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Revista Beer Brasil - Edição 02 - ABR2016

A Revista Beer Brasil é uma nova publicação da Editora Hophead, focada no mercado de cervejas artesanais, em oportunidades de negócios, e em temas como harmonização, dicas de degustação, novos rótulos, eventos, entrevistas, e todo e qualquer outro assunto relevante ao mundo cervejeiro.

A Revista Beer Brasil é uma nova publicação da Editora Hophead, focada no mercado de cervejas artesanais, em oportunidades de negócios, e em temas como harmonização, dicas de degustação, novos rótulos, eventos, entrevistas, e todo e qualquer outro assunto relevante ao mundo cervejeiro.

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BEER BRASIL<br />

sua revista sobre cervejas artesanais<br />

REINHEITSGEBOT<br />

500 ANOS<br />

Promissores<br />

negócios<br />

cervejeiros<br />

Histórias por trás<br />

dos rótulos<br />

Chile, um país cervejeiro<br />

EU, SOMMELIER<br />

COMO APROFUNDAR CONHECIMENTOS<br />

SOBRE A CULTURA CERVEJEIRA<br />

Ed. #<strong>02</strong> | <strong>ABR2016</strong><br />

Roteiros cervejeiros<br />

Primeira parada:<br />

terra mundial<br />

da cerveja<br />

Les 3 Brasseurs<br />

Um pouquinho<br />

da França aqui<br />

no <strong>Brasil</strong>


BEER BRASIL<br />

EdiToR E diREToR EXECUTiVo<br />

Raul dos Santos<br />

REiNHEiTSGEBoT: 500 ANoS!!!<br />

Chegou a edição #<strong>02</strong> da <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>, no exato mês<br />

em que celebram-se os 500 anos da Reinheitsgebot, a<br />

badalada Lei da Pureza alemã, que apesar de polêmica<br />

nos dias atuais, sem dúvida foi um divisor de águas na<br />

fabricação de cervejas. E para falar sobre isso, nossa<br />

colunista Gisele Russano foi perguntar aos próprios<br />

alemães o que eles acham disso!<br />

E a revista está globalizada, contando ainda mais sobre<br />

o “mundo” cervejeiro (literalmente!), não apenas sobre o<br />

que acontece aqui no <strong>Brasil</strong>! Comentaremos um roteiro<br />

cervejeiro por Munique, capital da Baviera, e outro pelo<br />

Chile, mostrando que na América do Sul, não apenas<br />

o <strong>Brasil</strong> está passando por uma expansão das cervejas<br />

artesanais. Também contaremos um pouco da história da<br />

micro cervejaria e brewpub francês Les 3 Brasseurs, que<br />

prestes a completar 3 anos no país, mostra que veio para<br />

ficar!<br />

E para fechar com chave de ouro, falaremos um pouco<br />

sobre alguns “promissores negócios cervejeiros”. De<br />

franquias a brassagens coletivas. Convidamos um<br />

especialista no assunto para nos listar as vantagens e<br />

desvantagens de cada um desses negócios.<br />

Leia sem moderação, um abraço!<br />

Editor<br />

Raul dos Santos<br />

2 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Editorial<br />

Raul dos Santos<br />

Idealizador e editor da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>, é<br />

empresário, Sommelier de<br />

Cervejas pela Doemens<br />

Akademie - Academia<br />

Barbante e especialista em<br />

Administração dos Negócios<br />

da Cerveja pela FGV/SP.<br />

CoLABoRAdoRES dESTA <strong>Edição</strong><br />

Adriane Baldini<br />

Amanda Reitenbach<br />

Daiane Colla<br />

Denny Ueda<br />

Fabrício Domingues<br />

Fernanda Meybom<br />

Gil Lebre<br />

Gisele Russano<br />

Rodrigo Sawamura<br />

Simone Pires<br />

William Hadlich<br />

PRodUção GRÁFiCA<br />

Editora HOPHEAD<br />

CoNTAToS, PARCERiAS E ANÚNCioS<br />

contato@revistabeerbrasil.com.br<br />

WEBSiTE<br />

www.revistabeerbrasil.com.br<br />

FACEBooK<br />

facebook.com/revistabeerbrasil<br />

A REViSTA BEER BRASiL é uma publicação criada, desenhada e<br />

produzida no <strong>Brasil</strong> pela EdiToRA HoPHEAd LTdA, e destinada ao<br />

público envolvido com cervejas artesanais. Copyright © 2016 REViSTA<br />

BEER BRASiL. Todos os direitos reservados. ISSN 2447-3863.<br />

Esta publicação é protegida por direitos autorais, sendo vedada a<br />

reprodução, distribuição ou comercialização de qualquer material<br />

ou conteúdo dela obtido, sem a prévia e expressa autorização da<br />

EdiToRA HoPHEAd LTdA. As visões e opiniões dos anunciantes,<br />

entrevistados e colunistas são particulares e não necessariamente<br />

refletem a opinião da editora ou do staff editorial. A editora<br />

não assume nenhuma responsabilidade por erros, omissões ou<br />

danos resultantes da utilização das informações aqui contidas.<br />

IMPORTANTE: eventualmente, utilizamos material que acreditamos<br />

ter sido disponibilizado sob domínio público, porém algumas vezes<br />

não é possível identificar e/ou contatar o dono dos direitos autorais.<br />

Se desejar alegar propriedade por qualquer conteúdo aqui publicado,<br />

entre em contato e ficaremos mais do que felizes em realizar quaisquer<br />

correções necessárias.


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<strong>Edição</strong> #<strong>02</strong> | <strong>ABR2016</strong><br />

LES 3 BRASSEURS<br />

Um pouquinho da França, aqui no <strong>Brasil</strong>!<br />

ROTEIROS CERVEJEIROS<br />

Continuamos a jornada em nossa primeira<br />

parada: terra mundial da cerveja!<br />

HISTÓRIAS POR TRÁS DOS RÓTULOS<br />

As cervejas abordadas do ponto de vista do rótulo.<br />

PROMISSORES NEGÓCIOS<br />

CERVEJEIROS<br />

Avaliamos 7 tipos de negócio para você investir.<br />

EU, SOMMELIER<br />

Como aprofundar conhecimentos<br />

sobre a cultura cervejeira.<br />

REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

Perguntamos a alguns cervejeiros alemães o<br />

que eles acham da Lei da Pureza.<br />

CERVEJAS, SABORES E<br />

LUGARES<br />

Chile, um país cervejeiro.<br />

ENTREVISTA: CERVEJA<br />

BLUMENAU<br />

Os planos para a futura fábrica.<br />

BERLINER WEISSE<br />

Detalhes técnicos do refrescante estilo que<br />

nasceu em Berlim.<br />

04


LES 3 BRASSEURS<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA AQUI NO BRASIL<br />

Enquanto muitos novos<br />

bares e brewpubs abrem<br />

suas portas por todo o<br />

<strong>Brasil</strong>, buscando aproveitar<br />

ao máximo o momento<br />

de expansão do mercado<br />

cervejeiro artesanal brasileiro,<br />

e com o desafio de fazer<br />

um negócio prosperar<br />

diante de um cenário tão<br />

incerto quanto nosso <strong>Brasil</strong><br />

atual, a Les 3 Brasseurs,<br />

ou simplesmente “3B”,<br />

cervejaria francesa com mais<br />

de 30 anos de história, segue<br />

uma fórmula de sucesso já<br />

testada mundialmente, com<br />

a força e experiência de um<br />

grupo francês que, entre<br />

quase uma dúzia de outras<br />

redes de restaurantes, já<br />

conta com 53 unidades da<br />

3B espalhadas por todo o<br />

mundo. São nada menos que<br />

27 unidades espalhadas por<br />

toda a França, 15 unidades no<br />

Canadá e outras 6 espalhadas<br />

pelo mundo, sendo a<br />

unidade paulista a primeira<br />

a ser inaugurada na América<br />

Latina.


LES 3 BRASSEURS<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA AQUI NO BRASIL<br />

Flamme, que leva um pouco de cerveja na massa, uma<br />

das especialidades da 3B.<br />

Foto: Wellington Nemeth


LES 3 BRASSEURS<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA AQUI NO BRASIL<br />

Foto: Thiago Capodanno<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA<br />

AQUI NO BRASIL<br />

Foto: Adilson Silva<br />

Na verdade, são 30 anos só de<br />

brewpub, pois as primeiras<br />

cervejas da 3B remetem ao<br />

início do século XX, em Lille,<br />

na França, onde 3 mestres cervejeiros<br />

se uniram para fundar uma cervejaria<br />

que se tornaria uma das mais importantes<br />

da França. Daí o nome “Les<br />

Tres Brasseurs”, ou traduzindo do<br />

frânces, “os três cervejeiros”.<br />

Não só as receitas (cinco fixas,<br />

algumas com reconhecimentos<br />

e prêmios internacionais, além<br />

de algumas sazonais, produzidas<br />

pelo jovem cervejeiro<br />

francês Clement Chevalier),<br />

mas também todo o visual do<br />

brewpub segue o padrão das<br />

unidades presentes lá fora. A<br />

gestão também é francesa,<br />

tocada de perto pelo francês<br />

Laurens Defour, diretor<br />

geral das operações da 3B<br />

no <strong>Brasil</strong> e responsável por trazer a<br />

3B para o país.<br />

A caminho de completar 3 anos em<br />

novembro deste ano, a 3B veio para<br />

ficar. Ao entrar no brewpub francês<br />

e prestar atenção aos detalhes da<br />

decoração, já se percebe que nenhuma<br />

empresa investiria tantas cifras,<br />

se realmente não tivesse uma estratégia<br />

de longo prazo. O investimento<br />

inicial previsto para a primeira<br />

unidade brasileira estava na casa<br />

dos R$ 6 milhões, porém chegando<br />

a quase R$ 7,5 milhões devido às peculiaridades<br />

do mercado brasileiro.<br />

“Entre as maiores dificuldades, estão<br />

as complexidades fiscais, específicas<br />

do <strong>Brasil</strong>, e a disponibilidade e capacitação<br />

da mão de obra brasileira”,<br />

comenta Defour.<br />

“Os planos de trazer a 3B ao <strong>Brasil</strong> já<br />

existiam e simplesmente se consoli-


daram com a explosão do mercado brasileiro<br />

de cervejas artesanais”, comenta.<br />

Existem planos de aumentar o número<br />

de filiais, em São Paulo e outros estados<br />

brasileiros, porém com uma fórmula<br />

um pouco diferente, quem sabe com<br />

um espaço menor (o espaço atual da<br />

3B na Rua Jesuíno Arruda, no bairro do<br />

Itaim Bibi, em São Paulo, tem 600 metros<br />

quadrados), menos custos e para<br />

um público diferente (focado mais em<br />

cervejas artesanais). Mas são planos,<br />

que estão sendo analisados de acordo<br />

com o crescimento e necessidade do<br />

mercado.<br />

Com fabricação própria, ali mesmo,<br />

com os tanques de fabricação aos olhos<br />

dos clientes, a 3B segue uma fórmula<br />

contemporânea de unir cerveja e gastronomia,<br />

oferecendo o sabor peculiar<br />

da cerveja francesa com um pouco<br />

da requintada gastronomia da região.<br />

Com acompanhamento do sommelier<br />

da casa, visitas guiadas ao interior da<br />

microcervejaria são organizadas semanalmente<br />

para serem apresentados<br />

os tanques de fermentação e maturação<br />

responsáveis pelos quase 10 mil<br />

litros mensais produzidos.<br />

LES 3 BRASSEURS<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA AQUI NO BRASIL<br />

