Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
Trabalho_e_saude_mental_dos_profissionais_da_saude
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gistas americanos e o aumento de suicídios; os anestesiologistas apresentam<br />
ain<strong>da</strong> probabili<strong>da</strong>de de três a quatro vezes maior de suicídio do que indivíduos<br />
<strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de na população geral. 18 De acordo com Weeks e cols., apesar<br />
desses <strong>da</strong><strong>dos</strong> alarmantes, o problema tem sido subestimado tanto nos programas<br />
de formação acadêmica como no ambiente de trabalho. 26<br />
Lutsky 27 realizou um estudo comparando o uso de drogas entre anestesiologistas,<br />
generalistas e cirurgiões. As conclusões do estudo não revelaram<br />
diferenças em relação ao uso de drogas na população geral e nem entre os<br />
três grupos.<br />
Lutsky 28 efetuou outro estudo retrospectivo de 30 anos sobre abuso de<br />
drogas entre médicos anestesiologistas, por meio do sistema de arquivos de<br />
médicos em tratamento nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>; no Serviço de Anestesiologia do<br />
Medical College de Wisconsin, entre 1958 e 1988, encontrando taxas de 96%<br />
para o uso de álcool, 31% para a Cannabis sativa e 9,4% para a cocaína. Dos<br />
anestesiologistas avalia<strong>dos</strong>, 16% foram identifica<strong>dos</strong> como dependentes. O autor<br />
descreve também uma forte presença de antecedente familiar relativo ao<br />
uso de drogas entre os anestesiologistas dependentes (37%) quando compara<strong>dos</strong><br />
ao <strong>dos</strong> não-dependentes (8%).<br />
Segundo Baird e Morgan, 29 os principais fatores de risco para o abuso de<br />
substâncias são:<br />
• estresse;<br />
• trabalhar sozinho;<br />
• fadiga crônica;<br />
• horas de trabalho prolonga<strong>da</strong>s;<br />
• acesso facilitado aos opioides.<br />
Farley e Talbott 15 desenvolveram uma teoria em que descrevem cinco mecanismos<br />
principais de “gatilho” para o uso problemático de drogas:<br />
1) fácil acesso às drogas, em ambiente externo, mas também às drogas de<br />
prescrição e às drogas ditas lícitas, como o álcool, sendo esta uma <strong>da</strong>s substâncias<br />
comumente mais consumi<strong>da</strong>s antes mesmo do uso em centro cirúrgico;<br />
2) experiências de alteração <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> de consciência: os autores descrevem<br />
que essa predisposição no início de carreira é relativamente comum na<br />
história do uso de drogas;<br />
3) estresse ocupacional: cerca de 95% descreve seu trabalho como tedioso,<br />
enquanto apenas 5% relatam sensação de grande pânico diante de situações<br />
com iminente ameaça à per<strong>da</strong> de controle;<br />
4) falta de reconhecimento profissional: embora o anestesiologista seja<br />
uma peça fun<strong>da</strong><strong>mental</strong> no setting cirúrgico, existe um sentimento de que todo<br />
o reconhecimento profissional recai sobre o cirurgião;<br />
5) “modo químico de viver”(chemical way of life): os autores descrevem o<br />
aprendizado do anestesiologista, baseado nas repeti<strong>da</strong>s experiências para controlar<br />
a dor, o cansaço, a fadiga e outros sintomas por meio de medicações<br />
8 Uso de drogas entre médicos<br />
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