>de</strong> Nossa Senhora, a 19<br />

<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1846, multidões <strong>de</strong> fiéis<br />

subiam, por trilhas montanhosas<br />

muito difíceis, ao local visitado pela<br />

Mãe <strong>de</strong> Deus. No primeiro aniversário<br />

da Aparição, a 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1847, uma testemunha ocular da solenida<strong>de</strong>,<br />

M. PEYTARD, Prefeito Municipal<br />

<strong>de</strong> LA SALETTE, afirma:<br />

La Salette - França - Procissão ao anoitecer - 2006<br />

"Jamais se viu espetáculo tão tocante. Não se po-<br />

dia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> chorar ao se ouvir <strong>de</strong> todos os lados,<br />

repetirem-se os louvores do Senhor e <strong>de</strong> Maria por<br />

mais ou menos quarenta e cinco mil pessoas, entre<br />

as quais duzentos sacerdotes. A multidão era tão<br />

compacta que formava um só corpo. Uns se apoia-<br />

vam aos outros <strong>de</strong> forma tal que se temia, a todo<br />

instante, que muitas pessoas fossem asfixiadas pela<br />

massa. Felizmente, não houve o menor aci<strong>de</strong>nte a<br />

ser <strong>de</strong>plorado"<br />

(in La Galerie <strong>de</strong>s Portraits <strong>de</strong> La Salette, pg.36)<br />

37


Inúmeras pessoas, simples ou<br />

ilustradas, motivadas pelas lágrimas da<br />

"Bela Senhora" e por seu apelo à conversão,<br />

encontraram o caminho do<br />

Senhor. Paralelamente, populações inteiras<br />

das paróquias, vizinhas ou mais<br />

distantes, se voltaram para Deus.<br />

Eventos miraculosos se sucediam. Espontaneamente<br />

o povo cristão percebeu<br />

o cerne espiritual do "Fato da<br />

Salette" e passou a invocar a Nossa<br />

Senhora como "Reconciliadora dos<br />

pecadores...".<br />

38<br />

As maravilhas <strong>de</strong> Deus através<br />

<strong>de</strong> Maria, Mãe da Reconciliação, não<br />

cessam hoje e sempre a atrair em "romaria",<br />

ao Santuário Basílica <strong>de</strong> La<br />

Salette, multidões do mundo inteiro.<br />

A equipe sacerdotal para servir<br />

os peregrinos, constituida por ocasião<br />

da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se construir o Santuário<br />

e do reconhecimento oficial da autenticida<strong>de</strong><br />

do Fato, por parte do Bispo<br />

<strong>de</strong> GRENOBLE, Dom Philisbert <strong>de</strong><br />

Bruillard, evoluiu em sua organização<br />

interna e pastoral e <strong>de</strong>u origem à atual<br />

Congregação dos Missionários <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette. Inspirada<br />

no fato da Aparição, a Congregação<br />

buscou os princípios <strong>de</strong> sua espiritualida<strong>de</strong><br />

firmada no tripé "Oração,<br />

Conversão e Zelo". Intuiu a Reconciliação<br />

como carisma congregacional.<br />

Cresceu. Assumiu missões estrangeiras.<br />

Construiu Santuários Saletinos.<br />

Organizou junto a eles <strong>Romaria</strong>s <strong>de</strong><br />

caráter popular, penitencial e reconciliador,<br />

em coerência com o sentido<br />

da Aparição. As <strong>Romaria</strong>s, são hoje,<br />

marcas do carisma da Congregação.<br />

O Pe. Clemente Henrique<br />

Moussier ms, chegado em 1902, trouxe<br />

o sonho <strong>de</strong> erigir um Santuário <strong>de</strong>dicado<br />

a Nossa Senhora da Salette,<br />

no coração do <strong>Brasil</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

então Capital da República. O zelo<br />

apostólico pela causa da Boa Nova, o<br />

amor filial a Nossa Senhora da Salette<br />

e a compaixão evangélica pela multidão<br />

dos pobres e se<strong>de</strong>ntos da Palavra<br />

no <strong>Brasil</strong> aninhavam-se no coração <strong>de</strong><br />

Pe. Moussier e dos <strong>de</strong>mais saletinos<br />

que vieram a seguir. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>les<br />

comportava igualmente uma Casa para<br />

a Formação <strong>de</strong> Missionários nativos do<br />

<strong>Brasil</strong> e mediações para uma pastoral<br />

<strong>de</strong> peregrinação reconciliadora. As circunstâncias<br />

os obrigaram a protelar a<br />

realização do projeto.


Vista parcial <strong>de</strong> Marcelino Ramos - Década <strong>de</strong> 60<br />

Finalmente, o Conselho Regional<br />

da Congregação no <strong>Brasil</strong>, a 3 <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1928, <strong>de</strong>ixou claro o intento <strong>de</strong><br />

erigir um Santuário junto à Escola Apostólica<br />

em projeto no sul do <strong>Brasil</strong>, em<br />

Marcelino Ramos.<br />

Pe. Picard ms, que veio para<br />

orientar a construção da Escola Apostólica,<br />

pensava, em 1931, também na<br />

construção <strong>de</strong> um "Fac-Simile", uma<br />

reprodução do local da Aparição. Faria<br />

parte do conjunto monumental religioso<br />

com o Santuário e a Escola Apostólica,<br />

no alto do morro, nas cercanias<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos. Esse conjunto<br />

seria um pólo <strong>de</strong> atração para os <strong>de</strong>votos<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette.<br />

Os Missionários inspirados sem-<br />

pre nas palavras e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora em sua Aparição, queriam dar<br />

às comemorações saletinas um caráter<br />

expressivo <strong>de</strong> oração e reconciliação.<br />

O projeto em mente era o <strong>de</strong> uma<br />

"romaria penitencial" e não apenas <strong>de</strong><br />

uma "festa paroquial". <strong>Romaria</strong> que expressasse<br />

uma verda<strong>de</strong>ira caminhada<br />

<strong>de</strong> conversão, como se fazia na Montanha<br />

<strong>de</strong> LA SALETTE, na França.<br />

A geografia <strong>de</strong> Marcelino Ramos<br />

se prestava para o intento da celebração<br />

<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s Penitenciais<br />

Saletinas. A Vila, na baixada, situada à<br />

beira do Rio Uruguai, tinha sua Igreja<br />

Matriz no centro. Em lugar <strong>de</strong> procissões<br />

reduzidas em tamanho, pelas ruas<br />

da localida<strong>de</strong>, surgiu a idéia <strong>de</strong> uma<br />

caminhada mais imponente morro acima,<br />

em meio a um bosque frondoso,<br />

até à Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette na Escola Apostólica. A Capela<br />

era o ponto <strong>de</strong> referência da <strong>de</strong>voção<br />

popular saletina em Marcelino<br />

Ramos. Uma distância <strong>de</strong> um quilômetro<br />

e meio, mais ou menos, separa a<br />

Igreja Matriz e o Seminário. Na procissão<br />

seria carregado o andor <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora chorando. Cantos e rezas<br />

seriam feitos ao longo do caminho.<br />

Uma procissão como apelo à conversão.<br />

Peregrinação, símbolo da caminhada<br />

<strong>de</strong> vida na fé. A essas idéias<br />

básicas, outras sugestões ao longo dos<br />

<strong>anos</strong> po<strong>de</strong>riam ser acrescentadas às<br />

celebrações.<br />

39


Enquanto isso, as festivida<strong>de</strong>s<br />

saletinas prosseguiam na Paróquia,<br />

com a participação dos seminaristas<br />

resi<strong>de</strong>ntes inicialmente na Casa Paroquial<br />

e <strong>de</strong>pois na Escola Apostólica no<br />

alto do morro. Logo <strong>de</strong> início se impôs<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sdobrarem<br />

as celebrações saletinas: uma comemoração<br />

mais simples no dia 19 <strong>de</strong> setembro,<br />

por ser normalmente um dia<br />

<strong>de</strong> semana; outra, mais solene, no último<br />

domingo <strong>de</strong> setembro. Essa prática<br />

se fixou. Para tanto, Paróquia e<br />

Seminário já materialmente estruturados,<br />

<strong>de</strong>ram-se as mãos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo.<br />

A <strong>Romaria</strong> anual é testemunha<br />

<strong>de</strong>ssa prática.<br />

Em 1936, o Pe. Francisco Amos<br />

Connor ms, Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos,<br />

com o incentivo do Irmão João<br />

Creff ms e o dos Missionários da Escola<br />

Apostólica, convidou o Pe. Benjamin<br />

Busatto, Pároco <strong>de</strong> Boa Vista<br />

<strong>de</strong> Erechim, para pregar o tríduo da<br />

festa <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette na<br />

Igreja Matriz <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

O Irmão João, promotor vocacional<br />

e propagador <strong>de</strong> "O Mensageiro<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette", convidou<br />

os zeladores e zeladoras da revista<br />

a comparecerem à solenida<strong>de</strong>.<br />

Anos mais tar<strong>de</strong>, a Revista <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1946, ao fazer uma retrospectiva<br />

das <strong>Romaria</strong>s, apresenta esse dado<br />

histórico:<br />

Pe. Benjamim Busatto, primeiro gran<strong>de</strong> incentivador das <strong>Romaria</strong>s da Salette<br />

"Foi em 1936 que vieram a Marcelino Ramos, os quatro<br />

primeiros peregrinos. Convidados por carta, chegaram a<br />

18 <strong>de</strong> setembro, dois zeladores do Estado <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina, às sete horas e outro do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, às<br />

oito horas. Duas zeladoras viajaram três horas para as-<br />

sistir o tríduo. Assim se iniciou o movimento atual".<br />

40


PADRE BENJAMIM<br />

Uma das zeladoras, Dorila<br />

Chiesa, <strong>de</strong>vota fiel <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette, veio <strong>de</strong> Getúlio Vargas, RS,<br />

com uma caravana em ônibus.<br />

Pe. Benjamim era natural <strong>de</strong><br />

Nova Palma, RS. Foi or<strong>de</strong>nado sacerdote<br />

em 1926. No ano seguinte foi<br />

nomeado Pároco <strong>de</strong> Erechim. Gran<strong>de</strong><br />

orador, lançou sementes <strong>de</strong> Evangelho,<br />

ainda hoje férteis. Serviu a essa<br />

região durante 24 <strong>anos</strong>. Depois foi ao<br />

Mato Grosso <strong>de</strong> on<strong>de</strong> voltou para<br />

aten<strong>de</strong>r os doentes no Hospital em<br />

Gaurama. Viveu 59 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> sacerdócio.<br />

No dia 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1984,<br />

morreu num horrível aci<strong>de</strong>nte automobilístico,<br />

na periferia da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Erechim. Tinha um profundo amor a<br />

Nossa Senhora da Salette. Dizia: "Ela<br />

nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> me aten<strong>de</strong>r!". Diariamente<br />

<strong>de</strong>punha uma rosa junto a uma<br />

pequena imagem da Salette, em seu<br />

aposento. Nutria gran<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> aos<br />

Missionários Saletinos.<br />

O Pe. Benjamim havia entendido<br />

o <strong>de</strong>sejo dos Missionários quanto<br />

ao sentido <strong>de</strong> uma <strong>Romaria</strong>. Ao ser<br />

convidado para a pregação do tríduo,<br />

incentivou um grupo <strong>de</strong> paroqui<strong>anos</strong><br />

seus a fazerem, naquela ocasião, uma<br />

peregrinação penitencial a Marcelino<br />

Ramos, em cumprimento <strong>de</strong> uma promessa.<br />

Anos mais tar<strong>de</strong>, a 10 <strong>de</strong> julho<br />

<strong>de</strong> 1982, na pg. 9 do jornal a "A VOZ<br />

DA SERRA", <strong>de</strong> Erechim, Pe.<br />

Benjamim publicou um artigo intitulado<br />

"Os Saletinos na Diocese <strong>de</strong> Erechim",<br />

no qual afirma:<br />

"Em 1936, vésperas <strong>de</strong> um levante político no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e vésperas do golpe <strong>de</strong> Ge-<br />

túlio Vargas criando o Estado Novo, nós,<br />

diante do perigo, organizamos um trem <strong>de</strong> ro-<br />

meiros a Marcelino Ramos, para pedir a<br />

Deus ajuda por meio <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette, que diziam era tão milagrosa. E <strong>de</strong><br />

fato começamos um movimento, 600 pessoas,<br />

com nossa romaria que hoje é uma roma-<br />

ria inter-estadual... Desta romaria muitos<br />

outros Santuários copiaram o mo<strong>de</strong>lo. O co-<br />

meço foi tudo em Marcelino Ramos".<br />

41


TESTEMUNHO Pe. Clorálio Caime, ms<br />

42<br />

EU VI A PRIMEIRA ROMARIA!<br />

Eu me lembro. Era seminarista estudante na "Escola Apostólica" <strong>de</strong> Marcelino Ramos. Tinha<br />

16 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quando presenciei a primeira <strong>Romaria</strong> em honra a Nossa Senhora da<br />

Salette, em 1936. Pensando naquele dia, eu jamais imaginaria que ali estava começando um<br />

gran<strong>de</strong> movimento religioso. É um longo tempo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> graças que merece ser lembrado e<br />

celebrado.<br />

Era domingo, 20 <strong>de</strong> setembro. Choveu neste dia, mas a chuva não esfriou o ânimo dos<br />

romeiros. Tão pouco atrapalhou a sua caminhada da Estação Ferroviária até a pequena Capela<br />

do Seminário. O grupo <strong>de</strong> romeiros era da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> José Bonifácio, hoje Erechim, que vieram<br />

acompanhados pelo seu pároco, Pe. Benjamim Busatto, amigo dos Missionários Saletinos e<br />

<strong>de</strong>voto <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. O que levou esses valentes romeiros a viajarem até Marcelino<br />

Ramos foi ver <strong>de</strong> perto a virgem da Salette chorando e conhecer sua mensagem que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1928, quando os Missionários Saletinos se estabeleceram na Paróquia <strong>de</strong> São João Batista,<br />

propagaram sua <strong>de</strong>voção por aquelas redon<strong>de</strong>zas.<br />

Aí, no alto do morro foi o lugar do primeiro encontro <strong>de</strong> fé, <strong>de</strong> oração e <strong>de</strong> reconciliação.<br />

Lembro <strong>de</strong> nossa alegria <strong>de</strong> jovens seminaristas ao participarmos <strong>de</strong>sse significativo acontecimento.<br />

A nossa pequena Capela que serviu para acolher estes "primeiros romeiros" era muito<br />

simples. O forro era <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira trabalhada, formando pequenos retângulos. A imagem <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Salette chorando estava ali <strong>de</strong>ntro e chamava a atenção <strong>de</strong> todos. Os padres disseram<br />

que ela tinha sido trazida da França. Vários bancos também <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serviam para nos<br />

ajoelharmos durante as nossas orações. Muitas vezes rezei nesta capela, diante <strong>de</strong> Nossa Senhora...<br />

Só me resta dizer: obrigado Mãe da Salette, por tantas graças recebidas <strong>de</strong> vosso Filho,<br />

por vossa misericordiosa intercessão! Sim, para nós jovens seminaristas e, para mim <strong>de</strong> modo<br />

especial que, após 1946, ano <strong>de</strong> minha or<strong>de</strong>nação sacerdotal até 1960, participei vivamente das<br />

<strong>Romaria</strong>s, <strong>de</strong>sejo congratular-me com tantos romeiros que foram chegando <strong>de</strong> tantos lugares e<br />

pedir, em nome <strong>de</strong> todos, a benção <strong>de</strong> Deus Pai, <strong>de</strong> seu Filho Jesus e <strong>de</strong> Nossa Mãe, a Virgem<br />

da Salette.<br />

Des<strong>de</strong> então romeiros chegaram aos milhares.<br />

Ajoelharam-se, rezaram, confessaram, regressaram melhores.<br />

Muitos romeiros vêm ainda. Ajoelham-se, oram, confessam, regressam:<br />

- Tristes, por não po<strong>de</strong>rem <strong>de</strong>morar-se mais...<br />

- Mas, felizes, por haverem ali permanecido algumas horas.<br />

E a Santa Virgem, a "Bela Senhora", continua a falar, na alma fiel e dócil <strong>de</strong> todo piedoso<br />

romeiro. Ela fala como falou outrora.<br />

Incansável, Ela repete a mensagem <strong>de</strong> penitência e <strong>de</strong> lágrimas.<br />

Suas palavras <strong>de</strong> outrora são as mesmas <strong>de</strong> hoje. Basta querer compreen<strong>de</strong>r.<br />

Que diz?... Ela disse e ainda diz:<br />

"VINDE, FILHOS MEUS, NÃO TENHAIS MEDO, AQUI ESTOU PARA<br />

VOS CONTAR UMA GRANDE NOVIDADE."


Havia realmente, no meio do<br />

povo, um gran<strong>de</strong> receio face à expansão<br />

do comunismo russo pelo mundo<br />

afora. O <strong>Brasil</strong> tinha sido vítima da<br />

"Intentona Comunista" em 1935. A<br />

Espanha vivia uma guerra civil<br />

impiedosa. Pressentia-se a 2ª Guerra<br />

Mundial. Era preciso suplicar a Nossa<br />

Senhora para que reinassem a paz e a<br />

justiça no mundo.<br />

A revista "SALETTE" publicou<br />

em 2003, alguns artigos sobre as primeiras<br />

<strong>Romaria</strong>s. No número <strong>de</strong> janeiro-fevereiro,<br />

pgs. 3-5, o Pe. Bejamim<br />

Busatto situa o contexto da primeira<br />

<strong>Romaria</strong> em 1936:<br />

"Aqui vai a história verda<strong>de</strong>ira, porque começou em<br />

Erechim. Tinham (sic), eu e meu vigário, voltado <strong>de</strong><br />

Buenos Aires, ou melhor <strong>de</strong> Luján, Santuário mais<br />

célebre da América do Sul, <strong>de</strong>pois do <strong>de</strong> Aparecida.<br />

Vimos verda<strong>de</strong>iramente o que era uma romaria. Pieda<strong>de</strong>.<br />

Silêncio. Oração, presença <strong>de</strong> Deus e da Vir-<br />

gem. (...) Na volta, já no <strong>Brasil</strong> (...). A coisa estava<br />

para estourar (i.e., o Golpe do Estado Novo, em 1937: nota do<br />

autor). . (...) Foi então que nos lembramos da romaria<br />

à Salette a fim <strong>de</strong> obter da Virgem a graça <strong>de</strong> nos<br />

livrar do <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue. Estávamos pra lá<br />

<strong>de</strong> cansados <strong>de</strong> revoluções, as <strong>de</strong> 30 e 32, as últimas. Nem se falou com os padres da<br />

Salette, nem com o Irmão João, o gran<strong>de</strong> amigo da Salette. Haveríamos <strong>de</strong> ir todos<br />

confessados, à Salette, num trem especial, rezando toda a viagem <strong>de</strong> ida. Só gente gran<strong>de</strong>.<br />

(...) Sábado à tar<strong>de</strong> na (sic) Igreja Matriz <strong>de</strong> São José encheu-se <strong>de</strong> gente. Confissões.<br />

De madrugada saiu o trem com rezas e cânticos sacros. Cada um levava sua comida.<br />

Prevenido o Irmão João e os padres, nos receberam na estação e subimos ao Santuá-<br />

rio (ou Seminário?...), então, mal começado. O Pe. Simão nos recebeu. Rezou-se a<br />

missa. Todos comungaram. (...) Depois do meio-dia voltamos. Fomos em 660 pessoas.<br />

Como temos sauda<strong>de</strong>s daquela primeira romaria. <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong>...".<br />

Uma tradição mantida<br />

por muito tempo:<br />

O Padre aguardando os<br />

Romeiros na<br />

Estação Ferroviária.<br />

(De costas: Ir. João Creff, ms).<br />

1962 - 27 a <strong>Romaria</strong><br />

43


1937 - 2 a <strong>Romaria</strong> - Celebração no altar campal, anexo à Capela interna do Seminário (pare<strong>de</strong> branca).<br />