Foto: Wellington Nemeth


LES 3 BRASSEURS<br />

UM POUQUINHO DA FRANÇA AQUI NO BRASIL<br />

Foto: Thiago Capodanno<br />

A<br />

microcervejaria já teve alguns<br />

cervejeiros brasileiros como<br />

responsáveis pela produção,<br />

mas finalmente se estabilizou<br />

com o jovem Clement, que de passagem<br />

pelo <strong>Brasil</strong> e com experiência<br />

prévia em microcervejarias francesas,<br />

topou o desafio e hoje produz as 5<br />

receitas fixas da casa (além de todas<br />

as sazonais), com acompanhamento<br />

remoto, diretamente da França, da<br />

equipe de cervejeiros franceses. Aliás,<br />

o intercâmbio de informações entre os<br />

cervejeiros 3B espalhados pelo mundo<br />

é um diferencial à parte. Os cervejeiros<br />

se comunicam diariamente se necessário,<br />

trocam amostras e receitas e<br />

compartilham um fórum para dúvidas.<br />

“Sempre temos algum cervejeiro em<br />

algum lugar do mundo disponível para<br />

ajudar ou tirar qualquer tipo de dúvida”,<br />

relata Clement. A 3B inclusive organiza,<br />

anualmente, uma “competição amigável”<br />

entre todos os cervejeiros 3B, para<br />

que seja escolhida a “melhor receita”,<br />

que então é liberada como sazonal para<br />

todas as unidades 3B no mundo, como<br />

a excelente Black IPA, lançada no final<br />

de 2015, receita do cervejeiro canadense<br />

Julien Lafortune, da 3B Montréal.<br />

E o investimento não está refletido só<br />

nas instalações e qualidade de serviço,<br />

comidas e bebidas. O marketing da<br />

3B também é bastante forte, e com o<br />

apoio de uma assessoria de imprensa<br />

especializada, a inovação tem sido<br />

um ponto forte para o crescimento do<br />

brewpub. Começando pelo divertido<br />

cardápio em formato de jornal! Aberto<br />

de segunda à segunda, existem promoções<br />

e opção para famílias e amigos.<br />

Além do almoço servido diariamente,<br />

no site oficial da 3B (www.les3brasseurs.com.br)<br />

ou em sua página do Facebook<br />

(www.facebook.com/3B<strong>Brasil</strong>),<br />

sempre existe alguma novidade, seja<br />

um happy hour com alguma transmissão<br />

esportiva, o lançamento de uma<br />

nova sazonal ou uma data comemorativa<br />

com alguma harmonização sugerida<br />

entre as especiarias e cervejas da casa.<br />

Um excelente local para se conhecer<br />

em São Paulo e um excelente exemplo<br />

de uma estratégia de longo prazo para<br />

os empreendedores de plantão!<br />

8 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


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contato@revistabeerbrasil.com.br<br />

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ROTEIROS CERVEJEIROS<br />

por DAIANE COLLA<br />

As tendas das cervejarias durante a Oktoberfest<br />

ficam assim, completamente lotadas.<br />

Primeira parada: terra mundial da cerveja<br />

(parte 1)<br />

Fotos: Daiane Colla<br />

Munique é a capital da Baviera e a terceira maior cidade da Alemanha.<br />

Une como poucas, modernidade e tradição. É a terra da maior festa<br />

dedicada à cerveja no mundo e casa de tradicionais cervejarias.<br />

Não poderíamos iniciar um<br />

roteiro cervejeiro de 40 dias<br />

da melhor forma. Chegamos<br />

a Munique no último dia de<br />

Oktoberfest, a maior celebração da cerveja<br />

no mundo, que recebe 5 milhões<br />

de pessoas em 16 dias de festa. Esse<br />

número absurdo de visitantes consome,<br />

em média, 7 milhões de litros de cerveja<br />

a cada evento.<br />

Para eles, a Oktoberfest já começa antes<br />

de chegar ao parque. No hotel onde<br />

ficamos, durante o café da manhã, já era<br />

possível ver os bávaros com suas tradicionais<br />

roupas. No trem e no trajeto<br />

a pé até a festa, também. Aliás, chegar<br />

a Theresienwiese (parque que abriga<br />

o evento), é muito fácil, o local é bem<br />

localizado e metrô e trem levam você<br />

até lá. Voltando a falar das vestes, acredito<br />

que mais de 80% das pessoas vão<br />

à festa com os trajes típicos - para os<br />

homens o lederhosen, macacão curto<br />

de couro, e para as mulheres, o dirndl,<br />

uma saia com corpete que remete a<br />

uma camponesa.<br />

A entrada ao parque é gratuita e a<br />

dinâmica da festa é bem diferente do<br />

que estamos acostumados no <strong>Brasil</strong>.<br />

Na Oktoberfest original, cada cervejaria<br />

possui a sua tenda (ou mais de uma).<br />

Hofbräuhaus, Paulaner, Hacker-Pschorr,<br />

Löwenbräu, Spaten-Franziskaner-Bräu e<br />

Augustiner são as marcas presentes na<br />

Oktober em 14 diferentes tendas.<br />

O acesso às tendas é livre, mas você<br />

só poderá beber se tiver um lugar<br />

à mesa. Para conseguir uma mesa<br />

é preciso entrar em contato com a<br />

cervejaria com muita, muita antecedência.<br />

Se você não tem reserva<br />

antecipada (não tínhamos!) e não<br />

conseguiu um espaço em alguma<br />

mesa (como fomos no último dia e<br />

estava tudo lotado, não demos sorte)<br />

é possível beber nos biergartens das<br />

cervejarias. Cada cervejaria tem um diferente.<br />

Entretanto, o clima lá fora não<br />

é nem um pouco parecido com o clima<br />

dentro das tendas. Lá, amontoados, os<br />

alemães viram seus Maßkrug (copo de<br />

1 litro) enquanto ficam em pé sobre as<br />

mesas dançando e cantando músicas<br />

típicas da Bavária.<br />

10 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


Na Oktoberfest 2015 (17/09 a 03/10) foram<br />

consumidos 7,3 milhões de litros de cerveja<br />

a 10 euros o Maßkrug. Lembre-se que está<br />

pagando pela cerveja consumida, e não pela<br />

caneca. Só na última Oktober, a polícia parou<br />

110 mil pessoas que estavam tentando levar<br />

as canecas para casa.<br />

ROTEIROS CERVEJEIROS<br />

por DAIANE COLLA<br />

Se acha que vai a Oktoberfest para ver variedade,<br />

está enganado. Todos os anos, as cervejarias<br />

produzem uma cerveja sazonal com<br />

receita exclusiva denominada Oktoberfest,<br />

vendida durante toda a festa. Antigamente a<br />

cerveja era marrom, hoje a cor varia entre o<br />

dourado e o âmbar. Na cerveja, o destaque é<br />

o malte que aparece de forma predominante<br />

no aroma e no sabor. A graduação alcóolica<br />

varia entre 4,8 a 5,7% e eles a bebem em<br />

quantidades e numa rapidez absurda.<br />

Apesar de todas as cervejarias servirem o<br />

mesmo estilo, as cervejas possuem pequenas<br />

variações. Experimentamos as seis e nossa<br />

preferida foi a da Augustiner. Apesar de não<br />

fazer parte do estilo, ela tinha um leve aroma<br />

floral de lúpulo que equilibrou muito bem<br />

com o caráter maltado.<br />

Num lugar onde se consome muita cerveja<br />

é preciso ter muita comida também. Fartura<br />

também é coisa de alemão. Além dos<br />

deliciosos pretzels, as tendas servem uma<br />

grande variedade de comidas típicas à base<br />

de porco e frango, além de muita salsicha.<br />

Aliás, Munique possui lojas incríveis com uma<br />

variedade impressionante de salsichas. Vale a<br />

pena conhecer alguma delas.<br />

Infelizmente, o dia foi bastante chuvoso e<br />

conseguimos passear menos do que gostaríamos<br />

pelo parque. Mesmo assim, conseguimos<br />

ver a cerimônia oficial de encerramento.<br />

Um lindo desfile de carroças representando<br />

as cervejarias presentes no evento, tradição<br />

iniciada lá em 1810, quando foi realizada a<br />

primeira Oktoberfest.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

11


RoTEiRoS CERVEJEiRoS<br />

por dAiANE CoLLA<br />

um Tour Tradicional<br />

Engana-se quem pensa que<br />

Munique vive a cerveja apenas<br />

nos dias da Oktoberfest. Se você<br />

está pensando em conhecer a<br />

cidade fora dessa época, saiba<br />

que poderá provar os mais<br />

tradicionais estilos alemães que<br />

seguem à risca a Reinheitsgebot,<br />

ou Lei de Pureza Alemã, em<br />

lugares que parecem ter parado<br />

no tempo.<br />

As seis principais cervejarias<br />

da cidade (as mesmas que<br />

participam da Oktoberfest),<br />

possuem restaurantes, bares e<br />

biergartens (no plural mesmo,<br />

todas têm pelo menos dois<br />

locais) espalhados por toda<br />

a área central. Em cada um<br />

desses locais é possível fazer um<br />

mergulho na história da cerveja,<br />

experimentando estilos alemães<br />

tradicionais e comendo o melhor<br />

da gastronomia bávara.<br />

Se você gosta de caminhar, é<br />

possível fazer um roteiro a pé<br />

e visitar todas elas. Ele é ideal<br />

caso seu tempo em Munique<br />

seja curto. Comece tomando<br />

um café da manhã bávaro<br />

na Augustiner am Platz, vá a<br />

Hofbräuhaus am Platz depois<br />

a Spatenhaus an der Open,<br />

almoce na Lowenbraukeller,<br />

coma a sobremesa na Der<br />

Pschorr e termine a tour na<br />

Paulaner im Tal.<br />

12 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


RoTEiRoS CERVEJEiRoS<br />

por dAiANE CoLLA<br />

Esse roteiro foi pensado na<br />

proximidade e tempo. Se o seu<br />

desejo é saber como funciona<br />

a produção, infelizmente<br />

nenhuma dessas cervejarias<br />

oferece tour. Aproveite para<br />

beber pils, helles e dunkel no<br />

lugar onde elas foram criadas.<br />

As cervejarias também contam<br />

com cervejas sazonais. Quase<br />

todas possuem uma opção<br />

radler, com adição de limão.<br />

Algo que nos chamou muito<br />

atenção, é que esses locais são<br />

pontos de encontro. Reuniões<br />

de negócio, um bom bate-papo,<br />

reunião com amigos, acontecem<br />

nos bares e restaurantes das<br />

cervejarias. São os “cafés” de<br />

Munique, só que ao invés de<br />

café, preferem uma boa cerveja,<br />

combustível para discussões<br />

acaloradas.


