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Cultura, democracia e socialismo: as ideias de Carlos Nelson Coutinho em debate

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves. A coleção Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

Este livro – que compila algumas das intervenções realizadas no Seminário Internacional Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo e textos de autores que não puderam participar do evento – pretende discutir o significado da obra de Carlos Nelson. Reunindo textos de renomados autores nacionais e internacionais, ele se compõe de duas partes: Marxismo, socialismo e democracia, e Luta política e luta ideológica no Brasil. Na primeira parte, os ensaios são de: Guido Liguori, Francisco Louçã, Antonio Infranca, José Paulo Netto, Michel Löwy, Mavi Rodrigues. Na segunda, escrevem Antonio Carlos Mazzeo, Marcelo Braz, Marcos Del Roio, Mauro Iasi, Milton Temer e Lúcia Maria Neves.

A coleção
Contra a corrente, que recebe o mesmo título de um livro de Carlos Nelson Coutinho – a quem se presta uma homenagem e se toma emprestado o espírito crítico e antidogmático –, é voltada para a publicação de textos sobre cultura e comunicação. Ela pretende reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas.

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MARCELO BRAZ<br />

MAVI RODRIGUES (ORGS.)<br />

<strong>Cultura</strong>, <strong><strong>de</strong>mocracia</strong><br />

e <strong>socialismo</strong>:<br />

<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>bate


A obra <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>, como um dos<br />

mais importantes intelectuais marxist<strong>as</strong>, recebe<br />

um exame instigante neste livro organizado pelos<br />

professores Marcelo Braz e Mavi Rodrigues.<br />

No pensamento social e político br<strong>as</strong>ileiro, muitos<br />

se per<strong>de</strong>m na pequena política do <strong>de</strong>bate<br />

acadêmico, sucumbidos que estão na lógica dos<br />

compartimentos da <strong>de</strong>srazão, que, <strong>em</strong> “t<strong>em</strong>pos<br />

difíceis”, não se permite discernir a essência da<br />

aparência. <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>, com a sua<br />

erudição e domínio teórico, avançou na teoria<br />

política para interpretar a realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> curso e<br />

prospectar caminhos no <strong>de</strong>bate teórico-político.<br />

Assim, tornou-se uma referência para aqueles que<br />

não se <strong>de</strong>ixam impactar por leitur<strong>as</strong> aligeirad<strong>as</strong> da<br />

teoria e da realida<strong>de</strong>, enquanto objeto <strong>em</strong>pírico.<br />

É um pensador que navega <strong>em</strong> mar revolto, cuja<br />

carta náutica se orienta na perspectiva da<br />

heg<strong>em</strong>onia proletária no processo <strong>de</strong> catarse da<br />

luta política e social. Portanto, é um intelectual<br />

que s<strong>em</strong>pre será, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> dos seus ensaios e<br />

livros, uma fonte inesgotável <strong>de</strong> polêmic<strong>as</strong> e <strong>de</strong><br />

trilh<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro do pensamento marxista.<br />

Os autores <strong>de</strong>ste livro, pela or<strong>de</strong>m do <strong>de</strong>bate<br />

colocado, o examinam como um pensador da<br />

<strong><strong>de</strong>mocracia</strong> progressiva, um intelectual orgânico<br />

que se movimenta na tática do “reformismo<br />

revolucionário”, um leitor qualificado <strong>de</strong> G. Lukács<br />

que já utilizava <strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> do mestre <strong>em</strong> seus<br />

trabalhos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, um teórico da política que<br />

construiu categori<strong>as</strong> para afirmar o pluralismo<br />

político como el<strong>em</strong>ento b<strong>as</strong>ilar para a construção<br />

da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> progressiva a partir do seu caráter<br />

<strong>de</strong> universalida<strong>de</strong>. O intérprete que particularizou<br />

a categoria da via prussiana para enten<strong>de</strong>r a<br />

formação social br<strong>as</strong>ileira, o intelectual e militante<br />

que tirou lições do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização a<br />

partir dos clássicos para aprofundar a luta <strong>de</strong><br />

cl<strong>as</strong>ses, o pensador que s<strong>em</strong>pre colocou na sua<br />

agenda <strong>de</strong> pesquisa, e na sua prática social, a<br />

questão da revolução br<strong>as</strong>ileira. É por esta or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> questões que o objeto <strong>de</strong>ste livro se tornou um<br />

clássico do pensamento político.


conselho editorial<br />

Eduardo Granja <strong>Coutinho</strong><br />

José Paulo Netto<br />

Lia Rocha<br />

Márcia Leite<br />

Mauro I<strong>as</strong>i<br />

Virgínia Fontes


<strong>Cultura</strong>, <strong><strong>de</strong>mocracia</strong><br />

e <strong>socialismo</strong>:<br />

<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>bate<br />

MARCELO BRAZ<br />

MAVI RODRIGUES (ORGS.)


Todos os direitos <strong>de</strong>sta edição reservados<br />

à MV Serviços e Editora Ltda.<br />

curadoria da coleção contra a corrente<br />

Eduardo Granja <strong>Coutinho</strong><br />

cip-br<strong>as</strong>il. catalogação na publicação<br />

sindicato nacional dos editores <strong>de</strong> livros, rj<br />

C974<br />

<strong>Cultura</strong>, <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> e <strong>socialismo</strong>: <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>bate / organização Mavi Rodrigues , Marcelo Braz. – 1. ed. – Rio <strong>de</strong> Janeiro :<br />

Mórula, 2016.<br />

248 p. ; 21 cm. (Contra a Corrente ; 2)<br />

Inclui bibliografia<br />

ISBN 978-85-65679-41-1<br />

1. <strong>Coutinho</strong>, <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>, 1943. 2. Comunismo e intelectuais – Br<strong>as</strong>il.<br />

3. Socialismo – Br<strong>as</strong>il. I. Rodrigues, Mavi. II. Braz, Marcelo.<br />

16-33133 CDD: 305.520981<br />

CDU: 316.344.32(81)<br />

R. Teotônio Regad<strong>as</strong>, 26/904 – Lapa – Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

www.morula.com.br | contato@morula.com.br


Para Luciana Reis ;<br />

para Erica e Isabella.<br />

E à “Turma <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>”, primeira<br />

turma <strong>de</strong> jovens <strong>as</strong>sentados da reforma agrária<br />

formados <strong>as</strong>sistentes sociais pela ESS/UFRJ


s u m á r i o<br />

apresentação<br />

Para <strong>de</strong>bater <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> 9<br />

