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Cosquinhas ou Jhapaçõis_Paulo Vitor Grossi (2016)_

Avisa o autor: aquém preconceitos, esta obra trata de abusos. Aqui temos sequelas de um passado ilusório. As pessoas precisam mudar, urge o tempo de uma vida limpa! Alterar-se sem saber é trair a real magnificência da Natureza (e nossa existência) Bruto das “Jhapaçõis” – versão original retirada do manuscrito em caderno. Do esboço de 2010 “Flora de si”, não sei quantos contos rápidos entre Idmid e Iai E o título por si só já um caso, completo. Em seu total, tudo escrito no bairro de Buenafurego (NMB). Inéditos pela nova casa. Toda própria.

Avisa o autor: aquém preconceitos, esta obra trata de abusos. Aqui temos sequelas de um passado ilusório. As pessoas precisam mudar, urge o tempo de uma vida limpa!
Alterar-se sem saber é trair a real magnificência da Natureza (e nossa existência)
Bruto das “Jhapaçõis” – versão original retirada do manuscrito em caderno. Do esboço de 2010
“Flora de si”, não sei quantos contos rápidos entre Idmid e Iai
E o título por si só já um caso, completo. Em seu total, tudo escrito no bairro de Buenafurego (NMB). Inéditos pela nova casa. Toda própria.

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COSQUINHAS


AS COSQUINHAS OU JHAPAÇÕIS


Para você, que adquire um destes livros na forma física:<br />

O preço (quando não, apreço!) terreno atribuído às obras<br />

do presente autor apenas se justificam pelos meios de<br />

produção e sua posterior divulgação. A fé em Deus, à Luz<br />

e ao Bem Comum, é e sempre será o intuito desta vida,<br />

por enquanto durarem seus dias.<br />

Agradeço a todos a oportunidade, e que nossos erros<br />

possam ser perdoados.


<strong>Paulo</strong> <strong>Vitor</strong> <strong>Grossi</strong> é escritor e músico independente,<br />

public<strong>ou</strong> entre <strong>ou</strong>tros títulos o romance “c a c t u s”,<br />

além do argumento de “Amor, Ódio, Redenção e Morte” e<br />

a novela/roteiro “Casa de Praia”. Particip<strong>ou</strong> grupos de<br />

música ALICE, íO, Instrumental Vox, SAEM e Ummantra.<br />

Pela Poesia, lanç<strong>ou</strong> a conferência de “Amerê” e a<br />

experiência em diversas línguas, CIRCULAR<br />

Página Oficial Google+ Y<strong>ou</strong>tube Facebook


Avisa o autor: aquém preconceitos, esta obra trata de<br />

abusos. Aqui temos sequelas de um passado ilusório. As<br />

pessoas precisam mudar, urge o tempo de uma vida limpa!<br />

Alterar-se sem saber é trair a real magnificência da<br />

Natureza (e nossa existência)


Bruto das “<strong>Jhapaçõis</strong>” – versão original retirada do<br />

manuscrito em caderno. Do esboço de 2010


“Flora de si”, não sei quantos contos rápidos entre Idmid<br />

e Iai<br />

E o título por si só já um caso, completo. Em seu total,<br />

tudo escrito no bairro de Buenafurego (NMB). Inéditos pela<br />

nova casa. Toda própria.


"A verdadeira viagem não está em sair à<br />

procura de novas paisagens, mas em<br />

possuir novos olhos"<br />

(Marcel,<br />

aquele... o Pr<strong>ou</strong>st)


TORTIN TRISTIN TIN-TIN<br />

Então, em Buenafurego, a 13 de Janeiro do ano de 2010 e<br />

os 5 grandes desejos são: 1) NÃO FALIR! 2) SER UM<br />

ESGRIMOR FAMOSO… E, se tudo der errado: 3) Virar<br />

caminhoneiro, 4) Ou pescador de salmão no Chile, (….....)<br />

5) Ficar andarilho. Mas não volto para a casa da minha<br />

mãe, arruinado, com dívidas astronômicas; nem termino o<br />

melhor livro da Literatura Brasileira dos últimos tempos<br />

nem escondo nada de vocês 6) Me tornar lenhador no<br />

Canadá? Mas aí construo minha cabana; lembro dos filhos<br />

sem criação pelos caminhos que deixei; morro isolado e<br />

esquecido e desconhecido, igualmente na mais completa<br />

miséria 7) Ateiam fogo ao meu presunto em via pública e<br />

estas cinzas são devolvidas aos familiares (desejo macabro,<br />

opa!) 8) Dias depois, amigos e ex-comparsas atiram ao<br />

vento tudo o que sobr<strong>ou</strong> de matéria no Deserto do<br />

Atacama. Aí começa a merda. Minha, <strong>ou</strong> nossa, foi-se.<br />

Assino,<br />

Idmid


“Era um quintal muito grande e no<br />

final tinha uma piscina, nas tardes<br />

sem aula… ensolaradas, delas”<br />

ACQUA VITAE POR..........!<br />

Ah, as semanas de chuva da adolescência. Dias sem banho,<br />

os cabelos sebosos, a água tanto fina quanto grossa, meias<br />

sujas e leseira. Eu <strong>ou</strong>via Rocão e escrevia um romance<br />

sobre sonhos.<br />

E os heróis jaspioneses lutando contra um vilão melado de<br />

magma, aquela lava, nem da l<strong>ou</strong>ça nos servíamos nós os<br />

iniciantes – quem também não foi relaxado uma vez na<br />

vida com essas l<strong>ou</strong>ças!? A terra viva, as forças emanavam<br />

da infância. E todas as semanas via um pedaço da fita dos<br />

Totóixtore que meu tio\padrinho deu no Natal – quanta<br />

tradição – de sei lá que anos dos antigos antes 2000!!!<br />

Agora caio numa casa de estranhos nesse mundo sem<br />

família. Me suportam, pois visito. Ou, s<strong>ou</strong> um agregado.<br />

Todos inalam e eu também nessa consequência. Parece que<br />

não ligam muito, e estão bem de comida e refrescos, deve<br />

ser uma pensão. Assim s<strong>ou</strong>, aqui e ali! Sempre me<br />

movendo. S<strong>ou</strong> o Rei da Passagem!! E tenho companhia,<br />

ela é uma boa garota essa a minha, e fluía assim sem<br />

sabermos.<br />

Vivo no mundo da... lua? Minha menina é que compra a<br />

janta. Não s<strong>ou</strong> como os <strong>ou</strong>tros homens, só caí dos céus e<br />

me sustentam.<br />

Trocando a água por qualquer bagulho, mas bebendo uns<br />

gorós às vezes, sinto que v<strong>ou</strong> cada vez mais


acomodando.... E minhas forças me escapam pelas mãos<br />

grudadas, mas poderia tanto.<br />

Engordurado, devo largar este livro nos confins da<br />

memória, agora, gasta é a voz de Marjuna. São tantas as<br />

dores cerebrais desconexas e l<strong>ou</strong>ca fic<strong>ou</strong> minha<br />

perplexidade.


FUMAR PELADO! HUUU.... AHH..<br />

É como naquelas cenas de filmes pornôs dos anos setenta,<br />

busca aí na Internet! Sempre estiloso e machão e dono da<br />

parada. Eu s<strong>ou</strong> o cara. O cigarro é o único adorno. Às<br />

vezes até rola um cordão fininho de <strong>ou</strong>ro, <strong>ou</strong> uma pulseira<br />

grossa, <strong>ou</strong> mesmo aqueles anéis de bicheiro – sabe, com<br />

uma bolinha de esmeralda no meio. Fumar pelado é uma<br />

das maiores sensações de poder que existe: eu e uma<br />

mulher linda à minha frente, após um ótimo sexo,<br />

cabuloso s<strong>ou</strong> o Rei, o que so<strong>ou</strong>. Teu homem! E pai, filho<br />

e esse que te faz MULHER!<br />

O apê é meu, pra gente... de volta gastar!<br />

Porém a sorte me fez pobre, <strong>ou</strong> seja, sei que tudo isso é<br />

transitório e me lasco por crer na ficção. E um dia irei,<br />

é... adentrar um sebo atrás de um balcão <strong>ou</strong> pelos livros<br />

que já desprezaram, a vida sobe e desce em páginas<br />

herméticas. O empoeiradinho mais bonito da cidade, os<br />

usados; o sebo de agora, antes livraria. Vai ser bom, terei<br />

acesso a diversos títulos, sempre ligado, desde Astrologia<br />

até Guerras. Os preços são cômodos, pede, já sei. Todos os<br />

dias mais e mais sovinas como eu pedirão descontos no<br />

caixa, mas apenas poderei lamentar e dar só 20%!! Meu<br />

<strong>ou</strong>vido é desse penico!? Assim é a vida, cara. Lembro dos<br />

tempos de glória em que fumava pelado e gozava... Ontem<br />

mesmo.<br />

Dedico o tempo mais à reflexão. Sim, fumo meus<br />

cigarrinos, às vezes de calça, jeans, ora sozinho,<br />

acompanhado, o que for, mas nessa classe.<br />

Ah, p<strong>ou</strong>, coé. Preciso dessa moral, mesmo, sério, é, e aqui<br />

terminar este conto... Voltei. Quero escola. Aqui, olha, pois<br />

escrevi o principal e vim retocando, já já tudo vai acabar.