ROTEIROS CERVEJEIROS<br />

por DAIANE COLLA<br />

Tem modernidade também<br />

Como já comentei, Munique une tradição<br />

e modernidade como poucas. Além de<br />

cervejarias centenárias, abriga modernos<br />

tap houses e lojas especializadas, focadas<br />

em comercializar cervejas que fujam da Lei<br />

de Pureza.<br />

A Tap House Munich é uma delas. Com<br />

42 taps e uma seleção de mais de 200<br />

garrafas, serve cervejas americanas,<br />

inglesas, belgas e de microcervejarias<br />

alemãs. Um dos destaques são as cervejas<br />

da Camba Bavaria. A micro alemã produz<br />

estilos tradicionais e conta com uma bela<br />

seleção de cervejas de estilo americano e<br />

envelhecidas em barril.<br />

Aqui uma seleção de alguns lugares<br />

tradicionais e modernos para incrementar<br />

seu roteiro:<br />

Tap House Munich - bar<br />

Biervana - loja<br />

Ayingers Speis und Trank – restaurante<br />

Schneider Weisses Brauhaus - restaurante<br />

Getränke Oase - loja<br />

Andechser am Dom – restaurante<br />

Getränkecenter Schwabing – loja<br />

Paulaner Bräuhaus – brewpub<br />

Fotos: Daiane Colla


Não é cerveja, mas é demais!<br />

Como pegamos muita chuva em<br />

Munique, deixamos os parques<br />

e grandes passeios ao ar livre<br />

de lado e nos concentramos em<br />

locais fechados e confortáveis.<br />

Como Munique é a terra da<br />

BMW e estava viajando com<br />

o marido, fomos conhecer o<br />

complexo da marca, que envolve<br />

a loja e o museu. No showroom<br />

(BMW Welt), claro, todos os<br />

lançamentos da marca. Se você<br />

não é muito fã de carros e vai<br />

acompanhar alguém no local,<br />

não se preocupe, a construção<br />

que abriga a loja já vale a visita.<br />

Em frente ao showroom fica<br />

o museu, que conta a história<br />

da marca através dos tempos.<br />

Os dois lugares dispõem<br />

de uma boa infraestrutura<br />

para visitantes: banheiros,<br />

restaurantes, cafés e central de<br />

informações.<br />

*Na próxima edição<br />

continuaremos na Baviera,<br />

explorando as belezas<br />

cervejeiras e naturais da região<br />

de Munique.<br />

Daiane Colla<br />

Daiane Colla é Sommelière de Cerveja pelo Science of <strong>Beer</strong> Institute<br />

do <strong>Brasil</strong> em 2012 e em 2014 Master of <strong>Beer</strong> Styles pelo Siebel Institute<br />

of Technology de Chicago, Estados Unidos. É coordenadora geral<br />

do Science of <strong>Beer</strong> Institute trabalhando na organização dos cursos<br />

realizados no país e diretora de comunicação. Atua como sommelière<br />

em consultorias e eventos de degustação e harmonização. É<br />

embaixadora do Brussels <strong>Beer</strong> Challenge para o <strong>Brasil</strong> e membro da<br />

comissão organizadora do Concurso <strong>Brasil</strong>eiro de Cervejas atuando<br />

como coordenadora de serviço.


HISTÓRIAS POR TRÁS DOS RÓTULOS<br />

por DENNY UEDA<br />

HISTÓRIAS POR TRÁS DOS RÓTULOS<br />

A<br />

primeira atitude que todo<br />

apreciador de cervejas toma,<br />

é analisar o rótulo. Aliás, esta<br />

é a primeira ação de qualquer<br />

consumidor, e quase sempre a grande<br />

influenciadora na escolha da “nova”<br />

cerveja. Podemos dizer que um rótulo<br />

bem feito certamente influencia em seu<br />

sucesso! E todo o rótulo possui uma história,<br />

e por trás dessas histórias, existem<br />

pessoas. Nesta nova coluna, as cervejas<br />

serão abordadas do ponto de vista do<br />

rótulo, ou seja, não é intenção julgar se<br />

a cerveja é boa ou não, se está dentro<br />

de determinado estilo, ou se é um<br />

sucesso comercial. Aqui será contada<br />

a história por trás dos rótulos. Aprecie<br />

sem moderação.<br />

Os rótulos desta edição são produzidos<br />

pela Cervejaria Quinta do Malte,<br />

localizada no interior do estado de São<br />

Paulo, na tranquila cidade de Socorro.<br />

A cidade é famosa pelas malharias<br />

(confecção de malhas), e também pelo<br />

turismo de aventura, sendo conhecida<br />

como “Cidade Aventura”, o que influenciou<br />

no nome da “Cerveja das Estâncias<br />

- Adventure Lager”.<br />

16 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Diversos esportes são praticados na<br />

região, como o rafting, motocross, arvorismo,<br />

escalada e também voo livre.<br />

Estes saltos normalmente são realizados<br />

em uma montanha chamada Pico<br />

da Cascavel. Não é para menos que<br />

este importante ponto turístico local<br />

influenciou no nome da maioria dos<br />

rótulos da cervejaria Quinta do Malte.<br />

Seus rótulos possuem o nome (ou<br />

parte do nome) de alguma cobra, como<br />

a Rubra Orange Wheat Ale, Krait Hop<br />

Lager, Taipan Amber Lager, Mamba<br />

IPA e Timber Weiss Bier.<br />

A influência da região sobre as cervejas<br />

não fica apenas nos nomes, mas também<br />

na arte. Nos cinco rótulos citados,<br />

foram escolhidas obras do artista Alcindo<br />

de Oliveira Santos Júnior. As obras<br />

foram compradas pela cervejaria, assim<br />

como o direito de uso de imagem<br />

das mesmas. Em entrevista, o senhor<br />

Alcindo revelou orgulhoso que houve<br />

uma repercussão imediata com o uso<br />

de suas obras, aumentando significativamente<br />

a procura pelo seu ateliê. Sem<br />

dúvida as cervejas artesanais merecem<br />

ser tratadas como obras de arte, e neste<br />

caso, misturou-se literalmente com arte<br />

e valorização da cultura local.<br />

Artista desde criança, formado na<br />

primeira turma de Desenho Industrial e<br />

Comunicação Visual da FAAP, o simpático<br />

jovem de 69 anos de idade mescla<br />

a carreira profissional entre projetos de<br />

identidade visual corporativo e as obras<br />

de arte, que misturam diversas técnicas<br />

com o uso de aquarela, nanquim com<br />

bico de pena, pirografia, etc. Para as<br />

empresas, algumas obras são lembradas<br />

até hoje, como a vaquinha do Leite<br />

Paulista, o elefante do Jumbo Eletro e<br />

muitas obras de comunicação para o<br />

grupo Pão de Açúcar. É possível conhecer<br />

o artista Alcindo Júnior e suas obras<br />

em seu ateliê “Feito com Jeito”, aos finais<br />

de semana, na cidade de Socorro.<br />

Participe!<br />

Normalmente cerveja é consumida<br />

junto com amigos! Então, vamos<br />

também tornar esta coluna cada vez<br />

mais interessante? Qual rótulo de<br />

cerveja você acha curioso, ou belo, ou<br />

interessante, para estar aqui? Participe!<br />

Envie um e-mail para nós,<br />

contato@revistabeerbrasil.com.br,<br />

colocando no assunto “HISTÓRIAS POR<br />

TRÁS DOS RÓTULOS”.


HiSTÓRiAS PoR TRÁS doS RÓTULoS<br />

por dENNY UEdA<br />

O nome “Quinta do Malte”<br />

A palavra “quinta”, de “Quinta do Malte”, vem de<br />

“quintal”, e surgiu em referência ao fato de a<br />

cervejaria ser próxima e poder ser vista da janela<br />

da casa do sócio fundador, Antonio de Padua<br />

Andrade Junior.<br />

Sobre as cobras<br />

Rubra: cobra que chega a 40cm. São encontradas<br />

no sudeste dos Estados Unidos, normalmente em<br />

terra solta, em solo arenoso e toras de madeira<br />

velha.<br />

Common Krait: é também relativamente pequena,<br />

com 90cm, mas uma das mais venenosas da Índia.<br />

Taipan: chega a 2 metros. São encontradas em<br />

bosques, pastagens e florestas da Austrália e Nova<br />

Guiné.<br />

Mamba preta: esta cobra pode ter até 2 metros<br />

e meio e vive em cerrados e pastagens do Sul da<br />

África.<br />

Timber rattlesnake: possui de 90cm a 1,30 metro<br />

e são encontradas, normalmente, em florestas e<br />

terrenos acidentados no leste dos Estados Unidos.<br />

Sobre a fábrica<br />

Em funcionamento desde 2010, produzindo<br />

cervejas de diversas marcas, como Cervejaria<br />

Magnus e Brassaria Ampolis. Também já produziu<br />

para várias cervejarias ciganas, como Urbana<br />

e 2Cabeças. Uma das marcas de maior sucesso<br />

comercial foi a cerveja Duff, também produzida<br />

por lá.<br />

Fotos: Leto Guilherme/Miyashiro<br />

O artista por trás dos rótulos da Quinta do Malte:<br />

Alcindo de Oliveira Santos Júnior<br />

Denny Ueda<br />

Amante de design de rótulos, especialista em<br />

negócios cervejeiros, sócio-diretor da Plan<strong>Beer</strong>,<br />

Sommelier de Cervejas e Mestre em Estilos.<br />

Possui vasta experiência na cadeia cervejeira,<br />

onde participou de dezenas de diferentes<br />

projetos de negócios, comunicação e marketing,<br />

educação e criação de produtos e conceitos.<br />

Atualmente gosta de dizer que é assessor de<br />

idéias (cervejeiras, é claro!).