MARCELO BRAZ E MAVI RODRIGUES<br />

prefácio 19<br />

IVETE SIMIONATTO<br />

p a r t e i Marxismo, <strong>socialismo</strong> e <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> 27<br />

<strong>Coutinho</strong>: “filósofo <strong>de</strong>mocrático” 29<br />

GUIDO LIGUORI<br />

Reforma, revolução<br />

e reformismo revolucionário 43<br />

FRANCISCO LOUÇÃ<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>: interlocutor<br />

e intérprete <strong>de</strong> Lukács 53<br />

ANTONINO INFRANCA<br />

A mais importante “obra juvenil”<br />

<strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> 65<br />

JOSÉ PAULO NETTO<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>, <strong>de</strong>mocrata<br />

e socialista universal 113<br />

MICHAEL LÖWY<br />

Longos anos 1960 <strong>de</strong> CNC:<br />

a renovação do marxismo e 1968 121<br />

MAVI RODRIGUES


parte ii<br />

Luta política e luta i<strong>de</strong>ológica<br />

no Br<strong>as</strong>il 137<br />

Polêmic<strong>as</strong> <strong>em</strong> torno da via prussiana<br />

no Br<strong>as</strong>il 139<br />

ANTONIO CARLOS MAZZEO<br />

Renovação pecebista e “questão<br />

<strong>de</strong>mocrática”: pontes entre 1958 e 1979 161<br />

MARCELO BRAZ<br />

A questão <strong>de</strong>mocrática:<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> n’A Voz Operária 183<br />

MARCOS DEL ROIO<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização<br />

e seus resultados: amenização ou<br />

intensificação da luta <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>ses 201<br />

MAURO LUIS IASI<br />

A revolução br<strong>as</strong>ileira: ont<strong>em</strong> e hoje 213<br />

MILTON TEMER<br />

A influência <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong><br />

na análise da política educacional br<strong>as</strong>ileira 223<br />

LÚCIA MARIA WANDERLEY NEVES<br />

bibliografia 239<br />

sobre os autores 245


a p r e s e n t a ç ã o<br />

Para <strong>de</strong>bater <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong><br />

Em set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2012 <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> faleceu. Antes <strong>de</strong>le, <strong>em</strong> junho,<br />

Aloísio Teixeira. Outros valorosos marxist<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileiros como Edmundo Di<strong>as</strong><br />

(<strong>em</strong> 2013) e Leandro Kon<strong>de</strong>r (<strong>em</strong> 2014) também se foram. Além <strong>de</strong> l<strong>em</strong>brar<br />

<strong>de</strong>sses amigos e camarad<strong>as</strong>, t<strong>em</strong>os a tarefa <strong>de</strong> mantê-los vivos através <strong>de</strong><br />

su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> e <strong>de</strong> su<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> que são parte relevante do marxismo cont<strong>em</strong>porâneo.<br />

Através <strong>de</strong> referenciais marxist<strong>as</strong> diversos eles travaram nos partidos<br />

políticos, nos movimentos sociais e n<strong>as</strong> universida<strong>de</strong>s a batalha d<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>em</strong><br />

nome e ao lado daqueles que <strong>de</strong>la foram e são historicamente excluídos: os <strong>de</strong><br />

baixo, como dizia Florestan Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Ao discutir o significado da obra <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> (CNC), este<br />

livro – que compila algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> intervenções realizad<strong>as</strong> no S<strong>em</strong>inário internacional<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> e a Renovação do Marxismo 1 e textos <strong>de</strong> autores<br />

que não pu<strong>de</strong>ram participar do evento – preten<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao<br />

trabalho intelectual <strong>de</strong> uma geração que <strong>de</strong>u o melhor <strong>de</strong> si por outro mundo.<br />

1<br />

Organizado pelo Núcleo <strong>de</strong> Estudos e Pesquis<strong>as</strong> Marxist<strong>as</strong> (NEPEM) da ESS/UFRJ e realizado<br />

<strong>de</strong> 11 a 13 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2013 no Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Agra<strong>de</strong>c<strong>em</strong>os a colaboração preciosa <strong>de</strong> todos<br />

aqueles que trabalharam no evento: os docentes Marcos Botelho, Luis Acosta, Cézar Maranhão<br />

e Henrique Wellen, os estudantes Mariana Miéres, Diogo Machado, Amanda Murta,<br />

Pablo Irio, Thays Duarte, Angélica Paixão, Luisa Viana Ferreira, e o técnico-administrativo <strong>em</strong><br />

educação Rodrigo Martins. Somos gratos, ainda, a Stefano Motta, discente da pós-graduação<br />

da ESS/UFRJ, que realizou tradução oral consecutiva da intervenção <strong>de</strong> Guido Liguori e colaborou<br />

para a primeira versão da tradução do texto do conferencista.<br />

9


Reunindo textos <strong>de</strong> renomados autores nacionais e internacionais, que<br />

analisam <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>, o livro <strong>em</strong> tela se compõe <strong>de</strong> du<strong>as</strong> partes.<br />

Na Parte I: Marxismo, <strong>socialismo</strong> e <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>, o leitor encontrará os artigos<br />

que tratam diretamente da contribuição efetiva <strong>de</strong> CNC para a renovação<br />

do marxismo, <strong>de</strong>stacando a incorporação e o uso originais que <strong>de</strong>senvolveu<br />

a partir <strong>de</strong> su<strong>as</strong> principais inspirações (Lukács e Gramsci) e a força <strong>em</strong> su<strong>as</strong><br />

formulações da relação entre <strong>socialismo</strong> e <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>. A Parte II: Luta política e<br />

luta i<strong>de</strong>ológica no Br<strong>as</strong>il é composta por textos que, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> t<strong>em</strong><strong>as</strong><br />

presentes na primeira parte, avançam para a análise da contribuição <strong>de</strong> CNC<br />

para pensar a formação sócio-histórica do Br<strong>as</strong>il, os dil<strong>em</strong><strong>as</strong> da revolução no<br />

plano da luta política e i<strong>de</strong>ológica e o legado dos clássicos do marxismo br<strong>as</strong>ileiro,<br />

como <strong>Nelson</strong> Werneck Sodré, Caio Prado Jr. e Florestan Fernan<strong>de</strong>s.<br />

O livro que apresentamos ao público 2 é marcado pela diversida<strong>de</strong> e pela<br />

diferenciabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registros que caracterizam uma coletânea. M<strong>as</strong> todos<br />

eles exploram <strong>de</strong> algum modo os <strong>as</strong>pectos que se <strong>de</strong>stacam no pensamento<br />

<strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>: o vínculo orgânico entre teoria e história, a incorporação crítica<br />

dos clássicos do marxismo e o profundo humanismo que <strong>as</strong>socia, como<br />

ressalta Guido Liguori logo no capítulo inaugural do livro, <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> e<br />

comunismo. O leitor notará que há uma articulação entre os textos estabelecida<br />

por uma abordag<strong>em</strong> que espreita o <strong>de</strong>senvolvimento teórico <strong>de</strong> CNC <strong>em</strong><br />

estreita vinculação com a dinâmica histórica <strong>em</strong> que se inseriu e travou, ao<br />

lado <strong>de</strong> tantos outros intelectuais militantes, a luta política e i<strong>de</strong>ológica pelo<br />

<strong>socialismo</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a segunda meta<strong>de</strong> do século XX aos nossos di<strong>as</strong>.<br />

Todos os autores consent<strong>em</strong> com a incontornável contribuição que <strong>Carlos</strong><br />

<strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> legou à renovação do marxismo. A releitura que fez dos clássicos<br />

da tradição marxista e <strong>as</strong> análises que buscaram enten<strong>de</strong>r o Br<strong>as</strong>il e <strong>as</strong><br />

i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> mais vinculad<strong>as</strong> à luta política atestaram seu reconhecimento intelectual<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que suscitaram acesos <strong>de</strong>bates que continuam vivos,<br />

como se verá neste livro. Seu título <strong>Cultura</strong>, <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> e <strong>socialismo</strong> quer indicar<br />

<strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s questões que estão presentes no conjunto da obra <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>,<br />

para <strong>de</strong>batê-l<strong>as</strong> com o mesmo espírito que movia o autor.<br />

2<br />

Na sequência <strong>de</strong>sta Apresentação o leitor se <strong>de</strong>parará com um excelente Prefácio redigido<br />

pela Professora Ivete Simionatto, que expõe, sucintamente, cada um dos capítulos permitindo<br />

que se tenha uma visão global d<strong>as</strong> questões trabalhad<strong>as</strong> pelos autores.<br />

10


Ao buscar enaltecer o legado <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>, Guido Liguori o perfila como<br />

um “filósofo <strong>de</strong>mocrático”, expressão com a qual preten<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar seu<br />

incansável trabalho teórico e político que o fez <strong>de</strong>spontar entre os principais<br />

estudiosos <strong>de</strong> Gramsci não apen<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il. Como enaltece Liguori, “a<br />

dimensão intelectual e a práxis política formam uma única totalida<strong>de</strong> com<br />

apen<strong>as</strong> uma motivação e objetivo: a luta pela heg<strong>em</strong>onia, ou seja, um modo<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a política como afirmação <strong>de</strong> um novo senso comum” (p. 33).<br />

Esse vínculo do trabalho intelectual com a política fez com que <strong>Coutinho</strong><br />

procur<strong>as</strong>se enten<strong>de</strong>r o mundo s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> mutação com uma atitu<strong>de</strong> crítica<br />

<strong>em</strong> relação à realida<strong>de</strong> e às su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong>, alterando-<strong>as</strong> se necessário<br />

“porque o mundo muda continuamente”. Como afirma Liguori, “foi esse,<br />

segundo <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>, o método usado por Lênin com relação a Marx, e<br />

por Gramsci com relação a Lênin, e é esse o método – afirma <strong>Coutinho</strong> – que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os usar <strong>em</strong> relação a Gramsci” (p. 37). Para o intelectual italiano, <strong>Carlos</strong><br />

<strong>Nelson</strong> foi um gramsciano militante que s<strong>em</strong>pre vinculou sua produção à luta<br />

pelo <strong>socialismo</strong> cujo alcance não se dissocia da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>.<br />

Tal inseparabilida<strong>de</strong> do <strong>socialismo</strong> e da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> é retomada por<br />

Francisco Louçã. O economista português discute a necessária e probl<strong>em</strong>ática<br />

relação <strong>de</strong>sse par. L<strong>em</strong>brando que <strong>Coutinho</strong> afirmava que “a <strong><strong>de</strong>mocracia</strong><br />

plena, consolidada”, não po<strong>de</strong>ria existir s<strong>em</strong> <strong>socialismo</strong>, observa: “o<br />

probl<strong>em</strong>a é que o diabo está nos adjetivos, e o que é uma <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> plena<br />

e consolidada não sab<strong>em</strong>os b<strong>em</strong>. Menos ainda sab<strong>em</strong>os se uma <strong><strong>de</strong>mocracia</strong><br />

ainda não ‘plena’, m<strong>as</strong> já avançada, po<strong>de</strong> existir s<strong>em</strong> <strong>socialismo</strong>” (p. 44). Eis aí<br />

um bom <strong>de</strong>bate que leva Louçã até a categoria “reformismo revolucionário”<br />

<strong>de</strong> CNC, tão fecunda <strong>em</strong> sua dialética, m<strong>as</strong> que parece se apresentar no meio<br />

do caminho entre reforma e revolução. N<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> do autor: “Reformismo<br />

revolucionário é uma coisa estranha, é um animal estranho, porque se refere<br />

simultaneamente ao meio e ao fim, ao processo e ao objetivo, e a uma contradição<br />

ou paradoxo (…). Respon<strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> que se trata <strong>de</strong><br />

aprofundar a <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>, o ‘processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização’, e <strong>de</strong>pois superar<br />

o capitalismo, dois p<strong>as</strong>sos distintos, m<strong>as</strong> no mesmo caminho” (p. 44-45). De<br />

toda forma, para Louçã, a estratégia <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>, <strong>as</strong>sentada no aprofundamento<br />

da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>, s<strong>em</strong>pre foi a <strong>de</strong> um “humanismo revolucionário”, cujo<br />

horizonte socialista, “vermelho <strong>de</strong>vagarinho”, não lhe escapou (p. 51).<br />

11


Antonino Infranca ao final <strong>de</strong> seu capítulo afirma: “Nisto consistiu a<br />

coerência <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>: a busca constante, durante toda a<br />

vida, da verda<strong>de</strong>, busca conduzida com uma análise concreta da realida<strong>de</strong>,<br />

graç<strong>as</strong> ao método marxista que lhe permitia se <strong>de</strong>frontar s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>or algum<br />

com o novo que a realida<strong>de</strong> continuamente lhe apresentava” (p. 64). O intelectual<br />

italiano mostra que o permanente e corajoso autojulgamento que<br />

<strong>Coutinho</strong> realiza <strong>de</strong> su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> o fez manter com su<strong>as</strong> principais referênci<strong>as</strong><br />

uma relação <strong>de</strong> aprendizado e crítica. Para ele, “<strong>Coutinho</strong> usa Gramsci e<br />