Reparem as diferentes cores das tintas de caneta!!...<br />

Viram, foram feitos durante muuuitas viagens.....


AS BOLINHAS DE PARACAMBÚ<br />

Imagina uma cidade de tudo o que é melhor e ilegal ainda<br />

dá tudin certo. Assim é Paracambú. Lá existe? Deveria.<br />

Seria melhor mesmo. Se acontecesse, se e quando<br />

idealizar... tudo somente e para nossos desejos. Melhor dar<br />

um motivo de odiar o que temos, correto? Mas quem não<br />

consegue acharia chato. Paracambú devia existir. Ando é<br />

zueiro.<br />

Eu tô zueiro, s<strong>ou</strong> o Idmid. Preciso das tais bolinhas de<br />

Paracambú. Só nasce lá. São curativas, fuuuu-, medicinais,<br />

mágicas, de manipulação. Sei lá, deve ajudar em algo. Só<br />

pra ser o Idmid, Idmid pros amigos, preciso delas, preciso<br />

precisar, -asse, preciso dormir, descansar, descansar e<br />

preguiçar. Só isso!<br />

(...) olhei o relógio: 5:45. Ainda percebo alguns – círculos<br />

da labareda e dos feitos da noite pela minha menina...,<br />

tudo nela. Tá cedo, né. Que tal juntar nossas papilas<br />

gustativas?? Pus minha mão no seu peito. Recostei-me...<br />

Depois apertei forte os seus lados, afaguei, minha mão em<br />

formato de pata. S<strong>ou</strong> seu rei, <strong>ou</strong> leão. Você a rainha,<br />

bora!<br />

E que pena ter de esperá-la, pois apaguei o fogo e ela foi<br />

pegar guaraná e maçã, pra vermos o filme do Nit Chorar.<br />

Ela logo começ<strong>ou</strong> a dividir seu pensamento comigo. “Você<br />

sabia que o que deixa a maçã doce é a frutose?” Eu cantei<br />

que Ai, miss y<strong>ou</strong>, guaranáá.... Tobiiiii i ii!!


AH, E QUERO REALMENTE É SER MACUMBEIRO<br />

Não é pra espantar ninguém. Seria satisfação pessoal<br />

mesmo. Digo isso em sério, direto da ânsia de vibração.<br />

Desde moleque, <strong>ou</strong>ço, imagino a Macumba solta. Atrás da<br />

antiga casa da minha mãe – MOLECAAA! – tinha um<br />

Centro de Umbanda. E era ali que rolava a parada. Aos<br />

domingos, quase sempre que podiam, todos os rituais eram<br />

da gente. Dali, a mãe de santo com a r<strong>ou</strong>pa branca de<br />

baiana, o trintão “pegando santo” de criança, o iá-ah-ahh<br />

cantado. Era isso na alegria. E eu e meu irmão, pra<br />

desespero sorridente de todos, dançávamos. Íamos no ritmo<br />

nem tum tum pelo chacoalhar dos pandeiros. Era divertido,<br />

mágico, e normal. Como comer despachos largados pelas<br />

ruas, das suas farofas às cachaças grátis, ainda que não<br />

seja bonito mexer no que é dos <strong>ou</strong>tros! As <strong>ou</strong>tras crianças<br />

não podiam. Até mesmo em época de Cosme e Damião era<br />

tabu comer <strong>ou</strong> ganhar algo de Centros. Havia exclusão se<br />

fosse de Centros. Na rua em que morávamos, por exemplo,<br />

as pessoas mais legais eram dali, de Centro, mas a gente<br />

nem ligava, muita opinião só embaralha. Nããoo. A palavra<br />

Candomblé em mim nada afeta, a depreciação está no<br />

desconhecido, vinda de quem p<strong>ou</strong>co sabe sobre religiões.<br />

Eu conheço é macumbeiro. Esses linguajares acadêmicos,<br />

<strong>ou</strong> fictícios, são bobeiras. A gente era junto, o Brasil e o<br />

mundo. A Dona Tereza e a Bega eram nossas vizinhas de<br />

anos, profundas amigas, apenas simpáticas e prestativas...<br />

Por que não haver amizade entre pessoas tão maneiras?<br />

Por isso gosto da Macumba e dos tambores, foi o que<br />

aprendi. Isso eu respeito. Daí, com o tempo da nostalgia<br />

essa, senti uma vontadezinha, depois fascinação e desejo,<br />

só a remexer.


UMA BARRACA DE CAMPING DENTRO DO APÊ<br />

Eu não posso NUNCA dormir sem, AO MENOS, lavar as<br />

mãos, mas s<strong>ou</strong> perturbado, então posso reclamar. Têm de<br />

estar bem limpas e depois secá-las na boa. Pode-se<br />

completar lavando o resto e deixando secar naturalmente –<br />

minha avó disse que é bom pra EVITAR ESPINHAS! –<br />

Penso nessas crendices, sorrio e olho pra barraca.<br />

Abatido pela perturbação, preciso pegar minhas listas de<br />

compras e ligar pra minha mâmi e pedir um arrego. Meus<br />

negócios nem andam falidos....<br />

Sabe, uma vez eu vi que existem vários tipos de pessoas.<br />

Umas viram estrelas, <strong>ou</strong>tras o vento leva, <strong>ou</strong>tras estão aqui<br />

só pra serem pilares de <strong>ou</strong>tras, mas todas têm importância.<br />

Mas por qual motivo eu pus uma barraca no meio da<br />

porcaria da minha casa?? Fiquei foi esquisito nessa fita?<br />

E olha aqui, neste momento, fumando raxas medianos, é<br />

que o retrato da minha geração saudosista me abate, como<br />

fui pela marolação. O que somos nós, afinal? Rimbaud<br />

fumava o melhor, o mais puro raxa, seguramente. Acho<br />

que me inspirei feio........... Os gringos são chiques!<br />

Quem se importará quando alguém familiar me compra um<br />

beliche depois que eu oferecer ajuda a um irmão<br />

problemático??? Ter por perto um ente querido é ajuda<br />

mútua? É que existem muitas casas, todas para usarmos.<br />

Poxa, deixei meus dentes apodrecerem e fiquei duro para<br />

poder escrever isto aqui e imprimir e distribuir pra todo<br />

viciado em potencial, cara. A barraca é porque vendi tudo,<br />

desde o colchão até o beliche rachei pela junta e orgulho.<br />

Não me contento apenas em ser um humano e contribuir,<br />

quero as estrelas, as supernovas de docinhos, e me perco.


SENTIR QUE “TEU MOTORZIN TAVA PARANU”<br />

Isso é só papo. Meio clássica história por si só.<br />

Eu pedi pra ela até escrever o título com sua letra própria,<br />

demonstrando mais uma vez que ela tava é derrubada pelo<br />

jererê. E daí, virei seu protetor – agora mesmo,<br />

emalrconhados, sorrimos – nos deu compreensão e<br />

divertimentos incomparáveis, uma ajudazinha.. em que<br />

pedimos (e fomos) irresponsáveis.<br />

Imagino a palavra emaconhado, cunhada em bandeiras e<br />

<strong>ou</strong> camisas como símbolo de um desgaste que queríamos e<br />

bem realizamos – como custa dizer isso – que posso além<br />

da piada!?<br />

Meu corpo agitava-se. Ouvi como um estádio berrar, meu<br />

pau nascia. Era festa.<br />

Mas ela parava. O corpinho dormia. Logo, acordava,<br />

tentava, mas ela tava só paranu. Que nem motorzin – sabe<br />

carrinho de fricção!? Era bom. Relex. Divertido.<br />

Eis que, de repente, h<strong>ou</strong>ve uma reviravolta! Eu, flutuando<br />

em luzes e predas preciosas, comecei a coçar o saco. Daí<br />

percebi uma cosquinha. Cocei mais e saiu um trocinho<br />

branco. Pensei que fosse um machucado <strong>ou</strong> xuxeira. Minha<br />

mulher desat<strong>ou</strong> a rir e não parava de me zoar: Idmid, você<br />

arranc<strong>ou</strong> uma verruga!!!!! Rimos pra garao e eu peguei<br />

acetona e algodão e pensei em tarô(!?), era o fatídico. Tá<br />

difíçú!!<br />

“Amore, fica do meu lado! Não quero arrumar um<br />

emprego porque trabalhar limita minha capacidade de estar<br />

contigo; odiamos ter que entregar nossa intelectualidade<br />

dedicando muito do nosso tempo para eles... capitaliss”


