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Cristina Barreto

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A voz delas, no digital<br />

A tecnologia de ponta est‡ hoje muito ˆ fr ente das nossas necessidades quotidianas. Isso Ž t‹o ve rdade que Ž<br />

frequente n‹o nos darmos conta de tudo o que temos ao nosso dispor tecnologicamente, a cada momento.<br />

Texto de Hugo Salvado<br />

Ao contr‡rio do que acontecia h‡ 20 ou 30 anos, quando a<br />

vanguarda tecnol—gica (ainda que a pre os exorbitantes e<br />

para um pœblico restrito) era usada em raros instrumentos<br />

e equipamentos de uso pessoal e profissional Ñ e, ainda<br />

assim, com retornos que implicavam um esfor o relevante<br />

de integra ‹o do utilizador Ñ, hoje temos a investiga ‹o e<br />

a tecnologia "state-of-the-art" muito ˆ f rente das nossas<br />

necessidades quotidianas.<br />

AlguŽm fica maravilhado com ecr‹s ÒtouchscreenÓ de 10<br />

pontos de sensibilidade? Quem Ž o homem que diz ˆ<br />

mulher/namorada que o seu ÒsmartphoneÓ integra GPS e<br />

A-GPS com cartografia online para proporcionar os<br />

servi os localizados que permitem escolher o melhor<br />

restaurante da zona ou o caminho com menos tr‰nsito<br />

para casa?<br />

Se uma pessoa disser que criou o site da sua empresa em<br />

duas horas baseado num "hosting" gratuito e uma<br />

plataforma Wordpress (com "template" tambŽm gratuito) a<br />

custo zero, isso far‡ "cair o queixo" a alguŽm?<br />

Na verdade, poderemos nem pestanejar ao saber de<br />

alguma das situa ›es acima, por que j‡ o esperamos e, ao<br />

mesmo tempo, sabemos que a investiga ‹o vai muito ˆ<br />

frente e que as necessidades comerciais das empresas e<br />

do mercado (esse monstro!) obrigam a escoar produto de<br />

n’vel tecnol—gico pouco mais que mediado, sob pena de<br />

se perder a viabilidade financeira da investiga ‹o que<br />

suporta essa evolu ‹o.<br />

O foco vira-se, portanto, para o UX/UI ("user experience/user<br />

interface") e para a utilidade e ÒagradabilidadeÓ<br />

(esta palavra existe?) dos equipamentos, das plataformas<br />

de utiliza ‹o, de tudo o que Ž suportado por via tecnol—gica,<br />

com o natural enfoque no design e na sua adaptabilidade<br />

e usabilidade por um leque, que se quer o mais<br />

amplo poss’vel, de potenciais utilizadores.<br />

Neste contexto, o "text-to-voice" e o "voice-to-text" t m<br />

vindo a entrar nas nossas vidas como facilitadores,<br />

permitindo a opera ‹o/cont rolo e interac ‹o sem o<br />

recurso ˆs m‹os, dando um novo grau de liber dade ao<br />

utilizador.<br />

Se, numa primeira fase, Žramos capazes de gravar "n"<br />

vezes a nossa voz para ter "n" contactos pass’veis de<br />

serem chamados por voz, hoje "isso j‡ Ž coisa do<br />

passado" e esperamos que o ÒsmartphoneÓ reconhe a a<br />

pessoa a quem queremos ligar pelo nome, mesmo sem<br />

nenhuma "voice tag" previamente gravada.<br />

Do mesmo modo, as instru ›es recebidas por voz n‹o se<br />

cingem ˆ voz escolhida para o softwar e de GPS, em que o<br />

vocabul‡rio Ž reduzido e focado apenas nas indica ›es de<br />

direc ‹o a toma r. Hoje, "o m’nimo que se exige" Ž ter o<br />

ÒsmartphoneÓ como assistente pessoal, que fale e oi a<br />

como uma pessoa e depois cumpra como uma m‡quina, ou<br />

seja, que seja como um escravo obediente e sem humores.<br />

Agora Ž que s‹o elas<br />

O cŽrebro humano e o comportamento que ele desenha Ž<br />

not‡vel e est‡ estudado e descrito que a compreens‹o e<br />

ÒagradabilidadeÓ da interac ‹o Ž maior com vozes femininas,<br />

por pessoas de ambos os sexos. N‹o Ž por acaso que, na<br />

esmagadora maioria dos casos, as vozes de atendimentos<br />

telef—nicos automatizados sejam femininas.<br />

Provavelmente, j‡ n‹o que remos interagir com a voz do<br />

Sonny (de "I, Robot"), do AUTO (de "Wall-E", ou mesmo os<br />

pr—prios Wall-E e EVE), do "Number 5" (do "Short Circuit",<br />

depois re-baptizado "Johnny 5"), do HAL 9000 (de "2001") e<br />

muito menos do R2D2 (de "Star Wars").<br />

Assim aconteceu, com a maior facilidade, que a Siri entrou<br />

em casa de muitos utilizadores de equipamentos Apple (e<br />

tanto se especulou para saber quem era a pessoa por<br />

detr‡s daquela voz).<br />

ƒ assim, do mesmo modo, que a Cortana se prop›e a ser a<br />

sua congŽnere nas plataformas Microsoft, para tudo o que<br />

seja receber pedidos e dar informa ‹o.<br />

Estas personagens s‹o hoje, numa primeira fase, apenas<br />

vozes. Mas n‹o Ž dif’cil adivinhar que, a curto prazo, ter‹o<br />

uma correspond ncia visual, feminina e tecnol—gica, para<br />

que homens e mulheres sintam o "empowerment real" ao<br />

mesmo tempo que t m uma experi ncia e interac ‹o<br />

agrad‡veis, simples e intuitivas.<br />

Claro, porque esta ÒagradabilidadeÓ (ainda n‹o me habituei a<br />

esta palavra!) Ž comum aos dois sexos, n‹o se pense que Ž<br />

um mero fetiche masculino (que atŽ o poder‡ ser, nalguns<br />

casos) ou algo/alguŽm como a Samantha (do filme "Her", de<br />

Spike Jonze), capaz de "conquistar o cora ‹o" do utilizado r.<br />

Cr—nica<br />

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