Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
possuía uma boa didática e utilizava termos consagra<strong>dos</strong> <strong>da</strong> psicopatologia<br />
com novos senti<strong>dos</strong>, o que causou dificul<strong>da</strong>des na interpretação de suas ideias.<br />
O percurso profissional <strong>da</strong> autora pode ser visto como mais um exemplo <strong>da</strong><br />
pulsão vocacional.<br />
Posição esquizoparanoide – Para Klein (1974,1975,1981,1982), os acontecimentos<br />
internos e externos que ocorrem no primeiro ano de vi<strong>da</strong> são decisivos<br />
para a estrutura psicológica <strong>da</strong> criança e trazem repercussões para o resto<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa. 21, 22, 23, 24 De acordo com a autora, é evidente que, ao nascer,<br />
a criança não é capaz de compreender intelectualmente a origem <strong>dos</strong> desconfortos<br />
a que é submeti<strong>da</strong>, como o parto, a fome, o frio, a dor etc. Ela vive esses<br />
desconfortos como se fossem provoca<strong>dos</strong> por um objeto externo hostil enquanto<br />
o conforto do calor, a amamentação e o carinho materno são senti<strong>dos</strong><br />
como algo recebido de um objeto bom, caracterizando uma cisão maniqueísta<br />
entre o bom e o mau. Soma-se a isso o fato de que é no início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que os<br />
impulsos sádicos atingem o seu ápice, na forma de impulsos orais destrutivos,<br />
liga<strong>dos</strong> à pulsão de morte e cuja intensi<strong>da</strong>de depende de características inatas<br />
e do grau de frustração. Em sua fantasia, o bebê ataca o objeto e teme ser atacado<br />
como retaliação, <strong>da</strong>ndo origem à ansie<strong>da</strong>de persecutória. Quando o bebê<br />
é gratificado, há uma compensação parcial dessa ansie<strong>da</strong>de e são mobiliza<strong>dos</strong><br />
impulsos orais libidinais, liga<strong>dos</strong> à pulsão de vi<strong>da</strong>. Os impulsos destrutivos e<br />
os libidinais são projeta<strong>dos</strong> no seio e reintrojeta<strong>dos</strong> ininterruptamente até <strong>da</strong>r<br />
início à formação de uma imagem do objeto, inicialmente bastante distorci<strong>da</strong><br />
pela fantasia. O ego primitivo do bebê carece de integração e utiliza a idealização<br />
do bom objeto como defesa contra a frustração e a ansie<strong>da</strong>de persecutória.<br />
Por meio <strong>da</strong> onipotência, fantasia ter o controle <strong>dos</strong> objetos internos e<br />
externos e, através <strong>da</strong> negação, contrapõe-se à reali<strong>da</strong>de interna e externa. Pelo<br />
mecanismo <strong>da</strong> identificação projetiva projeta partes do ego, mas vai além disso,<br />
pois ataca o objeto e tenta esvaziá-lo, numa tentativa de controle e de torná-lo<br />
um prolongamento do ego. Quanto maior o componente agressivo inato <strong>da</strong><br />
criança e piores os cui<strong>da</strong><strong>dos</strong> maternos, maiores serão a ansie<strong>da</strong>de persecutória<br />
e a voraci<strong>da</strong>de, e menor a tolerância à frustração. Klein chamou a configuração<br />
psicológica descrita acima de posição esquizoparanoide.<br />
70<br />
Posição depressiva – Com o passar <strong>dos</strong> meses e com um relacionamento<br />
satisfatório com a mãe, os sentimentos amorosos (pulsão de vi<strong>da</strong>) sobrepujam<br />
os destrutivos. Como a criança começa a perceber que seu amor e ódio são<br />
dirigi<strong>dos</strong> a um mesmo objeto, a mãe, há uma redução <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de persecutória,<br />
surgem a ansie<strong>da</strong>de depressiva, a culpa e o consequente desejo de realizar a<br />
reparação <strong>dos</strong> <strong>da</strong>nos provoca<strong>dos</strong> ao bom objeto (desejo de cui<strong>da</strong>r do objeto),<br />
que é introjetado, projetado e reintrojetado segui<strong>da</strong>mente, até se estabelecer<br />
de forma consistente na criança. Com isso o ego torna-se mais integrado e