BAJULADO<br />

Eu também mereço ser bajulado. Coé, continuo <strong>ou</strong> não<br />

sendo filho de Deus, p<strong>ou</strong>!? Mas gostaria de ter é<br />

começado esta história do seguinte modo: “Sonhei com a<br />

preparação de um frango ensopado pela minha vó, usando<br />

primeiro açúcar derretido na panela, em seguida o frango<br />

cru. Refoga, joga sal e curry. Refoga mais. No <strong>ou</strong>tro dia<br />

dava até para usar sobras disso para fazer canja! Ah, canja<br />

de vovó! É a imagem saborosa e nutritiva do crescimento”<br />

Pulo isso para a lembrança d'eu brincando com bonecos do<br />

Comandos Ação no quintal lodorento dos fundos da casa,<br />

no tanque de lavar r<strong>ou</strong>pas cheio de água. Eles tavam<br />

submersos, eu do lado de fora, como observador. Era como<br />

uma ópera... nessa época a criança romantiza o p<strong>ou</strong>co que<br />

tem.<br />

S<strong>ou</strong> um cara folgado agora. Me pareço com o gato dela de<br />

todas as vidas. Tanto que esse raxa já nem faz mais efeito,<br />

só me larg<strong>ou</strong> um p<strong>ou</strong>quinho de enxaqueca. Quem me dera<br />

um estimulante! Ah, um raio!! Que bom seria agora um<br />

amigo, o cara mais engraçado de todos os tempos... e mais<br />

folgas.<br />

Preciso dum café, tô que nem sonâmbulo... no meio da<br />

sujeira de horas e horas a fio de l<strong>ou</strong>cura, se não paro......<br />

pode quer que si


DOBRAR, PINTAR, DESENHAR, COLAR E RECORTAR<br />

Me sinto ótimo escrevendo pela manhã. A cabeça fresca,<br />

limpa; as ideias povoam rápido. Tô com as baterias<br />

carregadas. Acendo um cigarro. Tusso, me odeio nesse<br />

ponto; rio, deixo pra lá. Desta vez tomo café com duas<br />

colheres de leite em pó, só para ter umas vitaminazinhas.<br />

É bom ter uma casa. Morar só, depender não é mole não.<br />

Mas não é pra tudo isso que comecei este conto. Preciso<br />

falar do título. Releia o título, porfa. Nunca mais li direito.<br />

Nem termino às vezes um livro. É cansativo. Tenho<br />

preferido imagens. As bibliotecas ficaram chatas, livrarias<br />

são distantes e na <strong>ou</strong>tra rua. Não tenho mais a empolgação<br />

de um Bandini, prefiro a Hilda Hilst, pois é mais<br />

engraçada e real na audácia


ESPELHO SEM AÇO<br />

Eu s<strong>ou</strong> um matuto! João de Edaí. Agora v<strong>ou</strong> falar do meu<br />

feriado, todos temos um. S<strong>ou</strong> como aquele índio do brejo<br />

que chega na cidade, t<strong>ou</strong> deslumbrado e fico idiota por<br />

fora.<br />

Minhas ações um dia serão lembradas, assim como esse<br />

canalha de Feicebuqui sem rosas! E vão fazer bonecos pra<br />

judiar na data de malhar o Judas, que será o meu.<br />

Não é possível dar mole pros adversários – genéricos dizem<br />

fazer parte do jogo –, não posso ter pena.<br />

Até que virá a vez que um dente fundamental tropeçará e<br />

cairão mais e mais <strong>ou</strong>tros em seguida, e teremos, eu e<br />

dentadura, que nos operarmos mutuamente. Poremos<br />

implantes cibernéticos de última geração. Falei bonito?<br />

Provavelmente percebem que os engano.<br />

Alguém me dá de presente uma Polaroidi..., é pelo afã de<br />

revisitar, quem quer algo novo, né não! V<strong>ou</strong> tirar retratos<br />

dos delírios tremens, dos ácaros no fundo do sapato, da<br />

Ilha do D<strong>ou</strong>tor Moreau e do birinight com seus seres<br />

espalhando rastros de pegadas sob tinta de impressora<br />

fresca...<br />

Eu s<strong>ou</strong> a margem! Devo confessar que errei. Ou mesmo<br />

pequei. É simples: estraguei tudo erradamente,<br />

enfadonhamente; toscamente falando, dinamitei meu futuro<br />

ao viver uma vida de aventura, muitos lares, estradas,<br />

empregos que não duravam 6 meses! Devia ter me<br />

entendido mais, <strong>ou</strong>vido as opiniões alheias. Deixei de<br />

estudar, virei vagabundo e agora ganho uma merreca e<br />

fumo o resto. Não porque seja burro <strong>ou</strong> não tenha<br />

diploma, mas sim pois não acompanhei a onda, os<br />

estagiários; não puxei o saco do patrão, não almocei com


gente certa na hora certa. Simplesmente ia e voltava puto.<br />

Eu tava vivendo como em livros, sonhando. Então, a<br />

recompensa de ter um carro (<strong>ou</strong> cargo, dá no mesmo) foi<br />

pra quem se dedic<strong>ou</strong> desde cedo. Nós nem mesmo estamos<br />

lendo isso, se a premissa de que o tempo não existe for<br />

comprovada na real....


MEUS AMIGOS ME JULGAM POR TER UMA NAMORADA<br />

Você é tão transparente, Iai. Açúcar, canela, sucrilhos e<br />

granola com passas e Neston. Toda vez que eu passar pelo<br />

Flamingo, eu digo o bairro, VOU LEMBRAR DE VOCÊ.<br />

Atualmente, digo, cê é como a Garota do Fla. Assim como<br />

existe a de Panema, de <strong>ou</strong>tro cara. Meu Deus, tenho tantos<br />

vícios de linguagem!!<br />

"Quando você olhava as <strong>ou</strong>tras pessoas, era um olhar.<br />

Quando você me olhava, era show! Beeem distinto. Seu<br />

conquistadorzinho de subúrbio." Por essa frase resolvi<br />

transcrever um capítulo deste livrinho, e também, já que<br />

quem me trazia bagulho, geleia, era tu, “minha foforutcha,<br />

valeu por me enganchar." Na Zona Sula as paradas são<br />

desse jeito, coitados dos nossos cérebros. Tem sempre<br />

alguém pra te levar para o mau caminho.<br />

Iai diz: "Ficar doidão é muito bom, tudo fica estranho ao<br />

mesmo tempo claro e irado. É bom. É doido." Com<br />

certeza, esse livro será proibido, mas a reabilitação longa.<br />

Mas tudo bem, já que fizemos juntos lado a lado. Mesmo<br />

assim, escrevo, na esperança de ser publicado em alguma<br />

casa editorial, durante uma rebelação, não na minha<br />

putrefação solitária. A solidão é inútil quando não<br />

programada, ansiando dizimar-se, bom é estar juntinho.<br />

Frase da Iai, só pentelhando: "Indubitavelmente, eu v<strong>ou</strong>".<br />

E caímos.


FUI AO ELEVADOR E NÃO VOLTEI<br />

Buta cambalh<strong>ou</strong>, tive uma viagem assim... Bumei um de<br />

pontas. Era do nosso cemitério de pontas, troço p<strong>ou</strong>co...<br />

uns 20. Fiz um fininho e tava com a visão no esquema das<br />

nuvens encardidas em névoas da magnificência humana.<br />

Pensei numa canção pra ninguém, depois esqueci a<br />

melodia. Me deu fome, aquela larica polida. Desci até a<br />

padaria. Em Buenafurego, as p<strong>ou</strong>cas padarias viraram<br />

restaurantes 24 horas para gringos desavisados. Pedi uma<br />

coxinha de galinha, pão de batata, suco de açaí e um<br />

maço de Barlboro vermelho. Voltando, o porteirinho<br />

cometeu o deslise de me olhar na cara – sujeitinho<br />

pentelho! “Que foi? Eu, heim, se cuida, e cuida do teu<br />

cuidado.” Chego ao elevador. Apertei 5º andar. Fech<strong>ou</strong> a<br />

porta. O carinha continuava desconfiando de mim? Qual<br />

foi?? Bem, aí o elevador não saiu do lugar, apertei uns<br />

dois minutos. E achava que havia trocado os excessos<br />

violentos do álcool pela leveza do cânhamenco... Me<br />

troquei no escambo e deu ruim, era esse o resultado – de<br />

verdade que as drogas são ruins e são seguidas de ruína<br />

emocional!<br />

Quando dei por mim, tava olhando pra tela do<br />

computador, vendo um filme israelita. A janela aberta,<br />

senti a brisa, pois moro perto da praia e de daqui do<br />

conjugado dá até pra ver uma pontinha do Pão de<br />

Almíscar! O ruim da exclusividade é o fracasso. Só quero<br />

bumar meu trem, DESTRAMBELHAR TUDO!! Esquecer a<br />

porcaria toda. Perdi o meu brilho (ao esquecer de trazer o<br />

lanche dela, era pra isso que saí.)<br />

Preciso <strong>ou</strong>vir o noticiário. Mas devolvi a assinatura da<br />

Internet e minha tela só pega o SBP. Tá passando desenho


em animado... eles ainda fazem isso, legal. Mas tem uns<br />

que são umas bostinhas sem sentido, só efeitos e cores.<br />

Bom, que hora passa o Vermelhinho?? Princesa, acho que<br />

realmente não voltei do elevador.