Foi uma caminhada sem maior<br />

organização, improvisada, "não oficial".<br />

Procissão feita ao longo <strong>de</strong> trilha<br />

íngreme, estreita e pedregosa em meio<br />

à floresta. O caminho penitencial convidava<br />

à oração e à meditação, ao canto<br />

<strong>de</strong> louvor, <strong>de</strong> bênção e perdão, <strong>de</strong><br />

proteção e reconciliação.<br />

Aos peregrinos <strong>de</strong> Erechim juntaram-se<br />

outros da região <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos. O grupo, em sua composição,<br />

ultrapassava, pois, os simples<br />

limites geográficos da Paróquia São<br />

João Batista. O ato religioso carregava<br />

consigo um caráter regional, marcadamente<br />

popular. Era a nota que<br />

aparecia pela primeira vez nas solenida<strong>de</strong>s<br />

saletinas <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Ao final das cerimônias, os peregrinos,<br />

cerca <strong>de</strong> duas mil e quinhentas pessoas,<br />

partiram exultantes, com a promessa<br />

<strong>de</strong> voltarem no ano seguinte.<br />

44


ÚLTIMO DOMINGO<br />

DE SETEMBRO<br />

Dessa forma iniciava um movimento<br />

religioso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. O evento saletino<br />

<strong>de</strong> 1936 foi o fato gerador das <strong>Romaria</strong>s<br />

em Marcelino Ramos e mo<strong>de</strong>lo<br />

para tantas outras hoje realizadas sob<br />

diversas <strong>de</strong>voções, em outros locais<br />

sulinos, em outros Estados do <strong>Brasil</strong>,<br />

inclusive no Paraguai. Des<strong>de</strong> então, nunca<br />

mais <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> crescer o movimento<br />

em torno Àquela que chora, a Mãe da<br />

Salette. Devoção e entusiasmo levaram<br />

o Povo <strong>de</strong> Deus a prosseguir por essa<br />

trilha religiosa popular e penitencial.<br />

Em 1937, nova <strong>Romaria</strong> foi "oficialmente"<br />

estabelecida para o último<br />

domingo <strong>de</strong> setembro. O Conselho<br />

Provincial dos Missionários Saletinos<br />

aprovou a proposta. A festa do dia 19<br />

<strong>de</strong> setembro prosseguiria em caráter<br />

local, paroquial. Festejos populares teriam<br />

seu espaço na cida<strong>de</strong>. Paralelamente,<br />

a Escola Apostólica faria celebrações<br />

internas no dia comemorativo<br />

da Aparição. A gran<strong>de</strong> solenida<strong>de</strong>, porém,<br />

na forma <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>, teria lugar<br />

no último domingo <strong>de</strong> setembro, envolvendo<br />

as duas instituições: Paróquia<br />

e Escola Apostólica.<br />

Em verda<strong>de</strong>, o programa da<br />

<strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1937 foi organizado pelos<br />

responsáveis da Paróquia e da Escola<br />

Apostólica. Previa uma procissão a<br />

partir da Igreja Matriz até o alto do<br />

monte on<strong>de</strong> seria celebrada a missa<br />

num altar campal.<br />

1937 - 2 a <strong>Romaria</strong> - Dom Antonio Reis e Pe. Amos ms, acolhem romeiros na Estação Ferrovária<br />

45


REDE<br />

FERROVIÁRIA<br />

O povo da região para além dos<br />

limites da Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos<br />

seria convidado a participar da celebração.<br />

O acesso por trem era fácil.<br />

As autorida<strong>de</strong>s da Re<strong>de</strong> Ferroviária foram<br />

contatadas para a previsão do<br />

transporte <strong>de</strong> peregrinos do sul e do<br />

norte pela via férrea. Outros viriam a<br />

pé, a cavalo, <strong>de</strong> carreta ou automóveis<br />

pelas precárias estradas <strong>de</strong> terra.<br />

No mês <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1937, o Irmão<br />

João foi à Paróquia <strong>de</strong> Boa Vista<br />

<strong>de</strong> Erechim, para preparar a <strong>Romaria</strong> a<br />

Nossa Senhora da Salette. Voltou dizendo<br />

que o povo e o Pe. Benjamim<br />

estavam entusiasmados com o projeto.<br />

1937 - Dom Antonio Reis retornando a Santa Maria após a 2 a <strong>Romaria</strong>.<br />

A 22 <strong>de</strong> agosto, o então Pároco<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos também foi a Boa<br />

Vista <strong>de</strong> Erechim para encontrar-se<br />

com o Bispo <strong>de</strong> Santa Maria, Dom<br />

Antônio Reis. Falava-se muito da futura<br />

<strong>Romaria</strong>.<br />

Com a ajuda <strong>de</strong> duas paroquianas,<br />

Dna. Hermelinda Zanella e Dna.<br />

Adélia Zambonatto, Pe. Benjamim passou<br />

a <strong>de</strong>dicar-se intensamente à organização<br />

do evento. A notícia tomou impulso<br />

nos Estados do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul e <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

Na Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos,<br />

o mês <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1937 foi<br />

aberto com o canto das Ladainhas.<br />

Uma novena preparou a população<br />

para o dia 19, quando houve missa na<br />

Igreja Matriz.<br />

O tríduo para a <strong>Romaria</strong>, realizada<br />

no dia 26 <strong>de</strong> setembro, foi pregado<br />

pelo gran<strong>de</strong> orador, Pe. Simão<br />

Bacelli ms, um dos primeiros Missionários<br />

Saletinos a chegarem ao <strong>Brasil</strong>.<br />

Ele havia conhecido pessoalmente<br />

Melânia, a vi<strong>de</strong>nte da Aparição. Em todas<br />

as noites do tríduo uma banda <strong>de</strong><br />

música, acompanhada pelo estandarte<br />

da Confraria <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette, buscava os paraninfos da festivida<strong>de</strong><br />

em suas próprias casas. Na noite<br />

do sábado, dia 25, foi apresentada<br />

uma peça teatral em homenagem a Dom<br />

Antônio Reis, proclamado "Romeiro número<br />

um!", gran<strong>de</strong> incentivador das<br />

<strong>Romaria</strong>s.


TESTEMUNHO Pe. Aldacir Carniel, ms<br />

O TREM DA ROMARIA<br />

Quando o norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e o oeste <strong>de</strong> Santa Catarina não conheciam o asfalto<br />

e as estradas por terra eram precárias, o trem era o meio <strong>de</strong> transporte mais seguro e confortável.<br />

Por Marcelino Ramos circulavam, normalmente, três trens diários: o Internacional, o Misto e<br />

o Noturno. No último domingo <strong>de</strong> setembro, porém, em função da <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette, disponibilizavam-se trens extras partindo <strong>de</strong> Passo Fundo, Erechim, Caçador, Joaçaba,<br />

Estação Maratá e outras localida<strong>de</strong>s.<br />

A notícia <strong>de</strong> uma Santa que chora, que alcança curas e conforta a alma, correu rápida,<br />

contagiou a região e fez <strong>de</strong> Marcelino Ramos uma referência do Sagrado.<br />

Dom Antonio Reis, Bispo <strong>de</strong> Santa Maria-RS e da Igreja Local, acreditava em romarias<br />

como forma <strong>de</strong> manter viva a fé do povo e como instrumento <strong>de</strong> evangelização. Anualmente, com<br />

romeiros da Diocese, se antecipava ao dia. Sua chegada era aguardada com espocar <strong>de</strong> fogos,<br />

charrete especial e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cavaleiros que o escoltavam da Estação Ferroviária até o Seminário.<br />

O mesmo fazia o Pe. Simão Bacelli com os romeiros vindos do Rio <strong>de</strong> Janeiro, então<br />

capital da República.<br />

Do sábado para o domingo, a noite toda, era um vai e vem <strong>de</strong> trens com seus apitos e um<br />

contínuo fluir <strong>de</strong> romeiros imantados <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mística. Era bonito e comovente<br />

contemplar aquela gente do povo, <strong>de</strong> várias etnias e condições sociais, homens circunspectos,<br />

pessoas <strong>de</strong> fé esclarecida, subindo escadarias, galgando a montanha para diante <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora esquecer os pequenos sem-sentidos da vida e encontrar o sentido maior - Deus.<br />

Hoje, na memória, ouço o trem apitando, prestes a transpor a ponte metálica e eu, com<br />

meus oito <strong>anos</strong>, coroinha <strong>de</strong> batina preta e sobrepeliz, me apressando para alcançar as Senhoras<br />

da Confraria para aí, junto aos trilhos, sorrir e acenar com alegria para aqueles que chegavam<br />

em busca <strong>de</strong> paz e proteção divina. Isto eu vi e vivi!...<br />

O dia da <strong>Romaria</strong> foi muito bonito.<br />

O gran<strong>de</strong> dia! Manhã criança ainda,<br />

<strong>de</strong> todos os lados chegavam romeiros<br />

a pé, a cavalo, <strong>de</strong> carroça, jardineiras,<br />

autos e caminhões. Veio um<br />

trem <strong>de</strong> Boa Vista <strong>de</strong> Erechim com<br />

onze vagões. O Pároco, Pe. Bejamim<br />

Busatto e o Prefeito Municipal acompanhavam<br />

os fiéis <strong>de</strong>votos da Salette.<br />

Outro trem veio <strong>de</strong> Perdizes, SC. Foram<br />

todos recepcionados por Dom<br />

Antônio, na estação ferroviária.<br />

47


1938 - 3 a <strong>Romaria</strong> - Procissão pelas ruas em direção ao Seminário<br />

Várias missas foram celebradas<br />

na Igreja Matriz. Houve confissões e<br />

comunhões numerosas. Após a Missa<br />

Festiva, às 9hs00, iniciou a procissão<br />

penitencial. Um cortejo sem formação<br />

<strong>de</strong>finida ou fileiras humanas organizadas<br />

pois a massa popular era compacta<br />

<strong>de</strong>mais. Cantos e preces foram entoados,<br />

até a esplanada da Escola Apostólica,<br />

um imponente, mas austero e<br />

inacabado prédio. O andor, com Nossa<br />

Senhora em lágrimas, foi carregado<br />

em procissão, acompanhado por<br />

Dom Antônio, a pé. Chegada a procissão<br />

no alto do morro, num vasto<br />

terreno, espraiava-se o povo em torno<br />

<strong>de</strong> um simples e bem ornamentado<br />

altar campal, on<strong>de</strong> foi celebrada a mis-<br />

48<br />

sa pelo Pe. Agostinho Poncet ms. O<br />

canto dos seminaristas solenizou a cerimônia.<br />

Pe. Simão fez o sermão. O<br />

Bispo se dirigiu à multidão no final da<br />

celebração. Depois, o bosque próximo<br />

à Escola serviu <strong>de</strong> cenário on<strong>de</strong> o<br />

povo refez as energias com saboroso<br />

churrasco e bebidas. Às 16hs00, Pe.<br />

Simão, em local próximo ao Seminário,<br />

fez a narrativa da Aparição, o que<br />

"comoveu muito os peregrinos". Seguiram-se<br />

a oração do terço, as ladainhas<br />

e a Bênção do Santíssimo Sacramento<br />

dada pelo Pe. Francisco Amos<br />

Connor ms. Concluídas as cerimônias,<br />

os peregrinos, muitos com os olhos<br />

marejados em lágrimas, tomados do<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> voltarem no ano seguinte,<br />

retornaram à suas casas. Calcula-se<br />

em três mil o número <strong>de</strong> romeiros.<br />

No dia 27, Dom Antônio voltou<br />

a Santa Maria. Os seminaristas se <strong>de</strong>spediram<br />

<strong>de</strong>le na Escola Apostólica. Os<br />

Padres o acompanharam até a Estação<br />

Ferroviária.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1937 tornou-se<br />

<strong>de</strong> certa forma, o padrão das subsequentes.<br />

Definiu as principais características<br />

que marcam até hoje, a maior<br />

e mais popular peregrinação saletina<br />

no <strong>Brasil</strong>.


1938 - 3 a <strong>Romaria</strong> - Procissão pelas ruas <strong>de</strong> Marcelino Ramos<br />

Ao longo dos <strong>anos</strong>, certas novida<strong>de</strong>s<br />

se incorporaram no contexto das<br />

<strong>Romaria</strong>s. O evento crescia em número<br />

<strong>de</strong> participantes e no espírito religioso<br />

caracterizadamente penitencial, <strong>de</strong><br />

conversão e reconciliação. Peregrinos<br />

andando a pé por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilômetros,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antevéspera da <strong>Romaria</strong>,<br />

chegam cansados, mas felizes e<br />

se abrigam em barracas, ou no bosque<br />

anexo, ou em pouco confortáveis<br />

recintos postos à disposição pelo Seminário.<br />

A cida<strong>de</strong> não oferece condições<br />

suficientes para tamanha multidão.<br />

Muitas vezes o tempo é chuvoso e frio.<br />

Exige sacrifícios. Na lama, a subida ao<br />

monte é difícil. Há os que a percorrem<br />

a pés <strong>de</strong>scalços ou até <strong>de</strong> joelhos. Sinalizam<br />

assim o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conversão<br />

em sua vida e o agra<strong>de</strong>cimento por favores<br />

divinos obtidos por intercessão<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora.<br />

Paulatinamente foram incluídas<br />

novas solenida<strong>de</strong>s tanto no dia 19 quanto<br />

no último final <strong>de</strong> semana <strong>de</strong> setembro,<br />

momento da gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>.<br />

Além da procissão luminosa, à luz <strong>de</strong><br />

velas e ao som <strong>de</strong> preces e cânticos,<br />

serpenteando nas trevas montanha acima,<br />

e envolvendo o andor <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora chorando, na noite <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong><br />

setembro, introduziu-se a prática <strong>de</strong> uma<br />

segunda procissão luminosa no sábado<br />

à noite, véspera da gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>.<br />

Alto-falantes orientam a caminhada. Um<br />

conjunto <strong>de</strong> emissoras radiofônicas com<br />

o tempo passou a formar uma re<strong>de</strong> para<br />

a transmissão dos acontecimentos. Ao<br />

fim da procissão noturna, cerimoniais<br />

a<strong>de</strong>quados são realizados: Bênção do<br />

Santíssimo Sacramento, encenações da<br />

Aparição, Adoração do Santíssimo, celebrações<br />

<strong>de</strong> missas e confissões. Muitos<br />

sacerdotes, saletinos ou não, acolhem<br />

os que buscam a paz do Senhor.<br />

49


APÓS A MISSA<br />

CAMPAL<br />

Muitos Bispos também marcaram<br />

honrosamente presença em certas<br />

<strong>Romaria</strong>s: Dom Antônio Reis, Bispo<br />

<strong>de</strong> Santa Maria, Diocese-Mãe da<br />

Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos, Dom<br />

Newton <strong>de</strong> Almeida Batista, Bispo <strong>de</strong><br />

Uruguaiana, Dom José Barea e Dom<br />

Benedito Zorzi, Bispos <strong>de</strong> Caxias do<br />

Sul, Dom Frei Cândido Bampi, Bispo<br />

<strong>de</strong> Vacaria, Dom Daniel Hostin, Bispo<br />

<strong>de</strong> Lages, Dom Cláudio Colling,<br />

Bispo <strong>de</strong> Passo Fundo, Dom João<br />

Hoffmann e Dom Girônimo Zanandréa,<br />

Bispos <strong>de</strong> Erechim, Dom Ivo<br />

Lorscheiter, Bispo <strong>de</strong> Santa Maria,<br />

Dom Pedro Fedalto, Arcebispo <strong>de</strong><br />

Curitiba, o Car<strong>de</strong>al Dom Paulo<br />

Evaristo Arns, Arcebispo <strong>de</strong> São Paulo<br />

e Dom Pedro Sbalchiero Neto, primeiro<br />

Bispo Saletino do <strong>Brasil</strong>.<br />

Ao final das cerimônias noturnas,<br />

os sinos reboam e o silêncio <strong>de</strong>voto<br />

se faz.<br />

50<br />

Na manhã da <strong>Romaria</strong>, mais<br />

peregrinos chegam aos milhares, transportados<br />

por trens especiais vindos do<br />

norte e do sul, em tempos antigos, e<br />

por veículos, os mais diversos, em tempos<br />

mo<strong>de</strong>rnos, por estradas embarradas,<br />

talvez poeirentas, mais tar<strong>de</strong> asfaltadas.<br />

Romeiros das mais diferentes<br />

regiões e com as mais diversas motivações<br />

<strong>de</strong> fé, sob o peso das tribulações<br />

da vida se aproximam da Mãe<br />

da Salette para chorarem com Ela.<br />

Após a missa matinal na Igreja<br />

Matriz, nova procissão se forma para<br />

escalar o monte da Reconciliação. Ao<br />

final da caminhada, o Bispo Diocesano<br />

celebra, com os sacerdotes presentes,<br />

a solene missa do dia, em altar campal,<br />

provisório antigamente, hoje <strong>de</strong>finitivamente<br />

instalado. É um acontecimento<br />

impressionante ver <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> romeiros congregados em<br />

torno da Mãe do Senhor, contritos,<br />

pedindo saú<strong>de</strong>, paz e reconciliação,<br />

<strong>de</strong>votamente participando da Eucaristia,<br />

sob sol escaldante ou <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong><br />

chuva fria.<br />

À tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois do almoço frugal<br />

e apressado, cerimônias complementares<br />

encerram a <strong>Romaria</strong>.<br />

No Fac-simile, local on<strong>de</strong> estátuas<br />

representam a Virgem Mãe da Reconciliação,<br />

frente ao Santuário, é feita<br />

a narrativa da Aparição em Salette.<br />

Lágrimas doridas se mesclam à oração<br />

do Terço. A Bênção do Santíssimo<br />

Sacramento, seguida da Bênção aos<br />

doentes, abre espaço para uma palavra<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida. E a multidão <strong>de</strong>saparece.<br />

Volta para casa, feliz, carregada<br />

das bênçãos celestes, impregnada<br />

<strong>de</strong> prece, <strong>de</strong> fé, <strong>de</strong> gratidão e reconciliação.<br />

Ao longo do ano, inúmeros visitantes<br />

passam pelo Santuário diariamente<br />

para um tempo <strong>de</strong> oração ou<br />

celebração. Um sacerdote se põe à<br />

disposição dos peregrinos.<br />

Tudo isso exige organização e<br />

trabalho. Estafante, sem dúvida. São<br />

muitos, porém, os colaboradores, tanto<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos, quanto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<br />

circunvizinhas. Voluntários que<br />

não se cansam <strong>de</strong> alegremente prestar<br />

serviço na preparação e bom andamento<br />

das <strong>Romaria</strong>s. Os <strong>de</strong>sdobramentos<br />

da primeira peregrinação, em<br />

1936, tão simples e espontânea, exigem<br />

hoje maior doação e participação.<br />

O amor a Nossa Senhora da Salette é<br />

a fonte única <strong>de</strong> tamanha resistência.<br />

A cada dia 19 é celebrada missa<br />

especial no Santuário, para comemorar<br />

a Aparição. Muitas pessoas<br />

acorrem à cerimônia para estarem com<br />

Maria. O Santuário exerce constante<br />

e forte fascínio religioso para um povo<br />

se<strong>de</strong>nto <strong>de</strong> Deus.