Lukács, su<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> teóric<strong>as</strong>, como compl<strong>em</strong>entares, ainda que atribua<br />

a Lukács a função <strong>de</strong> referência filosófica-literária e a Gramsci a <strong>de</strong> referência<br />

política” (p. 58). A <strong>as</strong>sociação criativa que <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> faz entre <strong>as</strong><br />

contribuições <strong>de</strong> seus mestres permitiu-lhe, por ex<strong>em</strong>plo, uma “compreensão<br />

dialética da realida<strong>de</strong> br<strong>as</strong>ileira a partir <strong>de</strong> categori<strong>as</strong> genéric<strong>as</strong> como<br />

‘via prussiana’, ‘intimismo à sombra do po<strong>de</strong>r’, ‘realismo crítico’, categori<strong>as</strong><br />

lukacsian<strong>as</strong> <strong>em</strong>pregad<strong>as</strong> por <strong>Coutinho</strong> como indicações <strong>em</strong> linha <strong>de</strong> máxima<br />

abstração para uma primeira análise da socieda<strong>de</strong> civil br<strong>as</strong>ileira e do papel<br />

dos intelectuais <strong>em</strong> seu seio” (p. 57). M<strong>as</strong> Antonino Infranca discute o que<br />

consi<strong>de</strong>ra uma <strong>as</strong>sociação probl<strong>em</strong>ática d<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> “via prussiana” e<br />

“revolução p<strong>as</strong>siva”. Diz ele: “o fato que ‘via prussiana’ seja <strong>em</strong>pregada<br />

junto com ‘revolução p<strong>as</strong>siva’ <strong>de</strong>ve induzir a pensar que <strong>Coutinho</strong>, por ‘via<br />

prussiana’, quisesse usar uma alegoria, e não vis<strong>as</strong>se aplicar um mo<strong>de</strong>lo a<br />

uma realida<strong>de</strong> social tão estranha à europeia como a br<strong>as</strong>ileira – uma pura<br />

alegoria <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> um conteúdo histórico” (p. 55).<br />

José Paulo Netto afirma que <strong>em</strong> sua “mais importante obra juvenil” – para<br />

usarmos a feliz expressão cunhada por ele no título <strong>de</strong> seu capítulo – <strong>Carlos</strong><br />

<strong>Nelson</strong> enfrentou com O estruturalismo e a miséria da razão a maré montante<br />

do pensamento estruturalista nos anos 1970. O livro do jov<strong>em</strong> <strong>Coutinho</strong> “é<br />

obra essencial, absolutamente indispensável para todos os que não capitulam<br />

<strong>em</strong> face da regressão í<strong>de</strong>o-teórica que hoje impera nos círculos intelectuais<br />

da socieda<strong>de</strong> tardo-burguesa e campeia, qu<strong>as</strong>e s<strong>em</strong> limites, nos meios acadêmicos<br />

br<strong>as</strong>ileiros. E é como obra necessária, que <strong>de</strong>ve ser lida, posto que<br />

fundamental na batalha cont<strong>em</strong>porânea d<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong>; m<strong>as</strong> acrescento: é obra<br />

também insuficiente. Penso que, s<strong>em</strong> ela, encontramo-nos como que <strong>de</strong>sarmados<br />

frente à av<strong>as</strong>saladora maré da cultura regressiva; porém, apen<strong>as</strong> com<br />

ela não nos será possível a crítica radical e <strong>as</strong> proposições superador<strong>as</strong>” (p. 66).<br />

12


As linh<strong>as</strong> acima dão conta do que Netto preten<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu texto: situar o leitor<br />

no t<strong>em</strong>po histórico da obra (fornecendo, inclusive, indicações biobibliográfic<strong>as</strong><br />

da trajetória <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong>), perseguir su<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> mestr<strong>as</strong><br />

para apresentar os seus fundamentos teóricos mais relevantes e inquirir sua<br />

perdurabilida<strong>de</strong> na história p<strong>as</strong>sados mais <strong>de</strong> quarenta anos. Desse tour <strong>de</strong><br />

force <strong>de</strong> Netto resulta uma conclusão lapidar sobre o livro juvenil <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>:<br />

“é medular na sua crítica <strong>de</strong> fundo ao pensamento estruturalista a tese <strong>de</strong> que<br />

este (como, aliás, tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> versões do pensamento neopositivista) t<strong>em</strong> por<br />

substrato a liquidação da dimensão ontológica na análise dos seus objetos<br />

(…). Exatamente aqui comparece o constitutivo central da elaboração <strong>de</strong><br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>: <strong>de</strong>sconhecendo <strong>as</strong> formulações da então inédita Ontologia do<br />

ser social, apoiado apen<strong>as</strong> <strong>em</strong> sumári<strong>as</strong> e episódic<strong>as</strong> indicações lukacsian<strong>as</strong>,<br />

ele foi capaz <strong>de</strong> conduzir uma operação crítico-analítica inteiramente consequente<br />

com o espírito do último Lukács” (p. 77).<br />

Para Michael Löwy, <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> foi “o inventor – no sentido alquímico<br />

da palavra – do que se po<strong>de</strong>ria chamar um marxismo <strong>de</strong>mocrático-socialista<br />

br<strong>as</strong>ileiro, <strong>de</strong> inspiração gramsciana” (p. 114). Retomando o <strong>de</strong>bate <strong>em</strong> torno<br />

do famoso ensaio A <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> como valor universal, <strong>de</strong> 1979, Löwy afirma que<br />

seu significado vai b<strong>em</strong> além daquela conjuntura, uma vez que “coloca questões<br />

fundamentais para a teoria marxista e se inspira <strong>em</strong> du<strong>as</strong> d<strong>as</strong> principais<br />

referênci<strong>as</strong> do marxismo revolucionário no século XX: a teoria gramsciana da<br />

heg<strong>em</strong>onia por consenso e a <strong>de</strong>fesa da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> socialista por Rosa Lux<strong>em</strong>burgo,<br />

