Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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Os agentes comunitários de <strong>saúde</strong> foram mais suscetíveis a presenciar violência<br />
no trabalho (Tabela 3). O que era esperado, uma vez que são os ACS que<br />
atuam na maior parte do tempo na área adscrita, diferentemente <strong>dos</strong> demais<br />
<strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> ESF. Encontramos apenas um estudo que avaliou exposição de<br />
<strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> à violência testemunha<strong>da</strong> no trabalho. Esse estudo avaliou<br />
<strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> que atuavam no atendimento domiciliar e encontrou<br />
que 8,5% presenciaram violência durante o trabalho, o que está bem abaixo <strong>da</strong><br />
porcentagem encontra<strong>da</strong> nos trabalhadores <strong>da</strong> ESF (29,5%). O fato do estudo<br />
Pandora-SP ter sido realizado no município de São Paulo, o maior centro urbano<br />
<strong>da</strong> América do Sul, que altos índices de violência urbana podem ter contribuído<br />
para a eleva<strong>da</strong> frequência de exposição à violência testemunha<strong>da</strong>.<br />
5. Propostas para o enfrentamento desses problemas<br />
Para os gestores <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> torna-se imprescindível elaborar estratégias<br />
que auxiliem o diagnóstico e o tratamento <strong>dos</strong> trabalhadores <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> com<br />
depressão, prevenindo que as repercussões <strong>da</strong> depressão afetem os trabalhadores,<br />
as organizações e os pacientes assisti<strong>dos</strong>. Além disso, os gestores e os<br />
trabalhadores <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> devem viabilizar e motivar o profissional a relatar o<br />
episódio de violência sofrido no trabalho, uma vez que a violência é muito<br />
pouco relata<strong>da</strong>, principalmente por medo, por vergonha ou por acreditar que<br />
nenhuma providência será toma<strong>da</strong> pela gestão. A constituição no ambiente<br />
de trabalho de uma rede de apoio aos trabalhadores que foram vítimas de<br />
violência seria importante para identificar os casos, conhecer os fatores que<br />
aumentam o risco desse tipo de violência e elaborar estratégias de prevenção.<br />
Esse seria o ponto de parti<strong>da</strong> para ações de prevenção <strong>da</strong> exposição à violência<br />
no trabalho e também para minimizar os efeitos dessa exposição, como os<br />
sintomas depressivos.<br />
As condições inadequa<strong>da</strong>s de trabalho e de atendimento <strong>da</strong> população, a<br />
falta de infraestrutura nos serviços de <strong>saúde</strong> e as dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s no<br />
sistema de <strong>saúde</strong>, em especial a desarticulação entre os níveis primário, secundário<br />
e terciário, contribuem para gerar conflitos entre a população assisti<strong>da</strong> e<br />
os <strong>profissionais</strong> de <strong>saúde</strong>, em especial os que atuam na ESF, que estão na porta<br />
de entra<strong>da</strong> do sistema de <strong>saúde</strong>. Assim, a melhora dessas condições é fun<strong>da</strong><strong>mental</strong><br />
para redução <strong>dos</strong> conflitos, <strong>da</strong> violência no trabalho e <strong>dos</strong> sintomas<br />
depressivos associa<strong>dos</strong> à exposição à violência.<br />
12 Saúde <strong>mental</strong> <strong>dos</strong> <strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> Estratégia Saúde <strong>da</strong> Família<br />
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