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efletiríamos e usaríamos como base para nossa crescente confiança mútua.<br />
Comecei a dizer que pensava que o assunto estivesse resolvi<strong>do</strong>, mas Henry levou<br />
um de<strong>do</strong> aos lábios e esperou passar um casal anima<strong>do</strong> que saíra para o convés<br />
em busca de um pouco de ar.<br />
— Recebi um telegrama de minha mãe hoje de manhã — falou ele quan<strong>do</strong><br />
voltamos a ficar sozinhos no convés. — Diz que estará à minha espera no cais,<br />
acompanhada de Felicity .<br />
— Ela não pode fazer isso! — gritei, e meu coração gelou quan<strong>do</strong> compreendi<br />
o que Henry de fato me dizia. — Ela acredita que Felicity possa reconquistá-lo!<br />
Minha voz falhava, em um misto de raiva e tristeza, pois a única explicação<br />
para a atitude de sua mãe seria ela imaginar que o filho continuava solteiro.<br />
Permanecemos em silêncio por um momento, <strong>do</strong>lorosamente conscientes <strong>do</strong><br />
oceano que se estendia para um la<strong>do</strong> e para o outro. Em uma direção estava a<br />
Europa, onde eu fora tão feliz, e na outra, <strong>No</strong>va York, onde eu não sabia o que<br />
me esperava.<br />
— Você adiou demais a verdade — falei. — Isto não é justo com Felicity nem<br />
com sua mãe. Tampouco é justo comigo.<br />
Henry parecia um menino repreendi<strong>do</strong> na escola, e só lhe restou concordar.<br />
Prometeu consertar a situação logo após o almoço, mas respondi que o almoço<br />
poderia esperar e que ele deveria enviar um telegrama naquele mesmo instante.<br />
Juntos, encontramos as palavras adequadas, depois Henry me levou de volta para<br />
nossa suíte e saiu apressa<strong>do</strong>, com ar de quem estava decidi<strong>do</strong> ou alivia<strong>do</strong>, não sei<br />
qual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is. Quan<strong>do</strong> voltou, precisamos correr para não nos atrasar, de mo<strong>do</strong><br />
que só abordamos o assunto no final da refeição.<br />
— Acertei tu<strong>do</strong> — foi só o que me disse, pois no instante em que pensei em<br />
pedir detalhes, alguém bateu em seu ombro.<br />
Era o Sr. Cumberland, que parecia ter um assunto urgente a discutir. Henry,<br />
aparentemente satisfeito em vê-lo, perguntou-me se eu conseguiria encontrar o<br />
caminho para nossa cabine sozinha. Achei a pergunta estranha, pois já estávamos<br />
no navio havia mais de cinco dias.<br />
— Claro que sim — respondi, sem parar para refletir sobre suas palavras,<br />
como faço neste momento.<br />
Agora vejo o que se passou como uma prova de que Henry continuava<br />
angustia<strong>do</strong> com algo, mas talvez fosse um assunto complica<strong>do</strong> de negócios que<br />
tomava sua atenção e o preocupava. “Acertei tu<strong>do</strong>”, dissera ele, mas agora,<br />
enquanto eu contemplava o reflexo da lua que dançava acima <strong>do</strong> oceano e<br />
apertava o colete salva-vidas contra o corpo para proteger-me <strong>do</strong> vento cortante,<br />
comecei a duvidar disso.<br />
Tentei me lembrar <strong>do</strong> que o Sr. Cumberland dissera para Henry enquanto os<br />
<strong>do</strong>is se afastavam. Ele mencionara algo sobre uma pane no Marconi, o sistema<br />
de telegrafia sem fios, que o havia impedi<strong>do</strong> de concluir alguns negócios; era