Jornal O Claustro - 4ª ed - 2016

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pela Presidente da EFCAP, Professora Doutora Chijs van Nieuwenhuizen (da Universidade de Tilburg - Holanda), com o tema “New developments in youth forensic mental health care”, que expôs os estudos mais recentes realizados sobre a Psiquiatria e Psicologia Forense, bem como manifestou a sua preocupação com o que ainda falta explorar nestes campos de investigação. Seguidamente, os participantes no congresso foram presenteados com uns belíssimos acordes de fado e tiveram uma tarde repleta de comunicações orais, que decorreram em 6 salas simultaneamente (como anteriormente mencionado). No final do dia, os participantes foram convidados a saborear o vinho do Porto português, brindando ao bem-aventurado congresso. Segundo dia (12 de Maio) decorreu com a continuação das comunicações orais, juntamente com a exposição de posters científicos, que estavam em concurso para um prémio oferecido pela EFCAP e seriam avaliados por um júri pertencente às suas entidades. Igualmente, o segundo dia teve a participação de três keynotes de nomes convidados pelo EFCAP. entre eles o Professor Doutor Ton Liefaard (UNICEF Chair in Children’s Rights), que discursou acerca dos direitos dos jovens agressores e vítimas. Por fim, houve um jantar no restaurante da Casa da Música, no Porto, tendo sido um espaço intimista de contacto entre todos os participantes no congresso. Dia 13 de Maio, último dia, mantiveram-se as comunicações orais e a exposição de posters científicos. Pelas dezasseis horas, houve a cerimónia de encerramento do congresso, com a participação do Doutor Celso Manata (Diretor-Geral da DGRSP). Em suma, estes três dias foram fundamentais para que os vários centros de estudos dos países participantes observassem as novas tendências da investigação e trocassem experiências e ideias para o desenvolvimento e fomento de novos campos de análise. Em 2018, o 6th EFCAP Congress irá concretizar-se em Veneza (Itália), que desde já o Claustro vos convida a participar, sendo uma experiência enriquecedora a vários níveis. Rafael Henriques Ferreira interdito.fpceuc@gmail.com http://teatrointerdito.blogspot.com O Claustro Página 3
SPOT DE CULTURA As Chaves do Castelo de Nietzsche ‘’Os homens póstumos – eu, por exemplo – são mais mal compreendidos do que os homens atuais, mas melhor ouvidos. Com mais rigor: nunca somos compreendidos – e daí a nossa autoridade” Nietzsche, 1888 O texto que escrevo tem como fim entregar as chaves para as portas do castelo de Friedrich Nietzsche, aos interessados em penetrar as muralhas do pensamento do que foi um dos mais importantes filósofos da modernidade, influência de obras como as de Fernando Pessoa e Sigmund Freud. A primeira chave: Niilismo. Normalmente, o niilista é visto como aquele que nega a existência de valores e de um sentido para a vida. Todavia, essa conceção é contrária àquela que Nietzsche utiliza, quando emprega a palavra (e o pior é que não avisa o leitor de que o faz). Segundo ele, o verdadeiro niilista é aquele que nega a vida, em prole de pretensos valores superiores, sejam eles a honestidade, o altruísmo, o não-matar. A argumentação desta tese é simples: se a vida muda; se nós não somos aqueles que éramos no instante que acabou de passar; então, cunhar valores que transcendem o tempo e o espaço (o contexto), só poderá ser erróneo, negando assim o óbvio devir (movimento permanente de mudança no estado das coisas) que se manifesta aos nossos olhos. A segunda chave: Os Ideais. O ideal representa na obra nietzschiana uma contaminação da realidade. Ao possuirmos ideias formadas acerca de como deve ser a vida, tendemos a desprezar o que temos. Suponhamos que alguém tem como objetivo estudar em Harvard, porque acha que para ser fantástico precisa de se formar por essa instituição, mas tudo o que consegue é estudar em Trás-os-Montes, daqui resultará uma depreciação daquilo que tem acompanhada de uma frustração. No livro ‘’O Crepúsculo dos Ídolos’’, o filósofo defende: a destruição dos ideais; o deixar de almejar o que não se tem (porque está fora da realidade); a aceitação da realidade tal qual ela é. O amor fatido qual Nietzsche nos fala é isto mesmo, o amor pelas coisas tal qual elas são, pelo que temos e somos, com todas as suas rugas, sardas e sinais. A terceira chave: Deus Está Morto. Em ’Gaia Ciência’’, o filósofo surpreende o leitor com ‘a afirmação, ‘’Deus está morto’’, uma frase suficientemente forte para fazer cair da cadeira os leitores desprevenidos. Ao proferir estas palavras, Nietzsche denuncia o fim de uma forma de pensar que aterrorizou a humanidade durante séculos – o término da estrutura de pensamento religioso. Com a morte de Deus, conceitos como o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno, desaparecem. Desaparece também a perceção de que fora da Terra a vida é melhor do que na Terra, fulminam-se todas as formas de pensamento que opõe o real ao ideal. Chave última: O Eterno Retorno. A filosofia de Friedrich Nietzsche é gentil para quem não a segue, não há inferno, não há punição, não procura seguidores. É baseada no ‘’querer’’ pessoal. Somos por ela brindados com um mecanismo de uma genialidade incrível: O Eterno Retorno, que se baseia na sublime conceção da felicidade apresentada em ‘’Assim Falava Zaratustra’’, este livro diz-nos que a felicidade é aquele instante que queremos que dure para sempre. Viver de acordo com o Eterno Retorno significa passear pela vida fazendo somente aquilo que faríamos um número infinito de vezes, sem fórmulas, sem passado ou futuro. As obras de Nietzsche foram escritas consoante as coisas lhe vinham à cabeça, por isso não existem secções propriamente ditas em que possamos separar a moral, da beleza, de tudo o resto. Estamos em contacto com todo o pensamento nietzschiano em cada frase que lemos. Isto faz dos livros um desafio, como tal, a minha recomendação é que os potenciais leitores comecem por ler ‘’O Crepúsculo dos Ídolos’’, que poderá ser encomendado na Almedina Arco (ou requisitado na biblioteca geral). A tentação de adquirir ‘’Assim Falava Zaratustra’’, livro da moda, o apogeu da obra de Nietzsche, poderá ser grande, contudo, de que vale ler um livro que não entendemos? Rui Carreira O Claustro Página 4
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