VERSOS INFLAMADOS<br />

Honestamente, foi até melhor ter acontecido! Sabe o que<br />

foi? Assassínio!!! U<strong>ou</strong>ps. Vem desde o além. Cortaram<br />

meus braços e pernas e me atiraram ao mar pros tubarões<br />

traçarem o final do ciclo. Mas agora já está tranquilo,<br />

tenho paz, me entrego MORTO!<br />

Vejo uma rua enlameada. "Ex-escravos, desempregados,<br />

boêmios, artistas de circo, ladrões e prostis." Pode-se dizer<br />

que est<strong>ou</strong> tendo algo como alegria. Meu corpo atravessa<br />

paredes e ninguém me repara, apenas estranha esse detalhe<br />

metafísico, bem, como se algo incomodasse.<br />

Meu inferno astral é a moleza, meu saco derretendo e eu<br />

reclamando por ter perdido o hábito de refletir, ter<br />

enferrujado e a preguiça oca tomar-me. Cincero, o cantor,<br />

meu amigo de loga data, disse que isso acontece, mas é<br />

com andar de bicicleta! Dá pra recuperar, porém tem que<br />

eliminar a "net" da face da tua vida......<br />

Nessas horas, desaparece todo o gás de todos os isqueiros<br />

desta casa... e se não os versos, inflamados de paixão<br />

intensa. Assim é a existência escorpiana de astral leonino.


O SANTO DA PREGUIÇA<br />

Ao telefone:<br />

– Forutcha!<br />

– Oi, foforutcho!!– Diz.<br />

– Nada, minha linda... só pra saber se anda<br />

bem............<br />

Caraca, êta mulher! Teu santo deve ser bom mermo. Teu<br />

Santo da Preguiça é o cara. Você acord<strong>ou</strong> sem nenhuma<br />

vontade, hahahah, e precisávamos trampar. Lembra disso?<br />

Cambiar. Mas podíamos, tínhamos a possibilidade de<br />

divulgarmos meu empreendimento pelas redes sociais,<br />

dessocializando nossos corpos dos meios sociais solúveis, e<br />

nada como soluços esperançosos. “Cala a boca!!!” Daí<br />

começ<strong>ou</strong> a chover! Aquele chuvisco que encobre o<br />

Redentor e a Gámea, mas saímos de Portuga, se é que lá<br />

fomos. E as calçadas dos Voluntários da Inventada Pátria<br />

ficam molhadinhas com as redondezas mais charmosinhas e<br />

não saímos nem por um decreto. Tudo pra fazer um<br />

programa de namoradinhos e dormir, escorregar pelas<br />

cobertas do apê repleto de doces.<br />

Concluindo: “plenamente”, segundo o Arnaldo – mas foi o<br />

Baptista que disse! E eu tô completamente por você, você<br />

pra lá e pra cá azucrinando, digo, o círculo vicioso, <strong>ou</strong><br />

circuito. Não consigo sair disso, hunf


TIO CUCA<br />

Ele é um mártir, só pode, um personagem da tragédia<br />

humana. Bêbado, carrega todo o fardo de ser um<br />

visionário. Estufado. Estufado, e existindo. Que figura do<br />

submundo, meu tio é o cara mais foda que existe, só faz<br />

besteira!! E, inacreditavelmente, ainda está vivo... ainda<br />

sendo poético, ao perder todo o "lado material deste<br />

plano"<br />

Tio Cuca passeia pelas ruas caçando biscates e cachaça, seu<br />

<strong>ou</strong>ro. Entra na casa dos meus pais. Eu est<strong>ou</strong> lá, de férias<br />

também, visitando. E ele vem (completamente!) arrasado,<br />

destruído pela bebida que tanto idolatra. Ofereço comida –<br />

bolo, café, pão, biscoitos, água. Mas ele não dá a mínima.<br />

Está cego, nem <strong>ou</strong>ve. Só quer um colchão, <strong>ou</strong> cobertas <strong>ou</strong><br />

r<strong>ou</strong>pas. As frases não se encaixam, tudo foi-se, nem a<br />

própria mãe o quer de volta mais. Foram tantos os<br />

tropeços e brigas, as voltas pro seio familiar sem nadinha.<br />

É a imagem da falha e do desespero... de construir e.......<br />

Mas para mim, sempre v<strong>ou</strong> recordar do bom homem por<br />

trás do vício. O cara divertido e maneiro dos tempos<br />

válidos, quando ele me salvava do castigo, me puxava pela<br />

janela e só davam conta quando já retornava de brincar na<br />

calçada. Quem sabe pra que bar meu tio se escondia<br />

quando me libertava? Quem sabe das crias dos fajutos!


TORTA DE BATATAS<br />

Nem quero a receita, senhora. Quero é ir aí comer a sua,<br />

como era. Quando não tínhamos preocupações, não<br />

pagávamos tantas contas, só vivíamos de viagens e livros.<br />

Est<strong>ou</strong> l<strong>ou</strong>co. Penso que s<strong>ou</strong> famoso, mas pra quê? Ai, ai.<br />

Só mais uma vez, ter uma data rememorando na tua nova<br />

residência. Quero torta de batatas com carne moída hoje. É<br />

segunda.<br />

É preciso aprender a dizer NÃO. NÃÃÃO! E ter segurança.<br />

Fora disso, como ter uma companhia fixa, nem respeitado<br />

no meu próprio prédio seria; sem raízes assim, Iai me<br />

acharia bobo. V<strong>ou</strong> jogar baralho errado, como fazia com a<br />

vovó.<br />

Que invenção chata essa de sair da folga. É o retrato <strong>ou</strong><br />

impasse da decadência desobediente, como ser um<br />

personagem em fim de carreira, barrigudão, que se ri e<br />

começa a peidar fr<strong>ou</strong>xo – na verdade, assoprar algo,<br />

parece que eu já estaria entupido e cheg<strong>ou</strong> justamente a<br />

hora da liberação, que nem esvaziar bolão de aniversário<br />

com alfinete, <strong>ou</strong> na mão mesmo, produzindo aquele<br />

barulho de pruuuú engraçado pra dedéu! Come é muito.<br />

No <strong>ou</strong>tro sol, mais <strong>ou</strong> menos umas 11 e p<strong>ou</strong>ca da manhã,<br />

acordo, mas logo vem a disenteria certeira e complicada.<br />

Meio rolo de papel higiênico seria necessário. A <strong>ou</strong>tra<br />

parte, <strong>ou</strong> 25%, eu usei para assoar o nariz, pois uma<br />

coriza danada me atac<strong>ou</strong>, sem elegância alguma, me<br />

desonrando! Que saudade das vezes das tortas de batatas!!<br />

Tudo tá na mente.


A IMPOSSIBILIDADE DO PAI<br />

Não quero que seja a mesma, mas faz parecido, quando<br />

nos impede de tomar atitudes enérgicas nas horas precisas.<br />

Apenas fugimos. Ele pior do que eu, já que evoluí nesta<br />

geração. Antigamente, os homens, os pais, eram omissos.<br />

Podemos hoje citar a verdade! Indefectível como um<br />

cânone, a mão oscilando e tremendo, rindo de mim, cara<br />

doidaço.<br />

Não passo de uma nobre tentativa de aperfeiçoar o que ele<br />

começ<strong>ou</strong>. Infelizmente, somos caras meio apagados......<br />

Papai p<strong>ou</strong>co consegue conversar conosco, entretanto usa a<br />

linguagem dos pequenos gestos, como quando ele prepara<br />

seus docinhos e brigadeiros à mão. São os melhores do<br />

mundo. Posso sentir o cheiro e associar às mãos dele. A<br />

impossibilidade do meu pai está em falar, mas compensa<br />

com sua bravura – muitos homens são assim – vamos nos<br />

ajudar!<br />

Mas sempre que dá, nossa cabeça faz questão de mostrar o<br />

quanto nos amamos: sonhei que recebia um telefonema e<br />

uma “d<strong>ou</strong>tora” do <strong>ou</strong>tro lado da linha noticiava que ele<br />

havia morrido de overdose de barbitúricos. Fiquei<br />

espantado e perguntei: “Mas ele nem toma essas coisas!!<br />

Onde ele tá?” Daí, acordei. Sentia a realidade pesar. Era<br />

aqui mesmo um tipo de perda. Te amo, pai. Somos tão<br />

parecidos. Até nos acidentes. S<strong>ou</strong> tua continuação.<br />

Pai, esse é o livro mais sincero, o mais coração aberto de<br />

todos... se erramos a culpa foi das tentativas (Risos) Vamos<br />

mais, resistimos, mesmo que camuflados, sobre <strong>ou</strong>tros<br />

sobrenomes <strong>ou</strong> em qualquer canto. Obrigado.


