Amok – Cabeça, tronco e membros
Em seu novo livro, Benett reúne tirinhas de Amok, personagem criado em 2007. O garoto não suporta pessoas felizes e quer comer a família com pesto. Mas, acredite, você irá simpatizar muito com ele. Como apresenta Critovão Tezza na quarta capa, “Benett é um artista raro que não tem medo de seus temas, como se comprova nas tiras exemplares de Amok. Abrem-se grandes e densas perguntas – Deus, a morte, a solidão, o terror – que ele, desconcertante, põe a nu em três linhas e duas palavras. É um adulto que reaprende a infância sem o manto da censura; e o paradoxo da inocência assim revelada, a sua graça a um tempo cruel e leve, revela-se uma chave secreta e saborosa para reler o mundo”.
Em seu novo livro, Benett reúne tirinhas de Amok, personagem criado em 2007. O garoto não suporta pessoas felizes e quer comer a família com pesto. Mas, acredite, você irá simpatizar muito com ele.
Como apresenta Critovão Tezza na quarta capa, “Benett é um artista raro que não tem medo de seus temas, como se comprova nas tiras exemplares de Amok. Abrem-se grandes e densas perguntas – Deus, a morte, a solidão, o terror – que ele, desconcertante, põe a nu em três linhas e duas palavras. É um adulto que reaprende a infância sem o manto da censura; e o paradoxo da inocência assim revelada, a sua graça a um tempo cruel e leve, revela-se uma chave secreta e saborosa para reler o mundo”.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Amok</strong> é um cara estranho cheio de<br />
ideias negativas. <strong>Amok</strong> é um cara que chupa<br />
corações humanos e planeja explodir todas as<br />
pessoas felizes. <strong>Amok</strong> faz bolhinhas de sabão<br />
em forma de caveira.<br />
No entanto, <strong>Amok</strong> parece um cara legal. Como<br />
isso é possível?<br />
Como um cara que quer comer sua família<br />
com pesto pode ainda parecer simpático?<br />
Bem, a verdade é que é difícil levar a sério um ser<br />
das trevas que usa moletom de gorrinho. O traço<br />
gentil e o texto elegante de Benett transformam<br />
qualquer psicopata em algo suave. Mesmo seus<br />
assassinatos parecem quase singelos.<br />
Sim, esse é o segredo de <strong>Amok</strong>. O segredo de<br />
<strong>Amok</strong> é que <strong>Amok</strong> não convence ninguém.<br />
Fernando Gonsales
Sempre perguntam se o <strong>Amok</strong> é autobiográfico e eu digo que<br />
não, obviamente. Mas vá saber. Algumas características dele são, sim, autobiográficas<br />
e outras nem tanto. Por exemplo, assim como o <strong>Amok</strong>, eu adoro molho pesto. Mas ao<br />
contrário dele, nunca tive vontade de comer cérebros, apesar de também achar que<br />
qualquer coisa com pesto fica bom.<br />
As primeiras tiras do <strong>Amok</strong> surgiram em 2007. Elas estão neste livro e vocês poderão<br />
reconhecê-las pelo estilo mais tosco. A maioria das tiras, no entanto, foi desenhada<br />
especialmente para este livro durante surtos de ansiedade, angústia e um desejo louco<br />
de ter uma serra elétrica.<br />
Boa parte da inspiração do <strong>Amok</strong> vem das influências que outros autores exerceram<br />
sobre mim. Holden Caulfield, o personagem de O apanhador no campo de centeio,<br />
famoso livro de J. D. Salinger, foi uma das possíveis inspirações para o <strong>Amok</strong>. Outra foi<br />
Edward Gorey e seus desenhos sinistros e escuros. E a capa deste livro é inspirada em<br />
um desenho de Charles Addams, o criador da Família Addams.<br />
Este livro é dedicado a uma pessoa muito importante que se foi, Victor E. Folquening.<br />
E para outra, que acabou de chegar, Gabriel Santin de Macedo.
10
11
1 a edição agosto 2013<br />
impressão rotaplan<br />
papel miolo offset 90g/m 2<br />
papel capa cartão supremo 300g/m 2
www.morula.com.br<br />
O traço de Benett é desses milagres de síntese que em poucas linhas<br />
desdobram camadas de humor e sentido, com um texto que, também sempre<br />
exato, bate direto na alma e na intimidade de quem vê e lê. Benett é um artista<br />
raro que não tem medo de seus temas, como se comprova nas tiras<br />
exemplares de <strong>Amok</strong>. Abrem-se grandes e densas perguntas <strong>–</strong> Deus, a morte,<br />
a solidão, o terror <strong>–</strong> que ele, desconcertante, põe a nu em três linhas e duas<br />
palavras. É um adulto que reaprende a infância sem o manto da censura;<br />
e o paradoxo da inocência assim revelada, a sua graça a um tempo cruel<br />
e leve, revela-se uma chave secreta e saborosa para reler o mundo.<br />
CRISTOVÃO TEZZA