<strong>em</strong> sua (fraternal) crítica a Lênin e Trotsky, <strong>em</strong> 1918” (p. 115). Sugere,<br />

com boa dose <strong>de</strong> ineditismo, uma influência que é pouco comentada <strong>de</strong> Rosa<br />

Lux<strong>em</strong>burgo sobre CNC: “a dívida <strong>de</strong> CNC com Gramsci é suficient<strong>em</strong>ente<br />

documentada, m<strong>as</strong> a relação com Rosa Lux<strong>em</strong>burgo é menos conhecida”<br />

(i<strong>de</strong>m). O apontamento talvez não ganh<strong>as</strong>se acolhida do próprio <strong>Coutinho</strong>,<br />

abrindo um bom campo <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates sobre a pertinência da<br />

afirmação. A l<strong>em</strong>brança <strong>de</strong>ssa influência lux<strong>em</strong>burgueana seria, inclusive,<br />

para Löwy, a alternativa para o fortalecimento da luta socialista <strong>em</strong> contraposição<br />

à <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> universal que acabou por converter-se numa via intermédia<br />

entre form<strong>as</strong> institucionais burgues<strong>as</strong> e a forma socialista.<br />

Mavi Rodrigues encerra a Parte I com um capítulo que perscruta os<br />

caminhos que cruzam a trajetória <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> com o que Hobsbawn<br />

chamou <strong>de</strong> os longos anos 60. Ao relacionar os principais acontecimentos que<br />

13


marcaram o período, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte <strong>de</strong> Stálin e a divulgação do Relatório<br />

Kruschev até o <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático 1968, com os rumos do movimento comunista e<br />

do marxismo (inclusive no Br<strong>as</strong>il), Rodrigues consegue i<strong>de</strong>ntificar a presença<br />

<strong>de</strong>sses <strong>as</strong>pectos históricos na formação intelectual e política <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>:<br />

“sua vida e obra são partes integrantes dos longos anos 1960. Sua formação,<br />

ocorrida após a <strong>de</strong>núncia dos crimes <strong>de</strong> Stálin, foi substancialmente diferente<br />

da geração <strong>de</strong> comunist<strong>as</strong> que, entre os anos <strong>de</strong> 1930 e a primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

1950, conhecera o marxismo via manuais <strong>de</strong> divulgação do marxismo-leninismo.<br />

Tendo escapado da doutrinação stalinista (…) <strong>Coutinho</strong>, junto a<br />

outros tantos jovens comunist<strong>as</strong> do seu t<strong>em</strong>po, pô<strong>de</strong> não somente nutrir-se<br />

<strong>de</strong> um marxismo aberto e plural, m<strong>as</strong>, fundamentalmente, reencontrar a<br />

riqueza categorial <strong>de</strong> Marx” (p. 132).<br />

Na Parte II, Antonio <strong>Carlos</strong> Mazzeo abre os <strong>de</strong>bates <strong>em</strong> torno da contribuição<br />

<strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong> para pensar o Br<strong>as</strong>il: “Kon<strong>de</strong>r e <strong>Coutinho</strong> representaram<br />

a intermediação entre uma geração do marxismo br<strong>as</strong>ileiro – cuj<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong><br />

imediat<strong>as</strong> eram <strong>Nelson</strong> Werneck Sodré e Caio Padro Jr., dois magníficos<br />

intelectuais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> reflexão e produção – e uma geração renovadora<br />

que ampliou ess<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> (…). Tendo como referência <strong>as</strong> elaborações<br />

caiopra<strong>de</strong>an<strong>as</strong> Kon<strong>de</strong>r e <strong>Coutinho</strong> <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> formulações teóric<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> oxigenação, especialmente <strong>Coutinho</strong> a partir <strong>de</strong> su<strong>as</strong> reflexões<br />

sobre a cultura br<strong>as</strong>ileira, introduzindo no <strong>de</strong>bate marxista br<strong>as</strong>ileiro o corpo<br />

conceitual <strong>de</strong> György Lukács e Antonio Gramsci” (p. 141). Mazzeo <strong>de</strong>senvolve<br />

um fraterno e explícito <strong>de</strong>bate com a leitura do Br<strong>as</strong>il feita por CNC, <strong>em</strong> especial<br />

com o modo pelo qual ele manejou a categoria lenineana <strong>de</strong> “via prussiana”<br />

na análise da formação sócio-histórica br<strong>as</strong>ileira, don<strong>de</strong> se perceb<strong>em</strong><br />

leitur<strong>as</strong> certamente divergentes <strong>de</strong> Lênin e <strong>de</strong> Lukács. Em sua análise acerca<br />

do que <strong>de</strong>nomina “via prussiano-colonial” conclui: “Em consonância com <strong>as</strong><br />

análises caiopra<strong>de</strong>an<strong>as</strong>, pensamos que no grau <strong>em</strong> que se consolidou cont<strong>em</strong>poraneamente<br />

o capitalismo será impossível para um país <strong>de</strong> extração prussiano-colonial,<br />

como o Br<strong>as</strong>il, chegar a ‘etap<strong>as</strong>’ que permitam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um capitalismo autônomo e nacional” (p. 158).<br />

Marcelo Braz, <strong>em</strong> seu capítulo, mostra como CNC percebeu antecipadamente<br />

que a “questão <strong>de</strong>mocrática” ganhara força no interior do <strong>de</strong>bate do<br />

PCB <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1958, e como tal questão transformou-se n<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong><br />

no próprio centro da estratégia revolucionária, culminando na polêmica<br />

14


apresentada no ensaio A <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> como valor universal, <strong>de</strong> 1979. Retomando<br />

um <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> fundo que o ensaio suscita, explora os nexos históricos<br />

que enlaçam <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong> às discussões no interior do movimento<br />

comunista br<strong>as</strong>ileiro e internacional a partir do final dos anos 1950, articulando<br />

<strong>as</strong> polêmic<strong>as</strong> às respost<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> que a realida<strong>de</strong> exigia dos comunist<strong>as</strong>.<br />

Braz percorre os <strong>em</strong>bates no interior do PCB para levantar os pontos<br />