ÁGUA LÍQUIDA<br />

As coisaruim cagaram na minha cabeça! Já disse isso<br />

<strong>ou</strong>tras vezes, mas agora foi dose. Só me fudi.<br />

Eu ia lavando r<strong>ou</strong>pas no banheiro e pendurando. Não<br />

tenho máquina, nem s<strong>ou</strong> rico para levar pra lavanderia.<br />

Acabei de estender a última peça quando saía para me<br />

arrumar e ver minha fofitcha. Uma meia na mão, me<br />

esticando em duas paradas ao mesmo tempo, queria<br />

estender, colocar pregadores, e quando fechei a bica, em<br />

<strong>ou</strong>tro movimento, saiu uma fagulha d'água no ladinho da<br />

torneira. Fiquei meio idiota esperando pra ver qual troço<br />

acontecia. Foi certeiro. Explodiu a bica da pia, levei um<br />

jato de água líquida nos peitos! Comédia, mas não parecia<br />

filme, na certa! Caramba, ô diazinho. Ainda tava com<br />

resquício de resfriado, pra piorar, nervoso, a barriga vazia.<br />

Sem dinheiro. Vo<strong>ou</strong> aquela merda pra todo lado. Imund<strong>ou</strong><br />

o banheiro, metade da casa, do corredor – por p<strong>ou</strong>co o<br />

elevador não ia nessa. Desci as escadas todo encharcado,<br />

com a r<strong>ou</strong>pa do corpo, a única que tinha de andar em<br />

casa, mais que rasgadona. No prédio acham que s<strong>ou</strong><br />

retardado. Fui falar assim mesmo com um dos porteiros,<br />

<strong>ou</strong> o primeiro que via à frente. Foram as três horas<br />

fatídicas do meu existir. A síndica me ameaç<strong>ou</strong> com R$<br />

35.000 de multa! Sem se segurar na zoeira.. Pois é,<br />

encanamento ia podre e dei uma forcinha ao desastre. O<br />

Mario Worldi consegue consertar, penso. Ri pra não<br />

contrariar, essa gente vive na gringa, gastar é ali. Mas<br />

precisa de recompensa também, e me cobr<strong>ou</strong> 50 conto e<br />

p<strong>ou</strong>co pude reclamar. Corri ao banco e meu cartão<br />

bloque<strong>ou</strong> – <strong>ou</strong> quebr<strong>ou</strong> na máquina. Quem tem 100 pila


pra emprestar nessas horas?? Peguei chuva sem o meu<br />

guarda-chuva, que sumiu para não participar dessa.<br />

V<strong>ou</strong> te explicar, tô lascado. Nenhum amigo por perto,<br />

chovendo adoidado, cagaram na minha cabeça pra espantar<br />

geral. V<strong>ou</strong> acender uma vela, e ficar devendo, o encanador<br />

que entenda. A vergonha é nesse esquema, vem igual uma<br />

sucessão de azares, quem pilha aí? Segunda-feira as orelhas<br />

de alguém na imobiliária vão esquentar pacas. V<strong>ou</strong> tomar<br />

até umas cachaças pra dar mais raiva e ênfase! Sempre<br />

que dá um troço errado, vem um caminhão junto, que<br />

atirem o corpo ao mar no débito. Na verdade, não vai<br />

melhorar. Meu celular fic<strong>ou</strong> ligado, qualquer parada, é só<br />

chamar.


SE NADA MAIS DER CERTO<br />

Este título é brabo, como o do filme que o nome eu tomo<br />

emprestado. Valeu a pena ter gastado um trocado a mais e<br />

ir ao cinema. Meia-entrada devia ser pra quem comprove<br />

baixa renda... Enfim, cinema nacional vai benzão!<br />

Mas eu preciso é falar desses dias de hoje. Se nada mais, o<br />

que faço? S<strong>ou</strong> gente normal. Tá na hora de largar os vícios<br />

e refletir? Parar os presentes da mente? Mas <strong>ou</strong>ço o<br />

comentário duma velhinha. Parece ser minha vizinha, e<br />

comenta com uma <strong>ou</strong>tra que não sei quem "morreu,<br />

acab<strong>ou</strong>", basta! Tanta boa desculpa se detém em um eu<br />

v<strong>ou</strong> morrer mesmo. Daí fica difícil pensar no futuro,<br />

atualmente é mais interessante, já basta!<br />

Saio do banheiro com pensamentos caóticos. Os dois<br />

parágrafos acima confesso que foram feitos há um tempo...<br />

só foram revisados pois a mudança não veio, como descrita<br />

anteriormente. Ah, o pensamento era o seguinte: "Como<br />

seria minha onda daqui a 20 anos? Digo, se me tornasse<br />

profissa mesmo, tivesse uma vida normal, casa e filhos e<br />

continuasse mesmo em todas essas ervas? Teria a mesma<br />

graça? Sei que isso é normal pra muita gente, por isso me<br />

indago" Te digo que é dose pensar, longo deve ser o<br />

caminho de toda reparação.


UMA VIDA DE VAGABUNDO<br />

Isso sim é o que tenho levado. E nem foi tão difícil assim.<br />

Mas tenho do que reclamar. A falta de uma rotina<br />

esmagadora capitaliss que a gente ao redor vê faz com que<br />

eu produza menos, e menos é fazer diferença em qualquer<br />

lance. Curioso, não é!? Sabe, fico é muito contemplativo,<br />

sacando, deixando passar. O acaso vai tramando sua nova<br />

farsa. Sinto que é necessário, AO MENOS UMA VEZ. Daqui<br />

a uns três séculos, quando os novos habitantes da Terra –<br />

e isso inclui meus descendentes!? Que merda.... – lerem<br />

tais palavras, qual vai ser a graça? Dirão que é uma<br />

clássica síndrome, talvez, e que foi nessa época que estive<br />

pra começar a estar obtuso.


EU QUERIA SER UM BÁRBARO E VIAJAR SEM RUMO ATÉ<br />

ENCONTRAR UMA GUERREIRA E SELAR NOSSO PRAZER<br />

NUMA CABANA DE PELES COM TEMAS INDIANOS &<br />

PERSAS, NOSSO COURO<br />

Reluzente. São os filmes de ontem, dando embaraço aos<br />

corações cotidianos (abrasadores). Amamos tanto as<br />

histórias, nos distraímos, entrando naquele mundo de uma<br />

hora e p<strong>ou</strong>ca. Mas não podemos viver tanto delas; essas<br />

horas que perdemos em filmes estão prestando contas à<br />

voga da ficção. A realidade é perversa e cheia de detalhes<br />

a preocupar – segue a dor de cabeça, deixa de caçar<br />

aspirinas, ei! Que fez? Temos essa vida, e achando<br />

dizeres, escrevendo e ditando, quem cria mundos faz pelo<br />

reconhecimento apenas, com as próprias proposições. Nosso<br />

ego é tão inflado, só nem tem lugar de cair morto. Mas<br />

somos imortais e venerados num mundo de desejos!<br />

Vejo uma viking pelada e de mãos ensanguentadas. Levanta<br />

as mãos pro alto, seduz geral, é carnal.


CARIOCA É ASSIM<br />

Cariocas são assim, de chinelo pra ir ao restaurante de<br />

Sushi da Praia de Buenafurego, e ontem nem foi quarta de<br />

cinzas.<br />

Saem de lá e tá um mó mormaço aqui na rua. Antes tinha<br />

um chuvisco e meio frio, agora é a Páscoa! Folheiam estas<br />

páginas de caderno marca Kadjoma da Prefeitura e falam<br />

de como as coisas fogem – qualquer lado. Não se sabe<br />

bem o que dizer, é o mal deste século!!<br />

Querem os ser mergulhadores e explorar as águas da<br />

Guanibira, os Carioquismos, olhar um novo palco nas<br />

areias a cada semana, e tomar sorvete antes de ir por<br />

Aterrador no domingo, isso, caminhando.<br />

Estão enchendo linguiça mas o que queriam (<strong>ou</strong> deveriam!)<br />

é dissertar sobre como os mesmos odeiam acordar cedo,<br />

morrinham no trabalho – sabe, deixa a vida menos difícil,<br />

pedindo que as sextas voltem logo.<br />

Peço sim pela palavra de todos, desculpa aí.


MONTANHISTA NA CIDADE<br />

Mas no Brasil não tem só morros? Preciso voltar a<br />

explorar.<br />

Sonhei uma vez em ser guerrilheiro, ao ver um<br />

documentário do Che. Mas o que desejo mesmo é estar<br />

numa vegetação seca, quase desértica, <strong>ou</strong> na neve, tanto<br />

faz. Que seja isolada. Quero pensar novamente como pensa<br />

quem nunca viu a civilização. Só isso. É a minha ficção,<br />

est<strong>ou</strong> aficionado, são as realizações. Filmes e mais filmes<br />

me foram as bases. Agora vejo. É a estrada. Logo estarei<br />

na Patagônya.<br />

A Patagônya das minhas birutices. Será que meu cérebro tá<br />

falhando e só penso baboseiras? Desse tipo, s<strong>ou</strong> o único?<br />

Quem mais no prédio em que vivo quer ser um<br />

desbravador, um sem teto adepto, empoeirado e solitário?<br />

Só eu.<br />

Então olho e penso apoiado na janela. Vejo metade do Pão<br />

de Almíscar daqui. Um prédio me atrapalha a visão<br />

completa. Há quem diga quem é a mobilidade. Penso em<br />

nossos maiores inimigos.<br />

Eu digo, é que há mais interação, a conversa flui melhor...<br />

Que acham de mudar tudo?? Depois volto ao assunto da<br />

montanha........