PRoMiSSoRES NEGÓCioS CERVEJEiRoS<br />

por AdRiANE BALdiNi<br />

Promissores<br />

Negócios<br />

Cervejeiros<br />

Não se pode negar que a maioria<br />

dos números da economia<br />

brasileira, inclusive a inflação<br />

escancarada em larga escala<br />

pela grande mídia, está assolando os<br />

brasileiros. Porém, mesmo que o país<br />

esteja sofrendo o princípio de (mais)<br />

uma grande depressão econômica,<br />

afetando principalmente as áreas das<br />

grandes indústrias e a do comércio<br />

exterior, quando se fala em cerveja, o<br />

efeito pode ser considerado reverso.<br />

Dados do Ministério do Desenvolvimento<br />

e do IBGE, de 2014, apontaram<br />

um grande crescimento no consumo<br />

de cerveja e na importação de malte,<br />

lúpulo e novas marcas de cervejas -<br />

além das já tradicionais, importadas há<br />

quase quatorze anos.<br />

Um estudo feito pelo BNDES, referente<br />

ao Setor de Bebidas no <strong>Brasil</strong>, apontou<br />

que atualmente há cerca de 250 microcervejarias<br />

consolidadas no país e que<br />

elas vêm apresentando um excelente (e<br />

exemplar) ritmo de crescimento.<br />

Por mais que o consumo das cervejas<br />

artesanais ainda esteja em ascensão se<br />

comparado a outros países que já possuem<br />

a produção consolidada (como<br />

EUA e alguns europeus), dados consideráveis<br />

sobre esse mercado começaram a<br />

ser catalogados com números expressivos<br />

(e a ponto de incomodar as grandes<br />

indústrias), apenas a partir de 2008 —<br />

quase ao mesmo tempo em que houve<br />

um salto de cervejeiros caseiros que<br />

iniciaram a fabricação da bebida para<br />

consumo próprio.<br />

Mesmo que a grande maioria ainda não<br />

tenha chegado aos 10 anos, os cervejeiros<br />

artesanais brasileiros trilharam<br />

caminhos homéricos, onde muitos<br />

adquiriram conhecimento fora do país<br />

e aplicaram localmente, e de maneira<br />

admirável.<br />

Isso representa um avanço no mercado,<br />

que deixa de ser juvenil, mostrando<br />

amadurecimento a cada ano que passa.<br />

Diante da inovação de estilos de cerveja<br />

e da qualidade do produto ofertado no<br />

mercado interno brasileiro, o Sebrae<br />

visualizou um crescimento expansivo<br />

desse nicho de mercado e publicou em<br />

2014 uma cartilha sobre o Potencial de<br />

Consumo de Cervejas no <strong>Brasil</strong>, sugerindo<br />

o investimento em novas fábricas e<br />

como conquistar uma nova clientela.<br />

No entanto, caso a área industrial não<br />

seja um chamariz para você, levantamos<br />

aqui as principais possibilidades de<br />

negócios cervejeiros com o especialista<br />

Alexandre Willerding, administrador<br />

de empresas com especialização em<br />

logística pela FGV, experiência de quase<br />

10 anos em empresas como Brahma,<br />

Coca-Cola e Eisenbahn, professor na<br />

Universidade Positivo e sócio fundador<br />

da marca de cervejas artesanais Diabólica.<br />

Confira:<br />

18 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


1) ABRIR UMA NANO OU<br />

MICROCERVEJARIA<br />

A maioria das cervejas artesanais que<br />

são encontradas à venda em grandes<br />

redes de supermercado, bares, postos<br />

de gasolina e mais uma infinidade de<br />

pontos de venda, vieram de cervejeiros<br />

que fizeram a receita pela primeira vez<br />

em casa. Isso significa que o mercado<br />

cresceu e, claro, a concorrência está<br />

aumentando — “sendo esse um<br />

grande fator que pode dificultar na<br />

transformação do hobby em um<br />

negócio”, diz Alexandre. No entanto,<br />

como o caminho já foi trilhado por<br />

uma série de empresários que se<br />

tornaram bem-sucedidos no decorrer<br />

do tempo, quem decidir montar uma<br />

microcervejaria atualmente, não<br />

sofrerá (tanto ou excessivamente) com<br />

o desconhecido. Alexandre ainda diz<br />

que “a expansão ainda é desejável, mas<br />

a advertência é para o planejamento:<br />

ele precisa ser cada vez mais acurado<br />

para aumentar as chances de sucesso”,<br />

enfatiza. Mas, quais são as maneiras<br />

de se destacar em um mercado com<br />

inundações de receitas diferenciadas?<br />

Alexandre aposta na releitura<br />

de estilos clássicos, inovação na<br />

produção (e, segundo ele, uma forma<br />

de fundamentar a “escola brasileira<br />

da cerveja”), trabalho cooperativo<br />

com marcas ciganas e a associação<br />

com turismo. Todos são caminhos<br />

interessantes.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Mercado permanece em expansão;<br />

- Mais informações disponíveis<br />

(cursos, profissionais, cases, etc.);<br />

- Consumidores ávidos por novidades.<br />

2) BREWPUBS<br />

Abrir um bar onde se possa fabricar<br />

a cerveja é bastante interessante no<br />

<strong>Brasil</strong>. Há hoje exemplos de lugares<br />

onde os maturadores ficam no mesmo<br />

local onde estão as mesas, ou pelo<br />

menos, à vista, sendo um excelente<br />

chamariz para atrair o público. Para<br />

Alexandre, o investimento vale muito<br />

a pena, mas deve receber atenção<br />

redobrada. “Um brewpub é, antes<br />

de mais nada, um local que oferta<br />

um serviço, então, a excelência<br />

na prestação deste serviço deve<br />

ser fundamental. Provavelmente,<br />

apenas a cerveja artesanal produzida<br />

no local não será o suficiente para<br />

sustentar o empreendimento. O<br />

futuro empresário deve criar uma<br />

experiência surpreendente para o<br />

cliente, de maneira ampla: decoração,<br />

atendimento, alimentação, música,<br />

focar-se nos feedbacks postados nas<br />

mídias sociais, entre muitos outros”,<br />

ressalta.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Grande potencial de fidelização:<br />

serviço, “bairrismo”, variedade de<br />

produtos, personalização, etc.;<br />

- Boa margem de adesão;<br />

- Associação com o turismo local.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Legislação complexa;<br />

- Produto/serviço complexo a ser<br />

oferecido.<br />

ANUNCIE AQUI!<br />

contato@revistabeerbrasil.com.br<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Concorrência crescente;<br />

- Tendência a considerar a empresa<br />

como um hobby;<br />

- Alto investimento para lançar e<br />

estabelecer o novo negócio (indústria,<br />

desenvolvimento do produto,<br />

comunicação de marca, etc.).


Promissores Negócios Cervejeiros<br />

por ADRIANE BALDINI<br />

4) IMPORTADORAS<br />

3) APENAS TORNEIRAS<br />

Curitiba, São Paulo, Porto Alegre,<br />

Blumenau e Rio Preto, dentre muitas<br />

outras, são cidades que que possuem<br />

diversas cervejarias (dentre elas,<br />

produções das cervejarias ciganas),<br />

tornando-se, naturalmente, grandes<br />

polos de chope fresco. Abrir um ponto<br />

de venda, fixo ou móvel (adaptando<br />

vans ou pequenos caminhões para essa<br />

finalidade), que venda apenas o chope<br />

direto da torneira, ofertando várias<br />

opções, seja em copos ou em growlers,<br />

pode ser altamente rentável. Assim<br />

como as brassagens exclusivas, é um<br />

mercado inovador a ser explorado.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Investimento baixo a moderado;<br />

- Baixa concorrência direta;<br />

- Flexibilidade para hora de trabalho;<br />

- Oferta de variedades de estilos.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Legislação complexa;<br />

- Manuseio de um produto perecível,<br />

ou seja, validade curta;<br />

- Considerado como um negócio<br />

“inovador”, necessita de uma certa<br />

dose de mudança de comportamento<br />

dos consumidores.<br />

Importar cervejas de grandes países<br />

produtores, com a atual economia,<br />

requer muita atenção. Alexandre<br />

aconselha a entrar nesse mercado<br />

quem realmente for da área, pois<br />

a experiência conta muito na hora<br />

de saber lidar com as altas e baixas<br />

do dólar. Além disso, o especialista<br />

alerta para os enormes prazos de<br />

movimentação da mercadoria, o que<br />

acarreta um grande investimento em<br />

capital de giro, estoque e prazos de<br />

entrega.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Possibilidade de exclusividade<br />

na comercialização de uma marca<br />

reconhecida internacionalmente;<br />

- Apoio através da experiência<br />

internacional do fabricante.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Turbulências econômicas impactam<br />

profundamente toda a cadeia de<br />

importação;<br />

- A produção nacional é de ótima<br />

qualidade, no qual compete<br />

facilmente com o produto a ser<br />

importado;<br />

- Alto capital de giro para cobrir<br />

os longos tempos envolvidos<br />

na operação (ex.: transportes,<br />

desembaraço aduaneiro, etc.);<br />

- Alto nível de estoques.


5) BRASSAGENS EXCLUSIVAS<br />

Está surgindo um modelo de negócio<br />

bem particular no ramo cervejeiro,<br />

um bar (ou algo muito parecido com<br />

isso), onde se pode fazer uma receita<br />

de cerveja no local. Nesse caso, é<br />

bastante interessante que o lugar tenha<br />

disponível um mestre cervejeiro que dê<br />

sugestões de como fazer a receita ideal.<br />

“O mercado da personalização tem<br />

proporções diferentes de um mercado<br />

de varejo tradicional. Mesmo assim,<br />

parece ser promissor. Pode-se fazer uma<br />

cerveja sob demanda para comemorar<br />

os 50 anos do seu pai, do time de<br />

futebol local e muitos outros”, diz<br />

Alexandre. Mas o especialista aconselha<br />

que, além da venda de cervejas<br />

personalizadas, o local tenha espaço<br />

para eventos (como por exemplo, a<br />

degustação e alimentação). Se o local<br />

também ofertar a personalização e a<br />

confecção de rótulos e caixas, mais<br />

rentável poderá ser o negócio. Exemplo<br />

de empreendimento: <strong>Beer</strong>mind, em<br />

Curitiba.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Oferta de produtos personalizados e<br />

exclusivos;<br />

- Relacionamento de longo prazo com<br />

o cliente (que vai desde cozinhar até<br />

fermentar, engarrafar e degustar a<br />

receita feita por ele);<br />

- Investimento inicial reduzido se<br />

comparado a outras alternativas;<br />

- Custo operacional relativamente<br />

baixo.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Para se sustentar, necessita de<br />

grande demanda;<br />

- Por ser considerado “inovador”, pode<br />

haver resistência na mudança do<br />

comportamento de consumidores<br />

que fabricam a cerveja em casa.<br />

Promissores Negócios Cervejeiros<br />

por ADRIANE BALDINI<br />

6) FRANQUIAS<br />

A franquia de lojas que vendem cerveja<br />

artesanal, seja no formato de quiosques<br />

em shoppings ou em ambientes<br />

exclusivos, também parecem ser<br />

bastante atrativos. Um sommelier de<br />

cervejas no local é fundamental para<br />

atender tanto o consumidor experiente,<br />

quanto o neófito. O local também pode<br />

faturar com a venda de uma gama de<br />

acessórios (como camisetas, copos,<br />

bottons, abridores, kits personalizados,<br />

assinaturas de cerveja e o que mais se<br />

pode imaginar). O Sebrae aconselha os<br />

interessados a fazer um curso inicial,<br />

independentemente de o investidor<br />

ser iniciante ou veterano no mercado<br />

cervejeiro, pois esse tipo de comércio<br />

envolve o pagamento de royalties.<br />

“Cases de sucesso como Mr. <strong>Beer</strong> e<br />

Mestre-Cervejeiro são excelentes para<br />

análise”, cita Alexandre.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Apoio através da experiência do<br />

franqueador;<br />

- Investimento moderado;<br />

- Possibilidade de associação com<br />

o varejo gastronômico local (como<br />

foodtrucks, feiras e restaurantes);<br />

- Transforma a cerveja em um artigo<br />

“para presente”.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- A escolha do ponto de venda (PDV),<br />