1945 - 10 a <strong>Romaria</strong><br />

Dom José Barea -<br />

Bispo <strong>de</strong><br />

Caxias do Sul-RS.<br />

51


1942 - 7 a <strong>Romaria</strong> - Altar Campal na área posterior do Seminário<br />

É inviável <strong>de</strong>screver tudo que<br />

acontece em cada <strong>Romaria</strong>. Cada uma<br />

tem suas surpresas e traços diferenciais.<br />

Só é possível assinalar certos fatos<br />

ou circunstâncias marcantes.<br />

Em maio <strong>de</strong> 1938 o Irmão João<br />

Creff ms fundou a "Novena <strong>de</strong> Missas",<br />

hoje conhecida como "Liga <strong>de</strong><br />

Missas" sugerida pelo povo que <strong>de</strong>sejava<br />

participar dos benefícios espirituais<br />

da Congregação Saletina.<br />

Em setembro do mesmo ano,<br />

Dom Antônio Reis veio para uma visita<br />

pastoral à Paróquia <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos e participar da <strong>Romaria</strong>. Pela<br />

primeira vez foi impresso um folheto<br />

com o programa da peregrinação. No<br />

dia 25 <strong>de</strong> setembro, dia da gran<strong>de</strong><br />

<strong>Romaria</strong>, o Bispo e seu Secretário<br />

recepcionaram os romeiros junto à Estação<br />

Ferroviária e acompanharam a<br />

procissão a pé. À tar<strong>de</strong>, o Bispo ofi-<br />

ciou a Bênção do Santíssimo Sacramento.<br />

Na <strong>de</strong>spedida dos romeiros,<br />

Dom Antônio os acompanhou até a<br />

Estação Ferroviária.<br />

No Relatório da Visita Pastoral<br />

feita nessa ocasião, o Bispo <strong>de</strong>clara:<br />

"Marcelino Ramos é um lugar escolhido por Ma-<br />

ria Santíssima para erigir seu trono <strong>de</strong> Mãe da<br />

Misericórdia. Recomendamos por isso que se levante<br />

um templo, gran<strong>de</strong> e belo, conforme requer a necessida<strong>de</strong><br />

dos serviços religiosos e a dignida<strong>de</strong> do cul-<br />

to. Dissemos também, que esta Vila é como que, o<br />

solar <strong>de</strong> visitas <strong>de</strong> nossa Diocese e <strong>de</strong> todo o Estado,<br />

por isto, não po<strong>de</strong>-se (sic) esperar por mais tempo o<br />

início da nova igreja. Com a união <strong>de</strong> todos os habitantes<br />

muito fácil será <strong>de</strong> levar a bom termo este em-<br />

preendimento"<br />

(LIVRO TOMBO I - Paróquia São João Batista,<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos, pg. 38)<br />

52


1943 - Fac-simile, representação do local da Aparição, em frente a Escola Apostólica<br />

Afirma ainda que Marcelino Ramos<br />

é "uma mimosa parcela <strong>de</strong> nossa<br />

Diocese". Dom Antônio participou das<br />

<strong>Romaria</strong>s até 1949.<br />

O movimento saletino <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos era forte <strong>de</strong>mais para se<br />

<strong>de</strong>ter entre as montanhas e vales do Rio<br />

Uruguai. Aos poucos, pela própria iniciativa<br />

dos peregrinos saletinos, surgiram<br />

cá e lá, pelo <strong>Brasil</strong> afora, locais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>voção ou romarias a Nossa Senhora<br />

da Salette. Em 1938 ainda, além da<br />

<strong>Romaria</strong> em Marcelino Ramos, a Virgem<br />

Mãe da Salette foi celebrada nas<br />

mais diversas localida<strong>de</strong>s: Passo Fundo,<br />

RS, Cacequi, RS, Mercês <strong>de</strong><br />

Dimantina, MG, Natal, RN, Buricá,<br />

Assú, RN, Estância, SE, Rosário, RS,<br />

Santo Ângelo, RS, Ressaquinha, MG,<br />

Penedo, AL, etc. Na região sul do <strong>Brasil</strong><br />

essa repercussão da Salette se <strong>de</strong>ve<br />

ao particular trabalho <strong>de</strong> divulgação,<br />

feito pelo Irmão João. Nas regiões<br />

centro e norte, a divulgação foi feita<br />

pelo Irmão Rafael Rozec ms, então<br />

responsável pela revista "O Mensageiro<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette".<br />

Em 1939, foi preparado o local<br />

do "fac-simile" (local que representa o<br />

fato da Aparição). A primeira estátua<br />

a ser instalada foi a <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

falando com os vi<strong>de</strong>ntes Maximino e<br />

Melânia, abençoada por Dom Antônio<br />

Reis no dia da <strong>Romaria</strong>. A imagem<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora chorando foi instalada<br />

por ocasião da <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1941.<br />

A <strong>de</strong> Nossa Senhora subindo aos céus<br />

foi posta inicialmente, sobre um pe<strong>de</strong>stal<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, na <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1942.<br />

Por ocasião da <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1943 o<br />

pe<strong>de</strong>stal foi substituído pelo atual,<br />

constituído <strong>de</strong> pedra única.<br />

53


1943 - Romeiros no Fac-simile<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1940 foi divulgada através <strong>de</strong> jornais<br />

<strong>de</strong> Erechim, <strong>de</strong> Passo Fundo e<br />

Porto Alegre. Foi mais concorrida que<br />

as anteriores. Cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil peregrinos<br />

<strong>de</strong>la participaram. A chuva na<br />

madrugada, porém, impediu a vinda <strong>de</strong><br />

muitos outros romeiros. Um fato <strong>de</strong>sagradável<br />

empanou em parte, o bri-<br />

54<br />

lhantismo da solenida<strong>de</strong>. Cerca <strong>de</strong> trezentos<br />

romeiros sofreram uma intoxicação<br />

alimentar inexplicável. Não houve,<br />

porém, nenhum caso fatal.<br />

No dia 20 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1941<br />

começou a novena para a <strong>Romaria</strong> do<br />

dia 28. Em vista da <strong>Romaria</strong> foram arrecadados<br />

produtos alimentícios coloniais.<br />

Apesar da chuva no sábado, 27,<br />

chegaram a pé, <strong>de</strong> Vila Áurea, cerca<br />

<strong>de</strong> quarenta peregrinos, com algumas<br />

Irmãs da Sagrada Família e o Pároco.<br />

Essa prática se manteve por longos<br />

<strong>anos</strong> e com número sempre maior <strong>de</strong><br />

participantes. À noite, na Matriz, o Bispo<br />

Dom Antônio, afirmou: "Amanhã<br />

vamos lançar o aviso da construção do<br />

Santuário. Vamos indicar o lugar, colocar<br />

uma cruz e no ano que vem vamos<br />

lançar a primeira pedra".<br />

O dia da <strong>Romaria</strong> transcorreu<br />

com seu programa habitual. Após a<br />

Missa Campal, Dom Antônio anunciou<br />

a boa nova: a construção do Santuário<br />

a Nossa Senhora da Salette, sonhado<br />

pelos primeiros saletinos chegados em<br />

Marcelino Ramos, em 1928. À tar<strong>de</strong>,<br />

o Bispo abençoou e plantou uma cruz<br />

no local <strong>de</strong>stinado ao futuro Santuário,<br />

no lado sul da Escola Apostólica.


No mesmo ano <strong>de</strong> 1941, o Pároco<br />

Pe. Francisco Amos Connor ms<br />

retirou-se da Paróquia e foi substituído<br />

pelo Pe. Simão Bacelli ms.<br />

Em 1942, Dom Antônio Reis<br />

chegou no dia 25 <strong>de</strong> setembro. Lamentou<br />

que nada ainda fora preparado para<br />

o lançamento da pedra fundamental do<br />

Santuário, além <strong>de</strong> pequenas terraplanagens.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> setembro<br />

foi realizada sob o peso do clima<br />

da II Guerra Mundial.<br />

Em 1943, Dom Antônio fez nova<br />

Visita Pastoral à Paróquia, durante o<br />

mês <strong>de</strong> março. Abençoou e lançou a<br />

pedra fundamental da futura Igreja Paroquial.<br />

No final do Relatório da Visita,<br />

o Bispo afirma:<br />

1942 - 7 a <strong>Romaria</strong><br />

"Aos prezados sacerdotes do querido Seminário Apostólico o<br />

nosso reconhecimento. A hospedagem que nos ofereceram, o ca-<br />

rinho e solicitu<strong>de</strong> com que nos trataram, transformaram nossa<br />

viagem em dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso antes que <strong>de</strong> trabalhos. Que o bom<br />

Deus e Nossa Senhora da Salette protejam e amparem os zelo-<br />

sos Missionários da Salette, conservem a preciosa vocação dos<br />

alunos para que se tornem zelosos Missionários um dia e re-<br />

compensem a todos por tudo que por nós fizeram"<br />

(LIVRO TOMBO I da Paróquia São João Batista <strong>de</strong> Marcelino Ramos, pg. 61)<br />

55


BÊNÇÃO DA PEDRA<br />

E anuncia que o lançamento da<br />

pedra fundamental do futuro Santuário<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette seria<br />

feito por ocasião da gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong><br />

naquele ano.<br />

A <strong>Romaria</strong> aconteceu a 26 <strong>de</strong><br />

setembro. Perto do "Fac-simile", junto<br />

à Escola Apostólica, Dom Antônio<br />

celebrou a missa campal em altar provisório.<br />

O sermão foi pronunciado por<br />

Dom Cândido, Bispo <strong>de</strong> Vacaria. Após<br />

a Missa celebrou-se a bênção e lançamento<br />

da pedra fundamental do futuro<br />

Santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette.<br />

1943 - 8 a <strong>Romaria</strong> - Dom Antonio abençoa a Pedra Fundamental do Santuário<br />

56


O teor da Ata inserida na Pedra<br />

Angular é o seguinte:<br />

"Em nome da Santíssima Trinda<strong>de</strong>, invocado no ano do nascimento <strong>de</strong> Nosso Se-<br />

nhor Jesus Cristo <strong>de</strong> mil novecentos e quarenta e três, no dia vinte e seis <strong>de</strong> setembro,<br />

dia da Gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong> em honra a Nossa Senhora da Salette, sob o Pontificado<br />

do Papa Pio XII gloriosamente reinante, sendo Bispo <strong>de</strong>sta Diocese <strong>de</strong> Santa Ma-<br />

ria Dom Antônio Reis; Presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos do <strong>Brasil</strong> Dr. Getúlio<br />

Vargas; Interventor do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul Dr. Ernesto Dornelles; Supe-<br />

rior Geral dos Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette Revmo Pe. Estevan<br />

Cruveiller; Provincial dos mesmos no <strong>Brasil</strong> Rev. Pe. Celestino Crozet; Prefeito Mu-<br />

nicipal <strong>de</strong> José Bonifácio Dr. Jerônimo Teixeira <strong>de</strong> Oliveira; Delegado <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos Sr. Tenente Telmo Dornelles Azambuja; Vigário da Paróquia<br />

<strong>de</strong> São João Batista em Marcelino Ramos Rev. Pe. Simão Bacelli; Superior Local<br />

dos Missionários da Salette Rev. Pe. Francisco Allard, nesta Paróquia e Vila <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos, na chácara dos Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette, o<br />

Digníssimo Bispo Diocesano, Dom Antônio Reis benzeu e colocou na presença do<br />

Exmo. e Revmo. Dom Frei Candido Maria <strong>de</strong> Caxias, Bispo Prelado <strong>de</strong> Vacaria,<br />

do Digníssimo Secretário Geral do Bispado <strong>de</strong> Santa Maria, Mons. Paschoal Go-<br />

mes Librelotto, do Secretário Particular Pe. Achyles Bertoldo, dum gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> Párocos e Sacerdotes <strong>de</strong>sta Diocese <strong>de</strong> Santa Maria e das Dioceses vizinhas e dos<br />

Romeiros, esta Pedra Angular do Santuário <strong>de</strong>dicado a Nossa Senhora da Salette"<br />

(LIVRO TOMBO I da Escola Apostólica, pgs. 168-169)<br />

57


VIOLENTA<br />

TEMPESTADE<br />

Outro fato inédito marcou esse<br />

dia: vinte soldados do Exército sediado<br />

em Cruz Alta, RS, sob a direção do<br />

Pe. José Busatto, Capelão Militar, hastearam<br />

a ban<strong>de</strong>ira da Pátria e a do<br />

Vaticano junto ao altar campal, e cantaram<br />

louvores a Maria Santíssima,<br />

para admiração <strong>de</strong> todos. Os romeiros,<br />

ao final do dia, se retiraram profundamente<br />

impressionados.<br />

O ano <strong>de</strong> 1944 foi marcado<br />

pelas gran<strong>de</strong>s preocupações ocasionadas<br />

pela II Guerra Mundial e por<br />

grave enfermida<strong>de</strong> do Bispo <strong>de</strong> Santa<br />

Maria, Dom Antônio Reis. Assim mesmo,<br />

o Bispo chegou a Marcelino Ramos<br />

no dia 23 <strong>de</strong> setembro. No domingo,<br />

24, a <strong>Romaria</strong> teve um êxito<br />

além <strong>de</strong> toda expectativa. O dia foi extraordinariamente<br />

belo.<br />

Em 1945, na noite <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong><br />

abril, uma violenta tempesta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabou<br />

sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marcelino Ramos<br />

e <strong>de</strong>rrubou a Igreja Matriz. Um<br />

soldado da Brigada Militar morreu <strong>de</strong>baixo<br />

dos escombros. Com gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

o Pároco conseguiu chegar<br />

ao altar para retirar o Santíssimo Sacramento<br />

e levá-lo à capela do Hospital<br />

São João. A única estátua que<br />

resistiu ao <strong>de</strong>sastre foi a <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette em lágrimas. Ao retirá-la<br />

<strong>de</strong>ntre as ruínas, o Pároco afirmou:<br />

"Ela po<strong>de</strong> continuar a<br />

chorar!"<br />

(LIVRO TOMBO I da Escola<br />

Apostólica, pg. 187)<br />

Essa imagem é carregada em<br />

procissão nas <strong>Romaria</strong>s anuais. Após<br />

a catástrofe, a construção da nova Igreja<br />

Matriz tomou maior impulso.<br />

A <strong>Romaria</strong> saletina foi celebrada<br />

no domingo, dia 30 <strong>de</strong> setembro.<br />

No dia 28, chegou por trem, do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Dom Antônio Reis. Cansado,<br />

mas transbordante <strong>de</strong> alegria,<br />

afirmou:<br />

"Nunca <strong>de</strong>ixarei <strong>de</strong> as-<br />

sistir a estas <strong>Romaria</strong>s.<br />

Quando não pu<strong>de</strong>r mais<br />

aqui da terra, acompa-<br />

nha-las-ei do céu!"<br />

(In CARTA CIRCULAR sobre a<br />

<strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1945)<br />

Avaliou-se em 15 mil ou mais, o<br />

número <strong>de</strong> romeiros. Cerca <strong>de</strong> 50 sacerdotes<br />

marcaram presença na <strong>Romaria</strong>.<br />

58<br />

1943 - 8 a <strong>Romaria</strong> - Dom Cândido, Bispo <strong>de</strong> Vacaria-RS.


TESTEMUNHO Pe. Arlindo Fávero, ms<br />

OS TRABALHADORES<br />

Deus me conce<strong>de</strong>u a graça <strong>de</strong> participar das <strong>Romaria</strong>s Saletinas em Marcelino Ramos,<br />

através daquilo que consi<strong>de</strong>ro a forma mais nobre: o serviço <strong>de</strong> acolhimento aos romeiros. Este<br />

serviço envolve a montagem <strong>de</strong> umas trinta equipes <strong>de</strong> voluntários que <strong>de</strong> livre e espontânea<br />

vonta<strong>de</strong> se dispõem a servir no atendimento aos romeiros. Eu diria que a graça da Salette abriu<br />

caminhos para que conseguíssemos o apoio <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, pessoas, comunida<strong>de</strong>s e zeladores<br />

da Revista, que se tornaram uma espécie <strong>de</strong> suporte para as <strong>Romaria</strong>s. São pessoas e instituições<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos e <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s vizinhas. Gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o apoio do Hospital<br />

Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Erechim e do Grupo <strong>de</strong> Escoteiros Tupinambás, também da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Erechim.<br />

Além <strong>de</strong>stes, contamos muito com o apoio sempre prestativo e amigo das comunida<strong>de</strong>s locais<br />

da Paróquia São João Batista <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

O trabalho com estas equipes eu chamo <strong>de</strong> a "outra romaria": a romaria dos colaboradores<br />

e voluntários, que três, quatro meses antes já estão aguardando, ansiosos, o convite para prestar<br />

a sua colaboração. Fazem <strong>de</strong> seu trabalho na <strong>Romaria</strong> uma espécie <strong>de</strong> compromisso sagrado.<br />

De um lado encontramos romeiros e <strong>de</strong>votos que dizem que participarão das romarias enquanto<br />

Deus lhes <strong>de</strong>r vida e saú<strong>de</strong> e aqui encontramos voluntários que se comprometem a prestar a sua<br />

colaboração até o fim <strong>de</strong> suas vidas.<br />

Para mim é gratificante e maravilhoso fazer este trabalho da montagem das equipes <strong>de</strong><br />

serviço porque isto me permite o contato com aquilo que há <strong>de</strong> mais digno e nobre no coração<br />

humano: a gratuida<strong>de</strong>, a disponibilida<strong>de</strong>, a doação e o serviço. É um trabalho gratificante porque<br />

também me permite dar o melhor <strong>de</strong> mim na solidarieda<strong>de</strong> e na fraternida<strong>de</strong>.<br />

A cada <strong>Romaria</strong> faço novas amiza<strong>de</strong>s e fortaleço as antigas. Na verda<strong>de</strong> a <strong>Romaria</strong> já faz<br />

parte do calendário afetivo e <strong>de</strong>vocional <strong>de</strong> todos. E, no meio <strong>de</strong>stes voluntários estou eu, sem<br />

po<strong>de</strong>r retribuir a todos, a não ser por palavras e pela minha amiza<strong>de</strong>. A <strong>Romaria</strong> tem muito do<br />

testemunho <strong>de</strong>stes abnegados voluntários. Obrigado a todos vocês.<br />

1947 - 12 a <strong>Romaria</strong> - Nada,<br />

nem mesmo a lama, impe<strong>de</strong> a<br />

caminhada até o alto, on<strong>de</strong><br />

está o Santuário, ainda em<br />

construção, e o Fac-simile <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette.<br />

59


2ª Fase:<br />

O Santuário do<br />

encontro reconciliador<br />

60<br />

Um Santuário é o local simbólico<br />

do Sagrado por excelência. Nele o<br />

povo se sente acolhido pelo Senhor<br />

Deus. Nele a presença do Pai parece<br />

mais consistente. É a "casa do Pai".<br />

Nele a Mãe <strong>de</strong> Jesus, Mãe da Igreja,<br />

no imaginário da fé, se encontra para<br />

receber os filhos, dar-lhes a bênção,<br />

compensar suas dores com o afeto maternal<br />

impregnado <strong>de</strong> graça. No Santuário<br />

o peregrino se <strong>de</strong>tém em sua<br />

caminhada <strong>de</strong> vida e encontra a felicida<strong>de</strong><br />

da Reconciliação que procura.<br />

O ano <strong>de</strong> 1946 tinha significado<br />

especial: comemorava-se o 1º Cente-<br />

nário da Aparição em LA SALETTE.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong>via ser engalanada com<br />

ornamentos e rituais apropriados. Para<br />

facilitar sua preparação, a redação e<br />

administração da revista "O Mensageiro<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette" foram<br />

transferidas do Rio <strong>de</strong> Janeiro para<br />

Marcelino Ramos.<br />

Para marcar o ano festivo, logo<br />

no início, a 16 <strong>de</strong> fevereiro, chegaram<br />

ao Seminário o construtor Betanin e<br />

seu eficiente mestre <strong>de</strong> obras, Adolpho<br />

Spessatto, para <strong>de</strong>terminar as medidas<br />

da construção do Santuário. Pouco<br />

tempo <strong>de</strong>pois, os trabalhos iniciaram.