ALMOFADAS PSICODÉLICAS<br />

Decorar um pequeno apê tem sido uma tarefa incansável.<br />

Sempre falta algo, por mais que não se queira, uma<br />

agonia. Quando criança era tal, depois adolescente, queria<br />

tal e tal de maneirão. Isso azucrina. Hoje, preciso dum<br />

armário, televisão, trocar a bica velha da rua por uma com<br />

filtro para água porque acho que já tenho uns vermes... As<br />

lombrigas da sorte e o acaso, tantos mais deveres sem<br />

sentido que se atraem como ímã. Essa brincadeira já foi de<br />

boa???<br />

Bom dia! Tá. Chego a um ponto em que não posso<br />

retroceder. Volto ao que imaginei primeiramente, devo<br />

falar das almofadas, não sei quem deu essa dica: faz umas<br />

almofadas, é uma profissão rara. Almofadas de temas<br />

psicodélicos, na verdade. Sabe aqueles lugares cheios de<br />

almofadas pelo chão? Costurando tudo à mão, com lã fina<br />

e colorida, mesmo assim, nunca de graça.


FOUCAULT SE FODEU!<br />

Existem tantas pessoas tão melhores, mais inteligentes e<br />

simpáticas, sacadas e bonitas, sabe-se lá como são atiradas<br />

(quando não famosas) Será que é sorte? Ou um destino?<br />

Ou mesmo que muito convencimento. Por favor, deixe que<br />

se apresentem.<br />

Vejam o caso do F<strong>ou</strong>cault, ele se fodeu! Digo, esse cara se<br />

ferr<strong>ou</strong>.... perdão pela má-língua. Fizeram muito melhor que<br />

esse Fuc<strong>ou</strong>, nossos meninos e meninas entendem hoje em<br />

dia muito mais da selvageria dos sexos, claro. Não é<br />

contido. Vemos, o sentindo, o poder da atração. Não é<br />

chato de visualizar.<br />

E, ao contrário do que pensam, nunca antes escreveram<br />

sob o efeito de nada ativo! Esta parte será a última que<br />

uso algo para criar (risos). Todas as <strong>ou</strong>tras imagens vieram<br />

do monumental embaralhamento nativo inserido nos<br />

cérebros alheios. Antes até se valeram.<br />

A festa logo vai acabar, e querem estar prontos para<br />

encarar a realidade!! Que seja uma peruca atômica e<br />

dúvidas na fuça.<br />

Tchau, F<strong>ou</strong>cault! Daremos no pé com espaçonaves, é o<br />

futuro que chega. Só não pense que voltarão às naves nem<br />

com mães. Isso se recusa. Vão trabalhar num título<br />

chamado FILOSOFIA, no qual se expõe a teoria de que o<br />

mundo é o que você imagina, até a morte <strong>ou</strong> a<br />

reencarnação. Mas viver é melhóóóóo´


UMA VIDA IMPRODUTIVA<br />

Voltando ao mesmo assunto, sob <strong>ou</strong>tro título. Dá pra ver o<br />

quanto isso tem afetado, não? Vamos lá...<br />

Devagar, certamente. A gente vai ficando velho para esses<br />

pagodes e tomando gosto por aquelas lembranças que não<br />

dávamos valor. Ahãm, o assunto que é chato, porque fico<br />

à toa!<br />

Humm, tantos troços a fazer lá fora, longe de casa e<br />

nenhuma vontade. Seria uma fábula se tivesse dado nome<br />

aos burros. Pode que a maior exposição sobre um<br />

desespero oculto, abafado. Consegui tudo o que ansiei e<br />

ansiaram. Então devo desmontar o quebra-cabeças, dar um<br />

chute no castelo de areia da praia adulta. Andando pra lá<br />

e para aqui dentro do quarto, agoniado. Só perco. É o<br />

inferno do marasmo... Vão odiar isso!<br />

Se eu fosse o fogo de não sei lá, e esquecesse se parei de<br />

fumar.... O fogo amarelo, depois azul... Estaria em um<br />

isqueiro de figura 3D? Mexo no fundo da pipa com esta<br />

mesma caneta, porém, será que este papel de bonitão nessa<br />

novela terá um fim? Quem porá mais lenha nessa<br />

fogueira? É estranho, mas Idmid é super-herói?? (….


AULA DE FRANCÊS<br />

Mas nunca voltei a pegar neste método. Vai apodrecer na<br />

estante autodidata. E veja que é bom, comprado numa<br />

viagem pela boa biblioteca.<br />

Olho e não visualizo nada, só “francês”, na capa. Perde a<br />

coragem, Id, já tem tanto de idade; no final do ano faz<br />

mais ainda, tudo piorando... sequelando no vacilo. E<br />

precisa aprender a dizer não. NÃOOO PRA TODA DROGA!<br />

Sem fazer como certos ídolos: abrir alguma garrafa de<br />

destilado, acender um bom cigarro de filtro amarelo,<br />

vermelho, sei lá... e esperar só explodir.<br />

Se, ao menos isso, tivesse estudado francês poderia imigrar<br />

para as colônias francesas nas Guianas, em que nada é<br />

enxergado..... Merci, merci, onde é que é????


YANG<br />

Acho que vi num filme, <strong>ou</strong> novela da Grobo. Era<br />

explicativo e tosco – sabe aquela cena final congelada em<br />

que brotam os créditos? –, mas por trás havia uma certa<br />

filosofia a se considerar. S<strong>ou</strong>be do tal Yang. Escrevi<br />

“iangue”, nas notinhas. Titubeei se a grafia fic<strong>ou</strong> correta.<br />

Fui na lanrrauze e pesquisei em enciclopédias de lá.<br />

Pausa um tempo, já tenho base pra falar... v<strong>ou</strong> pular a<br />

parte das forças complementares, equilíbrio e mutação.<br />

Yang é masculino. Falam da ação de um rei supremo, no<br />

sentindo de claridade.<br />

O Rei Yang seria sobrepujado pelo seu próprio Cavaleiro<br />

do Espaço, o Andarilho de Teflon. Seu nome é Tritic, o<br />

eterno príncipe. Para cada geração deste, de pais para<br />

filhos e filhas; de mães, filho e filha, eram passadas<br />

características específicas, como um tipo de sobrancelha <strong>ou</strong><br />

narizes iguais. Era o milagre, a teoria de lá de fora. As<br />

memórias borbulhando. Tá tudo tão brilhante, mais bonito<br />

e belo e gostoso de sentir, como nuvens. “Vai ser uma<br />

epopeia”, fala uma de suas filhas, “chegar<br />

maravilhosamente completa e macia em qualquer canto...”<br />

As recordações são como flechadas! Uma vez, soltando<br />

pipa nas pradarias de Anta Cruz, nas fazendas sem dono<br />

que foram todas chamadas apenas de Bartolo, eu mesmo,<br />

Idmid, fui abordado por dois delinquentes. Ele queriam,<br />

em troca da minha “liberdade”, que eu escolhesse entre<br />

oferendar minha pipa <strong>ou</strong> um cordão Yin & Yang que havia<br />

comprado numa festa de São Jorge no Largo do Bodegão.<br />

Entreguei o cordão


ELES É QUE TÊM QUE TER MEDO DE MIM<br />

Inflado, “meu nome é Deivi” chega exclamando,<br />

consumindo seus bens, <strong>ou</strong> raro, <strong>ou</strong> exótico. Não de lugar<br />

nenhum. De jeito nenhum; nunca em <strong>ou</strong>tro lugar você<br />

voltaria a falar dessa forma conhecendo este sanguessuga<br />

ostensivo e consciente, Deivi sei lá o quê. Queria fama,<br />

veio com as melhores intenções de r<strong>ou</strong>bar seu melhor<br />

emprego. Comentem uns com os <strong>ou</strong>tros. É sua vitória.<br />

R<strong>ou</strong>ba até as melhores meninas. “Deixei a todos<br />

amedrontados”, disse, “eu Deivi”. “E continuo daqui,<br />

espetando agulhas nos olhos das moscas de cada hora. Será<br />

que tenho mesmo que parar essa grosseria? S<strong>ou</strong> grosso?<br />

Arrogante, pretensioso, palhaço? Só porque desarmei??”<br />

Devo é quitar, acordar dessa hipnose! Quem se afeta, já<br />

difícil de encarar, já se lasc<strong>ou</strong>; não me venha com<br />

desculpas <strong>ou</strong> rodeios <strong>ou</strong> motivos de embromação, vai até o<br />

que dá, o teu fim. Chega de preguiça. Provável que<br />

alguém como Deivi esteja te esperando. Desliga a polifonia<br />

do celular e vai! Vai buscar teu prejú!<br />

Precisamente, passados dias e mais dias de espera, logo<br />

tem que... ter... que terminar o que começara. Deve-se<br />

gabar de algo. Fica sóbrio!!