conhecido também como “ponto comercial”,<br />

é de fundamental importância<br />

para o negócio;<br />

- Valor dos aluguéis e demais taxas<br />

associadas para o funcionamento<br />

(ex.: shopping centers, condomínios,<br />

empresas de estacionamento);<br />

- Royalties pagos ao franqueador.<br />

<strong>Beer</strong>mind, em Curitiba


Promissores Negócios Cervejeiros<br />

por ADRIANE BALDINI<br />

7) EDUCAÇÃO CERVEJEIRA<br />

Há excelentes escolas, centros<br />

tecnológicos e universidades que<br />

estão ofertando o curso técnico de<br />

mestre cervejeiro e de sommeliers em<br />

cidades onde a produção cervejeira<br />

é abundante. Mas investir em “mais<br />

do mesmo” pode ser algo que fique<br />

saturado no decorrer do tempo.<br />

Os cursos devem se diferenciar,<br />

focando em temas variados, além dos<br />

clássicos abordados. “Claro que não<br />

é possível aprender tudo – e nem a<br />

maioria – do mundo cervejeiro em<br />

um único curso. As escolas devem<br />

diversificar, investindo em assuntos<br />

como marketing, comunicação, gestão,<br />

tributação, financeiro, logística entre<br />

outros assuntos”, ressalta Alexandre.<br />

Aulas no estilo just-in-time, como é o<br />

caso da empresa de leveduras Yeast<br />

Facts, que ensina e tira dúvidas dos<br />

cervejeiros ao vivo pela internet, só<br />

tendem a crescer: “ressaltando que<br />

cursos presenciais têm o diferencial<br />

na formação de um bom networking”,<br />

acrescenta o especialista.<br />

PONTOS POSITIVOS<br />

- Mercado em educação cervejeira<br />

ainda é carente;<br />

- Há diversas alternativas que podem<br />

ser exploradas em cursos presenciais,<br />

à distância;<br />

- Ajudam na fundamentação de novos<br />

livros, revistas e manuais.<br />

PONTOS NEGATIVOS<br />

- Carência de profissionais para<br />

compor a equipe;<br />

- Ministrar conteúdos para públicos<br />

absolutamente distintos (onde na<br />

mesma turma poderá ter o que<br />

produz cerveja em casa há anos, o<br />

entusiasta e o que está em busca de<br />

conhecimento de gestão).<br />

Alexandre Willerding<br />

Administrador pela UFPR, especialista em<br />

Logística pela FGV, com extensão na Manchester<br />

Business School e <strong>Beer</strong> Sommelier pela Associação<br />

Internacional de Sommeliers. Trabalhou na ABInBev e<br />

Coca-Cola, principalmente na logística de distribuição.<br />

Desde 20<strong>02</strong> é professor universitário para cursos<br />

de graduação e pós-graduação (lato sensu) como<br />

Administração, Logística, Negócios Internacionais e<br />

Marketing. Em 2004 abriu em Curitiba a distribuidora<br />

exclusiva da cerveja artesanal Eisenbahn. Cinco<br />

anos mais tarde lançou a primeira IPA de Curitiba, a<br />

Diabólica 666, e nunca mais parou.<br />

Alexandre em visita à Urquell Brewery, em<br />

Plzen, República Tcheca<br />

É claro que, para qualquer uma dessas opções, mais<br />

importante do que ter uma bela receita de cerveja artesanal,<br />

é estudar quando será favorável investir em um desses<br />

negócios. Com a atual recessão, a alta do dólar e o elevado<br />

custos de serviços, fundamental mesmo é cativar os clientes<br />

desde quando se é homebrew. Enjoy!<br />

Adriane Baldini<br />

Adriane Baldini é jornalista investigativa<br />

há 10 anos. Atualmente trabalha em uma<br />

agência que pesquisa a história e a influência<br />

cultural da imigração alemã em Curitiba.<br />

Também é sommelière de cerveja (suas<br />

cervejas preferidas são as de estilos ingleses<br />

e, claro, alemães) e cozinheira. É apaixonada<br />

por história da arte e estratégias de guerra.<br />

Instagram @dribal21<br />

22 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


EU, SOMmelier<br />

por RODRIGO SAWAMURA<br />

COMO<br />

APROFUNDAR<br />

CONHECIMENTOS<br />

SOBRE CULTURA<br />

CERVEJEIRA<br />

Nesta edição da coluna “Eu Sommelier”,<br />

vamos trazer algumas dicas de instituições<br />

de ensino para quem está buscando aprofundar<br />

seus conhecimentos sobre cultura<br />

cervejeira.<br />

Mesmo diante de uma grande crise econômica, o<br />

mercado de cervejas artesanais dá sinais de força<br />

e vem mantendo um crescimento considerável.<br />

Mesmo sem contar com números formais do segmento,<br />

é fácil perceber o aumento significativo na<br />

quantidade de eventos e festivais cervejeiros, de<br />

novos empreendimentos, de cervejarias artesanais<br />

e ciganas, de entusiastas e apaixonados pela cultura<br />

cervejeira.<br />

Na mesma linha, o número de novos profissionais,<br />

especificamente o sommelier de cervejas, também<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

23


cresce a cada ano. Nossa profissão é<br />

extremamente jovem! Teve origem na<br />

Alemanha, em 2004, e no <strong>Brasil</strong>, temos<br />

a formação de sommeliers de cervejas<br />

desde 2010. Com um pouco mais de 5<br />

anos de vida, já tivemos a oportunidade<br />

de formar por volta de 4.000 profissionais<br />

em todo território brasileiro. E esse<br />

número tende a aumentar ainda mais!<br />

ministram uma<br />

série de cursos<br />

que vão desde<br />

os introdutórios,<br />

passando<br />

pelos profissionalizantes,<br />

além<br />

dos cursos de<br />

especialização.<br />

EU, SOMmelier<br />

por RODRIGO SAWAMURA<br />

Com o amadurecimento evidente do<br />

nosso mercado, ainda estamos muito<br />

distantes de uma possível saturação<br />

de profissionais. Assim, se você está<br />

pensando em iniciar-se nesta carreira,<br />

ou ainda, querendo transformar sua<br />

paixão em profissão ou o entusiasmo<br />

em trabalho, vá em frente, não perca<br />

tempo! Nosso mercado está repleto de<br />

ótimas opções!<br />

Mas, espera aí? Por onde devo começar?<br />

Em quais cursos ou escolas devo<br />

me matricular? Sem dúvida nenhuma,<br />

o primeiro passo é buscar uma instituição<br />

de ensino qualificada e verificar<br />

se os cursos oferecidos atendem às<br />

suas expectativas. Atualmente, contamos<br />

com qualificadas instituições que<br />

Escola Superior de Cerveja e Malte<br />

Uma boa opção<br />

para quem está<br />

buscando um<br />

curso de curta duração<br />

ou introdutório,<br />

é o <strong>Beer</strong>Talk,<br />

da Science of <strong>Beer</strong>.<br />

Segundo Daiane<br />

Colla, coordenadora<br />

da escola, o<br />

objetivo é transmitir<br />

ao aluno “noções<br />

básicas dos principais<br />

aspectos que<br />

envolvem a produção<br />

e degustação de<br />

cervejas especiais”.<br />

Principais Cursos Oferecidos:<br />

- Formação Básica: Workshop de Degustação de Cerveja,<br />

Introdução ao Mundo das Cervejas<br />

- Formação Profissionalizante: Sommelier de Cervejas Doemens<br />

- Especialização: Harmonização com Cerveja, Gestão Sensorial<br />

Cidades: Blumenau (SC)<br />

Site: www.cervejaemalte.com.br<br />

Para os cursos voltados à formação profissional, a<br />

Academia Barbante disponibiliza cursos intensivos e<br />

extensivos nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte.<br />

De acordo com Joyce Oliveira, gerente pedagógica da<br />

Academia Barbante, um dos diferenciais da escola é<br />

“atuar com certificações de reconhecimento internacional<br />

com foco em educação cervejeira”.<br />

Academia Barbante de Cerveja<br />

Principais Cursos Oferecidos:<br />

- Formação Básica: Noções Gerais da Cultura Cervejeira<br />

- Formação Profissionalizante: Sommelier de Cervejas Doemens<br />

- Especialização: Gestão Sensorial FlavorActiV, Harmonização<br />

com Cervejas Especiais<br />

Cidades: São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG)<br />

Site: www.academiabarbante.com.br<br />

24 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


EU, SOMmelier<br />

por RODRIGO SAWAMURA<br />

Science of <strong>Beer</strong><br />

Principais Cursos Oferecidos:<br />

- Formação Básica: <strong>Beer</strong> Talk<br />

- Formação Profissionalizante: Sommelier de Cervejas<br />

- Especialização: Science of <strong>Beer</strong> Styles<br />

Cidades: Porto Alegre e São Leopoldo (RS), Florianópolis (SC),<br />

Curitiba (PR), São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto (SP),<br />

Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF)<br />

Site: www.scienceofbeer.com.br<br />

Senac Rio<br />

Com relação aos cursos de especialização,<br />

destaque para o curso Mestre em<br />

Estilos do Instituto da Cerveja <strong>Brasil</strong>.<br />

Segundo Estácio Rodrigues, diretor do<br />

ICB, já somos mais de 200 mestres em<br />

estilo formados em todo brasil.<br />

Praticamente todas as instituições que<br />

atuam nessa área do ensino da sommelieria,<br />

também realizam cursos voltados<br />

para produção industrial e/ou artesanal,<br />

como é o caso da Escola Superior de<br />

Malte e Cerveja, em Blumenau. Mas<br />

essa temática sobre processo de fabricação<br />

ficará para uma outra oportunidade.<br />

Além disso, todas as escolas citadas<br />

oferecem desde os cursos introdutórios<br />

aos mais específicos e contam com<br />

corpo docente de primeira linha, com<br />

excelentes profissionais, sem dúvida<br />

nenhuma.<br />

Não deixe de pesquisar quando será a<br />

próxima turma do curso escolhido nos<br />

sites das escolas.<br />

Principais Cursos Oferecidos:<br />

- Formação Básica: Workshop Introdução à Cultura Cervejeira<br />

- Formação Profissionalizante: Técnicas para Sommelier de Cervejas<br />

Cidades: Rio de Janeiro (RJ)<br />

Site: www.rj.senac.br<br />

Instituto da Cerveja <strong>Brasil</strong><br />

Principais Cursos Oferecidos:<br />

- Formação Básica: Introdutório ao Universo de Cervejas Especiais,<br />

Serviço de Cerveja<br />

- Formação Profissionalizante: Sommelier de Cervejas<br />

- Especialização: Análise Sensorial e Off-Flavours,<br />

Mestre em Estilos, Especialização em Harmonização<br />

Cidades: São Paulo e Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ),<br />

Porto Alegre (RS), Curitiba (PR)<br />

Site: www.institutodacerveja.com.br<br />

Rodrigo Sawamura<br />

Engenheiro de Alimentos pela Unesp, Cozinheiro Chef<br />

Internacional pelo Senac, Sommelier de Cervejas pela<br />

ABS-Instituto da Cerveja e Doemens-Academia<br />

Barbante, Mestre em Estilos pelo Instituto da Cerveja,<br />

Tecnologia Cervejeira pelo Instituto da Cerveja /<br />

Faculdade de Tecnologia Munique / Weihenstephan,<br />

3° Lugar no Campeonato <strong>Brasil</strong>eiro de Sommelier de<br />

Cervejas 2015 e 4° Colocado no Campeonato Mundial<br />

de Sommelier de Cervejas 2015.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

