18.05.2016 Views

Cultura, democracia e socialismo: as ideias de Carlos Nelson Coutinho em debate

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves. A coleção Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves.

A coleção
Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Antonino Infranca ao final <strong>de</strong> seu capítulo afirma: “Nisto consistiu a<br />

coerência <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>: a busca constante, durante toda a<br />

vida, da verda<strong>de</strong>, busca conduzida com uma análise concreta da realida<strong>de</strong>,<br />

graç<strong>as</strong> ao método marxista que lhe permitia se <strong>de</strong>frontar s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>or algum<br />

com o novo que a realida<strong>de</strong> continuamente lhe apresentava” (p. 64). O intelectual<br />

italiano mostra que o permanente e corajoso autojulgamento que<br />

<strong>Coutinho</strong> realiza <strong>de</strong> su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> o fez manter com su<strong>as</strong> principais referênci<strong>as</strong><br />

uma relação <strong>de</strong> aprendizado e crítica. Para ele, “<strong>Coutinho</strong> usa Gramsci e<br />

Lukács, su<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> teóric<strong>as</strong>, como compl<strong>em</strong>entares, ainda que atribua<br />

a Lukács a função <strong>de</strong> referência filosófica-literária e a Gramsci a <strong>de</strong> referência<br />

política” (p. 58). A <strong>as</strong>sociação criativa que <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> faz entre <strong>as</strong><br />

contribuições <strong>de</strong> seus mestres permitiu-lhe, por ex<strong>em</strong>plo, uma “compreensão<br />

dialética da realida<strong>de</strong> br<strong>as</strong>ileira a partir <strong>de</strong> categori<strong>as</strong> genéric<strong>as</strong> como<br />

‘via prussiana’, ‘intimismo à sombra do po<strong>de</strong>r’, ‘realismo crítico’, categori<strong>as</strong><br />

lukacsian<strong>as</strong> <strong>em</strong>pregad<strong>as</strong> por <strong>Coutinho</strong> como indicações <strong>em</strong> linha <strong>de</strong> máxima<br />

abstração para uma primeira análise da socieda<strong>de</strong> civil br<strong>as</strong>ileira e do papel<br />

dos intelectuais <strong>em</strong> seu seio” (p. 57). M<strong>as</strong> Antonino Infranca discute o que<br />

consi<strong>de</strong>ra uma <strong>as</strong>sociação probl<strong>em</strong>ática d<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> “via prussiana” e<br />

“revolução p<strong>as</strong>siva”. Diz ele: “o fato que ‘via prussiana’ seja <strong>em</strong>pregada<br />

junto com ‘revolução p<strong>as</strong>siva’ <strong>de</strong>ve induzir a pensar que <strong>Coutinho</strong>, por ‘via<br />

prussiana’, quisesse usar uma alegoria, e não vis<strong>as</strong>se aplicar um mo<strong>de</strong>lo a<br />

uma realida<strong>de</strong> social tão estranha à europeia como a br<strong>as</strong>ileira – uma pura<br />

alegoria <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> um conteúdo histórico” (p. 55).<br />

José Paulo Netto afirma que <strong>em</strong> sua “mais importante obra juvenil” – para<br />

usarmos a feliz expressão cunhada por ele no título <strong>de</strong> seu capítulo – <strong>Carlos</strong><br />

<strong>Nelson</strong> enfrentou com O estruturalismo e a miséria da razão a maré montante<br />

do pensamento estruturalista nos anos 1970. O livro do jov<strong>em</strong> <strong>Coutinho</strong> “é<br />

obra essencial, absolutamente indispensável para todos os que não capitulam<br />

<strong>em</strong> face da regressão í<strong>de</strong>o-teórica que hoje impera nos círculos intelectuais<br />

da socieda<strong>de</strong> tardo-burguesa e campeia, qu<strong>as</strong>e s<strong>em</strong> limites, nos meios acadêmicos<br />

br<strong>as</strong>ileiros. E é como obra necessária, que <strong>de</strong>ve ser lida, posto que<br />

fundamental na batalha cont<strong>em</strong>porânea d<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong>; m<strong>as</strong> acrescento: é obra<br />

também insuficiente. Penso que, s<strong>em</strong> ela, encontramo-nos como que <strong>de</strong>sarmados<br />

frente à av<strong>as</strong>saladora maré da cultura regressiva; porém, apen<strong>as</strong> com<br />

ela não nos será possível a crítica radical e <strong>as</strong> proposições superador<strong>as</strong>” (p. 66).<br />

12

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!