18.05.2016 Views

Cultura, democracia e socialismo: as ideias de Carlos Nelson Coutinho em debate

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves. A coleção Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves.

A coleção
Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

gradual e controlada, como aliás os militares preconizaram”. I<strong>as</strong>i rel<strong>em</strong>bra<br />

a formulação <strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s acerca da “<strong><strong>de</strong>mocracia</strong> <strong>de</strong> cooptação”<br />

com a qual probl<strong>em</strong>atiza a estratégia centrada na <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> que sobressai<br />

na obra <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>. Para ele, o caráter <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>se do Estado impe<strong>de</strong> que se<br />

avance <strong>em</strong> processos <strong>de</strong>mocráticos substantivos, reiterando form<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

transformismo e <strong>de</strong> revoluções pelo alto <strong>em</strong> nosso país: o “Estado burguês<br />

continua o espaço restrito da <strong>de</strong>cisão d<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> dominantes; <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong><br />

populares e a cl<strong>as</strong>se trabalhadora continuam fora e muito longe <strong>de</strong> intervir<br />

n<strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões polític<strong>as</strong>” (p. 212).<br />

Milton T<strong>em</strong>er repisa a mesma “questão <strong>de</strong>mocrática” como probl<strong>em</strong>a<br />

central para se pensar a revolução br<strong>as</strong>ileira. Destaca a relevância do processo<br />

eleitoral <strong>em</strong> nosso país e a luta dos socialist<strong>as</strong> no Parlamento como form<strong>as</strong><br />

reais que po<strong>de</strong>m unificar <strong>as</strong> divers<strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s e <strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> estruturais<br />

que caracterizam o Br<strong>as</strong>il. T<strong>em</strong>er indaga e pol<strong>em</strong>iza: “É viável a insurreição<br />

num país como o Br<strong>as</strong>il? Na prática, e é isto o que me interessa, o que une ou<br />

qual o eixo unitário da ação do extrativista do Amazon<strong>as</strong>, do cidadão autônomo<br />

da cl<strong>as</strong>se urbana do Su<strong>de</strong>ste br<strong>as</strong>ileiro, do trabalhador operário do<br />

ABC e do gaúcho do pampa? Eu só conheço um ponto que unifica todos esses<br />

setores <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> ‘nações’ que constitu<strong>em</strong> nosso país: é a campanha<br />

presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> quatro <strong>em</strong> quatro anos” (p. 214). O jornalista e dirigente<br />

socialista sustenta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar unida<strong>de</strong> entre <strong>as</strong> esquerd<strong>as</strong> <strong>em</strong><br />

torno <strong>de</strong> lut<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> que <strong>de</strong>sconstruam o capitalismo. Afirma reivindicando<br />

uma categoria coutineana: “<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> escreveu sobre<br />

a sua formulação <strong>de</strong> reformismo revolucionário: o <strong>socialismo</strong> não começa<br />

do zero, se inicia da forma <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>sconstrói o capitalismo. É aí que se<br />

abre caminho para o <strong>socialismo</strong>. Logo, a tarefa fundamental – <strong>de</strong> acordo não<br />

só com Gramsci, m<strong>as</strong> também Lênin – é essa <strong>de</strong>sconstrução do capitalismo,<br />

com a formação d<strong>as</strong> frentes necessári<strong>as</strong> para isso, para o enfraquecimento e<br />

a divisão dos adversários, para que se estabeleça uma heg<strong>em</strong>onia <strong>de</strong> transformação<br />

qualitativa e revolucionária para o fim do capitalismo, a única saída <strong>de</strong><br />

sobrevivência para o gênero humano” (p. 222).<br />

Lúcia Neves finaliza o livro apontando a presença <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong> no <strong>de</strong>bate<br />

da Educação, indicando os três princípios norteadores <strong>de</strong> sua obra que exerceram<br />

maior influência <strong>em</strong> su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa: “o seu compromisso<br />

com a atualização do marxismo, a sua filiação a Antonio Gramsci, m<strong>as</strong> não só,<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!