<strong>de</strong> virag<strong>em</strong> que levaram ao processo <strong>de</strong> renovação pecebista. Seu objetivo no<br />

capítulo é “apresentar, <strong>de</strong> modo sintético, o <strong>de</strong>bate <strong>em</strong> torno d<strong>as</strong> posições<br />

adotad<strong>as</strong> pelo PCB após 1956 a partir <strong>de</strong> alguns dos estudos mais conhecidos<br />

e do exame parcial dos documentos do partido. A intenção é apen<strong>as</strong> fornecer<br />

um quadro aproximativo que permita vincular, <strong>de</strong> algum modo, <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong><br />

expost<strong>as</strong> por <strong>Coutinho</strong> <strong>em</strong> 1979 com os dil<strong>em</strong><strong>as</strong> que os comunist<strong>as</strong> enfrentaram<br />

a partir <strong>de</strong> 1956” (p. 162).<br />

O capítulo escrito por Marcos Del Roio explora <strong>as</strong> posições <strong>de</strong> CNC publicad<strong>as</strong><br />

na Voz Operária, veículo do PCB, entre os anos 1977 e 1979, até chegar à<br />

polêmica do “valor universal” da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong>. Del Roio preten<strong>de</strong> “bosquejar <strong>as</strong><br />

formulações <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> sobre a questão <strong>de</strong>mocrática no Br<strong>as</strong>il<br />

<strong>em</strong> alguns artigos escritos na Voz Operária entre 1977 e 1979, quando usou o<br />

pseudônimo <strong>de</strong> Josimar Teixeira, e no ensaio que publicou <strong>em</strong> 1979, com o<br />

título <strong>de</strong> A <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> como valor universal, que suscitou muita polêmica” (p.<br />

184). E i<strong>de</strong>ntifica que <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> “a<strong>de</strong>re às concepções teóric<strong>as</strong> e polític<strong>as</strong><br />

que o PCI vinha <strong>de</strong>senvolvendo, inclusive certa leitura da obra <strong>de</strong> Gramsci que<br />

lhe dava suporte. No PCB forjou-se uma vertente que exatamente tinha o PCI<br />

por referência, isso no que toca a valorização da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> como ban<strong>de</strong>ira<br />

e como escopo e uma posição crítica mais dura frente ao chamado “<strong>socialismo</strong><br />

real”. <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> foi uma d<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> intelectuais mais<br />

importantes <strong>de</strong>ssa vertente, que predominou por certo t<strong>em</strong>po na elaboração<br />

do mensário Voz Operária, o porta-voz do partido” (p. 199).<br />

Já o capítulo <strong>de</strong> Mauro I<strong>as</strong>i apresenta um <strong>de</strong>bate com <strong>Coutinho</strong> especialmente<br />

no que diz respeito ao acento estratégico revolucionário posto<br />

na centralida<strong>de</strong> da “questão <strong>de</strong>mocrática” face aos limites da institucionalida<strong>de</strong><br />

burguesa n<strong>as</strong> condições br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>. Para ele, “<strong>de</strong>mocratização da socieda<strong>de</strong><br />

br<strong>as</strong>ileira resultou não no enfraquecimento da heg<strong>em</strong>onia burguesa e<br />

na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma contra-heg<strong>em</strong>onia proletária, m<strong>as</strong>, ao contrário,<br />

completou e consolidou a heg<strong>em</strong>onia burguesa no Br<strong>as</strong>il <strong>de</strong> maneira lenta,<br />

15


gradual e controlada, como aliás os militares preconizaram”. I<strong>as</strong>i rel<strong>em</strong>bra<br />

a formulação <strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s acerca da “<strong><strong>de</strong>mocracia</strong> <strong>de</strong> cooptação”<br />

com a qual probl<strong>em</strong>atiza a estratégia centrada na <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> que sobressai<br />

na obra <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong>. Para ele, o caráter <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>se do Estado impe<strong>de</strong> que se<br />

avance <strong>em</strong> processos <strong>de</strong>mocráticos substantivos, reiterando form<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

transformismo e <strong>de</strong> revoluções pelo alto <strong>em</strong> nosso país: o “Estado burguês<br />

continua o espaço restrito da <strong>de</strong>cisão d<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> dominantes; <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong><br />

populares e a cl<strong>as</strong>se trabalhadora continuam fora e muito longe <strong>de</strong> intervir<br />

n<strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões polític<strong>as</strong>” (p. 212).<br />

Milton T<strong>em</strong>er repisa a mesma “questão <strong>de</strong>mocrática” como probl<strong>em</strong>a<br />

central para se pensar a revolução br<strong>as</strong>ileira. Destaca a relevância do processo<br />

eleitoral <strong>em</strong> nosso país e a luta dos socialist<strong>as</strong> no Parlamento como form<strong>as</strong><br />

reais que po<strong>de</strong>m unificar <strong>as</strong> divers<strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s e <strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> estruturais<br />

que caracterizam o Br<strong>as</strong>il. T<strong>em</strong>er indaga e pol<strong>em</strong>iza: “É viável a insurreição<br />

num país como o Br<strong>as</strong>il? Na prática, e é isto o que me interessa, o que une ou<br />

qual o eixo unitário da ação do extrativista do Amazon<strong>as</strong>, do cidadão autônomo<br />

da cl<strong>as</strong>se urbana do Su<strong>de</strong>ste br<strong>as</strong>ileiro, do trabalhador operário do<br />

ABC e do gaúcho do pampa? Eu só conheço um ponto que unifica todos esses<br />

setores <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> ‘nações’ que constitu<strong>em</strong> nosso país: é a campanha<br />

presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> quatro <strong>em</strong> quatro anos” (p. 214). O jornalista e dirigente<br />

socialista sustenta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar unida<strong>de</strong> entre <strong>as</strong> esquerd<strong>as</strong> <strong>em</strong><br />

torno <strong>de</strong> lut<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> que <strong>de</strong>sconstruam o capitalismo. Afirma reivindicando<br />

uma categoria coutineana: “<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> escreveu sobre<br />

a sua formulação <strong>de</strong> reformismo revolucionário: o <strong>socialismo</strong> não começa<br />

do zero, se inicia da forma <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>sconstrói o capitalismo. É aí que se<br />

abre caminho para o <strong>socialismo</strong>. Logo, a tarefa fundamental – <strong>de</strong> acordo não<br />

só com Gramsci, m<strong>as</strong> também Lênin – é essa <strong>de</strong>sconstrução do capitalismo,<br />

com a formação d<strong>as</strong> frentes necessári<strong>as</strong> para isso, para o enfraquecimento e<br />

a divisão dos adversários, para que se estabeleça uma heg<strong>em</strong>onia <strong>de</strong> transformação<br />

qualitativa e revolucionária para o fim do capitalismo, a única saída <strong>de</strong><br />

sobrevivência para o gênero humano” (p. 222).<br />

Lúcia Neves finaliza o livro apontando a presença <strong>de</strong> <strong>Coutinho</strong> no <strong>de</strong>bate<br />

da Educação, indicando os três princípios norteadores <strong>de</strong> sua obra que exerceram<br />

maior influência <strong>em</strong> su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa: “o seu compromisso<br />

com a atualização do marxismo, a sua filiação a Antonio Gramsci, m<strong>as</strong> não só,<br />