O infatigável Irmão João se pôs em<br />

busca <strong>de</strong> auxílios. Os pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> construção<br />

haviam sido estudados pelos<br />

Missionários e pelos dois Bispos, Dom<br />

Antônio, <strong>de</strong> Santa Maria, e Dom José<br />

Barea, <strong>de</strong> Caxias do Sul. Dom Antônio<br />

os assinou com os Missionários.<br />

Com sua bênção, <strong>de</strong>ixou a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

começar a obra sem <strong>de</strong>mora e <strong>de</strong> levála<br />

até o fim sem parar. Seria, no <strong>Brasil</strong>,<br />

o marco maior do 1º Centenário da<br />

Aparição <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette.<br />

1946 - 11 a <strong>Romaria</strong> - cartaz <strong>de</strong> divulgação<br />

61


No mês <strong>de</strong> março, Dom Antônio<br />

Reis estando em Barro (Gaurama),<br />

o Superior Provincial, Pe. André<br />

Duguet ms, foi até lá para prever com<br />

o Bispo as cerimônias comemorativas.<br />

Os festejos do Centenário, previstos<br />

naquele encontro, tiveram grandioso<br />

esplendor. Culminaram com a<br />

<strong>Romaria</strong>, a 29 <strong>de</strong> setembro. Impressos,<br />

anunciando o programa do evento,<br />

haviam sido divulgados. O número<br />

<strong>de</strong> romeiros chegou à cifra <strong>de</strong> trinta mil,<br />

com alguns vindos do Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

<strong>de</strong> São Paulo, outros <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

e a maioria do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Na<br />

véspera, diversos cavaleiros vieram<br />

para participar da procissão luminosa.<br />

A procissão noturna carregando o<br />

andor <strong>de</strong> Nossa Senhora, cantando e<br />

rezando, chegou ao Fac-simile, junto<br />

ao Santuário em obras. Grupos <strong>de</strong><br />

pessoas, moças e rapazes, caminhavam<br />

a pé <strong>de</strong>scalço. Quatro ju<strong>de</strong>us<br />

acompanharam a procissão e a pés<br />

<strong>de</strong>scalços galgaram os <strong>de</strong>graus do<br />

Fac-simile. O canto era sustentando<br />

pelos seminaristas saletinos.<br />

Na manhã da <strong>Romaria</strong>, os trens<br />

e cerca <strong>de</strong> 800 ônibus, caminhões e<br />

automóveis chegaram lotados. Chegado<br />

o momento, iniciou a procissão matinal,<br />

com duração <strong>de</strong> três horas, rumo<br />

ao Santuário cuja construção estava no<br />

início. Dom Antônio estava à espera no<br />

altar campal. Momentos antes tinha chegado<br />

um telegrama muito especial, enviado<br />

pelo Papa Pio XII, assinado pelo<br />

Car<strong>de</strong>al Montini, futuro Papa Paulo VI:<br />

1946 - Santuário em obras<br />

"27, Cida<strong>de</strong> do Vaticano. Augusto Pontífice presente com<br />

paternais votos, solene celebração Centenário Nossa Se-<br />

nhora da Salette, invoca propícia com maternais graças,<br />

celestial Rainha e augurando dignos frutos vida pieda<strong>de</strong><br />

cristã, envia <strong>de</strong> coração Bispos, fiéis reunidos, implorada<br />

Bênção Apostólica"<br />

(in CARTA CIRCULAR sobre a <strong>Romaria</strong> do Centenário)<br />

62


A leitura do telegrama levou ao<br />

auge o entusiasmo da multidão.<br />

Ao final da celebração, Dom<br />

Antônio fez uma alocução pela qual<br />

convocava o povo a colaborar na construção<br />

do Santuário. Finda a alocução,<br />

rezou diante da Mãe em pranto e da<br />

multidão ajoelhada, longo Ato <strong>de</strong> Consagração<br />

da Diocese a Nossa Senhora<br />

da Salette. Seguem alguns tópicos<br />

<strong>de</strong>sse texto:<br />

1946 - Dom Antonio Reis - Homilia<br />

"Bondosa Senhora, que há cem <strong>anos</strong> aparecestes nas montanhas da Salette para dirigir<br />

aos homens vossa advertência maternal e trazer-lhes a mensagem da divina mise-<br />

ricórdia, olhai neste momento para o povo cristão aqui reunido, que cheio <strong>de</strong> confiança<br />

espera em vós. Estamos numa hora angustiosa e in<strong>de</strong>cisa para os <strong>de</strong>stinos da huma-<br />

nida<strong>de</strong>. As forças do mal, organizadas e coesas, trabalham sem <strong>de</strong>scanso para impor<br />

aos homens o jugo da <strong>de</strong>scrença, o império da malda<strong>de</strong> e a escravidão do egoísmo. Os<br />

construtores do novo mundo estão mais uma vez <strong>de</strong>monstrando a inconsistência das<br />

soluções sem Deus. Mãe bondosa, mais do que nunca reconhecemos a necessida<strong>de</strong> premente<br />

<strong>de</strong> vossa po<strong>de</strong>rosa intercessão. (...) Apresentai a vosso Filho a homenagem re-<br />

paradora <strong>de</strong>sta romaria, feita <strong>de</strong> fé ar<strong>de</strong>nte e amorosa <strong>de</strong>dicação. (...) Abençoai a<br />

todos os presentes, vossos fiéis <strong>de</strong>votos, que em vossas mãos <strong>de</strong>põem confiantes o rosário<br />

<strong>de</strong> seus piedosos <strong>de</strong>sejos e o magnificat <strong>de</strong> sua perene e eterna gratidão. Senhora da<br />

Salette, sobre todos os que aqui vêm recordar vossa aparição, jorre perenemente a fonte<br />

milagrosa dos inesgotáveis favores divinos. Assim seja. Dom Antônio Reis, Bispo <strong>de</strong> Santa Maria"<br />

(in O Mensageiro <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette, novembro <strong>de</strong> 1946, pg. 221-222)<br />

63


64<br />

1947 - 12 a <strong>Romaria</strong> - O Santuário em construção


TESTEMUNHO Pe. José Balbinotti, ms<br />

GRANDES ANUNCIADORES DO REINO DE DEUS<br />

É uma unanimida<strong>de</strong> entre os Missionários Saletinos a afirmação, extremamente positiva,<br />

sobre os gran<strong>de</strong>s pregadores e oradores que passaram pelo Santuário nestes <strong>75</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s<br />

em Marcelino Ramos. A mensagem <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette tem um apelo muito forte <strong>de</strong><br />

conversão e reconciliação e esta realida<strong>de</strong> é apresentada, na <strong>Romaria</strong>, como uma esperança que<br />

nos vem do próprio anúncio e testemunho <strong>de</strong> Jesus Cristo.<br />

Todos fazem menção a nomes como: Dom Antonio Reis, Dom Claudio Kolling, Dom Paulo<br />

Evaristo, Car<strong>de</strong>al Arns, Pe. Simão Bacelli, Pe. Olívio Bedin e o próprio Pe. Benjamin Busatto que<br />

<strong>de</strong>u início às <strong>Romaria</strong>s e foi o primeiro convidado, pelos Padres Saletinos, para pregar o Tríduo em<br />

preparação à festa <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette, na Paróquia, no ano <strong>de</strong> 1936.<br />

Sem duvida, este é um momento muito esperado pelos fiéis peregrinos que participam das<br />

<strong>Romaria</strong>s, pois aquelas palavras, proferidas na homilia, são fonte <strong>de</strong> alento, esperança e ânimo<br />

para a caminhada.<br />

Há vários <strong>anos</strong> as pregações em cada <strong>Romaria</strong> sempre estiveram em consonância com a<br />

Igreja do <strong>Brasil</strong>, mais precisamente com a Campanha da Fraternida<strong>de</strong>, fazendo assim eco, mantendo<br />

viva a temática abordada, nos momentos fortes da caminhada da Igreja e da realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

A pregação na <strong>Romaria</strong> vem sendo um momento forte <strong>de</strong> evangelização.<br />

1947 - 12 a <strong>Romaria</strong><br />

Após o almoço, Pe.Simão<br />

Baccelli ms fez a narrativa da Aparição.<br />

Às 15hs00, <strong>de</strong>pois da Bênção do<br />

Santíssimo e da Bênção aos doentes,<br />

começou a dispersão do povo romeiro.<br />

Os trabalhos da construção do<br />

Santuário prosseguiam em ritmo acelerado.<br />

Em fevereiro do ano <strong>de</strong> 1947,<br />

Dom Antônio fez nova Visita Pastoral<br />

à Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Como <strong>de</strong> hábito, hospedou-se na Escola<br />

Apostólica. Constatou o estado<br />

das obras <strong>de</strong> construção do majestoso<br />

Santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette.<br />

No Relatório da Visita Pastoral<br />

Dom Antônio <strong>de</strong>clara:<br />

65


"Não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dizer que os dias passados no convento <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette on<strong>de</strong> fomos fidalgamente atendidos<br />

e obsequiados pelos bons Padres da Salette, serão para mim<br />

inolvidáveis. Passei no Tabor naqueles dias. Que pieda<strong>de</strong>, que<br />

espiritualida<strong>de</strong>, que vida <strong>de</strong>votamente religiosa se leva lá. A memorável<br />

comunida<strong>de</strong> dos Padres Saletinos, os escolásticos e no-<br />

viços do Noviciado e os alunos do Seminário. Um Seminário e<br />

uma Escola Apostólica mo<strong>de</strong>lares. Aon<strong>de</strong> vigora entre os alu-<br />

nos o melhor espírito. Que esperança promissora para a Santa<br />

Igreja. Deixo consignados aqui os meus maiores elogios, os meus<br />

louvores e sinceros agra<strong>de</strong>cimentos aos bons e piedosos Padres<br />

Saletinos, ao Revdo. Pe. Provincial, Pe. André Duguet, a toda<br />

a comunida<strong>de</strong> e aos esperançosos seminaristas e apostólicos<br />

saletinos"<br />

(LIVRO TOMBO I da Paróquia São João Batista <strong>de</strong> Marcelino Ramos, pg.76)<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1947 correu otimamente, apesar da<br />

chuva que caiu à tar<strong>de</strong>. A presença <strong>de</strong><br />

romeiros foi mais ou menos igual à da<br />

<strong>Romaria</strong> do Centenário. Pela manhã<br />

vieram os trens <strong>de</strong> diferentes proveniências.<br />

O número <strong>de</strong> ônibus, <strong>de</strong> caminhões<br />

e carros era incalculável. Tomavam<br />

conta das ruas da cida<strong>de</strong>. As missas<br />

eram celebradas sem interrupção.<br />

Por causa do vulto imenso da população<br />

presente, a procissão matinal no<br />

domingo, dia 28, só po<strong>de</strong> começar às<br />

9hs00. O povo seguia, não em fileiras,<br />

66<br />

mas em massa compacta, <strong>de</strong>sfraldando<br />

estandartes, cantando e carregando o<br />

andor da Virgem da Salette. Era comovente<br />

verem-se peregrinos subindo<br />

<strong>de</strong>scalços, a íngreme e pedregosa encosta<br />

que leva ao alto do morro da<br />

bênção reconciliadora. Muitos sacerdotes<br />

marcaram presença e voltaram<br />

para casa carregando nas dobras do<br />

coração as dores, as lágrimas e pecados<br />

dos romeiros penitentes. No altar<br />

campal, Dom Antônio presidiu a celebração<br />

da missa.<br />

Em 1948, foram convidados os<br />

Bispos <strong>de</strong> Lages, <strong>de</strong> Caxias do Sul,<br />

Vacaria, Uruguaiana e Santa Maria,<br />

bem como o Sr. Governador do Estado,<br />

Dr. Valter Jobim, para participarem<br />

da solenida<strong>de</strong> da <strong>Romaria</strong> e inauguração<br />

do Santuário. Na noite <strong>de</strong> sábado,<br />

25 <strong>de</strong> setembro, a chuva ameaçava<br />

cair. A procissão luminosa pô<strong>de</strong><br />

ser realizada com céu límpido. No dia<br />

seguinte, dia da <strong>Romaria</strong>, com tempo<br />

ameaçador mais uma vez, iniciou a procissão<br />

durante a qual a chuva <strong>de</strong>sandou.<br />

Os fiéis, cerca <strong>de</strong> quinze mil pessoas,<br />

apesar <strong>de</strong> encharcados pela chuva,<br />

não hesitavam em mostrar seu amor<br />

à Virgem em pranto ao longo do percurso<br />

da procissão. No fim da missa<br />

campal, Dom Antônio <strong>de</strong>u a bênção<br />

ao Santuário apesar <strong>de</strong> inacabado e às<br />

estátuas sobre o altar mor. Na noite<br />

<strong>de</strong> Natal, o Santuário foi solenemente<br />

inaugurado com a celebração da Primeira<br />

Missa do neo-sacerdote Pe.<br />

Ângelo Rigoni ms.


1948 - O<br />

altar mor<br />

original do<br />

Santuário.<br />

67


1949 - 14 a <strong>Romaria</strong> - Primeira Missa campal no átrio posterior do Santuário.<br />

O dia 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1949<br />

foi <strong>de</strong>cretado feriado municipal. No<br />

sábado à tar<strong>de</strong>, dia 24, em Missa<br />

Pontifical celebrada por Dom Antônio,<br />

houve a bênção solene do Santuário<br />

com eloquente sermão <strong>de</strong> Pe. Simão<br />

Bacelli ms. À noite se realizou nova<br />

procissão luminosa. Um aspecto <strong>de</strong>slumbrante<br />

no meio da escuridão. Um<br />

rio <strong>de</strong> luzes <strong>de</strong>rramava-se pelas encostas<br />

enquanto os peregrinos entoavam<br />

cânticos e recitavam o rosário. No<br />

Fac-simile houve novo sermão <strong>de</strong> Pe.<br />

Simão, pregador do tríduo e Bênção<br />

do Santíssimo Sacramento.<br />

No domingo <strong>de</strong> manhã, dia 25,<br />

às 9hs00, com ameaça <strong>de</strong> forte aguaceiro,<br />

iniciou a procissão ao Santuário.<br />

A oração dos romeiros a Nossa<br />

Senhora serenou os céus e a chuva não<br />

veio. Após a missa Dom Antônio fez<br />

piedosa consagração a Nossa Senhora<br />

da Salette. Pela primeira vez a Missa<br />

Campal foi celebrada do alto <strong>de</strong> um<br />

átrio externo, anexo aos fundos do<br />

Santuário, para uma multidão imensa<br />

espraiada na esplanada entre a mata<br />

próxima e o Santuário. O número <strong>de</strong><br />

comunhões chegou a cinco mil. O <strong>de</strong><br />

peregrinos foi <strong>de</strong> vinte mil. Às 15hs30<br />

as solenida<strong>de</strong>s religiosas estavam encerradas.<br />

1949 - Dom Antonio Reis fazendo a homilia.<br />

68


A 29 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1950, <strong>de</strong>cretado<br />

Ano Santo pelo Papa Pio XII,<br />

o Pe. Cláudio Colling foi or<strong>de</strong>nado<br />

Bispo Auxiliar <strong>de</strong> Santa Maria, na Catedral<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Porto Alegre.<br />

A 4 <strong>de</strong> maio, Dom Cláudio fez uma<br />

rápida visita ao Seminário em Marcelino<br />

Ramos. Mais tar<strong>de</strong> foi nomeado<br />

Bispo Diocesano da nova Diocese<br />

<strong>de</strong> Passo Fundo, RS.<br />

No dia 19 <strong>de</strong> setembro o mau<br />

tempo não permitiu a realização da<br />

procissão luminosa. Na véspera da<br />

<strong>Romaria</strong>, dia 23, apesar do tempo chuvoso,<br />

os peregrinos chegavam <strong>de</strong> todas<br />

as partes e à noite, com céu estrelado,<br />

houve tríduo e procissão luminosa.<br />

No dia da <strong>Romaria</strong>, dia 24, embora<br />

o tempo continuasse chuvoso, houve<br />

a participação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> vinte mil<br />

peregrinos. A Missa Campal foi celebrada<br />

por Dom Newton <strong>de</strong> Almeida<br />

Batista, Bispo <strong>de</strong> Uruguaiana, RS.<br />

Dom Antônio Reis não po<strong>de</strong> comparecer.<br />

TESTEMUNHO Pe. Isidro Perin, ms<br />

A MINHA RESPOSTA VOCACIONAL<br />

Um dos pontos altos da romaria a Nossa<br />

Senhora da Salette é a Missa Campal após a chegada<br />

da procissão. Minha vocação saletina tem<br />

ligação profunda com a Missa Campal da peregrinação<br />

<strong>de</strong> 1952. Eu participava pela primeira vez. Naquela data<br />

eu estava num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão vocacional. Eu balançava<br />

entre os Francisc<strong>anos</strong> e os Saletinos. Pois bem, naquela<br />

<strong>Romaria</strong> eu me <strong>de</strong>ixei encantar pela beleza da Missa<br />

Campal presidida por D. Clãudio Colling, vendo os seminaristas,<br />

como coroinhas, <strong>de</strong> batina preta e sobrepeliz<br />

na cor branca. Eles faziam a coleta e cantavam. Cantavam<br />

a vozes. Eu sonhava em ser como eles.<br />

No início as Missas eram celebradas na parte <strong>de</strong><br />

trás do Santuário, <strong>de</strong>pois, a cada <strong>Romaria</strong>, se fazia um<br />

altar campal sempre provisório e agora o recinto do Santuário<br />

dispõe <strong>de</strong> um Altar Campal digno das <strong>Romaria</strong>s.<br />

Em qualquer lugar em que se realizavam, as Missas Campais<br />

foram sempre o momento <strong>de</strong> ver todo aquele povo<br />

ali reunido para ouvir a Palavra <strong>de</strong> Deus e participar da<br />

Mesa da Eucaristia. Os cantos, as orações, o silêncio e a<br />

bênção sempre foram momentos muito bonitos da <strong>Romaria</strong>.<br />

Todos na fé reunidos em torno do altar on<strong>de</strong> Cristo<br />

se faz presença viva.<br />

Na travessia do rio Uruguai, voltando da <strong>Romaria</strong><br />

<strong>de</strong> 1952, olhando para o Seminário no alto da montanha,<br />

eu disse à minha mãe: "Mãe, é ali que eu vou realizar minha<br />

vocação". Ela respon<strong>de</strong>u: "Se a Mãe da Salette te<br />

chama, vai...".<br />

Hoje eu diria que a resposta aos apelos <strong>de</strong> Deus<br />

passa pela fragilida<strong>de</strong> dos meios e pelo testemunho dos<br />

que ousaram respon<strong>de</strong>r "sim"! Eu tive coragem para dizer<br />

o meu "sim" porque fui a uma <strong>Romaria</strong>.<br />

1997 - 62 a <strong>Romaria</strong> - Missa Campal<br />

69


A 16 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1951 chegaram<br />

os quatro gran<strong>de</strong>s sinos, <strong>de</strong> som<br />

belíssimo, importados da França por<br />

obra e mérito <strong>de</strong> Irmão João Creff ms.<br />

Do alto da torre do Santuário passariam<br />

a anunciar a misericórdia do Senhor<br />

e o materno amor <strong>de</strong> Maria, Mãe da<br />

Reconciliação.<br />

1951 - 16 a <strong>Romaria</strong> - Bênção dos sinos do Santuário<br />

A 8 <strong>de</strong> abril foi criada a nova<br />

Diocese <strong>de</strong> Passo Fundo, RS, com a<br />

nomeação <strong>de</strong> seu primeiro Bispo, Dom<br />

Cláudio Colling, que tomou posse do<br />

cargo a 22 <strong>de</strong> julho.<br />

70<br />

Durante todo o mês <strong>de</strong> setembro<br />

houve palestras transmitidas pela<br />

Rádio Salette, <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

A <strong>Romaria</strong>, muito concorrida, foi realizada<br />

com muita pieda<strong>de</strong> no dia 30 <strong>de</strong><br />

setembro, um dia límpido e belo. Os<br />

peregrinos eram cerca <strong>de</strong> vinte mil.<br />

Dom Cláudio Colling, que pela primeira<br />

vez participava da <strong>Romaria</strong>, presidiu a<br />

celebração eucarística. E, às 14hs00,<br />

Dom Cláudio, com toda a solenida<strong>de</strong>,<br />

proce<strong>de</strong>u à bênção dos quatro magníficos<br />

sinos. Depois do cerimonial tradicional<br />

os romeiros partiram para seus<br />

lares com o coração repleto das bênçãos<br />

do Senhor.