25


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

No dia 23 de abril de 2016<br />

a Reinheitsgebot, Lei da<br />

Pureza Alemã, completa 500<br />

anos. Motivos para comemorar?<br />

Depende muito do ponto de<br />

vista. Enquanto cervejeiros tradicionais<br />

da Bavária organizam um festival para<br />

celebrar a lei (Festival 500 Jahre Bayrisches<br />

Reinheitsgebot, 22 a 24 de julho,<br />

em Munique), a nova geração de cervejeiros<br />

alemães organiza um movimento<br />

mundial contra a lei (Anti-Reinheitsgebot,<br />

23 de abril, em diversos bares e<br />

cervejarias do mundo todo).<br />

A Reinheitsgebot é uma lei que foi<br />

promulgada em 1516 pelo Duque da<br />

Baviera, que estabeleceu uma série de<br />

regulamentações para a produção de<br />

cerveja na Alemanha, entre elas a proibição<br />

do uso de qualquer ingrediente<br />

que não seja água, cevada, lúpulo e levedura.<br />

Ela é considerada a mais antiga<br />

lei alimentícia ainda válida de proteção<br />

ao consumidor.<br />

A discussão sobre a manutenção da lei<br />

na Alemanha é polêmica e fervorosa,<br />

cheia de argumentos interessantes em<br />

ambos os lados. A regulamentação foi<br />

boa para o país no passado, à medida<br />

que era uma proteção ao consumidor<br />

contra ingredientes de má qualidade?<br />

Ela continua sendo boa para o atual<br />

mercado cervejeiro alemão? Quais as limitações<br />

que a lei impõe ao crescimento<br />

da craft beer (cervejas artesanais) na<br />

Alemanha?<br />

A Associação de Cervejarias da Alemanha,<br />

Die Deutschen Brauen, mantém<br />

um site interessantíssimo com informações<br />

sobre a Reinheitsgebot, com<br />

fatos e argumentos que defendem a<br />

manutenção da lei (www.reinheitsgebot.de,<br />

em alemão). Eles enfatizam,<br />

principalmente, dois pontos importantes<br />

da Reinheitsgebot: qualidade e<br />

tradição. Ao falar dos benefícios da lei,<br />

destacam: clareza e transparência para<br />

o consumidor, para que tenha a certeza<br />

de consumir apenas ingredientes naturais;<br />

alta qualidade e procedência de<br />

ingredientes; proteção de ingredientes<br />

geneticamente modificados; reconhecimento<br />

mundial e popularidade. Eles<br />

também alegam que, em uma pesquisa<br />

realizada em 2014, 85% dos alemães se<br />

28 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

declararam a favor da Reinheitsgebot.<br />

Em relação à limitação à diversidade<br />

de cervejas resultante da proibição de<br />

ingredientes que a lei impõe, a associação<br />

defende: os cervejeiros tem à<br />

disposição cerca de 170 tipos de lúpulo,<br />

40 variedades de malte e 200 tipos<br />

de cepa de levedura. Considerando<br />

ainda a variação da água utilizada e as<br />

peculiaridades do processo de produção,<br />

existem mais de um milhão de<br />

diferentes maneiras de se produzir uma<br />

cerveja respeitando a Reinheitsgebot.<br />

Eles também respondem ao argumento<br />

de que a Reinheitsgebot impede<br />

o crescimento do mercado de craft<br />

beer, dizendo que 98% das craft beers<br />

são produzidas de acordo com a lei.<br />

Os cervejeiros que desejam produzir<br />

cervejas com diferentes ingredientes<br />

podem fazer isso, porém o produto<br />

estará dentro da categoria “Besonderen<br />

Bieren” (cervejas especiais). Die Deutsche<br />

Brauen deixa claro que são a favor<br />

deste mercado:<br />

“A Deutsche Brauer-<br />

-Bund (Federação de<br />

Cervejeiros Alemães)<br />

e seus membros vê a<br />

tendência Craft <strong>Beer</strong>s<br />

como enriquecedora.<br />

Muitas das nossas cervejarias-membros<br />

- pequenas,<br />

médias e grandes<br />

empresas - são bem<br />

sucedidas no segmento<br />

artesanal em expansão,<br />

alguns há muitos anos.<br />

Atuamos na Alemanha e<br />

na Europa em benefício<br />

de todos os fabricantes de<br />

cerveja: o segmento craft<br />

dá às cervejarias a chance<br />

de aumentar a visibilidade<br />

do processo de fabricação,<br />

cultura e variedade<br />

da cerveja, aumentando o<br />

seu valor e estimulando o<br />

alcance de novos grupos de<br />

consumidores.”


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

As cervejarias tradicionais, em<br />

sua maioria, são a favor da<br />

manutenção da regulamentação.<br />

Enquanto algumas cervejarias<br />

da Baviera não se importam com<br />

inovação, outras poucas estão usando a<br />

criatividade para produzir novos estilos<br />

dentro da Reinheisgebot. É o que faz,<br />

surpreendentemente, a Spitalbrauerei<br />

– uma cervejaria localizada em Regensburg<br />

em funcionamento desde 1226.<br />

“É preciso ter raízes e asas. (Goethe).<br />

Nós acreditamos que esta frase caracteriza<br />

a Spitalbrauerei em Regensburg/<br />

Baviera. Produzimos cerveja aqui em<br />

nossa famosa Ponte de Pedra desde<br />

1226. A Spital é profundamente enraizada<br />

na arte bávara de produzir cerveja<br />

e é a única cervejaria em Regensburg<br />

que já existia antes da Lei da Pureza.<br />

Nós respeitamos esta lei, obviamente.<br />

Como resultado do desenvolvimento<br />

de uma nova linha de produtos nós<br />

também lançamos cervejas de uma<br />

nova geração. Estes novos estilos de<br />

cerveja nos permitem colocar ênfase<br />

em novas características e apresentar<br />

a cerveja de uma maneira diferente,<br />

pouco conhecida na Baviera. Criamos<br />

tesouros como Pale Ale, Strong Ale, IPA,<br />

Summer Ale e Chocolate Stout. A Lei da<br />

Pureza da Baviera é a base para estas<br />

craftbeers, da mesma maneira que é<br />

para as nossas clássicas. Nós vemos estes<br />

novos estilos de cerveja como ainda<br />

em desenvolvimento. É especialmente<br />

importante para nós poder mostrar que<br />

diferentes sabores podem ser criados<br />

mesmo usando somente os quatro ingredientes<br />

básicos: água, malte, lúpulo<br />

30 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

Willibald<br />

Koller, CEO<br />

(ao lado),<br />

e Anton<br />

Miller, mestre<br />

cervejeiro (acima), da Spital Brauerei -<br />

uma tradicional e respeitada cervejaria<br />

da região da Baviera que lançou em<br />

2014 a sua linha de craft beer: a Spital<br />

Manufaktur.<br />

e levedura. Assim, tanto as cervejas<br />

tradicionais quanto as cervejas com<br />

novas características podem prosperar<br />

seguindo a Lei da Pureza. Nós tentamos<br />

dar a todas as novas cervejas o gosto<br />

da criatividade para que elas tenham<br />

seu caráter único. Outro objetivo nosso<br />

é dar à cerveja a significância que<br />

ela merece e celebrar o ato de beber<br />

cerveja. Isso também significa conectar<br />

cerveja com tradição e pátria.”


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

Sebastian Sauer<br />

Bem, os argumentos para se<br />

manter a Lei da Pureza Alemã<br />

parecem bem razoáveis, não é<br />

mesmo? Mas a história é diferente<br />

quando falamos com alguns representantes<br />

de cervejarias artesanais<br />

na Alemanha. Ao questionarmos sobre<br />

sua opinião sobre a Reinheitsgebot e<br />

suas implicações no mercado cervejeiro<br />

alemão atual, entendemos o que é ter<br />

que trabalhar sob as limitações da lei<br />

na pele de um cervejeiro. Confira seus<br />

depoimento, exclusivos para a <strong>Revista</strong><br />

<strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>, sobre o assunto em questão.<br />

“Certamente a Reinheitsgebot (e as<br />

regulamentações conectadas a elas)<br />

foi boa para a proteção das grandes<br />

cervejarias, por exemplo. Suas cervejas<br />

locais eram protegidas das cervejas de<br />

outros países no século 20, e elas ficaram<br />

cada vez mais fortes e influentes.<br />

Eu acho que isso não foi bom nem para<br />

o consumidor, nem para as pequenas<br />

cervejarias, já que os consumidores e<br />

cervejeiros alemães não foram educados<br />

sobre estilos de cerveja estrangeiros<br />

e estão focados em Helles, Dunkles<br />

e Weizen. As cervejarias menores<br />

tiveram que competir com as grandes<br />

produzindo os mesmos estilos e não tiveram<br />

espaço para criar outros tipos de<br />

cerveja para diferentes nichos. Nós estamos<br />

trabalhando para conseguir uma<br />

mudança nos termos da lei, o que será<br />

muito difícil de conseguir devido às<br />

fortes opiniões contra o assunto e aos<br />

representantes da Baviera, que não estão<br />

interessados em nenhuma mudança<br />

e querem exatamente o contrário:<br />

que toda a Alemanha obedeça ainda<br />

mais a rigorosa Lei da Pureza da Baviera<br />

(o que significa não poder produzir<br />

nada fora da lei, mesmo não chamando<br />

a bebida de cerveja). É muito importante<br />

que os cervejeiros alemães possam<br />

desenvolver produtos mais criativos,<br />

assim como os cervejeiros de qualquer<br />

lugar do mundo. A limitação para nós<br />

deveria seguir apenas as normas para<br />

os ingredientes alimentícios proibidos<br />

na Europa. Eu gosto de produzir cerveja<br />

com uma boa variedade de ingredien-<br />

32 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

tes, e eu não concordo em ter que<br />

limitar a mim e a minha criatividade a<br />

uma estranha regulamentação”.<br />

Sebastian Sauer trabalha em 3 diferentes<br />

cervejarias alemãs, incluindo<br />

Freigeist BierKultur e The Monarchy,<br />

produzindo uma grande variedade<br />

de estilos, incluindo simples estilos<br />

como versões não filtradas de Kölsch,<br />

Altbier etc., mas também cervejas mais<br />

complexas como Sour Porter com sal e<br />

cerejas ou a Viking Gose, uma escandinava<br />

inspirada no estilo Gose com<br />

diferentes maltes, sais defumados e<br />

bagas de zimbro.


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

mim, pessoalmente,<br />

a Reinheitsgebot não<br />

tem um significado real.<br />

“Para<br />

Entretanto eu acho seu<br />

conceito um fenômeno cultural interessante.<br />

Eu moro e trabalho na Alemanha<br />

há mais de 10 anos e tenho visto a<br />

questão da Reinheitsgebot por muitos<br />

ângulos diferentes. A percepção entre<br />

os consumidores de cerveja do mundo<br />

e a realidade do significado industrial<br />

da lei não poderiam ser mais diferentes.<br />

Existem, de fato, dois significados para<br />

a Reinheitsgebot. Há o significado<br />

comercial e romântico vendido para<br />

consumidores do mundo todo, que é<br />

a lei como um selo de qualidade e pureza<br />

– um valor que, do ponto de vista<br />

comercial para a indústria de cerveja<br />

alemã, é mesmo inestimável. Este conceito<br />

é contrastado pelo significado industrial<br />

da lei – um poço sem fundo de<br />

condições de produção confusas, vagas<br />

e às vezes absurdas que as cervejarias<br />

são obrigadas a seguir. Se você perguntar<br />

a dez diferentes mestres cervejeiros<br />

sobre detalhes da Reinheitsgebot, você<br />

vai provavelmente ouvir dez respostas<br />

diferentes. É muito comum ouvir<br />

nas feiras e congressos de cerveja da<br />

Alemanha: A Reinheitsgebot é conveniente?<br />

Isso exemplifica o ponto de que<br />

enquanto consumidores são levados<br />

a acreditar que a Reinheitsgebot diz<br />

respeito somente aos 4 ingredientes, a<br />

realidade é que atualmente ela controla<br />

cada passo do processo de produção.<br />

Ela tem sido continuamente usada para<br />

justificar e permitir o uso de substâncias<br />

para clarificar e estabilizar a cerveja<br />

- o que envolve remover substâncias<br />

naturais e saudáveis da cerveja para<br />

dar-lhe uma vida útil mais longa. Mas a<br />

lei deveria garantir qualidade da cerveja<br />

e proteger o consumidor, certo? Ingredientes<br />

como aveia em flocos, frutas<br />

e especiarias são estritamente proibidas<br />

pra nos “proteger”? Alimentos estes<br />

que muitas pessoas, especialmente na<br />

Alemanha, consomem em seu café-<br />

-da-manhã são proibidos. Ao mesmo<br />

34 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

tempo substâncias como Kieselguhr<br />

(uma substância que pode causar câncer<br />

quando inalada, mas não quando<br />

consumida) e Polyvinylpolypyrrolidon<br />

(química!) são permitidos mesmo que<br />

retirem algumas das substâncias mais<br />

benéficas e saudáveis da cerveja. Eles<br />

permitem isso em nome da estabilidade<br />

e tempo de prateleira, e não da<br />

qualidade. E definitivamente não da<br />

saúde. Eles estão protegendo o tempo<br />

de vida útil da cerveja na prateleira e<br />

sua reputação, e não garantindo maior<br />

qualidade da cerveja. Ironicamente,<br />

entretanto, isso vem ocorrendo bem<br />

debaixo do nariz da mais antiga lei de<br />

controle de alimentos do mundo”.<br />

Richard Hodges é co-fundador da Berliner Berg, cervejaria fundada em 2015 em<br />

Berlin que produz cervejas de estilos tradicionais alemães e cervejas artesanais<br />

de estilos modernos e criativos. Richie começou sua carreira na Hub City Brewery<br />

no Texas, e depois estudou nas Universidades Weihenstephan e Doemens na Alemanha.<br />

Depois de receber seu certificado de Brewmaster, trabalhou em cervejarias<br />

na Alemanha e na Itália. Antes de se mudar para Berlim, trabalhou na Crew<br />

Republic em Munique e lá ganhou prêmios com cervejas de estilos inovadores.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