16


à tradição humanista e historicista do marxismo, e a ênf<strong>as</strong>e no consenso e<br />

na heg<strong>em</strong>onia como form<strong>as</strong> <strong>de</strong> dominação política <strong>de</strong> cl<strong>as</strong>se n<strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s<br />

oci<strong>de</strong>ntais ou <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntalização” (p. 226). Neves l<strong>em</strong>bra a<br />

atitu<strong>de</strong> generosa e terna com que <strong>Coutinho</strong> discutia su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>em</strong> palestr<strong>as</strong><br />

e aul<strong>as</strong> e <strong>de</strong>staca a influência <strong>de</strong> su<strong>as</strong> reflexões na análise da política educacional<br />

br<strong>as</strong>ileira cont<strong>em</strong>porânea, mostrando como su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> foram <strong>de</strong>terminantes<br />

para a elaboração <strong>de</strong> conceitos no campo da educação, don<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>staca o <strong>de</strong> “pedagogia da heg<strong>em</strong>onia”.<br />

Os el<strong>em</strong>entos sumariados acima justificam o subtítulo <strong>de</strong>ssa coletânea<br />

– Para <strong>de</strong>bater <strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>. A forma como CNC procurou incorporar,<br />

criticamente, <strong>as</strong> lições <strong>de</strong> seus mestres é a mesma que <strong>de</strong>ve conduzir<br />

nossa tarefa ao <strong>de</strong>bater su<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong>. Se vivo, ele certamente não objetaria<br />

a discutir, com a honestida<strong>de</strong> e a simplicida<strong>de</strong> que lhe eram própri<strong>as</strong>, <strong>as</strong><br />

divers<strong>as</strong> interpretações da sua obra compilad<strong>as</strong> nesta coletânea, ainda que<br />

estivesse <strong>em</strong> <strong>de</strong>sacordo com el<strong>as</strong>.<br />

Lisboa/Rio <strong>de</strong> Janeiro, outubro <strong>de</strong> 2015.<br />

marcelo braz e mavi rodrigues<br />

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s o b r e o s a u t o r e s<br />

GUIDO LIGUORI<br />

Professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cosenza, Itália. Redator-chefe da revista Crítica<br />

Marxista. Autor <strong>de</strong> Gramsci conteso. Storia di um dibattito 1922 – 1996 (Roma,<br />

Riuniti, 1996).<br />

FRANCISCO LOUÇÃ<br />

Doutor <strong>em</strong> Economia pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Economia e Gestão da<br />

Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa. Professor Catedrático na mesma instituição,<br />

m<strong>em</strong>bro do Bloco <strong>de</strong> Esquerda. Autor, entre outros, <strong>de</strong> Portugal<br />

Agrilhoado. A economia cruel na era do FMI. Lisboa: Bertrand Editora, 2011<br />

e coautor <strong>de</strong> Os Burgueses. Qu<strong>em</strong> são, como viv<strong>em</strong>, como mandam. Lisboa:<br />

Betrand Editora, 2014.<br />

ANTONIO INFRANCA<br />

Filósofo italiano, colaborador da revista italiana Critica Marxista. Autor, entre<br />

outros, <strong>de</strong> O outro oci<strong>de</strong>nte. Sete ensaios sobre a Filosofia da Libertação. Bauru:<br />

Projeto Editorial Práxis, 2014; e <strong>de</strong> Trabalho, indivíduo e história: o conceito <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>em</strong> Lukács, publicado pela Boit<strong>em</strong>po também <strong>em</strong> 2014.<br />

JOSÉ PAULO NETTO<br />

Professor Emérito da Escola <strong>de</strong> Serviço Social da UFRJ. Professor da Escola<br />

Nacional Florestan Fernan<strong>de</strong>s. Autor <strong>de</strong>, entre os mais recentes, Pequena<br />

história da ditadura br<strong>as</strong>ileira (1964-1985). São Paulo: Cortez, 2014 e da antologia<br />

O leitor <strong>de</strong> Marx. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Br<strong>as</strong>ileira, 2012.<br />

245


MICHEL LÖWY<br />

Intelectual br<strong>as</strong>ileiro que vive <strong>em</strong> Paris on<strong>de</strong> é professor. T<strong>em</strong> divers<strong>as</strong><br />

obr<strong>as</strong> divulgad<strong>as</strong> <strong>em</strong> vári<strong>as</strong> língu<strong>as</strong>. Sua longa bibliografia inclui títulos como<br />

Re<strong>de</strong>nção e utopia. O judaísmo libertário na Europa Central. São Paulo: Cia. d<strong>as</strong><br />

Letr<strong>as</strong>, 1989; A evolução política <strong>de</strong> Lukács: 1909-1929. São Paulo: Cortez, 1998;<br />

A teoria da revolução no jov<strong>em</strong> Marx. Petrópolis: Vozes: 2002.<br />

MAVI RODRIGUES<br />

Professora Associada da ESS/UFRJ on<strong>de</strong> foi diretora entre 2010-2014. Pesquisadora<br />

do Núcleo <strong>de</strong> Estudos e Pesquis<strong>as</strong> Marxist<strong>as</strong> (NEPEM). Publicou<br />

diversos artigos <strong>em</strong> periódicos da área <strong>de</strong> Serviço Social.<br />

ANTONIO CARLOS MAZZEO<br />

Professor dos Program<strong>as</strong> <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> História Econômica – Departamento<br />

<strong>de</strong> História, FFLCH/USP e Serviço Social – PUC/SP. Autor, <strong>de</strong>ntre<br />

outros, <strong>de</strong> Sinfonia Inacabada. A política dos comunist<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il. São Paulo:<br />

Boit<strong>em</strong>po, Marília: UNESP, 1999.<br />

MARCELO BRAZ<br />

Professor Associado da ESS/UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo <strong>de</strong><br />

Estudos e Pesquis<strong>as</strong> Marxist<strong>as</strong>) e professor colaborador da ENFF (Escola<br />

Nacional Florestan Fernan<strong>de</strong>s). Publicou, <strong>de</strong>ntre outros, Partido e revolução.<br />