Novo Jubileu estava prestes a<br />

acontecer. O dia 1º <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1952<br />

marcava o 1º Centenário <strong>de</strong> Fundação<br />

da Congregação dos Missionários<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. A 18<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1952 celebrou-se<br />

também o Cinqüentenário da chegada<br />

do Fundador da Missão Saletina no<br />

<strong>Brasil</strong>, o Pe. Clemente Henrique<br />

Moussier ms.<br />

No dia da <strong>Romaria</strong>, 28 <strong>de</strong> setembro,<br />

o tempo amanheceu ameaçador.<br />

A chuva, porém, ficou na ameaça<br />

apenas. Os trens chegavam. Ônibus e<br />

automóveis vinham <strong>de</strong> toda parte.<br />

Compareceram romeiros <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre, <strong>de</strong> São Paulo e do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Aproximadamente 25 mil peregrinos<br />

ao todo. As missas e confissões<br />

se sucediam na Matriz. À procissão do<br />

domingo, seguiu-se a Missa Campal<br />

celebrada por Dom Cláudio Colling.<br />

1952 - 17 a <strong>Romaria</strong><br />

Chegada da Procissão<br />

ao Santuário<br />

71


A 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1953 foi celebrado<br />

o Jubileu <strong>de</strong> Prata da Escola<br />

Apostólica. A <strong>Romaria</strong>, com cerca <strong>de</strong><br />

trinta mil participantes, foi realizada no<br />

dia 27 <strong>de</strong> setembro. O dia era esplêndido.<br />

De vinte a trinta mil romeiros participaram<br />

das cerimônias tradicionais<br />

pela manhã e pela tar<strong>de</strong>.<br />

Em novembro, foi realizada em<br />

Erechim, RS, a 3ª Festa Nacional do<br />

Trigo. Num dos mostruários com rica<br />

exposição <strong>de</strong> cereais, foi montado um<br />

belíssimo altar ornado <strong>de</strong> trigo, com as<br />

três estátuas <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette. O expositor não fez isso por<br />

acaso. Pensava em Nossa Senhora da<br />

Salette como protetora dos campos e<br />

lavouras. "O Mensageiro <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Salette", em setembro <strong>de</strong><br />

1955, pg. 259s, publica essa notícia<br />

acompanhada <strong>de</strong> longo artigo do Pe.<br />

Godofredo Schnei<strong>de</strong>r sj, sob o título<br />

"Nossa Senhora da Salette fala aos<br />

agricultores". O fato serviu para divulgar<br />

a <strong>de</strong>voção à "Padroeira dos Agricultores".<br />

Em maio e junho <strong>de</strong> 1957, a<br />

mesma Revista publicou cartas <strong>de</strong> diversos<br />

Bispos do <strong>Brasil</strong> solicitando e<br />

72<br />

1956 - 21 a <strong>Romaria</strong><br />

abençoando a proclamação <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Salette sob esse título patronal.<br />

O Car<strong>de</strong>al Eugène Tisserant,<br />

Secretário da Sagrada Congregação<br />

para a Igreja Oriental e Protetor da<br />

Congregação dos Missionários Saletinos,<br />

se dispôs a manter conversações<br />

com a Santa Sé, sobre o assunto (Cf.<br />

"O Mensageiro...", setembro, 1957, p.<br />

360).<br />

O mês <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1954 foi<br />

solenizado como nos <strong>anos</strong> anteriores.<br />

As chuvas torrenciais impediram a realização<br />

da procissão luminosa do sábado<br />

à noite, véspera da <strong>Romaria</strong>. A<br />

Hora Santa e a missa <strong>de</strong> meia-noite,<br />

na Matriz, foram, no entanto, concorridíssimas.<br />

A <strong>Romaria</strong> do dia 26 <strong>de</strong><br />

setembro foi realizada com gran<strong>de</strong> espírito<br />

<strong>de</strong> fé e pieda<strong>de</strong>. O transporte rodoviário<br />

ficou prejudicado pela chuva.<br />

Em compensação, os trens <strong>de</strong> diferentes<br />

proveniências vieram superlota-<br />

dos. Ao menos quinze mil pessoas participaram<br />

das solenida<strong>de</strong>s. Muitos vieram<br />

a pé, <strong>de</strong> longe. A procissão matinal<br />

foi penosa por causa da lama. A<br />

missa campal foi celebrada por Dom<br />

Cláudio Colling. À tar<strong>de</strong>, após as cerimônias<br />

<strong>de</strong> praxe, a multidão se dispersou,<br />

levando para seus lares uma<br />

in<strong>de</strong>lével impressão <strong>de</strong> conforto espiritual.<br />

Em 1955, o mês <strong>de</strong> setembro<br />

foi solenizado diariamente na Igreja<br />

Matriz. No dia 19, à noite, realizou-se<br />

a tradicional procissão luminosa rumo<br />

ao Santuário. No sábado à noite, véspera<br />

da <strong>Romaria</strong>, o povo em gran<strong>de</strong><br />

multidão, caminhou em procissão luminosa<br />

até o Santuário apesar da intensa<br />

chuva. No dia 25, com gran<strong>de</strong><br />

espírito <strong>de</strong> oração celebrou-se a <strong>Romaria</strong><br />

Penitencial, segundo o roteiro habitual.<br />

Foi uma <strong>Romaria</strong> memorável em<br />

todos os sentidos.


TESTEMUNHO Ir. E<strong>de</strong>milton dos Santos, ms<br />

UMA CORRENTE DE LUZ<br />

Embora soubesse que existia uma <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette em Marcelino<br />

Ramos, participei pela primeira vez no ano <strong>de</strong> 2004. Entre tantas coisas que me chamaram<br />

atenção uma que mais me impactou foi a procissão luminosa: uma verda<strong>de</strong>ira corrente <strong>de</strong> luz<br />

percorrendo as ruas <strong>de</strong> Marcelino Ramos, subindo a montanha até o Santuário e, chegando lá,<br />

se espalhando pelo pátio. Eu tinha feito uma cirurgia uma semana antes e por isso acompanhei<br />

tudo do Altar Campal. Aqueles pontinhos <strong>de</strong> luz se misturando com a escuridão, <strong>de</strong>ixando o "pátio<br />

da <strong>Romaria</strong>" iluminado, era algo <strong>de</strong> uma beleza in<strong>de</strong>scritível.<br />

Senti minha fé tão pequena diante da manifestação daquele povo que, na simplicida<strong>de</strong>,<br />

expressava a sua fé <strong>de</strong> uma maneira tão natural. Na <strong>Romaria</strong> ninguém sente vergonha em se<br />

ajoelhar para agra<strong>de</strong>cer ou pedir. Um gesto que parece ser tão sem sentido para alguns, mas<br />

para quem o faz é tão significativo.<br />

Deixei-me envolver por toda aquela beleza e senti em mim uma gran<strong>de</strong> paz que vinha da<br />

simplicida<strong>de</strong> do povo que recorria a Nossa Senhora para um encontro reconciliador com Jesus.<br />

A luz das velas ilumina a escuridão. Uma vela seria insignificante, milhares <strong>de</strong>las somam-se<br />

formando a força necessária para iluminar aquele ambiente. Assim, percebi a gran<strong>de</strong>za da Luz<br />

<strong>de</strong> Cristo na minha vida.<br />

Depois participei <strong>de</strong> várias outras <strong>Romaria</strong>s em outras equipes <strong>de</strong> trabalho. No entanto, no<br />

momento da procissão luminosa do sábado à noite, eu passava uns momentos por lá para renovar<br />

aquele primeiro sentimento. Toda vez que lembro da procissão e das velas faz-se presente<br />

em mim a Luz <strong>de</strong> Cristo como guia a iluminar minha vida e vocação...<br />

2004 - 69 a <strong>Romaria</strong><br />

A 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1956, por<br />

causa do mau tempo não foi realizada<br />

procissão luminosa à noite. Na véspera<br />

da <strong>Romaria</strong>, à noite, porém, a<br />

procissão pô<strong>de</strong> ser realizada. No dia<br />

30, dia radiante, muitas missas foram<br />

celebradas na Igreja Matriz e no Santuário.<br />

As confissões eram infindáveis.<br />

Dom Cláudio ajudou a aten<strong>de</strong>r confissões.<br />

Depois celebrou a missa campal<br />

ao final <strong>de</strong> uma interminável procissão.<br />

73


A MAIS BELA<br />

ROMARIA<br />

Mais <strong>de</strong> 600 carros estacionavam<br />

on<strong>de</strong> podiam. Os trens haviam<br />

chegado abarrotados <strong>de</strong> peregrinos.<br />

Uma caravana <strong>de</strong> 109 pequenos romeiros,<br />

estudantes do Colégio Menino<br />

Jesus, das Irmãs <strong>de</strong> Notre Dame,<br />

em Passo Fundo, RS, <strong>de</strong>ram uma nota<br />

inesquecível ao evento. Homens, senhoras,<br />

anciãos subiam vagarosamente<br />

a montanha. A imagem da Mãe da<br />

Salette em pranto, carregada por romeiros,<br />

flutuava por sobre a cabeça<br />

dos 25 mil peregrinos. Muitas senhoras<br />

subiam a pés <strong>de</strong>scalços pela pedregosa<br />

trilha que leva ao Santuário.<br />

Foi uma das mais belas <strong>Romaria</strong>s.<br />

Um fato significativo aconteceu<br />

nessa ocasião: um peregrino, Emílio <strong>de</strong><br />

Souza Jardim, proveniente <strong>de</strong> Itaqui,<br />

RS, percorreu a pé e <strong>de</strong> mala em punho,<br />

a longa distância <strong>de</strong> 900 quilômetros,<br />

caminhando durante mais <strong>de</strong><br />

um mês. Veio para agra<strong>de</strong>cer e confirmar<br />

o dom da fé católica que havia<br />

recebido em 1950 <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar<br />

por diversas outras religiões. Outro peregrino,<br />

<strong>de</strong> Porto Alegre, estava extasiado<br />

pelo que vira e ouvira. Sentia tanta<br />

alegria, satisfação e paz como jamais<br />

havia sentido.<br />

74<br />

No ano <strong>de</strong> 1957, o dia 19 <strong>de</strong><br />

setembro foi bonito apesar <strong>de</strong> barrento.<br />

O programa costumeiro teve seu<br />

lugar. Na <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> setembro,<br />

eram intermináveis as confissões e comunhões,<br />

dois componentes indispensáveis<br />

para uma romaria penitencial<br />

saletina. Calcula-se em 20 mil o número<br />

<strong>de</strong> romeiros. O tempo foi muito<br />

favorável. Dom Cláudio Colling não<br />

pô<strong>de</strong> comparecer.<br />

A partir <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1958, Dom Cláudio fez a visita pastoral<br />

à Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

No dia 28, participou da <strong>Romaria</strong> que<br />

<strong>de</strong>finiu como "maravilhosa, com ótimo<br />

tempo e com a presença <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> romeiros, <strong>de</strong> S. Excia. Revma. Dom<br />

Frei Cândido, Bispo <strong>de</strong> Vacaria, e muitos<br />

sacerdotes" (LIVRO TOMBO II<br />

da Paróquia, pg. 14). Mais <strong>de</strong> trinta<br />

mil pessoas participaram da <strong>Romaria</strong><br />

Penitencial, com milhares <strong>de</strong> confissões<br />

e comunhões. A 26 <strong>de</strong> setembro,<br />

antevéspera da <strong>Romaria</strong>, o Pe. André<br />

Duguet ms, primeiro Diretor da Escola<br />

Apostólica e ex-Provincial, falecera em<br />

São Paulo e a 30 <strong>de</strong> setembro, dois dias<br />

após a <strong>Romaria</strong>, o Pe. Fidélis Willi ms,<br />

ex-Superior Regional, fundador da Revista<br />

"O Mensageiro <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette", atualmente "Salette", e<br />

ex-Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos, que<br />

havia celebrado Bodas <strong>de</strong> Diamante <strong>de</strong><br />

Sacerdócio pouco tempo antes, faleceu<br />

no hospital <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>.<br />

Em 1959, a gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>,<br />

celebrada no dia 27 <strong>de</strong> setembro, foi<br />

<strong>de</strong> muita chuva. Nem por isso o entusiasmo<br />

do povo romeiro arrefeceu.<br />

Eram cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil pessoas. Alguns<br />

romeiros <strong>de</strong> Corumbá, MS, também<br />

se fizeram presentes. Dom Cláudio não<br />

participou da <strong>Romaria</strong>. Era admirável<br />

a pieda<strong>de</strong> e o espírito <strong>de</strong> fé e <strong>de</strong> penitência.<br />

Uma caravana <strong>de</strong> duzentos romeiros,<br />

acompanhados por uma <strong>de</strong>zena<br />

<strong>de</strong> sacerdotes, havia partido <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre em ônibus, no sábado, véspera<br />

da <strong>Romaria</strong>, apesar do mau tempo.<br />

Chegando a Lagoa Vermelha, RS,<br />

não pu<strong>de</strong>ram prosseguir a viagem em<br />

virtu<strong>de</strong> do péssimo estado da rodovia.<br />

Demonstrando boa vonta<strong>de</strong> e fervoroso<br />

espírito <strong>de</strong> sacrifício e fé, reuniram-se<br />

numa capela da cida<strong>de</strong> e participaram<br />

<strong>de</strong> missa, em união <strong>de</strong> corações<br />

com os peregrinos presentes em<br />

Marcelino Ramos. Os carros chegavam<br />

ao Santuário à força <strong>de</strong> empurrões<br />

por causa da lama.<br />

Na procissão luminosa do sábado,<br />

uma senhora, <strong>de</strong>baixo da chuva,<br />

subiu <strong>de</strong> joelhos a trilha para o Santuário,<br />

afundando-se no lodo pedregoso.<br />

Outra senhora que estivera sujeita<br />

à amputação <strong>de</strong> uma perna por causa<br />

<strong>de</strong> um câncer, e fora curada do mal<br />

por intercessão <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette, veio à <strong>Romaria</strong> em sinal <strong>de</strong> gratidão.<br />

A <strong>Romaria</strong> foi excepcionalmente<br />

piedosa, penitencial.


1959<br />

24 a <strong>Romaria</strong><br />

1961<br />

26 a <strong>Romaria</strong><br />

<strong>75</strong>


A 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1960, na França,<br />

faleceu o Pe. Simão Baceli ms, intrépido<br />

missionário saletino, incansável<br />

animador das <strong>Romaria</strong>s, ex-Pároco<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos e ex-Superior<br />

Provincial. Era Doutor em Filosofia<br />

e em Teologia. Dos seus 50 <strong>anos</strong> <strong>de</strong><br />

sacerdócio, passou 49 no <strong>Brasil</strong>. A 30<br />

<strong>de</strong> junho faleceu o Irmão Rafael Rozec<br />

ms, gran<strong>de</strong> divulgador da Salette, sobretudo<br />

no Nor<strong>de</strong>ste do <strong>Brasil</strong>, e Diretor<br />

da revista "O Mensageiro <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette".<br />

A novena em preparação ao dia<br />

19 <strong>de</strong> setembro teve ótima repercussão.<br />

A cada noite, uma pequena procissão,<br />

carregando o estandarte <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette, partia <strong>de</strong><br />

uma família da cida<strong>de</strong> em direção à<br />

Igreja Matriz. A chuva na semana que<br />

prece<strong>de</strong>u a <strong>Romaria</strong> a 25 <strong>de</strong> setembro<br />

impediu muita gente <strong>de</strong> fazer-se presente<br />

ao acontecimento religioso. A<br />

subida da encosta que leva ao Santuário<br />

estava péssima. O espírito <strong>de</strong> oração<br />

e conversão prevaleceu nas cerimônias<br />

da <strong>Romaria</strong>. Um peregrino afirmou:<br />

Outro gran<strong>de</strong> sonho se concretiza: O Santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette<br />

"Gosto mais do dia como está, pois a gente que vem,<br />

vem para rezar e os que tiverem pensado que a Ro-<br />

maria Penitencial fosse uma festa, ficam em casa, e<br />

é melhor para eles e para nós também"<br />

(In "O Mensageiro...", novembro-<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1960, pg. 22)<br />

76


Todos rezavam. Dizia uma senhora:<br />

"Até meu marido que em casa<br />

nunca reza, subiu a la<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> terço na<br />

mão e rezando em voz alta" (Ib., pg<br />

24). Uma caravana trouxe a pé, um<br />

andor da Padroeira dos Agricultores.<br />

Por causa da lama, muitos caiam pelo<br />

chão. Não se ouviam lamentos, no entanto.<br />

Um casal catarinense havia feito<br />

uma caminhada <strong>de</strong> 140 quilômetros<br />

para agra<strong>de</strong>cer uma cura alcançada.<br />

Um ancião <strong>de</strong> quase oitenta <strong>anos</strong> fez<br />

30 quilômetros a pé, tombando mais<br />

<strong>de</strong> uma vez no barro. Centenas <strong>de</strong> jovens<br />

vieram a pé <strong>de</strong> Erechim. Os sacerdotes<br />

passaram <strong>de</strong> 12 a 15 horas<br />

no confessionário. Na noite do sábado,<br />

a procissão luminosa concluiu com<br />

uma Hora Santa pela primeira vez rezada<br />

no Santuário.<br />

O estimadíssimo "Romeiro número<br />

UM", Dom Antônio Reis, foi chamado<br />

para junto <strong>de</strong> Deus no começo<br />

<strong>de</strong> 1961. Gran<strong>de</strong> Bispo e incentivador<br />

das <strong>Romaria</strong>s Saletinas. A 23 <strong>de</strong> agosto<br />

<strong>de</strong> 1960 havia enviado uma carta ao<br />

Superior do Seminário:<br />

"Caríssimo Padre (...) Infelizmente não po<strong>de</strong>rei tomar parte na gran<strong>de</strong> e piedosa Ro-<br />

maria Penitencial. É com verda<strong>de</strong>ira sauda<strong>de</strong> que recordo as romarias <strong>de</strong> que participei.<br />

Mas continuo sempre um romeiro. Minhas pobres orações e sacrifícios aí estarão como<br />

testemunho <strong>de</strong> filial confiança na po<strong>de</strong>rosa Nossa Senhora da Salette. Faço os mais<br />

ar<strong>de</strong>ntes votos pelo máximo êxito da <strong>Romaria</strong>. Conforme seu pedido, aqui vai a melhor <strong>de</strong><br />

minhas bênçãos para os apostólicos, a Comunida<strong>de</strong> e em favor <strong>de</strong> V. Revma.”<br />

Do sempre muito amigo, Antônio, Bispo <strong>de</strong> Santa Maria.<br />

1935 - Dom Antonio em almoço festivo na chácara do Seminário<br />

77


TESTEMUNHO Pe. Presentino Rovani, ms<br />

A FONTE QUE CURA<br />

Para mim é muito significativo aquilo que aconteceu no dia 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1846, na<br />

montanha da Salette, na França, no local on<strong>de</strong> Nossa Senhora sentara para chorar. Ali nasceu uma<br />

pequena fonte d'água límpida, a qual, daquele dia em diante, nunca mais secou.<br />

O que mais me impressiona nas <strong>Romaria</strong>s é ver as enormes filas que se formam para apanhar<br />

água na fonte da Santa Maria Reconciliadora. Fico profundamente impressionado ao contemplar<br />

os <strong>de</strong>votos peregrinos e a <strong>de</strong>dicação, carinho e disponibilida<strong>de</strong> dos escoteiros e <strong>de</strong>mais encarregados<br />

da fonte, no servir e distribuir esta água tão <strong>de</strong>sejada que sacia e nos faz reviver! Todos<br />

têm uma certeza: esta água alimenta e cura o corpo e a alma. Disto sou testemunha e me prostro<br />

para apanhar e beber <strong>de</strong>sta água porque também eu creio que, por ela, Deus po<strong>de</strong> manifestar sua<br />

graça e restabelecer a saú<strong>de</strong>.<br />

Recordo aquela mensagem da Samaritana na Bíblia. É preciso passar <strong>de</strong>sta água para a<br />

outra fonte <strong>de</strong> água que jorra para a vida eterna. Sim, Senhor, dá-me <strong>de</strong>ssa água para saciar toda<br />

minha se<strong>de</strong>! (Jo 4,7-15).<br />

Quando você vier ao Santuário <strong>de</strong> Marcelino Ramos, não esqueça <strong>de</strong> que ali há uma fonte <strong>de</strong><br />

água benta.<br />

2004 - 69 a <strong>Romaria</strong><br />

78<br />

Dom Cláudio, em setembro, fez<br />

Visita Pastoral. No dia 19, às 19hs30<br />

celebrou missa na Igreja Matriz, seguida<br />

pela procissão luminosa até o Santuário.<br />

Pregou o tríduo preparatório à<br />

25ª <strong>Romaria</strong> a 24 <strong>de</strong> setembro. Na<br />

procissão luminosa, no sábado à noite,<br />

dia 23, mais <strong>de</strong> cinco mil romeiros<br />

se fizeram presentes. O dia foi chuvoso.<br />

Durante aquela noite, vinte e cinco<br />

sacerdotes perfizeram ao menos 120<br />

horas <strong>de</strong> atendimento no confessionário.<br />

Mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil comunhões foram<br />

dadas aos fiéis. Ao todo em torno <strong>de</strong><br />

40 mil romeiros vieram ao Santuário.<br />

Apesar da chuva insistente, o cerimonial<br />

todo foi realizado. Seis emissoras<br />

<strong>de</strong> rádio entraram em ca<strong>de</strong>ia para a<br />

transmissão do evento religioso.


