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A voz delas, no digital<br />
A tecnologia de ponta est‡ hoje muito ˆ fr ente das nossas necessidades quotidianas. Isso Ž t‹o ve rdade que Ž<br />
frequente n‹o nos darmos conta de tudo o que temos ao nosso dispor tecnologicamente, a cada momento.<br />
Texto de Hugo Salvado<br />
Ao contr‡rio do que acontecia h‡ 20 ou 30 anos, quando a<br />
vanguarda tecnol—gica (ainda que a pre os exorbitantes e<br />
para um pœblico restrito) era usada em raros instrumentos<br />
e equipamentos de uso pessoal e profissional Ñ e, ainda<br />
assim, com retornos que implicavam um esfor o relevante<br />
de integra ‹o do utilizador Ñ, hoje temos a investiga ‹o e<br />
a tecnologia "state-of-the-art" muito ˆ f rente das nossas<br />
necessidades quotidianas.<br />
AlguŽm fica maravilhado com ecr‹s ÒtouchscreenÓ de 10<br />
pontos de sensibilidade? Quem Ž o homem que diz ˆ<br />
mulher/namorada que o seu ÒsmartphoneÓ integra GPS e<br />
A-GPS com cartografia online para proporcionar os<br />
servi os localizados que permitem escolher o melhor<br />
restaurante da zona ou o caminho com menos tr‰nsito<br />
para casa?<br />
Se uma pessoa disser que criou o site da sua empresa em<br />
duas horas baseado num "hosting" gratuito e uma<br />
plataforma Wordpress (com "template" tambŽm gratuito) a<br />
custo zero, isso far‡ "cair o queixo" a alguŽm?<br />
Na verdade, poderemos nem pestanejar ao saber de<br />
alguma das situa ›es acima, por que j‡ o esperamos e, ao<br />
mesmo tempo, sabemos que a investiga ‹o vai muito ˆ<br />
frente e que as necessidades comerciais das empresas e<br />
do mercado (esse monstro!) obrigam a escoar produto de<br />
n’vel tecnol—gico pouco mais que mediado, sob pena de<br />
se perder a viabilidade financeira da investiga ‹o que<br />
suporta essa evolu ‹o.<br />
O foco vira-se, portanto, para o UX/UI ("user experience/user<br />
interface") e para a utilidade e ÒagradabilidadeÓ<br />
(esta palavra existe?) dos equipamentos, das plataformas<br />
de utiliza ‹o, de tudo o que Ž suportado por via tecnol—gica,<br />
com o natural enfoque no design e na sua adaptabilidade<br />
e usabilidade por um leque, que se quer o mais<br />
amplo poss’vel, de potenciais utilizadores.<br />
Neste contexto, o "text-to-voice" e o "voice-to-text" t m<br />
vindo a entrar nas nossas vidas como facilitadores,<br />
permitindo a opera ‹o/cont rolo e interac ‹o sem o<br />
recurso ˆs m‹os, dando um novo grau de liber dade ao<br />
utilizador.<br />
Se, numa primeira fase, Žramos capazes de gravar "n"<br />
vezes a nossa voz para ter "n" contactos pass’veis de<br />
serem chamados por voz, hoje "isso j‡ Ž coisa do<br />
passado" e esperamos que o ÒsmartphoneÓ reconhe a a<br />
pessoa a quem queremos ligar pelo nome, mesmo sem<br />
nenhuma "voice tag" previamente gravada.<br />
Do mesmo modo, as instru ›es recebidas por voz n‹o se<br />
cingem ˆ voz escolhida para o softwar e de GPS, em que o<br />
vocabul‡rio Ž reduzido e focado apenas nas indica ›es de<br />
direc ‹o a toma r. Hoje, "o m’nimo que se exige" Ž ter o<br />
ÒsmartphoneÓ como assistente pessoal, que fale e oi a<br />
como uma pessoa e depois cumpra como uma m‡quina, ou<br />
seja, que seja como um escravo obediente e sem humores.<br />
Agora Ž que s‹o elas<br />
O cŽrebro humano e o comportamento que ele desenha Ž<br />
not‡vel e est‡ estudado e descrito que a compreens‹o e<br />
ÒagradabilidadeÓ da interac ‹o Ž maior com vozes femininas,<br />
por pessoas de ambos os sexos. N‹o Ž por acaso que, na<br />
esmagadora maioria dos casos, as vozes de atendimentos<br />
telef—nicos automatizados sejam femininas.<br />
Provavelmente, j‡ n‹o que remos interagir com a voz do<br />
Sonny (de "I, Robot"), do AUTO (de "Wall-E", ou mesmo os<br />
pr—prios Wall-E e EVE), do "Number 5" (do "Short Circuit",<br />
depois re-baptizado "Johnny 5"), do HAL 9000 (de "2001") e<br />
muito menos do R2D2 (de "Star Wars").<br />
Assim aconteceu, com a maior facilidade, que a Siri entrou<br />
em casa de muitos utilizadores de equipamentos Apple (e<br />
tanto se especulou para saber quem era a pessoa por<br />
detr‡s daquela voz).<br />
ƒ assim, do mesmo modo, que a Cortana se prop›e a ser a<br />
sua congŽnere nas plataformas Microsoft, para tudo o que<br />
seja receber pedidos e dar informa ‹o.<br />
Estas personagens s‹o hoje, numa primeira fase, apenas<br />
vozes. Mas n‹o Ž dif’cil adivinhar que, a curto prazo, ter‹o<br />
uma correspond ncia visual, feminina e tecnol—gica, para<br />
que homens e mulheres sintam o "empowerment real" ao<br />
mesmo tempo que t m uma experi ncia e interac ‹o<br />
agrad‡veis, simples e intuitivas.<br />
Claro, porque esta ÒagradabilidadeÓ (ainda n‹o me habituei a<br />
esta palavra!) Ž comum aos dois sexos, n‹o se pense que Ž<br />
um mero fetiche masculino (que atŽ o poder‡ ser, nalguns<br />
casos) ou algo/alguŽm como a Samantha (do filme "Her", de<br />
Spike Jonze), capaz de "conquistar o cora ‹o" do utilizado r.<br />
Cr—nica<br />
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