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Cristina Barreto

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Tragédia<br />

do Meco e praxes nas páginas do<br />

“New York Times”<br />

A tragŽdia do Meco e o debate pœblico sobre a praxe chamaram a aten ‹o do "New Y ork Times". Jornal<br />

analisa ainda a qualidade do ensino superior privado.<br />

Texto de Amanda Ribeiro<br />

Depois de ter relan ado o debate sobre a<br />

praxe por c‡, a tragŽdia do Meco, em que<br />

seis estudantes da Universidade Lus—fona<br />

perderam a vida em circunst‰ncias ainda por<br />

esclarecer, chegou ˆs p‡ginas do "New Y ork<br />

Times (NYT)".<br />

Num artigo intitulado "Mortes de estudantes<br />

desencadeiam debate sobre praxes nas<br />

universidades portuguesas", publicado a 18<br />

de Mar o na edi ‹o online e a 19 na<br />

impressa, Raphael Minder come a por<br />

contextualizar o ensino superior pœblico<br />

portugu s, cuja grande procura a partir de<br />

finais dos anos 80 "abriu um mercado" para<br />

as universidades privadas (um "verdadeiro<br />

neg—cio", diz ao "NYT" Pedro Lourtie,<br />

Secret‡rio de Estado do Ensino Superior<br />

durante o mandato de Ant—nio Guterres),<br />

"geralmente consideradas de menor<br />

qualidade", onde as praxes assumiram um<br />

"papel proeminente", relata o jornalista.<br />

"Ao contr‡rio das universidades norte-americanas,<br />

e outras na Europa, a praxe n‹o se<br />

limita ˆs frate rnidades ou irmandades, mas Ž<br />

sim um rito de inicia ‹o para os alunos do<br />

primeiro ano. Na universidade pœblica mais<br />

antiga de Portugal, fundada em 1290 em<br />

Coimbra, a cerca de 180 km de Lisboa, a<br />

praxe tem uma tradi ‹o forte e lend‡ria, e Ž<br />

esse o legado que as universidades com<br />

menos hist—ria tentam imitar."<br />

Esta œltima posi ‹o Ž, ali‡s, defendida ao<br />

"NYT" por JosŽ Miguel Caldas de Almeida,<br />

ex-director da Faculdade de Medicina da<br />

Universidade Nova de Lisboa, para quem os<br />

rituais que viu foram "mais violentos" do que<br />

os que testemunhou durante a guerra em<br />

çfrica enquanto mŽdico militar. "Muitas das<br />

nossas universidade, especialmente as<br />

privadas, s‹o de m‡ qualidade, por isso as<br />

pessoas tentam desesperadamente recriar o<br />

sentimento de que estudar nelas Ž algo de<br />

especial.".<br />

Praxe "cada vez mais perigosa"<br />

A morte dos seis estudantes no Meco, onde<br />

recai a "suspeita" de um ritual prax’stico, atirou<br />

o assunto para o debate na esfera pœblica,<br />

conta Raphael. Se uns encaram a praxe como<br />

um meio de "forma ‹o de 'esprit de corps'",<br />

outros afirmam que est‡ a ficar "cada vez mais<br />

perigosa".<br />

Entre os restantes entrevistados est‹o<br />

estudantes pr— e anti-praxe e a jornalista da<br />

TVI, Ana Leal, respons‡vel pela medi‡tica<br />

reconstru ‹o da tragŽdia do mŽdico. O<br />

rep—rter falou ainda com a m‹e de Pedro<br />

Negr‹o, uma das v’timas, a quem o filho ter‡<br />

dito, onze dias antes do fim-de-semana, que o<br />

encontro na casa arrendada seria para<br />

"preparar actividades de praxe".<br />

Ao "NYT", o advogado que representa a fam’lia<br />

dos estudantes desaparecidos, V’tor Parente<br />

Ribeiro, aponta o dedo ˆ Universidade<br />

Lus—fona, enquanto que a institui ‹o se afasta<br />

da polŽmica na voz de EugŽnia Vicente.<br />

Universidade<br />

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