1962 - 27 a <strong>Romaria</strong> - O número elevado <strong>de</strong> veículos<br />

Em 1962, o mês <strong>de</strong> setembro<br />

foi solenizado como <strong>de</strong> hábito. A <strong>Romaria</strong>,<br />

celebrada a 30 <strong>de</strong> setembro,<br />

diferentemente dos três <strong>anos</strong> anteriores<br />

teve um tempo excelente. Houve<br />

gran<strong>de</strong> afluência <strong>de</strong> povo. Entre 50 e<br />

60 mil romeiros. A procissão domini-<br />

cal foi compacta. Muitos perfizeram o<br />

percurso a pés <strong>de</strong>scalços, fato que a<br />

muitos impressionava. Trens especiais<br />

vieram. Calcula-se um total <strong>de</strong> 1200<br />

veículos. Veio uma caravana <strong>de</strong> São<br />

Paulo e outra <strong>de</strong> Mato Grosso. Sete<br />

rádios transmitiram a realização do programa.<br />

Dom Cláudio celebrou a Missa<br />

Campal. Muito presente nas orações<br />

dos fiéis esteve a abertura do Concílio<br />

Ecumênico Vaticano II, que aconteceria<br />

logo após, a 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1962.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1963 foi celebrada<br />

no dia 29 <strong>de</strong> setembro, apesar do<br />

tempo chuvoso.<br />

Em 1964, o clima político do país<br />

entrou em pânico por causa da revolução<br />

militar <strong>de</strong> março. Apesar <strong>de</strong> tudo,<br />

o dia 19 <strong>de</strong> setembro seguiu o ritual<br />

tradicional, com gran<strong>de</strong> participação <strong>de</strong><br />

fiéis. A 27 <strong>de</strong> setembro, a gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong><br />

Penitencial transcorreu com a<br />

presença <strong>de</strong> enorme multidão <strong>de</strong> peregrinos,<br />

num dia esplêndido. Diversos<br />

trens transportaram os romeiros,<br />

além dos mais <strong>de</strong> mil e trezentos carros.<br />

Os padres que atendiam as confissões<br />

eram vinte e oito. Dom Cláudio<br />

estava em Roma, participando do<br />

Concílio Vaticano II.<br />

79


SESSENTA MIL<br />

ROMEIROS<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1965, a população<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos viveu gran<strong>de</strong><br />

preocupação por causa da enchente<br />

do Rio Uruguai. Uma verda<strong>de</strong>ira calamida<strong>de</strong>.<br />

Houve queda <strong>de</strong> neve. A <strong>Romaria</strong><br />

Penitencial, a 26 <strong>de</strong> setembro,<br />

teve menor frequência que os <strong>anos</strong> anteriores,<br />

por causa do mau tempo.<br />

Mesmo assim, entre quinze e vinte mil<br />

pessoas estavam presentes. Foi uma<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espírito <strong>de</strong> fé<br />

e <strong>de</strong> penitência.<br />

Apesar das inúmeras celebra-<br />

ções <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s Saletinas <strong>de</strong> menor<br />

vulto em diferentes localida<strong>de</strong>s, a <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos atrai sempre o maior<br />

número <strong>de</strong> peregrinos. Uma das<br />

maiores concentrações aconteceu por<br />

ocasião da <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1966. Eram<br />

cerca <strong>de</strong> sessenta mil os romeiros. Na<br />

procissão, homens e senhoras <strong>de</strong> pé<br />

no chão, ou movendo-se <strong>de</strong> joelhos,<br />

subiam o monte. Durante a noite da<br />

véspera da <strong>Romaria</strong>, realizada no dia<br />

25, a Igreja Matriz ficou aberta para<br />

atendimento <strong>de</strong> confissões por parte <strong>de</strong><br />

28 sacerdotes. Houve mais <strong>de</strong> doze mil<br />

comunhões.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1967 foi prejudicada pelo mau tempo.<br />

Foi muito intensa do ponto <strong>de</strong> vista<br />

espiritual. Vinte e seis emissoras <strong>de</strong><br />

rádio ajudaram a preparar a <strong>Romaria</strong>.<br />

Trens e automóveis trouxeram os peregrinos<br />

vindos <strong>de</strong> todas as partes. Só<br />

<strong>de</strong> União da Vitória, PR, veio um trem<br />

composto por vinte e cinco vagões.<br />

Calcula-se em vinte e cinco mil o número<br />

<strong>de</strong> romeiros.<br />

Aspecto interno<br />

do Santuário antes<br />

da reforma <strong>de</strong> 1968<br />

80


1970<br />

35 a <strong>Romaria</strong><br />

Momento da<br />

Bênção Final<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> 1968, por diferentes<br />

razões, foi feita uma reforma interna<br />

do Santuário. Cúpula, altar-mor<br />

e altares laterais foram <strong>de</strong>molidos.<br />

Novos confessionários e bancos foram<br />

feitos. O anexo posterior ao Santuário,<br />

local das Missas Campais, foi remo<strong>de</strong>lado.<br />

Em outubro realizou-se a<br />

celebração dos quarenta <strong>anos</strong> <strong>de</strong> fundação<br />

da Escola Apostólica. Em agosto<br />

<strong>de</strong> 1968, Dom Cláudio visitou Marcelino<br />

Ramos em companhia do Governador<br />

do Estado, Sr. Walter Peracchi<br />

Barcelos, para a inauguração <strong>de</strong> algumas<br />

obras. A <strong>Romaria</strong>, realizada a 30<br />

<strong>de</strong> setembro, foi chuvosa. Mesmo assim,<br />

cerca <strong>de</strong> quinze mil romeiros compareceram.<br />

Em 1969, a <strong>Romaria</strong>, realizada<br />

a 29 <strong>de</strong> setembro, teve a presença <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> quarenta mil peregrinos e <strong>de</strong><br />

três Bispos: Dom Cláudio Colling, <strong>de</strong><br />

Passo Fundo, Dom Cândido e Dom<br />

Henrique Gelain, <strong>de</strong> Vacaria.<br />

A <strong>Romaria</strong>, no dia 27 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1970, teve um tempo maravilhoso.<br />

Avaliou-se em quarenta mil o<br />

número <strong>de</strong> romeiros.<br />

A 11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1971, no<br />

Hospital do Câncer, em São Paulo, SP,<br />

o queridíssimo e santo Irmão João<br />

Creff ms entregou-se <strong>de</strong>finitiva e plenamente<br />

nas mãos <strong>de</strong> Deus. Uma perda<br />

irreparável para a Província no <strong>Brasil</strong><br />

e para o Santuário e Seminário <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos em especial.<br />

81


Um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> sacerdotes das<br />

Paróquias circunvizinhas prestou colaboração<br />

no atendimento espiritual.<br />

A 15 <strong>de</strong> outubro, Dom Cláudio<br />

Colling veio a Marcelino Ramos para<br />

se <strong>de</strong>spedir do povo, uma vez que, com<br />

a criação da Diocese <strong>de</strong> Erechim, <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ser o Pastor <strong>de</strong>sta região.<br />

82<br />

A Confraria <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette em Marcelino Ramos, foi fundada em 30 <strong>de</strong> Setembro<br />

<strong>de</strong> 1928, pelo Pe. Simão Bacelli, com o objetivo <strong>de</strong> incentivar a <strong>de</strong>voção a Nossa Senhora<br />

da Salette, divulgar a mensagem da Reconciliação e rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas.<br />

É fácil i<strong>de</strong>ntificar as pessoas que fazem parte da Confraria, elas usam uma fita azul no pescoço<br />

e em uma das pontas da fita está uma linda medalha <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. Nas<br />

missas, em dias <strong>de</strong> festa, na <strong>Romaria</strong>, no dia da Aparição e em outros momentos celebrativos, é<br />

comum encontrá-las dando testemunho, ajudando e marcando presença na caminhada da Igreja<br />

local.<br />

Eu mesmo posso dizer da enorme ajuda que a Confraria <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette presta<br />

para a <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> Marcelino Ramos. Elas sempre se preocupam com a ornamentação do<br />

andor <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette que acompanha as procissões. Elas sabem fazer o andor<br />

ficar muito bonito, com flores, véus, tecidos e até luzinhas que na procissão noturna dão um <strong>de</strong>staque<br />

à imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora chorando.<br />

É muito significativo o SIM que<br />

elas dão. Sinal da doação, do esforço<br />

e do compromisso com a divulgação<br />

da Mensagem e da <strong>de</strong>voção a<br />

Nossa Senhora da Salette. Nestes <strong>75</strong><br />

<strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>s em Marcelino Ramos,<br />

temos muito a agra<strong>de</strong>cer à Confraria<br />

pelo trabalho e pelo apoio que<br />

nos dão.<br />

A CONFRARIA DE NOSSA SENHORA DA SALETTE<br />

TESTEMUNHO Pe. Renoir Dalpizol, ms<br />

2008 - Senhoras da Confraria - Marcelino Ramos<br />

A 1º <strong>de</strong> agosto, foi instalada a<br />

Diocese <strong>de</strong> Erechim com a tomada <strong>de</strong><br />

posse <strong>de</strong> seu primeiro Bispo, Dom<br />

João Hoffmann. Dom João se fez presente<br />

nas celebrações do dia 19 <strong>de</strong> setembro<br />

no Seminário Salette. Na <strong>Romaria</strong><br />

Penitencial, celebrada a 26 <strong>de</strong><br />

setembro, o tempo foi muito bonito.


Em fevereiro <strong>de</strong> 1972 Dom<br />

João Hoffmann fez sua primeira visita<br />

pastoral à Paróquia <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Também esteve presente à <strong>Romaria</strong><br />

<strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro. Por ocasião<br />

da <strong>Romaria</strong> houve acontecimentos <strong>de</strong>sagradáveis:<br />

no dia 22, na região <strong>de</strong><br />

Coxilha Seca, uma Kombi <strong>de</strong> peregrinos<br />

capotou. Na noite <strong>de</strong> 23, o trem<br />

misto proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> União da Vitória,<br />

PR, superlotado <strong>de</strong> peregrinos, colidiu<br />

com outro que estava parado na<br />

estação <strong>de</strong> Volta Gran<strong>de</strong>, SC, matando<br />

quatro pessoas. No dia da <strong>Romaria</strong>,<br />

24, após as cerimônias, na partida<br />

dos peregrinos, um carro <strong>de</strong> Paim Filho,<br />

RS, per<strong>de</strong>u o freio, empurrando<br />

uma senhora e uma criança contra um<br />

prédio, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Apesar disso tudo, a <strong>Romaria</strong><br />

atingiu sua finalida<strong>de</strong>. Quanto à <strong>Romaria</strong><br />

<strong>de</strong> 1972, um anônimo "Romeiro<br />

Observador", como se intitula, escreve:<br />

"Neste ano a romaria foi gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais. Bonito<br />

ver homens <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s e modas ficar ho-<br />

ras perdidas a olhar para a Virgem assentada<br />

numa pedra, sobre a relva, com o rosto entre as<br />

mãos orvalhadas <strong>de</strong> pranto; olham para ela, e<br />

quando não rezam com os lábios, olham-na e ca-<br />

lam. Custam <strong>de</strong>sviar-se <strong>de</strong>ssa imagem. Logo ao<br />

lado há um conjunto <strong>de</strong> três imagens brancas,<br />

também na relva. A Virgem fala com a inocên-<br />

cia das crianças vi<strong>de</strong>ntes da aparição em Salette<br />

e os homens sérios se aproximam, olham, absor-<br />

vem-lhe a fisionomia (sic), tentam escutá-la e se<br />

vão <strong>de</strong>vagarinho (sic), calmamente, <strong>de</strong>vagarinho<br />

(sic) se afastando, com medo <strong>de</strong> perturbá-la. E<br />

sobem uma escadaria <strong>de</strong> tijolo para no tope olhar<br />

outra imagem branca da mesma Virgem, sobre<br />

uma pedra alta, voltada para o céu: os homens<br />

levantam a cabeça, olham-na, olham na direção<br />

don<strong>de</strong> vem a salvação (...) O pensamento se er-<br />

gue: sublima-se mais esta vida, pensa-se no rumo<br />

da viagem para a "Casa do Pai"... o orgulho vai<br />

caindo, a fé avolumando, tomando conta da gente.<br />

Este parece ser o milagre repetido em cada roma-<br />

ria da Salette".<br />

83


1980 - 45 a <strong>Romaria</strong><br />

Dom João Hoffmann<br />

na Missa Campal<br />

Em 1973, a 19 <strong>de</strong> setembro, por<br />

causa da chuva, não se realizou a procissão<br />

luminosa. Foi transferida para o<br />

dia 23. No sábado, véspera da <strong>Romaria</strong><br />

celebrada no dia 30, choveu<br />

muito novamente. No entanto, gran<strong>de</strong><br />

multidão acorreu ao Santuário. Dom<br />

João Hoffmann e Dom Henrique<br />

Gelain, Bispo <strong>de</strong> Vacaria, estiveram<br />

presentes.<br />

Na <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1974, houve uma extraordinária<br />

participação do povo. Cinqüenta mil<br />

ou mais peregrinos se fizeram presentes,<br />

transportados por trens especiais<br />

84<br />

e por cerca <strong>de</strong> dois mil automóveis.<br />

Mais <strong>de</strong> trinta sacerdotes atendiam as<br />

confissões. Dom João Hoffmann presidiu<br />

a celebração. O bom tempo colaborou.<br />

A 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, faleceu o<br />

Pe. Francisco Amos Connor ms, um<br />

dos iniciadores das <strong>Romaria</strong>s Saletinas,<br />

Pároco <strong>de</strong> Marcelino Ramos e Superior<br />

Provincial.<br />

Em 19<strong>75</strong>, nas celebrações em<br />

preparação ao dia 19 <strong>de</strong> setembro, a<br />

frequência dos fiéis foi muito boa. A<br />

<strong>Romaria</strong>, no dia 28, apesar da chuva<br />

na véspera, congregou mais <strong>de</strong> trinta<br />

mil peregrinos.<br />

Pela primeira vez, a revista<br />

"SALETTE", com as bênçãos do Bispo<br />

Dom João Hoffmann, publicou, em<br />

1976, um número especial para os meses<br />

<strong>de</strong> setembro e outubro, com o texto<br />

da novena "Família em <strong>Romaria</strong>", uma<br />

Novena preparatória para as celebrações<br />

saletinas. Como são muitas as <strong>Romaria</strong>s<br />

Saletinas praticadas, sobretudo<br />

no sul do <strong>Brasil</strong>, esse texto se tornou<br />

um instrumento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor<br />

para prepará-las em família ou comunida<strong>de</strong>s<br />

cristãs. A aceitação foi total.<br />

Santuários organizaram entre 300 e<br />

500 grupos <strong>de</strong> nove famílias cada um,<br />

para fazer os nove encontros previstos.<br />

Nos <strong>anos</strong> seguintes, para cada<br />

<strong>Romaria</strong>, novo texto é preparado, sempre<br />

sobre um tema central.


1977 - 42 a <strong>Romaria</strong> - Novena preparatória<br />

O tema procura refletir os gran<strong>de</strong>s problemas<br />

sócio-religiosos do momento,<br />

na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> à tradição da Igreja no<br />

<strong>Brasil</strong> e da espiritualida<strong>de</strong> saletina da<br />

qual faz parte o chamado “combate aos<br />

males contemporâneos”, traço pastoral<br />

intuído pelos primeiros sacerdotes<br />

da Congregação na década <strong>de</strong> 1850.<br />

No ano <strong>de</strong> 1976, dada a novena<br />

preparatória para o dia 19 <strong>de</strong> setembro,<br />

a missa e a procissão luminosa à<br />

noite tiveram gran<strong>de</strong> participação <strong>de</strong><br />

povo no Santuário <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

Foi um dia maravilhoso. Na noite<br />

da véspera da <strong>Romaria</strong> houve ameaça<br />

<strong>de</strong> temporal. Como não aconteceu,<br />

foi realizada a procissão luminosa.<br />

Na <strong>Romaria</strong> do dia 26 houve mais<br />

ou menos <strong>de</strong>zoito mil comunhões. Dom<br />

João Hoffmann pregou sobre a Reconciliação.<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1977, as Irmãs <strong>de</strong><br />

São José que serviram generosamente<br />

no Seminário por longos <strong>anos</strong>, <strong>de</strong>ixaram<br />

<strong>de</strong> ali trabalhar, levando a imensa<br />

gratidão <strong>de</strong> todos os membros da comunida<strong>de</strong><br />

saletina, por toda a <strong>de</strong>dicação<br />

que tiveram por eles. As solenida<strong>de</strong>s<br />

saletinas, <strong>de</strong> 19 e 25 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1977, foram preparadas com a ajuda<br />

da revista "SALETTE". O número<br />

especial com o texto da novena alcançou<br />

a tiragem <strong>de</strong> vinte e cinco mil exemplares.<br />

Aproximadamente setenta mil<br />

romeiros fizeram-se presentes.<br />

Em 1978 houve gran<strong>de</strong> solenida<strong>de</strong><br />

em razão do cinqüentenário <strong>de</strong><br />

Fundação da Paróquia <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos e o da Fundação da Escola<br />

Apostólica. No dia 24 <strong>de</strong> setembro, a<br />

<strong>Romaria</strong> se constituiu num evento maravilhoso.<br />

Aproximadamente 65 mil pessoas<br />

compareceram à solenida<strong>de</strong>, provenientes<br />

<strong>de</strong> todos os recantos do sul<br />

do <strong>Brasil</strong>. Cinco emissoras <strong>de</strong> rádio<br />

transmitiram a celebração do evento.<br />

85


Em setembro <strong>de</strong> 1979, na véspera<br />

da <strong>Romaria</strong> do dia 29, choveu e<br />

não foi possível realizar a procissão noturna.<br />

O dia 30 permaneceu nublado.<br />

O ambiente da <strong>Romaria</strong> foi, no entanto,<br />

<strong>de</strong> muita <strong>de</strong>voção, com a participação<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 mil romeiros.<br />