1848-1989. São Paulo: Expressão Popular, 2011; <strong>em</strong> coautoria com J. P. Netto<br />

Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2013, 9ª edição.<br />

MARCOS DEL ROIO<br />

Marcos Del Roio é professor <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Polític<strong>as</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia<br />

e Ciênci<strong>as</strong> da Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista (Unesp). Autor <strong>de</strong> vári<strong>as</strong><br />

obr<strong>as</strong>. Organizou o recente Georg Lukács e a <strong>em</strong>ancipação humana. São Paulo:<br />

Boit<strong>em</strong>po, 2014.<br />

246


MAURO LUIS IASI<br />

Mauro Luis I<strong>as</strong>i é Professor Adjunto da ESS da UFRJ, do Núcleo <strong>de</strong> Estudos<br />

e Pesquis<strong>as</strong> Marxist<strong>as</strong> (NEPEM) <strong>de</strong>ssa instituição, educador do NEP 13 <strong>de</strong><br />

Maio e do CC do PCB. Autor, <strong>de</strong>ntre outros, <strong>de</strong> Ensaios sobre consciência e<br />

<strong>em</strong>ancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007.<br />

MILTON TEMER<br />

Jornalista, oficial da Marinha expurgado <strong>em</strong> 1964, teve <strong>de</strong>stacada intervenção<br />

na luta interna do PCB no exílio, vinculado à corrente “renovadora”, da qual<br />

fez parte CNC. De volta ao país após a Anistia, participou ativamente d<strong>as</strong><br />

lut<strong>as</strong> da esquerda e foi du<strong>as</strong> vezes eleito <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral pelo PT. É hoje uma<br />

d<strong>as</strong> li<strong>de</strong>ranç<strong>as</strong> nacionais do PSOL.<br />

LÚCIA MARIA WANDERLEY NEVES<br />

Docente aposentada pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco (UFPE).<br />

M<strong>em</strong>bro do grupo <strong>de</strong> pesquisa Coletivo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Política Educacional<br />

(Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico/Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora - CNPQ/UFJF).<br />

247


1ª edição maio 2016<br />

impressão rotaplan<br />

papel miolo offwhite 80g/m 2<br />

papel capa cartão supr<strong>em</strong>o 300g/m 2<br />

tipografia abril e freight


A velocida<strong>de</strong> dos atos cont<strong>em</strong>porâneos, a<br />

resignação acadêmica, a penitência intelectual <strong>de</strong><br />

uma parte da esquerda e a longa <strong>de</strong>cadência da<br />

socieda<strong>de</strong> do capital, <strong>em</strong> sua crise sistêmica, têm<br />

impactado <strong>as</strong> reflexões que, diante d<strong>as</strong> contradições<br />

do t<strong>em</strong>po presente, convert<strong>em</strong> a investigação social<br />

e política numa afirmação do projeto da or<strong>de</strong>m.<br />

Nesse cenário tão referenciado na mediocrida<strong>de</strong><br />

d<strong>as</strong> questões pequen<strong>as</strong> <strong>de</strong> pesquisa, a pauta d<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>mand<strong>as</strong> científic<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> está muito<br />

distante da ignorância vicejante. Seus trabalhos<br />

são amplamente conhecidos, contribuindo <strong>de</strong><br />

forma relevante para a introdução <strong>de</strong> Gramsci e<br />

Lukács no Br<strong>as</strong>il, avançando inclusive com<br />

reconhecimento internacional na interpretação da<br />

obra do marxista italiano. Para além <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate,<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> apresentou um acervo<br />

inovador no campo da crítica literária sobre obr<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> autores br<strong>as</strong>ileiros e estrangeiros. Contudo,<br />

não po<strong>de</strong>mos nos esquecer da sua militância<br />

política, iniciada no Partido Comunista Br<strong>as</strong>ileiro<br />

(PCB), seguida no PT e <strong>de</strong>pois no PSOL. Foi como<br />

militante comunista que a ditadura o perseguiu,<br />

levando-o ao exílio. Esteve n<strong>as</strong> lut<strong>as</strong> pel<strong>as</strong><br />

liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong> e pelo fim da ditadura<br />

burgo-militar.<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> foi um intelectual original.<br />

Des<strong>de</strong> muito cedo esteve presente n<strong>as</strong> lut<strong>as</strong> sociais<br />

e, como militante, enten<strong>de</strong>u que <strong>as</strong> transformações<br />

<strong>de</strong> fundo que a socieda<strong>de</strong> br<strong>as</strong>ileira precisava tinha<br />

que ser a pauta d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> preocupações teóric<strong>as</strong>. É<br />

<strong>de</strong>ste intelectual, hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> e batalh<strong>as</strong>, que<br />

este livro <strong>de</strong>seja informar.<br />

MILTON PINHEIRO


As i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong> <strong>Coutinho</strong> continuam produzindo férteis <strong>de</strong>bates.<br />

Formulações teóric<strong>as</strong> po<strong>de</strong>ros<strong>as</strong>, feit<strong>as</strong> no calor da hora, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre foram<br />

b<strong>em</strong> compreendid<strong>as</strong> e, t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong>pois, continuaram suscitando apropriações<br />

surpreen<strong>de</strong>ntes. É o c<strong>as</strong>o do conhecidíssimo ensaio “A <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> como valor<br />

universal” (1979) que gerou interpretações raivos<strong>as</strong> e equivocad<strong>as</strong> que atribuíam<br />

ao autor o elogio acrítico da <strong><strong>de</strong>mocracia</strong> burguesa, uma reconciliação com a<br />

realida<strong>de</strong>. Outros, numa direção contrária, transformaram o “valor universal”<br />

<strong>em</strong> “valor <strong>de</strong> troca”: moeda para a<strong>de</strong>rir ao status quo.<br />

O conjunto <strong>de</strong> ensaios que compõ<strong>em</strong> este livro repõe a questão <strong>de</strong>mocrática <strong>em</strong><br />

seu <strong>de</strong>vido lugar: uma estratégica <strong>de</strong> transição para o <strong>socialismo</strong> e parte integrante<br />

<strong>de</strong> referênci<strong>as</strong> teóric<strong>as</strong> utilizad<strong>as</strong> por <strong>Carlos</strong> <strong>Nelson</strong>, “figura <strong>de</strong> exceção”.<br />

CELSO FREDERICO<br />

9 78 8 5 6 5 6 7 9 411<br />

ISBN 978856567941-1

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