35


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

Christian Hans Müller<br />

“Há 500 anos a chamada<br />

lei da pureza foi criada<br />

na Baviera antes mesmo<br />

de a Baviera pertencer<br />

à Alemanha como hoje. Mas para<br />

algumas pessoas aqui a lei ainda é<br />

motivo de celebração. Mas por quê? É<br />

claro que esta “lei da pureza” é considerada<br />

a mais antiga regulamentação<br />

de proteção ao consumidor. Na minha<br />

opinião não é a pior ideia proteger as<br />

pessoas de serem envenenadas ou até<br />

mortas por qualquer tipo de comida.<br />

Então há a necessidade de algumas<br />

regulamentações (típico pensamento<br />

alemão). Mas o fato é que a Reinheitsgebot<br />

se desenvolveu como nada mais<br />

do que uma inteligente ferramenta de<br />

marketing para as cervejarias venderem<br />

suas cervejas para diferentes<br />

países e se diferenciarem de cervejarias<br />

estrangeiras, exibindo que suas cervejas<br />

são produzidas com apenas quatro<br />

ingredientes. Que tédio! Hoje em dia a<br />

lei não tem nada a ver com pureza ou<br />

produtos naturais. Substâncias químicas<br />

como PVPP para clarificar a cerveja<br />

ou enzimas para acelerar a produção<br />

do açúcar são permitidas, contanto<br />

que não sejam detectáveis depois do<br />

envase. Além disso, ainda há uma limitação<br />

do uso dos quatro ingredientes<br />

e de ingredientes naturais como ervas,<br />

frutas e outros alimentos deliciosos<br />

que ainda são proibidos. É claro que eu<br />

preciso seguir as regras, mas no meu<br />

caso eu me limito a usar apenas ingredientes<br />

naturais para mostrar o que é<br />

a verdadeira pureza. Por outro lado eu<br />

sou sempre publicamente crítico em<br />

relação à regulamentação e deixo claro<br />

que os consumidores são enganados<br />

por esta lei. Muitas cervejas produzidas<br />

segundo a “lei da pureza” estão longe<br />

de serem puras. A real pureza pode ser<br />

mais do que apenas água, malte, lúpulo<br />

e levedura. Concluindo, quero dizer que<br />

não pode existir uma lei da pureza se<br />

não existe realmente pureza.”<br />

Christian Hans Müller é fundador da<br />

Hans Müller Sommelierbier e Sommelier<br />

de Cervejas certificado pelo<br />

Siebel Institute. Já recebeu o título de<br />

Best New Brewer pelo Ratebeer e hoje<br />

também atua como Country Manager<br />

da Global Association of Craft <strong>Beer</strong><br />

Brewers (GACBB), representando a<br />

associação em eventos nacionais e<br />

internacionais. A Hans Craft & Co. tem<br />

36 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


REINHEITSGEBOT 500 ANOS<br />

por GISELE RUSSANO<br />

cervejas premiadas de estilos<br />

variados como Imperial<br />

Stout, IPA e Wheat Pale Ale.<br />

Sem dúvida este é um<br />

assunto polêmico, e pauta<br />

ainda para muita discussão.<br />

Quem está certo ou errado<br />

nesta história? Independente<br />

do lado em que estejam,<br />

o mais importante é que as<br />

pessoas reconheçam o que<br />

realmente significa a Reinheitsgebot,<br />

e entendam os<br />

argumentos tanto dos que são<br />

a favor quanto dos que são contra esta<br />

lei. Informação! Só assim você poderá<br />

decidir: neste aniversário de 500 anos<br />

de Reinheitsgebot, você vai comemorar<br />

ou protestar?<br />

Gisele Russano<br />

Sommelier de Cerveja e Mestre em<br />

Estilos. Vive na Alemanha, onde<br />

vivencia e acompanha as tradições,<br />

tendências e movimentos do<br />

cenário cervejeiro europeu.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

37


RIO DE CERVEJA<br />

por GIL LEBRE<br />

MEU BAR DO CORAÇÃO<br />

Existe o senso comum que,<br />

para um bar ser valorizado, ele<br />

deve ser a extensão do nosso<br />

lar. Nem todos conseguem<br />

ser equiparados ao nosso aconchego.<br />

Quando são, merecem a assiduidade,<br />

pois fincaram um lugar no nosso<br />

coração.<br />

Eu tenho um bar para chamar de “meu”.<br />

É o Fina Cerva Cervejas Especiais,<br />

de Niterói, cidade onde nasci e moro.<br />

O tenho como propriedade porque<br />

o sócio, Felipe Ferreira, disse que só<br />

administra os negócios, quem manda é<br />

o cliente. Não aquela máxima “o cliente<br />

tem sempre razão”, pois o bar não tem<br />

clientes passageiros, mas amigos fiéis,<br />

os “habitués”.<br />

Qual o diferencial do Fina Cerva? A<br />

presença constante do dono. O Felipe<br />

quase mora no bar. Basta meia dúzia de<br />

palavras suas para ser contagiado pela<br />

sua simpatia. Henrique Ferreira, outro<br />

sócio, se dedica ao bar mais nos fins de<br />

semana, quando não está “voando” - ele<br />

é copiloto de avião.<br />

Os panos de fundo das conversas são<br />

as mais de 200 marcas de cervejas,<br />

sempre com as últimas novidades do<br />

mercado. O melhor dia é 5ª feira, dia de<br />

estreias e casa lotada. Se quiser beber<br />

local indico a Dead Dog American IPA -<br />

5,7% de teor alcoólico e 46 unidades de<br />

amargor -, orgulhosamente de Niterói.<br />

Até panetone a cerveja já virou. Explico:<br />

seu bagaço de malte entrou como<br />

38 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


RIO DE CERVEJA<br />

por GIL LEBRE<br />

ingrediente na iguaria natalina, que<br />

também levava bacon e foi batizada<br />

de “bacontone”. Já registro aqui o meu<br />

clamor pelo seu retorno.<br />

Histórias do Fina Cerva: conheço um<br />

frequentador que “usurpou” um dos<br />

cartões de comanda do bar. Ele o exibe<br />

sempre com orgulho. É o cartão de<br />

número 001, como o sócio fundador<br />

de um clube. Uma vez quase deu briga,<br />

quando outro cliente achou ser mais<br />

merecedor do 001. Parece que o cartão<br />

tem mais prestígio que um título de<br />

nobreza. Já eu, me contento com o<br />

cartão 077, meu número da sorte. Ando<br />

sempre com ele na carteira.<br />

CORAÇÃO DE MÃE<br />

Qual um coração de mãe, no meu também<br />

sempre cabe mais um... bar. Esse<br />

é uma paixão mais antiga que o Fina<br />

Cerva - aliás, são vizinhos. É o Armazém<br />

São Jorge, localizado na Rua Nóbrega,<br />

point da boemia no bairro Jardim Icaraí.<br />

O Armazém é comandado por dois<br />

jovens irmãos, Luiza e João Lima, e tem<br />

um “quase sócio” na figura do gerente<br />

da casa, o Rogério. Recentemente rolou<br />

um evento em sua homenagem para<br />

angariar pacotes de fraldas, já que está<br />

“grávido” do terceiro filho.<br />

Dez torneiras de chope chamam atenção,<br />

não só pelos extravagantes tap<br />

handles de marcas norte-americanas,<br />

mas pelo acuro em serem acondicionados<br />

em câmara fria, que mantém<br />

seu frescor. Aí sugiro ir de Oceânica<br />

Slow Down - Session IPA com 4,5% de<br />

teor alcoólico e 35 unidades de amargor<br />

- para beber em quantidade e não<br />

enjoar o paladar. Seu barril sempre seca<br />

rapidinho quando plugado.<br />

Ou se preferir algo menos amargo, a<br />

opção é a W*Kattz Kölsch, inspirada nas<br />

clássicas versões da cidade alemã de<br />

Colônia. A marca tem uma identidade<br />

visual bem bacana, com uma banda de<br />

jazz formada por gatos, assinada pelo<br />

cartunista Bruno Drummond.<br />

Esses são os meus bares do coração.<br />

Claro que outros também mereciam<br />

ser citados, a lista é longa. Portanto não<br />

fiquem com ciúmes, meu coração pode<br />

ser grande, mas infelizmente a coluna é<br />

curta. Fica o convite para vocês conhecerem<br />

os bares e também explorarem<br />

a cena cervejeira da sua região. Até o<br />

próximo número, um brinde!<br />

Gil Lebre<br />

É o autor do blog A Perua da Cerveja, constantemente<br />

atualizado com informações e novidades do meio<br />

cervejeiro. Formou-se Sommelier de Cervejas na ABS-SP,<br />

em aulas ministradas pelo Instituto da Cerveja <strong>Brasil</strong> (ICB)<br />

e na sede do ICB concluiu o curso de Mestre em Estilos.<br />

Gil Lebre é o atual campeão do Campeonato <strong>Brasil</strong>eiro<br />

de Sommelier de Cervejas e recentemente disputou<br />

o IV <strong>Beer</strong> Sommelier World Championship. Também<br />

participa constantemente como degustador e jurado em<br />

competições de cerveja.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

39


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

Chile, um país cervejeiro!<br />

Não, o título deste artigo não está errado. O Chile, assim como o <strong>Brasil</strong>,<br />