A <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1980 seguiu o esquema<br />

tradicional.<br />

Em 1981, Pe. Arlindo Fávero<br />

ms foi nomeado Diretor do Seminário<br />

e Santuário, e da revista "SALETTE".<br />

Empreen<strong>de</strong>dor, Pe. Arlindo, em 1983<br />

<strong>de</strong>u início a uma reforma notável no<br />

Santuário e no Seminário. Alguns <strong>anos</strong><br />

mais tar<strong>de</strong>, a cúpula do Santuário, o<br />

Santuário da Luz", o Altar Campal foram<br />

construídos. Em 2008 <strong>de</strong>u-se início<br />

à construção do "Santuário da Reconciliação",<br />

para o atendimento <strong>de</strong><br />

confissões.<br />

Em 1983, os trens <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />

circular em Marcelino Ramos, o que<br />

trouxe dificulda<strong>de</strong>s para muitos romeiros.<br />

Para a <strong>Romaria</strong>, os trens <strong>de</strong>ram<br />

lugar aos ônibus e automóveis vindos<br />

às centenas, muitos <strong>de</strong>les estacionando<br />

na margem catarinense do Rio Uruguai,<br />

uma vez que a balsa não dava<br />

conta da travessia do rio para todos.<br />

86<br />

TESTEMUNHO Pe. Claudino Lise, ms<br />

São 14 horas, anunciam os alto-falantes. O povo peregrino<br />

já está sabendo que esse é um momento especial <strong>de</strong> oração.<br />

Aglomerados diante do Santuário, ao redor do altar campal,<br />

sentados na grama, cercando as imagens, faça chuva, faça<br />

sol, o povo está unido parecendo um mar <strong>de</strong> gente. É o momento<br />

do Terço Meditado.<br />

São motivações rezadas a partir das palavras <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora em sua mensagem que pe<strong>de</strong> conversão, oração, respeito...<br />

e por sua expressão <strong>de</strong> dor. Por que a mãe chora?<br />

Um momento esperado no Terço é quando duas <strong>de</strong>zenas<br />

são rezadas pelos romeiros. São mães e pais, jovens, idosos<br />

que em fila se colocam diante dos microfones e rezam a Ave-<br />

Maria antece<strong>de</strong>ndo um pedido ou graça. É um sentimento <strong>de</strong><br />

gratidão, <strong>de</strong> pedidos, que se misturam à tristeza em rostos com<br />

lágrimas, cansados, angustiados, marcados pela violência das<br />

drogas, alcoolismo, <strong>de</strong>sprezo, <strong>de</strong>semprego, filhos <strong>de</strong>sligados<br />

da comunida<strong>de</strong>, do amor e <strong>de</strong> Deus.<br />

É o Terço, momento <strong>de</strong> oração que envolve o povo, mesmo<br />

que os sentimentos sejam diferentes. É partilha <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong><br />

reza e <strong>de</strong> confiança. Que bom viver perto da Mãe que interce<strong>de</strong><br />

por nós, junto a Deus.<br />

A RECITAÇÃO DO TERÇO<br />

2003<br />

68 a <strong>Romaria</strong>


1976<br />

43 a <strong>Romaria</strong><br />

Vista aérea<br />

no dia da<br />

<strong>Romaria</strong><br />

87


No ano <strong>de</strong> 1985, aconteceram<br />

duas particularida<strong>de</strong>s em relação à celebração<br />

da Salette:<br />

- no dia 19 <strong>de</strong> setembro não<br />

houve procissão luminosa por causa da<br />

chuva;<br />

- no dia 29, dia da comemoração<br />

cinqüentenária das romarias saletinas<br />

em Marcelino Ramos, participaram<br />

da solenida<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> trinta mil<br />

romeiros. O Car<strong>de</strong>al Arcebispo <strong>de</strong><br />

São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns<br />

ofm, Dom Ivo Lorschei<strong>de</strong>r, Bispo <strong>de</strong><br />

Santa Maria e Presi<strong>de</strong>nte da CNBB,<br />

Dom João Hoffmann, Bispo <strong>de</strong> Erechim,<br />

e Dom Urbano Algayer, Bispo<br />

<strong>de</strong> Passo Fundo, participaram da solenida<strong>de</strong>.<br />

A Paróquia São João Batista <strong>de</strong><br />

Marcelino Ramos, o Seminário e o<br />

Santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette<br />

tiveram sucessivamente laços eclesiásticos<br />

com as três Dioceses: Santa Maria,<br />

Passo Fundo e Erechim.<br />

1985 - 50 a <strong>Romaria</strong> - Dom Paulo Evaristo, Car<strong>de</strong>al Arns - Missa campal<br />

88


1985 - 50 a <strong>Romaria</strong> - Cruz erguida no átrio da <strong>Romaria</strong> comemorativo à <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> número 50<br />

Ao final da procissão luminosa<br />

<strong>de</strong> 28, à noite, o Car<strong>de</strong>al Dom Paulo<br />

Evaristo fez a pregação. Às 5hs00 do<br />

domingo, dia da <strong>Romaria</strong>, no Santuário,<br />

teve início a programação religiosa<br />

com celebração <strong>de</strong> missas sucessivas<br />

e atendimento <strong>de</strong> confissões. Às<br />

8hs00 partiu da Igreja Matriz a grandiosa<br />

procissão carregando o andor<br />

da Virgem em lágrimas e uma gran<strong>de</strong><br />

cruz <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com a inscrição das<br />

cifras "1936-1985" e do tema da <strong>Romaria</strong>:<br />

"Repartir o pão". Dom Ivo presidiu<br />

a Missa Campal, concelebrada<br />

pelos outros três Bispos presentes. O<br />

sermão foi feito novamente pelo Car<strong>de</strong>al<br />

Dom Paulo Evaristo. Às 15hs00<br />

foi dada a Bênção com o Santíssimo<br />

Sacramento e, a seguir, foi plantada no<br />

recinto do Fac-simile, a Cruz trazida<br />

na procissão da manhã. Pe. Arlindo<br />

Fávero ms, Diretor do Santuário, apresentou<br />

ao povo romeiro um terço doado<br />

pelo Papa João Paulo II aos Missionários<br />

Saletinos no <strong>Brasil</strong>. O terço foi<br />

<strong>de</strong>positado no Santuário como símbolo<br />

da bênção do Papa aos romeiros <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette.<br />

89


O dia havia começado encoberto,<br />

sem sol. Trovões se fizeram ouvir na<br />

hora da Bênção, à tar<strong>de</strong>. A chuva não<br />

<strong>de</strong>morou. Chuva <strong>de</strong> verão. Rápida. Forte<br />

como a bênção do Senhor sobre todos<br />

os peregrinos <strong>de</strong>sse dia que, impregnados<br />

<strong>de</strong> graças e <strong>de</strong> chuva, voltaram<br />

às pressas para casa.<br />

Num artigo intitulado "A 50ª <strong>Romaria</strong><br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette", em<br />

"Salette" <strong>de</strong> janeiro-fevereiro <strong>de</strong> 1986,<br />

pg. 18-19, Pe. Arlindo Fávero ms afirma:<br />

"Celebrar cinquenta <strong>anos</strong> <strong>de</strong> romarias é comemorar<br />

uma vitória. (...) É uma vitória <strong>de</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong>dicados a Deus e a serviço <strong>de</strong> seu povo. É uma ale-<br />

gria animar a fé viva do povo simples e sofredor que<br />

encontra alento e força, graças e perdão, aos pés da<br />

Virgem que chora".<br />

1993 - 58 a <strong>Romaria</strong><br />

“...Comunicai isso a<br />

todo o meu povo.”<br />

90


TESTEMUNHO Pe. Il<strong>de</strong>fonso Salva<strong>de</strong>go, ms<br />

Lembro-me com especial emoção, quando ainda jovem, em romaria, visitei<br />

o Santuário Nossa Senhora da Salette em Marcelino Ramos-RS. Fui ao encontro<br />

<strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> mim mesmo. Entre as conversas e rezas entrei na fila das<br />

confissões. Tive a graça <strong>de</strong> ser atendido por um sacerdote que paternalmente<br />

me ouviu, disse-me algumas palavras e rezou por mim. Voltei para casa feliz e<br />

saltitando, pois além <strong>de</strong> conhecer o Santuário, tão falado por todos, fui "banhado<br />

por uma água" que mudou para sempre e por completo minha tenra vida.<br />

Lembro-me que alguns <strong>anos</strong> mais tar<strong>de</strong>, quando entrei no Seminário, também<br />

em Marcelino Ramos, uma <strong>de</strong> minhas funções, nas <strong>Romaria</strong>s, como seminarista,<br />

era organizar a famosa fila das confissões: muita gente, poucos padres,<br />

aquelas filas intermináveis que não se sabia bem on<strong>de</strong> terminava uma e começava<br />

a outra.<br />

Hoje me emociono, quando, como padre, coloco-me lá naqueles confessionários<br />

e pacientemente recebo em confissão tantos peregrinos. Busco distribuir<br />

com alegria e fé a "água" do perdão e da reconciliação. Impressiono-me<br />

com a fé do povo que entra na "fila"; com que confiança as pessoas abrem o<br />

coração; com que alegria e até com lágrimas nos olhos vejo que recebem o perdão<br />

e com que emoção vivem o mistério <strong>de</strong>ste Sacramento.<br />

Para mim, participar e viver estes três momentos, foram e sempre serão,<br />

fonte <strong>de</strong> viva fé no perdão <strong>de</strong> Deus, através do Sacramento da Confissão. Confissão<br />

e <strong>Romaria</strong> da Salette são sinônimos.<br />

TRÊS MOMENTOS DE UMA GRANDE EMOÇÃO<br />

2009 - 74 a <strong>Romaria</strong><br />

Santuário da Reconciliação,<br />

em construção,<br />

local <strong>de</strong>stinado às confissões.<br />

91


1993 - 58 a <strong>Romaria</strong><br />

Dom João Hoffmann e<br />

Dom Girônimo Zanandréa<br />

Em 1986, durante o dia 19 <strong>de</strong><br />

setembro, choveu, o que motivou o número<br />

menor <strong>de</strong> romeiros. No dia 28,<br />

porém, gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> romeiros,<br />

cerca <strong>de</strong> quarenta mil, e muitos sacerdotes<br />

fizeram <strong>de</strong>sta <strong>Romaria</strong> um acontecimento<br />

admirável. O dia era aprazível.<br />

Dom Pedro Fedalto, Arcebispo<br />

<strong>de</strong> Curitiba, PR, foi o pregador oficial<br />

nesta <strong>Romaria</strong>.<br />

92<br />

Em 1987, a 10 <strong>de</strong> junho, Dom<br />

João Hoffmann celebrou seu Jubileu <strong>de</strong><br />

Prata <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nação Episcopal. O dia<br />

19 <strong>de</strong> setembro e o dia da <strong>Romaria</strong>,<br />

27, transcorreram normalmente apesar<br />

das ameaças <strong>de</strong> chuva.<br />

A 17 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1988 foi or<strong>de</strong>nado<br />

Bispo Coadjutor <strong>de</strong> Erechim,<br />

o Pe. Girônimo Zanandréa. A 26 <strong>de</strong><br />

junho foi celebrado o 60º Aniversário<br />

<strong>de</strong> fundação da Paróquia São João<br />

Batista, <strong>de</strong> Marcelino Ramos. Em setembro<br />

houve missões paroquiais.<br />

A <strong>Romaria</strong>, realizada nos dias 24 e 25<br />

<strong>de</strong> setembro, teve tempo bom. Houve muitos<br />

sacerdotes presentes com Dom Girônimo<br />

Zanandréa e povo numeroso. Muitos peregrinos<br />

vieram num trem especial <strong>de</strong> Porto<br />

União, SC.<br />

Em 1989, nada <strong>de</strong> diferente ocorreu<br />

no dia 19 <strong>de</strong> setembro. A <strong>Romaria</strong> celebrada<br />

no dia 24 <strong>de</strong> setembro, teve seu programa<br />

habitual, mas sob chuva intensa. Assim<br />

mesmo, cerca <strong>de</strong> 15 mil romeiros <strong>de</strong>la participaram.<br />

Via-se muitos segurarem seus calçados<br />

nas mãos para enfrentar o barro.


Em 1990, uma novena prece<strong>de</strong>u<br />

a celebração do dia 19 <strong>de</strong> setembro.<br />

Nesse dia se fez, como <strong>de</strong> costume, a<br />

procissão luminosa até o Santuário.<br />

Apesar do mau tempo, o número <strong>de</strong><br />

fiéis presentes ao ato, foi gran<strong>de</strong>. A <strong>Romaria</strong><br />

foi realizada nos dias 29 e 30 <strong>de</strong><br />

Tenho para comigo que um dos momentos mais fortes, emocionante e comovente, da<br />

<strong>Romaria</strong>, é assistir a encenação da aparição <strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. Dou meu testemunho<br />

como um figurante amador que teve a emoção e a alegria <strong>de</strong> ser o pequeno Maximo, no dia<br />

da aparição, em uma das encenações. Confesso o meu nervosismo ao me encontrar diante dos<br />

olhos <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> romeiros em expectativa, como quem espera voltar ao tempo <strong>de</strong> 1846, nos<br />

Alpes Franceses e reviver o que viram e ouviram aquelas duas pobres e inocente crianças.<br />

Roupas <strong>de</strong> camponesa, flores na cabeça e nos pés daquela "Bela Senhora" sentada sobre<br />

uma pedra a chorar sem parar, davam a idéia <strong>de</strong> um cenário místico, curioso e comovente.<br />

Sim, comovente, pois quem não se comove ao ver alguém chorar? E sobre tudo, sabendo tratarse<br />

<strong>de</strong> uma mãe. As lágrimas na Aparição provocam lágrimas no coração...<br />

A indignação <strong>de</strong> Maximino no primeiro momento da Aparição conclama a todos os romeiros<br />

a olharem para uma linda mulher. O convite carinhoso "Vin<strong>de</strong>, meus filhos, não tenhais medo",<br />

parece esten<strong>de</strong>r-se a cada um dos que estão ali presenciando aquela encenação. Afinal, todos<br />

nós, que tomamos conhecimento da Mensagem, nos sentimos um pouco Maximino e um pouco<br />

Melânia. As palavras ditas em seguida, pela "Bela Senhora", que por sua vez o fazia em prantos,<br />

gerava uma expectativa em cada frase, soava como um aconselhamento <strong>de</strong> mãe que<br />

inquestionavelmente falava com razão. Cada romeiro ali presente parecia enten<strong>de</strong>r sem <strong>de</strong>mais<br />

explicações que as palavras <strong>de</strong> Maria não eram direcionadas somente àquelas duas crianças,<br />

senão a cada um dos que ali estavam.<br />

O final da encenação era sempre como uma bênção <strong>de</strong> envio dirigida a cada romeiro:<br />

“Vão meus filhos, transmitam isto a todo o meu povo”.<br />

UM MOMENTO DE PURO ENCANTO<br />

TESTEMUNHO Pe. Cristian P. Oliveira, ms<br />

setembro. As celebrações "foram<br />

momentos fortes on<strong>de</strong> se percebeu<br />

a <strong>de</strong>voção, a fé e o sofrimento <strong>de</strong> um<br />

povo que, apesar das dificulda<strong>de</strong>s,<br />

não <strong>de</strong>sanima e continua sua caminhada"<br />

(LIVRO TOMBO IV da Paróquia<br />

<strong>de</strong> Marcelino Ramos, pg. 33).<br />

2007<br />

72 a <strong>Romaria</strong><br />

Encenação da<br />

Aparição


1992 - 57 a <strong>Romaria</strong><br />

Chegada da imagem<br />

1993 - 58 a <strong>Romaria</strong><br />

Momento da celebração<br />

94


1994<br />

59 a <strong>Romaria</strong><br />

Procissão<br />

O dia 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1991<br />

foi marcado pelas solenida<strong>de</strong>s costumeiras,<br />

com um número surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

peregrinos. Da <strong>Romaria</strong>, a 29 <strong>de</strong> setembro,<br />

participaram milhares <strong>de</strong> fiéis.<br />

Em 1992, o dia 19 <strong>de</strong> setembro<br />

foi celebrado com novena preparatória,<br />

missa e procissão luminosa. A participação<br />

<strong>de</strong> féis foi muito gran<strong>de</strong>. Na<br />

gran<strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>, no dia 27, cerca <strong>de</strong><br />

50 mil pessoas marcaram presença.<br />

Em 1993, entre os dias 8 a 14 e<br />

21 a 23 <strong>de</strong> setembro, Dom João<br />

Hoffmann fez nova visita pastoral à<br />

Paróquia e presidiu a <strong>Romaria</strong>.<br />

De 22 a 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1996,<br />

os Missionários <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette da Província brasileira celebraram,<br />

com uma Assembléia Provincial,<br />

no Seminário Salette, em Marcelino<br />

Ramos, o 150º aniversário da Aparição<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora.<br />

1996<br />

61 a <strong>Romaria</strong><br />

Procissão<br />

95


SESQUICENTENÁRIO<br />

O povo <strong>de</strong> Marcelino Ramos<br />

participou em multidão das cerimônias<br />

religiosas alusivas ao evento, com<br />

procissão luminosa no sábado, dia 27<br />

<strong>de</strong> janeiro e solene missa no Santuário.<br />

O dia 19 <strong>de</strong> setembro foi solenemente<br />

festejado. Para marcar o sesquicentenário<br />

da Aparição, houve uma<br />

missa às l0hs00 no Santuário, presidida<br />

por Dom Girônimo Zanandréa. O<br />

templo estava superlotado. Houve o<br />

lançamento <strong>de</strong> um selo postal comemorativo<br />

da data. No dia 29 foi realizada<br />

a <strong>Romaria</strong> apesar do mau tempo.<br />

O número <strong>de</strong> peregrinos, no entanto,<br />

foi muito gran<strong>de</strong>. Houve muitas<br />

confissões."Encerrou-se o sesquicentenário<br />

com um gran<strong>de</strong> convite para<br />

todos levarem para seus lares uma mensagem<br />

<strong>de</strong> paz, confiança e reconciliação.<br />

Somos mensageiros da reconciliação"<br />

(LIVRO TOMBO IV da Paróquia,<br />

pg. 80).<br />

O ano <strong>de</strong> 1997 iniciou com as<br />

obras <strong>de</strong> restauração da Igreja Matriz.<br />

No dia 28 <strong>de</strong> março, Sexta Feira<br />

Santa, se fez uma procissão penitencial<br />

da Igreja Matriz até o Santuário. Teve<br />

1998<br />

63 a <strong>Romaria</strong><br />

gran<strong>de</strong> sucesso religioso. O dia 19 <strong>de</strong><br />

setembro foi comemorado como <strong>de</strong><br />

hábito. O dia da <strong>Romaria</strong>, 28, porém,<br />

foi chuvoso o que não impediu a presença<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 mil romeiros.<br />

No mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1998, Dom<br />

Girônimo Zanandréa fez mais uma visita<br />

pastoral à Paróquia <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos. No encerramento da visita,<br />

Dom Girônimo quis registrar:<br />

"Um profundo agra<strong>de</strong>cimento ao Pároco, Pe. Jacintho<br />

Pasin ms, e aos Padres do Seminário Nossa Senhora<br />

da Salette e à Equipe dos Missionários Saletinos, pelo<br />

excelente trabalho pastoral que vêm realizando nesta Pa-<br />

róquia"<br />

(LIVRO TOMBO IV da Paróquia, pg. 85b)<br />

96<br />

1998<br />

63 a <strong>Romaria</strong>


TESTEMUNHO Ir. Renildo <strong>de</strong> Jesus Brito, ms<br />

Muitos são os romeiros que saem <strong>de</strong> suas casas para acompanhar <strong>de</strong> perto a <strong>de</strong>voção a Nossa<br />

Senhora da Salette em Marcelino Ramos. Essa visita, principalmente em dia <strong>de</strong> <strong>Romaria</strong>, é um<br />

sinal <strong>de</strong> muitas graças e bênçãos. Eu quero aqui, como humil<strong>de</strong> <strong>de</strong>voto, testemunhar a minha emoção<br />

e a <strong>de</strong> muitos outros, no momento em que se aproxima do Santuário, a imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette, em procissão, trazida pelos romeiros.<br />

O povo na procissão aos poucos vai chegando e se integrando aos fiéis que por ali ficam a<br />

esperar o gran<strong>de</strong> encontro com Maria. De repente em meio à multidão vem Ela, enfeitada, em meio<br />

a luzes <strong>de</strong> velas ou ornada <strong>de</strong> flores, sendo trazida nos ombros dos peregrinos. Os sinos repicam, os<br />

animadores exclamam em alta voz: "Viva Nossa Senhora da Salette, viva a Mãe <strong>de</strong> Jesus, viva a<br />

nossa Mãe!...” e todos batem palmas emocionados. Não é difícil ver no rosto <strong>de</strong> muitos, algumas<br />

lágrimas.<br />

Neste momento a sensação é que o nosso coração está em sintonia com Deus. É um momento<br />

muito importante e forte. Ela que vem para trazer mais paz, amor, bênçãos; vem para amenizar o<br />

sofrimento; vem para nos trazer conforto; vem para lembrar ao povo que Deus é puro amor.<br />