JÁ COMEU FARELO DE BISCOITO DO FUNDO DO POTE?<br />

Ei, olha só, tenho uma parada pra te mostrar. É uma lista<br />

de afazeres e trecos de comprar. A ordem não há.<br />

Imaginem o porquê!!<br />

Pensa bem: 1) Encerrar a conta-corrente 2) Comprar<br />

controle remoto 3) Um aquário 4) Imprimir aquele pôster<br />

5) Comprar mata-baratas 6) Fazer <strong>ou</strong>tras tatuagens 7)<br />

Arrumar um armário pequeno 8) Aonde colocar a arara de<br />

r<strong>ou</strong>pas? 9) Aprender a tocar banjo <strong>ou</strong> qualquer <strong>ou</strong>tro<br />

instrumento 10) Gaita? 11) Violão 12) Montar uma guitarra<br />

com captadores novos em madeira antiga; limar o braço<br />

dessa guitarra montada 13) Comprar filé de merluza, bifes,<br />

esfirras, queijo amarelo em sachê, incenso, cinzeiro, leite<br />

em pó, maionese, mel, sabão em pó 14) Ouvir os hinos da<br />

Umbanda 15) Uma pulseira de presente para o braço dela<br />

16) Jogos Tectoi 17) Discografias. Afinal de contas, preciso<br />

me divertir! Ah tá, 18) Aquela cortina de miçangas para<br />

instalar no corredor – “Aí aqui fica estiloso”, Iai disse –<br />

Só falta mais dinheiro, disposição, ação, verba, essas<br />

contas.<br />

Desculpa, fiquei sem assunto ultimamente. Me perdi levado<br />

pelo marasmo e apanhei do cotidiano. Isso é chato.<br />

Pendurando tudo no quadro de avisos. Cortiça mata!


O JOGO DA EXPERIÊNCIA<br />

Acordada no meio da madrugada, em meio a sonhos e<br />

pesadelos, nossa Iai com suas dezenas de ideias que<br />

povoam a memória. Estava inquieta. Talvez fosse por ter<br />

dormido cedo, que nem velha!<br />

Agora é de manhã, precisa voltar quando acordar. É muito<br />

melhor. Tudo fica mais bonito, ainda que ao redor lembre<br />

um p<strong>ou</strong>co as “Confissões de uma comedora de ópio”. Só<br />

rindo, né.<br />

“É de tarde. Nada de café, nem almoço tive”, ela pensa<br />

consigo, e mais: “Tanto se pass<strong>ou</strong> para voltar a essa<br />

miséria? No que perdi a mão, gente? Mas o que mais<br />

atormenta é miséria existencial. Eu pertenço a este jogo,<br />

ainda que já há muito esteja no time dos reservas”<br />

Pôr do sol. Quase noite. Na frente a tela gorda, futurística,<br />

incerta, de viagens abaladas e ela no mesmo lugar,<br />

quietinha, colaborando.<br />

Noite, noite! Reacendi a minha chama, s<strong>ou</strong> eu quem está<br />

viva, cheia de luz e visões. Que mancada estar me<br />

pressionando a terminar com o Idinho. Por um acaso tenho<br />

editor? P<strong>ou</strong>a nenhuma, é um enjoo a cada hora...<br />

Com a experiência, é provável, talvez consiga algum<br />

trocado. E v<strong>ou</strong> parar numa cidade submersa novíssima. Um<br />

protótipo. Olhando através do vidro esta experiência –<br />

agora uma surpresa


VINGADORES<br />

Existirá um dia uma camada da sociedade, <strong>ou</strong> mesmo um<br />

punhado de bravos homens <strong>ou</strong> mulheres, destinados a<br />

vingar. Adaptarão essa arte, ah sim. Viverão só para isso.<br />

É pra vingança que suas existências são validadas. Precisam<br />

desse tipo de atitude.<br />

Passo agora a bola pro caso que me inspir<strong>ou</strong> a escrever<br />

isto. Começa com um cara, um funcionário, nada de mais.<br />

Tirando o fato de que estava a ficar desequilibrado, e<br />

emanava isso em seus atos: punha veneno nas bebidas.<br />

Não sei se poderia classificá-lo como vingador, já que foi<br />

um pioneiro, só depois a coisa tom<strong>ou</strong> forma. Vingadores já<br />

eram uma classe. Mas no tempo deste tal, só tinha ele, na<br />

boa. Conforme foi passando, a influenciar, vezes inteirinhas<br />

pelos bares puxando assunto e envenenando a gente<br />

carente. Ainda que fosse a princípio só dor de barriga nas<br />

pessoas, evoluiu para certo tipo de câncer, ao final do qual<br />

os clientes morriam horas depois de uma lacerada<br />

hemorragia interna; furúnculos e pus e fedor saiam de seus<br />

corpos. Nunca se s<strong>ou</strong>be como <strong>ou</strong> porquê disso. É só<br />

fantástico, apreciativo. Com certos sentimentos, coisas de<br />

gente sem princípio <strong>ou</strong> uma moral estilo cristã, por acaso<br />

– mas por que digo isso, eu aqui chateado com o que<br />

sinto, perdendo meu amor, poxa


ODEIO IMIGRANTES<br />

Um cara vai ao pastel do Chinês de Ali. Suas intenções são<br />

as melhores, sério mesmo. Olha, encara o atendente. O do<br />

caixa fala com o atendente... É <strong>ou</strong>tra língua. O caixa e o<br />

cara pensam, ao mesmo instante: “Aqui as paradas são<br />

diferentes”. O cara pede um joelho de carne e um refresco<br />

de mate. Deu tudo R$ 2,80 bem reais, naquela época.<br />

Baratinho. Note, seria o ano de 2010. Se, alguma vez, as<br />

coisas deram errado, por favor, era para, digo, deviam ter<br />

avisado. Ajudemo-nos uns aos <strong>ou</strong>tros a tornar diferente<br />

esse mundo, a ser, dos seres melhores! Ambos (eu,<br />

atendente) vamos saber porque o Rio tem a fama que tem.<br />

Uma mistura de violência com camaradagem. “Você não tá<br />

no seu país, eu tento sobreviver no meu”, pensa o cara.<br />

Ah, gente boa, a luta é a mesma. Mesmo não odiando os<br />

imigrantes, fazem zoações por aí. Quem nunca foi um<br />

forasteiro por alguma situação? É o destino que<br />

remasteriza os dias das pessoas.<br />

Mas aqui na Zona Sula, há tantos hipócritas, e isso de<br />

amostrar. Muitas situações o cara viu. É migrante tantas<br />

vezes, também pudera, sob <strong>ou</strong>tro aspecto, como fumantes<br />

da mesma substância, financiam o mesmo movimento, um<br />

tráfico! Quem não legaliza acaba por ter que fazer debaixo<br />

dos panos. Por isso, uns ficam subterrâneos, vivem num<br />

mundo de mendigos e disfarces, dentro das próprias caixas<br />

de papelão.


COLOMY<br />

Que faz seus cigarrinhos. Usa papel – <strong>ou</strong> seda, como for –<br />

Colomy e fuma – <strong>ou</strong> tabaco, talvez! – montanhês –<br />

qualidade Wilder Fin-a-mór. E assim começa este conto!<br />

Pega o fósforo, porque tem que sentir aquele gosto<br />

amadeirado e queimado dos palitos. As cinzas!! Séculos de<br />

culto e devoção diária fizeram do hábito imprescindível<br />

como o papel para a leitura. Simplesmente uma amostra<br />

não é dissociada da <strong>ou</strong>tra.<br />

Tem estilo. Senta-se com classe. É de erudição. Ou pensa<br />

ser. Na sua mesa, <strong>ou</strong> melhor, escrivaninha, aquele<br />

computador e o cinzeiro r<strong>ou</strong>bado do último hotel que<br />

frequent<strong>ou</strong>, e ALTIVEZ. Já que hoje nessa época as pessoas<br />

são desengonçadas(?)(!)(A escolher exclamações)<br />

A barba roliça detrás da arrogância, este que só tem<br />

porcaria no estômago, ainda que tanta química só muito<br />

engane. Na cama dorme a amante da vez, e sente falta da<br />

anterior. Olha, tenta sorrir pra ela. Sorri. Dormiu, tadinha.<br />

É dia de cansaço, nhanharam pra esquecer que existem<br />

tarefas.<br />

Agora <strong>ou</strong>tra cena, desembrulhando a pena branca. Coloca<br />

por cima do computador desligado, espalha, junta. Pega<br />

um cartão de crédito e lembra que deve ao banco. Pila<br />

bastante até ficar só uma poeirinha. Faz 2 carreirinhas.<br />

Fuuuuuu, fuuuuuu um. Fun, Fum, p<strong>ou</strong>, foi tudo? Na<br />

metade da última, mais um fuuuuu comedido. F<strong>ou</strong>sse, diz,<br />

foi tudo. Então sai pra comprar cachorro-quente. Ela nossa<br />

adora. E nos ligamos. Tudo vai melhorar, claro.


