18.05.2016 Views

Cultura, democracia e socialismo: as ideias de Carlos Nelson Coutinho em debate

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves. A coleção Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves.

A coleção
Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

marcaram o período, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte <strong>de</strong> Stálin e a divulgação do Relatório<br />

Kruschev até o <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático 1968, com os rumos do movimento comunista e<br />

do marxismo (inclusive no Br<strong>as</strong>il), Rodrigues consegue i<strong>de</strong>ntificar a presença<br />

<strong>de</strong>sses <strong>as</strong>pectos históricos na formação intelectual e política <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>:<br />

“sua vida e obra são partes integrantes dos longos anos 1960. Sua formação,<br />

ocorrida após a <strong>de</strong>núncia dos crimes <strong>de</strong> Stálin, foi substancialmente diferente<br />

da geração <strong>de</strong> comunist<strong>as</strong> que, entre os anos <strong>de</strong> 1930 e a primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

1950, conhecera o marxismo via manuais <strong>de</strong> divulgação do marxismo-leninismo.<br />

Tendo escapado da doutrinação stalinista (…) <strong>Coutinho</strong>, junto a<br />

outros tantos jovens comunist<strong>as</strong> do seu t<strong>em</strong>po, pô<strong>de</strong> não somente nutrir-se<br />

<strong>de</strong> um marxismo aberto e plural, m<strong>as</strong>, fundamentalmente, reencontrar a<br />

riqueza categorial <strong>de</strong> Marx” (p. 132).<br />

Na Parte II, Antonio <strong>Carlos</strong> Mazzeo abre os <strong>de</strong>bates <strong>em</strong> torno da contribuição<br />

<strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong> para pensar o Br<strong>as</strong>il: “Kon<strong>de</strong>r e <strong>Coutinho</strong> representaram<br />

a intermediação entre uma geração do marxismo br<strong>as</strong>ileiro – cuj<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong><br />

imediat<strong>as</strong> eram <strong>Nelson</strong> Werneck Sodré e Caio Padro Jr., dois magníficos<br />

intelectuais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> reflexão e produção – e uma geração renovadora<br />

que ampliou ess<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> (…). Tendo como referência <strong>as</strong> elaborações<br />

caiopra<strong>de</strong>an<strong>as</strong> Kon<strong>de</strong>r e <strong>Coutinho</strong> <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> formulações teóric<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> oxigenação, especialmente <strong>Coutinho</strong> a partir <strong>de</strong> su<strong>as</strong> reflexões<br />

sobre a cultura br<strong>as</strong>ileira, introduzindo no <strong>de</strong>bate marxista br<strong>as</strong>ileiro o corpo<br />

conceitual <strong>de</strong> György Lukács e Antonio Gramsci” (p. 141). Mazzeo <strong>de</strong>senvolve<br />

um fraterno e explícito <strong>de</strong>bate com a leitura do Br<strong>as</strong>il feita por CNC, <strong>em</strong> especial<br />

com o modo pelo qual ele manejou a categoria lenineana <strong>de</strong> “via prussiana”<br />

na análise da formação sócio-histórica br<strong>as</strong>ileira, don<strong>de</strong> se perceb<strong>em</strong><br />

leitur<strong>as</strong> certamente divergentes <strong>de</strong> Lênin e <strong>de</strong> Lukács. Em sua análise acerca<br />

do que <strong>de</strong>nomina “via prussiano-colonial” conclui: “Em consonância com <strong>as</strong><br />

análises caiopra<strong>de</strong>an<strong>as</strong>, pensamos que no grau <strong>em</strong> que se consolidou cont<strong>em</strong>poraneamente<br />

o capitalismo será impossível para um país <strong>de</strong> extração prussiano-colonial,<br />

como o Br<strong>as</strong>il, chegar a ‘etap<strong>as</strong>’ que permitam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um capitalismo autônomo e nacional” (p. 158).<br />

Marcelo Braz, <strong>em</strong> seu capítulo, mostra como CNC percebeu antecipadamente<br />

que a “questão <strong>de</strong>mocrática” ganhara força no interior do <strong>de</strong>bate do<br />

PCB <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1958, e como tal questão transformou-se n<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong><br />

no próprio centro da estratégia revolucionária, culminando na polêmica<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!