Como é lindo receber Maria, nossa mãe do céu e saber que Ela vai <strong>de</strong>rramar muitas bênçãos<br />

sobre todo o povo a seus pés. O Santuário passa a ser um pedacinho <strong>de</strong> Belém trazendo muita<br />

sauda<strong>de</strong>, alegria e esperança...<br />

A CHEGADA DA IMAGEM<br />

2004<br />

69 a <strong>Romaria</strong><br />

97


O ano <strong>de</strong> 1998 também foi marcado<br />

pelo falecimento do Bispo Emérito<br />

<strong>de</strong> Erechim, Dom João Hoffmann,<br />

no dia 27 <strong>de</strong> junho. Havia exercido o<br />

episcopado até o dia 26 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

1994, quando foi substituído por Dom<br />

Girônimo na direção da Diocese <strong>de</strong><br />

Erechim.<br />

No dia 19 <strong>de</strong> setembro, apesar<br />

do tempo ruim, compareceu muita gente<br />

nas celebrações habituais. Na noite<br />

do sábado, dia 26, embora chuvoso,<br />

foi realizada a procissão luminosa ao final<br />

da qual Dom Orlando Dotti, Bispo<br />

<strong>de</strong> Vacaria, RS, proclamou bela mensagem<br />

a todos os romeiros. No domingo,<br />

27, dia da <strong>Romaria</strong>, a inclemência<br />

do tempo não impediu a participação<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20 mil romeiros nas cerimônias.<br />

"Foi um dia <strong>de</strong> muita penitência,<br />

oração e sacrifício" (LIVRO TOM-<br />

BO IV da Paróquia, pg. 87).<br />

Em 1999, a 10 <strong>de</strong> setembro, iniciou<br />

a novena em preparação à festa<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora da Salette. O dia<br />

19, domingo, foi ensolarado. Por isso,<br />

muita gente participou das cerimônias.<br />

A <strong>Romaria</strong>, a 26 <strong>de</strong> setembro, foi precedida<br />

por um tríduo e procissão luminosa<br />

no sábado à noite, seguida da<br />

Bênção do Santíssimo Sacramento e<br />

<strong>de</strong> uma encenação da Aparição. O domingo<br />

da <strong>Romaria</strong> foi esplêndido e a<br />

multidão <strong>de</strong> romeiros foi calculada em<br />

40 mil pessoas em busca da reconciliação.<br />

1999 - 64 a <strong>Romaria</strong> - O povo em oração, junto à imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Salette, na Igreja Matriz.<br />

98


1999 - 64 a <strong>Romaria</strong><br />

Novo estacionamento,<br />

agora com pavimentação<br />

asfáltica.<br />

2003 - 68 a <strong>Romaria</strong><br />

Novo local para<br />

acen<strong>de</strong>r velas.<br />

99


NOVO MILÊNIO<br />

No ano <strong>de</strong> 2000, o dia 19 <strong>de</strong><br />

setembro foi preparado por uma novena<br />

com boa participação das comunida<strong>de</strong>s<br />

da Paróquia. O dia foi chuvoso.<br />

Assim mesmo, houve um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> fiéis <strong>de</strong>votos que participaram<br />

da Missa matinal no Santuário, do<br />

terço meditado, à tar<strong>de</strong>, no "Facsimile",<br />

da missa vespertina na Matriz<br />

e da procissão luminosa até o Santuário,<br />

à noite. Na <strong>Romaria</strong> do dia 24, o<br />

tempo foi inclemente. A chuva cessou<br />

ao meio-dia. Apesar <strong>de</strong> tudo, compareceram<br />

em torno <strong>de</strong> 15 mil romeiros.<br />

2001: O novo milênio viu um<br />

dado novo na Paróquia <strong>de</strong> Marcelino<br />

Ramos: a celebração <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

dos Navegantes, no dia 11 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

com uma procissão fluvial a partir<br />

da cida<strong>de</strong> até o novo balneário <strong>de</strong><br />

águas termais junto ao Rio Pelotas. A<br />

procissão foi encerrada com missa<br />

campal.<br />

No dia 26 <strong>de</strong> setembro, iniciou,<br />

no Santuário, o tríduo em preparação<br />

para a <strong>Romaria</strong> do dia 30, celebrada<br />

sob um tempo muito chuvoso. No entanto,<br />

a solenida<strong>de</strong> foi muito bonita e<br />

seguida com espírito <strong>de</strong> muita pieda<strong>de</strong><br />

e penitência pelos peregrinos.<br />

2000 - 65 a <strong>Romaria</strong><br />

100<br />

2002<br />

67 a <strong>Romaria</strong>


2003 - 68 a <strong>Romaria</strong><br />

Ao longo <strong>de</strong> 2002, na Igreja<br />

Matriz, o dia 19 <strong>de</strong> cada mês foi solenizado<br />

em honra a Nossa Senhora da<br />

Salette. No dia 19 <strong>de</strong> setembro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

cedo começaram a chegar <strong>de</strong>votos<br />

para as cerimônias no Santuário.<br />

Às 9hs30, a missa solene foi celebrada<br />

pelo Pe. Isidro Perin ms, Superior<br />

Geral dos Missionários Saletinos. Durante<br />

a celebração, foram entregues<br />

medalhas comemorativas do Centenário<br />

da chegada <strong>de</strong> Pe. Clemente<br />

Henrique Moussier ms, a benfeitores<br />

e colaboradores dos Missionários e a<br />

zeladores da revista "SALETTE". No<br />

domingo, 29, Dom Girônimo abençoou<br />

solenemente o novo altar campal em<br />

frente ao Santuário. Fizeram-se presentes<br />

Missionários Saletinos <strong>de</strong> 21<br />

países, para comemorar o Centenário<br />

da chegada do Pe. Moussier ms. O<br />

tempo foi favorável, o que permitiu a<br />

presença <strong>de</strong> ao menos 40 mil romeiros.<br />

2003 - 68 a <strong>Romaria</strong><br />

Altar Campal abençoado<br />

na <strong>Romaria</strong> do ano<br />

anterior (2002).<br />

101


2003 - 68 a <strong>Romaria</strong><br />

102<br />

De 2003 a 2009 as <strong>Romaria</strong>s,<br />

com tempo agradável ou chuvoso, foram<br />

realizadas sem maiores alterações<br />

no esquema tradicional. A <strong>de</strong> 2004,<br />

tratou do tema da água, fazendo eco à<br />

Campanha da Fraternida<strong>de</strong>, com o<br />

lema “Salette, fonte <strong>de</strong> Deus para a vida<br />

da humanida<strong>de</strong>”.<br />

Destaque se po<strong>de</strong> fazer à <strong>Romaria</strong><br />

<strong>de</strong> 2008 que foi consi<strong>de</strong>rada uma<br />

das maiores senão a maior já realizada.<br />

Sob um céu muito bonito, no Santuário,<br />

Dom Girônimo presidiu a celebração<br />

da missa do dia 19 e nos dias<br />

27 e 28 <strong>de</strong> setembro, à luz do tema<br />

“Vida: dom <strong>de</strong> Deus, compromisso<br />

cristão”. Ao menos 50 mil pessoas rezaram,<br />

caminharam e testemunharam<br />

o quanto “tudo é pela graça <strong>de</strong> Deus”.<br />

Em 2009, a solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Salette, a 19 <strong>de</strong> setembro,<br />

foi comemorada ao final <strong>de</strong> uma<br />

novena pregada por Missionários Saletinos,<br />

na Igreja Matriz. O dia foi muito<br />

lindo, o que permitiu muita gente se<br />

reunir para a missa matinal no Santuário,<br />

presidida por Dom Girônimo. Às<br />

18hs00, no Santuário foram cantadas


2004 - 69 a <strong>Romaria</strong> - Interior do Santuário<br />

as Vésperas do Ofício Próprio <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora da Salette. Algumas<br />

pessoas participaram do rito e se disseram<br />

encantadas. À noite, ao final da<br />

missa na Igreja Matriz, teve início a<br />

procissão luminosa em direção ao Santuário.<br />

A multidão, carregando a imagem<br />

da Virgem em lágrimas, se <strong>de</strong>teve<br />

diante do altar campal para acompanhar<br />

a encenação da Mensagem da<br />

Aparição e receber a solene Bênção<br />

do Santíssimo Sacramento. A tar<strong>de</strong> do<br />

sábado, dia 26, foi chuvosa. Mesmo<br />

assim, os preparativos prosseguiam<br />

frenéticos. Às 19hs00 houve missa<br />

na Igreja Matriz e, logo após, com<br />

tempo mais aberto, a procissão luminosa<br />

seguiu rumo à colina da Reconciliação.<br />

Houve nova representação<br />

da Mensagem, seguida da Bênção<br />

do Santíssimo Sacramento. No<br />

dia 27, o domingo da <strong>Romaria</strong>, apesar<br />

da madrugada chuvosa, o povo<br />

romeiro cresceu em número calculado<br />

em 25 ou talvez 30 mil peregrinos.<br />

Cedo as pessoas compareciam ao<br />

Santuário para participar <strong>de</strong> missas ou<br />

receber o sacramento do perdão.<br />

103


2007 - 72 a <strong>Romaria</strong><br />

2009 - 74 a <strong>Romaria</strong> - Missa das 12 horas - Bênção aos doentes no Santuário<br />

Na Igreja Matriz, ao mesmo<br />

tempo, os peregrinos abriam seu coração,<br />

<strong>de</strong>ixando-se reconciliar com<br />

Deus, reconciliação que repercute na<br />

vida da própria pessoa e no relacionamento<br />

com o próximo. Cantos e louvores<br />

a Nossa Senhora da Salette ressoavam<br />

na Igreja. Finda a missa matinal,<br />

iniciou a gran<strong>de</strong> procissão em direção<br />

ao Santuário. A lama do caminho<br />

não era empecilho para a caminhada<br />

<strong>de</strong> fé. Precedida pelos membros<br />

da Confraria <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Salette e orientada por alto-falantes, a<br />

multidão penitente, mas, jubilosa, levava<br />

aos ombros o andor da Mãe da<br />

Salette, entre hinos e preces. Muitos<br />

andavam a pés <strong>de</strong>scalços e sob guarda-chuvas.<br />

Um romeiro garbosamente<br />

ostentava um letreiro com os seguintes<br />

dizeres: "Há 43 <strong>anos</strong> venho à <strong>Romaria</strong><br />

e não estou cansado!" A imagem<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora foi acolhida com exclamações<br />

<strong>de</strong> louvação e prece e ao<br />

ruído <strong>de</strong> foguetes mesclado ao som do<br />

carrilhão <strong>de</strong> sinos do Santuário. Dom<br />

Girônimo, acolitado por diversos sacerdotes,<br />

presidiu a Missa Campal. Fez<br />

um sermão muito apreciado.<br />

Já era meio-dia. Todos tomaram<br />

seu tempo para a necessária alimentação.<br />

104


TESTEMUNHO Pe. Angelo Perin, ms<br />

Às 14hs00, porém, foram convidados<br />

a participarem da oração do<br />

Terço, no recinto do Fac-simile, seguida<br />

da Bênção do Santíssimo Sacramento,<br />

antecedida da Bênção aos doentes,<br />

individualmente concedida pelos<br />

sacerdotes presentes no Santuário.<br />

A dispersão se <strong>de</strong>u sem <strong>de</strong>longas, após<br />

a <strong>de</strong>spedida a todos. Concluía assim a<br />

74ª <strong>Romaria</strong> Penitencial a Nossa Senhora<br />

da Salette.<br />

E agora, já é mês <strong>de</strong> setembro<br />

novamente. O ano é 2010. Tudo está<br />

quase pronto para mais uma <strong>Romaria</strong>.<br />

A <strong>de</strong> número <strong>75</strong>. Esta não será muito<br />

diferente das anteriores. Aguarda-se<br />

tempo bom, mas sabe-se que se chover<br />

também será um lindo e significativo<br />

momento <strong>de</strong> vivência da fé. É bom<br />

que se diga que haverá uma novida<strong>de</strong>,<br />

será inaugurado o “Santuário da Reconciliação”,<br />

um lugar abençoado e<br />

por muito tempo aguardado. Ali muitos<br />

encontrarão a reconciliação pelo<br />

Sacramento do Perdão, já que ele está<br />

<strong>de</strong>stinado para este fim.<br />

Deus sempre foi muito bom<br />

conosco. Des<strong>de</strong> o início Ele esteve<br />

aqui, neste Santuário, juntamente com<br />

o seu povo e, nós temos a certeza, estará<br />

também aqui nos próximos <strong>75</strong><br />

<strong>anos</strong> e assim por todo o sempre...<br />

Ainda está bem viva em minha lembrança o último domingo <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1954, quando, pela primeira vez, participei da <strong>Romaria</strong><br />

da Salette em Marcelino Ramos, RS. Tinha na ocasião 8 <strong>anos</strong>. Muitas<br />

coisas me marcaram nesse dia: as celebrações, os cantos, as<br />

orações, os gestos <strong>de</strong> penitência, a fé simples e confiante <strong>de</strong> tantos<br />

romeiros... Tudo falava <strong>de</strong> Deus. Mas, o momento mais forte foi a<br />

celebração final com a exposição do Santíssimo e a bênção da saú<strong>de</strong>.<br />

Lembro-me <strong>de</strong> minha mãe, Margarida, rezando com tanta pieda<strong>de</strong>,<br />

a multidão <strong>de</strong> mãos erguidas para o alto numa gran<strong>de</strong> suplica<br />

pela saú<strong>de</strong> e pelos sofredores. Na simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criança pu<strong>de</strong> captar<br />

o anseio <strong>de</strong> vida, dom maior <strong>de</strong> Deus, no coração <strong>de</strong> cada romeiro.<br />

Mais tar<strong>de</strong> entendi melhor que a vida existe para a gente apren<strong>de</strong>r<br />

a amar e que a vida é para ser doada a exemplo da Virgem Maria,<br />

que não guardou nada para si. Foi toda <strong>de</strong> Deus e toda das pessoas.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Deus esta experiência fontalizante que continua<br />

alimentando minha vida <strong>de</strong> religioso e sacerdote saletino. Hoje, entendo<br />

melhor a eucaristia <strong>de</strong> Jesus como uma entrega <strong>de</strong> amor total<br />

"para que o mundo tenha vida"; a bênção da saú<strong>de</strong> como o anseio<br />

do ser humano que se une ao anseio <strong>de</strong> Deus que <strong>de</strong>seja "vida<br />

digna e abundante para todos". Compreendo com mais clareza a<br />

mensagem e as lágrimas <strong>de</strong> Maria em Salette: "Há tanto tempo que<br />

sofro por vós". A dor e o sofrimento no mundo são expressões da<br />

falta <strong>de</strong> amor solidário e comprometido, conforme a Boa Nova <strong>de</strong><br />

Jesus.<br />

Reportando-me novamente à <strong>Romaria</strong> <strong>de</strong> 1954, recordo-me<br />

da expressão <strong>de</strong> alegria e esperança com que os romeiros regressavam<br />

para suas casas e comunida<strong>de</strong>s. E, espontaneamente, balbucio<br />

um hino: "Pelas estradas da vida, nunca sozinho estás; contigo<br />

pelo caminho, Santa Maria vai".<br />

A BÊNÇÃO FINAL<br />

2005<br />

70 a <strong>Romaria</strong>


2009<br />

74 a <strong>Romaria</strong><br />

Andor <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora


Conclusão<br />

Como as águas do Rio<br />

Uruguai, banhando vales e quebradas,<br />

fluem mansamente em<br />

direção ao oceano sem limites,<br />

a bênção reconciliadora que<br />

brota da Salette irriga mentes<br />

e corações, frutificando em vida<br />

nova no secreto das almas<br />

peregrinas à procura do "Mar<br />

da Vida", o Infinito Deus.<br />

Des<strong>de</strong> 1846 essa bênção<br />

vem transformando pessoas e<br />

povoações. Milhares! Milhares<br />

<strong>de</strong> "filhos <strong>de</strong> Deus dispersos"<br />

(Jo 11,52) pelo mundo afora,<br />

<strong>de</strong>sgarrados do Caminho, subitamente<br />

imersos, porém, no<br />

calor das Lágrimas da Mãe da<br />

Reconciliação <strong>de</strong>rramadas junto<br />

ao regato Sézia, reencontram<br />

o horizonte do viver. E<br />

para lá seguem peregrinando.<br />

Nesse percurso se encontra o<br />

"Poço da Água Viva", no <strong>de</strong>serto<br />

da vida, junto ao caminho<br />

dos que perseguem o sonho<br />

que Deus ajuda a sonhar. É preciso<br />

caminhar mais. Caminhar<br />

sem parar! Peregrinos sempre,<br />

à sombra do Senhor que nos<br />

protege. Ao lado da Mãe que<br />

nos convoca junto a si. Convocação<br />

para a conversão a<br />

seu Filho. Reconciliados e reconciliadores,<br />

viveremos na<br />

paz que o Pai a todos <strong>de</strong>sejou<br />

na noite <strong>de</strong> Natal do Cristo Jesus,<br />

nosso Irmão, por Maria,<br />

Mãe da Reconciliação.<br />

Nessa dinâmica das<br />

"Águas da Vida" da Reconciliação,<br />

o mundo será novo também.<br />

Marcelino Ramos recebeu<br />

essa bênção dada <strong>de</strong> muitas<br />

maneiras. A <strong>Romaria</strong> Penitencial<br />

a Nossa Senhora da Salette<br />

é caminho que Deus lhe põe à<br />

disposição. Des<strong>de</strong> 1928 seus<br />

Missionários labutam nessa terra.<br />

Prepararam o chão para<br />

que, a partir <strong>de</strong> 1936, o povo<br />

se tornasse caminheiro <strong>de</strong> Maria<br />

e, entre cantos <strong>de</strong> júbilo e<br />

súplicas <strong>de</strong> misericórdia, suba<br />

até o Santuário <strong>de</strong> seu Filho e<br />

Senhor Jesus. Há <strong>75</strong> <strong>anos</strong>!<br />

Graças a Ti, Mãe! Graças<br />

ao teu e nosso Pai!<br />

107


FONTES DOCUMENTAIS :<br />

- CRÔNICAS DE UMA MISSÃO, 100 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> presença saletina no <strong>Brasil</strong>, cap. III, "A<br />

messe é gran<strong>de</strong>...", Pe. Atico Fassini MS, Editora Berthier, Passo Fundo, RS, 2001.<br />

- MARCELINO RAMOS: História e Turismo, Organizadores: Lour<strong>de</strong>s Zago Isoton e<br />

Irineu José Isoton, Editora São Cristóvão, Erechim, RS, 2006.<br />

- LIVROS TOMBO I-IV, da Paróquia São João Batista, <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

- LIVROS TOMBO I-II, da Escola Apostólica, <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

- Coleção da revista "O MENSAGEIRO DE NOSSA SENHORA DA SALETTE", <strong>de</strong>pois<br />

"Revista SALETTE", do Arquivo do Seminário <strong>de</strong> Marcelino Ramos.<br />

- DIRETÓRIO PROVINCIAL DOS SANTUÁRIOS SALETINOS, obra coletiva, sem data.<br />

- O SANTUÁRIO, Memória, Presença e Profecia do Deus Vivo, Pontifício Conselho para<br />

a pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Paulinas, 1999.<br />

- LA GALERIE DES PORTRAITS DE LA SALETTE, Pe.Victor Hostachi ms, s/d.<br />

- DIRECTOIRE SUR LA PIÉTÉ POPULAIRE ET LA LITURGIE - Príncipes et<br />

Orientations, Congrégation Pour Le Culte Divin Et La Discipline Des Sacrements,<br />

Cité du VATICAN, décembre 2001.

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