O CORPO EM CHAMAS<br />

Penso no conto do ar-condicionado, a história do<br />

afetamento da gripe e da coriza.<br />

Est<strong>ou</strong> com febre, acordei amassado, mesmo assim sinto<br />

frio, mas o calor me pega. Acabaram-se os remédios, assim<br />

mesmo, nada à vista. Puxo o cobertor, a diretriz é básica:<br />

cessar sofrimento. 0 e 1. Não há como fugir, pode me<br />

entender? Só faça, não questione. Nem nada. Tá?<br />

A garganta me explode. Um gole d'água equivale ao<br />

desvirginamento dos prazeres sem sentimento, pra variar,<br />

descrente como sisos que renasceram hoje mesmo, <strong>ou</strong> em<br />

qualquer vez. Ahhhhh, exclamo acalorado de cinza, nem<br />

quero perceber <strong>ou</strong>tros tons! Os olhos estão vermelhos,<br />

lacrimejando. A cabeça lateja. É, meu corpo em chamas. O<br />

mesmo que parece que apanh<strong>ou</strong> dia e noite. Todo<br />

dolorido, cada movimento uma nova dor.<br />

Fisga a barriga, realizo a boca seca, fedida a mau hálito.<br />

Aquela gosma matutina, entretanto... sem forças para<br />

rastejar até o banheiro e escovar.<br />

Por favor, é meio-dia e um tanto. Se alguém já leu este<br />

conto, e me odeia, me mata, no favor... da Arte. Termina<br />

logo com isso... joga fora! Todos os belos sóis são de <strong>ou</strong>tra<br />

época, como mesmo será que entenderiam meus motivos,<br />

que compreenderiam essa forma de l<strong>ou</strong>cura? Na boa, só<br />

falo do lado ruim, né.<br />

Logo perco <strong>ou</strong>tra entrevista de emprego. É certo que estive<br />

ilhado. Buenafurego com chuva é um nojo. A praia, os<br />

Voluntários, tudo como um rio, não reclamamos mais<br />

juntos. As dores do mundo e da prefeitura só são<br />

solucionadas aos goles de vinho B<strong>ou</strong>chonné, mas nem<br />

tenho. Desejo tá aí


ID PERDE<br />

O p<strong>ou</strong>co vencer perdeu. Olhei pela janela e esperei a ême<br />

zikagarrar, até que o nome meu, este dan<strong>ou</strong>-se, e então,<br />

como sei se v<strong>ou</strong> pagar as contas? Est<strong>ou</strong> sujo, por que as<br />

pessoas envelhecem e morrem... e nos Eus? Quem invent<strong>ou</strong><br />

essa lei escrota e p<strong>ou</strong>co justa???<br />

Preciso de um emprego, mesmo falido, ainda em aguardo.<br />

V<strong>ou</strong> confessar: apostei e perdi. Quem me impediria de<br />

fugir? Quem pode julgar? Estudei tudo errado, os cálculos<br />

foram falhos, e já está tarde para pagar <strong>ou</strong>tro curso. Pra<br />

piorar, me apaixonei pela minha traficante e nem sei como<br />

v<strong>ou</strong> dizer que talvez nos separemos. É o que se pode dizer<br />

de alguém jururu.<br />

Tempos depois, me ligaram, e anotei neste presente<br />

caderno: “Entrevista: C\ Carolina, 31 de março de 2010,<br />

quarta, 15:30, Av. Airmilton Senn do Brazl, 2.150, Bl. H,<br />

Sala 215, perto do Casa Shops”. Então saí nesta tal quarta,<br />

todo arrumadinho de camisa de botão, calça nova e meu<br />

sapato italiano – herança de uma época longínqua na<br />

Europa como viajante. Almocei, olhei pela janela e estava<br />

caindo um toró.<br />

Cheguei à parada de ônibus e levei um banho desse cativo<br />

do ag<strong>ou</strong>ro. Mas essas desambiguações são inventares,<br />

apenas não é só o motorista que se caga pros passantes!<br />

Todo mundo é quem. Viro rapidamente e levo <strong>ou</strong>tro<br />

banho; um carro me encharc<strong>ou</strong> o que faltava das costas e<br />

mochila. Mesmo assim tento! Subo em minha condução.<br />

Tinha uma hora para chegar ao local, mas a sorte fez a<br />

trolha do piloto de ônibus levar exatamente 1 hora para<br />

chega só até o canal – desde quando!? Fiz um som, igual<br />

um huunf de quadrinhos, desci perto do hotel Mar,


distribuí os currículos pelo vento, parei num bar. Era tudo<br />

enganação. Lembrei dos velhos prazeres, não me levei a<br />

sério. Na minha cabeça tocava algo já extinto. Eu que s<strong>ou</strong><br />

o leão....................


PEIDORREIROS, O SONHO ACABOU!<br />

A festa se foi, nosso “Submarilh<strong>ou</strong> Amarelossistido”<br />

naufrag<strong>ou</strong>, dormideira escondeu-se, assim como os sonhos<br />

de amanhã, neste momento de um mundo pelos Seres<br />

Humanos. Se expor os quadros, tocar as músicas, lançar<br />

novos livros de <strong>ou</strong>tra revolução... a dos suburbanos, dos<br />

mal nascidos. Oeste mais uma vez perde para Sula, nesta<br />

batalha carioca; os pobres ficam mais atolados e desejando<br />

a tristeza dos ricos. Nós fracassamos nas Zonas, tivemos<br />

cansaço, reclamamos antes mesmo de tentar todo o Rio de<br />

Geral, nem fomos pacientes... dormimos até tarde,<br />

fumamos os neurônios em desalinho. Cagamos, se mijamos<br />

e ficamos com as mãos vexatórias. Esse é o fim limitar.<br />

Perder não deveria existir.<br />

E agora no apês das namoradinhas ocasionais que<br />

sustentam, laricando e empanturrado, arrotando fedido.<br />

Não tem nada de literário nisso, é demais. Em tom<br />

arrastado, chumbado e pesado, aborrecido, logo<br />

perderemos nossos lares – que nem gostei tanto, pois<br />

p<strong>ou</strong>co tinha minha cara <strong>ou</strong> canto. Ao menos havia um lar,<br />

ainda que nas vezes em que nos juntamos. Mas foi<br />

divertido, as almas se reveem de tempos em tempos. Um<br />

brinde, já basta. Saúdêêe!!!


ÍNDIO BRANCO, NEGRA RUIVA<br />

Há essa mescla de tudo, há um perfeiçoamento do<br />

Humano, pela saga, a evolução natural, em ser; muitos<br />

desconhecem, <strong>ou</strong> não percebem. Tem gente que nem se dá<br />

ao trabalho! Outros se calam e olham passar este novo<br />

elemento.<br />

Ainda que tivermos que avisar que a pessoa se torna bela<br />

quando é vista pelos demais, claro. Eu digo pelado, pelada,<br />

desejados. Assim é a Beleza.<br />

Sorte nossa que o destino traç<strong>ou</strong> tudo antes, para depois<br />

destrinchar, a gente que aprenda.<br />

Nos tornamos como os ídolos que bastaram, vias, algo<br />

aquém e agriões. Desde este ponto, vê-se que fomos<br />

produzidos em lares próprios. Agora o mundo vem. Ambos<br />

e tantos já não mais decaídos no verão. A melhor espécie.<br />

Pensa comigo. Então temos características em comum, pelo<br />

caminho, a galera. É bom. Lemos.


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– Você acha legal se drogar, Idmid? – essa é a pergunta<br />

que chega.<br />

– Eu? Ih, nem sei que s<strong>ou</strong>, quanto mais, é..... qual foi,<br />

me deixa só cantar, tenho a Poesia, v<strong>ou</strong> é mandar esse<br />

poema pra Iai..... – e declama virando seu corpo para a<br />

companheira, rindo e p<strong>ou</strong>co dando crédito para a questão<br />

levantada:<br />

“ Eu vivo no mundo da... lua? Essa menina compra a<br />

janta. Marlcôzamos, e digo à minha querida que s<strong>ou</strong> um<br />

pé-rapado e que tô fadado a ser pobre e charmoso<br />

vagabundeando estufado. Estufado e existindo; <strong>ou</strong> papilas<br />

degustativas nas tardes por uma felicidade. Ela sorri pois<br />

gosta! A Marlgô me deu (de)compreensão e divertimentos<br />

incomparáveis, disse por ela mesma entre risos, essa era a<br />

Iai naquela época. Eu penso comigo que 'não tenho mais<br />

certeza'. E pus minha mão no seu peito. Recostei-me...<br />

depois apertei forte, afaguei ali a mão em formato de pata.<br />

S<strong>ou</strong> seu rei, <strong>ou</strong> leão. Você a rainha d'ervinia; somos como<br />

bombinhas”<br />

Mas a reação da moça assusta Idmid, e vai mudar suas<br />

atitudes, seguramente: ela recua.

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