também está vivendo a sua Revolução na Cerveja Artesanal. Claro que<br />

quando pensamos em uma viagem para o lado de lá da Cordilheira dos<br />

Andes, logo imaginamos uma lista de incríveis vinícolas para visitarmos.<br />

E não é à toa, o Chile é famoso pelos seus deliciosos vinhos, porém agora<br />

está chamando a atenção também pelas suas deliciosas cervejas!<br />

Minha primeira visita ao território<br />

chileno foi algo bem<br />

turístico e já amei o país!<br />

Fiz visitas a algumas vinícolas,<br />

com destaque para a Concha y Toro,<br />

que tem um tour com degustação harmonizada<br />

de vinhos e queijos. Vale ficar<br />

para almoçar ou jantar no restaurante<br />

do local. Recomendo muitíssimo.<br />

Porém, minha segunda visita foi totalmente<br />

cervejeira, mal cheguei perto<br />

dos vinhos e fui a trabalho. Participei<br />

como jurada na Copa de Cervejas da<br />

América e passei 3 dias avaliando cervejas.<br />

A Copa de Cervejas da América é<br />

um concurso com cervejas dos países<br />

do continente americano e que foi<br />

criada em 2011, sendo que hoje já é<br />

considerada um dos maiores concursos<br />

cervejeiros da América Latina. A cerveja<br />

brasileira sempre teve destaque nas<br />

edições do concurso, abocanhando a<br />

maior parte das medalhas, e em 2015<br />

não foi diferente, o <strong>Brasil</strong> além de ter<br />

sido o país com mais cervejas medalhistas,<br />

ainda levou o prêmio de Melhor<br />

Cervejaria com a Cervejaria Tupiniquim<br />

do Rio Grande do Sul. A Conferência<br />

dos Cervejeiros é realizada logo<br />

depois da Copa e reúne profissionais<br />

e entusiastas do setor para palestras e<br />

workshops. Na edição de 2015 fui uma<br />

das palestrantes, ao lado de Gordon<br />

Strong (BJCP), Kara Taylor (White Labs),<br />

Asbjorn Gerlach (Cervejaria Kross), entre<br />

outros grandes nomes. Este ano, os<br />

eventos estão previstos para acontecerem<br />

entre os dias 26 de setembro e 1º<br />

de outubro. Informações:<br />

www.copacervezasdeamerica.com.<br />

Aproveitando os períodos de folga nos<br />

dias de trabalho, visitei alguns lugares<br />

cervejeiros de destaque, entre cervejarias,<br />

brewpubs, bares e restaurantes.<br />

40 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

Visita à Cervejaria Kross<br />

A<br />

convite da Weyermann Maltes<br />

Especiais, fui visitar a Cervejaria<br />

Kross, que fica localizada<br />

na cidade de Curacaví, próximo<br />

a Santiago do Chile, e no caminho<br />

para Valparaíso, uma bela cidade no<br />

litoral chileno. Na cervejaria, fomos<br />

recebidos pelo sócio proprietário e<br />

mestre cervejeiro Asbjorn Gerlach. O<br />

mestre cervejeiro de origem alemã,<br />

começou sua história no Chile como<br />

produtor de cervejas caseiras e logo<br />

surgiu a oportunidade de produzir para<br />

alguns bares e restaurantes da cidade.<br />

José Tomás, frequentador de um destes<br />

bares, provou a cerveja do estilo Stout<br />

de Asbjorn. Gostou bastante e decidiu<br />

procurá-lo. Em uma rápida conversa,<br />

Asbjorn e José não só se tornaram<br />

amigos como também sócios de um<br />

empreendimento cervejeiro. E assim,<br />

em um bate-papo, foi que no ano de<br />

2003 surgiu a Kross, e claro, a primeira<br />

cerveja produzida foi a Kross Stout. A<br />

cervejaria tem um bar onde é possível<br />

comprar as cervejas para degustá-las<br />

no local ou levá-las para casa. Outra<br />

coisa legal, é que neste bar tem uma<br />

loja com diversos produtos, inclusive<br />

camisetas femininas, algo bem difícil<br />

de achar no <strong>Brasil</strong>. A Kross se orgulha<br />

em trabalhar somente com produtos<br />

de qualidade e não utiliza aditivos<br />

químicos em suas cervejas. Também<br />

não são pasteurizadas, um dos motivos<br />

pelos quais a cerveja não é exportada<br />

ao <strong>Brasil</strong>, infelizmente. Aliás, a preocupação<br />

com a qualidade é bem grande.<br />

Tanto que tivemos que colocar touca,<br />

máscara, jaleco e protetor de sapato<br />

para poder realizar a visita dentro da<br />

cervejaria.<br />

Além da Kross Stout, outras cervejas<br />

são obrigatórias na sua degustação: a<br />

Kross 5, feita com 5 tipos de malte e 5<br />

tipos de lúpulos, maturada em barril<br />

de carvalho americano e campeã de<br />

vendas da cervejaria; e a Kross Kuad,<br />

uma quadruppel que matura por 6<br />

meses em barril de Camenére, famosa<br />

uva cultivada no Chile.<br />

Para visitar a cervejaria é importante<br />

entrar em contato antes e verificar a<br />

disponibilidade e agendamento.<br />

Cervejaria Kross<br />

Camino El Toro, km 6.5 s/n Curacaví.<br />

www.kross.cl<br />

42 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

Visita à Cervejaria Tubinger<br />

Em janeiro de 2007, o alemão<br />

radicado chileno, Christoph<br />

Flaskamp, fundou a Cerveja<br />

Tubinger. A cervejaria fica localizada<br />

na cidade de Pirque, distante 37<br />

km do centro de Santiago. Christoph,<br />

que morou no <strong>Brasil</strong> alguns anos e fala<br />

um perfeito português, nos recebeu e<br />

com muita simpatia apresentou a sua<br />

cervejaria. Atualmente a planta produz<br />

30.000 litros por mês e suas cervejas já<br />

foram premiadas em diversos concursos<br />

nacionais e internacionais. Outro<br />

grande destaque vai para sua localização,<br />

a vista do biergarten da cervejaria<br />

é a bela Cordilheira dos Andes. Degustar<br />

uma boa cerveja naquele visual foi<br />

incrível! Vale muito a visita!<br />

Cervejaria Tubinger<br />

Calle Nueva s/n, Parcela 6A. El Principal, Pirque,<br />

www.cerveceriaprincipal.cl/tubinger.php<br />

44 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

Fotos: Fernanda Meybom


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

Mais locais para incluir no seu roteiro:<br />

- Mercado Central: destaque para os frutos do mar.<br />

Endereço: San Pablo, 967<br />

- <strong>Beer</strong>vana – Paraíso de Cerveza: loja de cervejas nacionais e importadas e<br />

produtos cervejeiros. Excelente local para compras e os preços são bem mais<br />

amigáveis do que no <strong>Brasil</strong>, devido ao imposto bem mais baixo.<br />

Endereço: Los Leones 106, Providencia, Región Metropolitana, Chile<br />

beervana.bootic.net<br />

- Cervezas Granizo: cervejas premiadas, sendo eleita a melhor cerveja da Copa de<br />

Cervejas da América edição 2015. Outro destaque, é a localização da cervejaria, em<br />

volta do Parque Nacional La Campana, um local paradisíaco!<br />

Endereço: Los Perales 2601. Olmué, V Región, Chile.<br />

www.cervezasgranizo.com/index.php<br />

- Flannery’s Irish Geo Pub<br />

Endereço: Encomenderos 83, las Condes.<br />

www.flannerys.cl<br />

- Amadeus pizza e cerveja<br />

Endereço: Bustamante 50, Providencia.<br />

www.amadeuspizza.cl


Cervejas, sabores e lugares<br />

por FERNANDA MEYBOM<br />

- Barbudo <strong>Beer</strong> Garden<br />

Endereço: Jorge Washington 176, Ñuñoa.<br />

www.barbudo.cl<br />

- Mossto BrewFood<br />

Endereço: Condell 1460, Providencia.<br />

www.mossto.cl<br />

- LOOM BrewPub: O melhor hambúrguer da cidade acompanhado de belas<br />

cervejas do lugar e outras cervejarias locais. Excelente Pub.<br />

Endereço: Bellavista 0360, Providencia (equina Punta Arenas).<br />

www.loom.cl<br />

- Cervejaria Szot<br />

Endereço: Camino Melipilla 7061, Talagante<br />

www.szot.cl<br />

- Cervejaria Kunstmann<br />

Endereço: Casilla 1441 · Valdivia-Camino Niebla, Chile<br />

www.cerveza-kunstmann.cl<br />

Fernanda Meybom<br />

Engenheira Química pela Universidade Federal de Santa Catarina,<br />

Assessora Técnica no Conselho Regional de Engenharia e<br />

Agronomia (CREA-SC), Sommelier de Cervejas pelo Science of <strong>Beer</strong><br />

Institute - escola na qual atua profissionalmente, Mestre em Estilos de<br />

Cervejas pelo Siebel Institute of Technology (Chicago- EUA),<br />

Professora no curso de Pós-graduação Cervejeira da<br />

Uniasselvi Blumenau/SC, jurada em concursos de cervejas e integrante<br />

da equipe organizadora do Concurso <strong>Brasil</strong>eiro de Cervejas 2014/2015.<br />

ANUNCIE AQUI!<br />

contato@revistabeerbrasil.com.br


ENTREVISTA: CERVEJA BLUMENAU<br />

por FABRÍCIO DOMINGUES e William Hadlich<br />

Foto: Daniel Zimmermann<br />

CERVEJA BLUMENAU<br />

O ambiente não poderia ser melhor: medalhista no Concurso <strong>Brasil</strong>eiro<br />

de Cervejas e festa de oficialização da sua nova fábrica.<br />

Esse foi o clima que encontramos ao chegar na<br />

nova casa da Cerveja Blumenau.<br />

O<br />

evento estava repleto de<br />

profissionais renomados no<br />

setor cervejeiro, como Sady<br />

Homrich, Padilha, os jurados<br />

internacionais do Festival <strong>Brasil</strong>eiro da<br />

Cerveja 2016, Jan Lichota (Polônia), Jos<br />

Brouwer (Holanda), Fernando Campoy<br />

Osset (Espanha), Carlos Ruiz (México),<br />

além dos proprietários das cervejarias<br />

Itajahy, Das Bier, Container e Blauer<br />

Berg.<br />

A Cerveja Blumenau atualmente<br />

enquadra-se como cervejaria cigana,<br />

por produzir suas cervejas nas<br />

cervejarias Blauer Berg (Timbó-SC)<br />

e Dom Haus (Araquari-SC). E com<br />

menos de seis meses de fundação, já<br />

conta com cinco rótulos: Ipê Amarelo<br />

(American Lager), Capivara Little IPA<br />

(American IPA), Capivara Double IPA,<br />

Frida (Belgian Blond Ale) e Alemão<br />

Batata (Kölsch), sendo duas delas já<br />

premiadas. A Capivara Little IPA foi<br />

eleita como melhor American IPA do<br />

mundo no Brussels <strong>Beer</strong> Challenge<br />

2015, e recentemente, sua Belgian<br />

Blond Ale, Frida, ganhou bronze em<br />

sua categoria no Concurso <strong>Brasil</strong>eiro da<br />

Cerveja.<br />

Aproveitamos o evento e conversamos<br />

com Carlo Lapolli, um dos sóciosproprietários<br />

da Cerveja Blumenau,<br />

que nos contou um pouco mais sobre<br />

os planos futuros com a fábrica e sua<br />

perspectiva de mercado.<br />

Como surgiu a ideia de criar a<br />

Cerveja Blumenau?<br />

Eu e meu irmão, Fernando, estávamos<br />

maturando a ideia de criar uma<br />

cervejaria, somos cervejeiros caseiros<br />

desde 2008, porém, esse processo de<br />

criação é muito complexo, tínhamos<br />

conhecimento da diferença entre<br />

fabricar na panela e produzir em uma<br />

48 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


cervejaria. Nos propomos a largar<br />

nossos empregos antigos e ir<br />

trabalhar na cervejaria Handwerk,<br />

e para adquirir experiência ficamos<br />

por lá durante um ano e meio.<br />

Com a criação do Concurso de<br />

Cervejeiros Caseiros do Bier Vila e<br />

nossa afinidade com os proprietários,<br />

a elaboração de uma cerveja<br />

para o empreendimento acabou<br />

convergindo com a nossa ideia e foi<br />

onde surgiu a criação de uma marca<br />

própria, ou seja, nós buscamos estar<br />

preparados para o mercado antes de<br />

criar a Cerveja Blumenau.<br />

ENTREVISTA: CERVEJA BLUMENAU<br />

por FABRÍCIO DOMINGUES e William Hadlich<br />

Há alguma receita para o<br />

sucesso?<br />

Talvez o sucesso de uma cervejaria<br />

seja 30% o produto, o resto, a logística<br />

de distribuição, política comercial e<br />

marketing, que são muito importantes.<br />

Não adianta você ter um produto bom<br />

ao sair da fábrica e que chega ruim no<br />

ponto de venda, também não adianta<br />

ter um produto no qual você não<br />

explique ao consumidor o que tem<br />

dentro dele. Vejo muita gente com<br />

um bom produto, mas que não tem<br />

esse complemento interessante, e na<br />

contrapartida, há quem não tenha um<br />

bom produto, mas que tenha um belo<br />

trabalho de vendas. Acho necessário<br />

ter essa união de um bom produto<br />

com um bom posicionamento, isso<br />

foi fundamental para crescermos com<br />

tranquilidade.<br />

Uma das primeiras receitas<br />

da Cerveja Blumenau veio<br />

do Concurso de Cervejeiros<br />

Caseiros do Bier Vila. Havia em<br />

mente algum outro estilo para<br />

o lançamento?<br />

Nós lançamos no dia 28 de agosto<br />

de 2015 a Capivara Little IPA, que<br />

foi a vencedora do concurso, e a Ipê<br />

Amarelo. Começamos com o modelo<br />

de negócios da Cervejaria Cigana, nós<br />

estamos vivenciando este modelo até<br />

hoje.<br />

Quais os pontos negativos e<br />

positivos de ser uma cervejaria<br />

cigana?<br />

Há alguns pontos positivos e negativos,<br />

um deles é sempre estar dependendo<br />

da programação do seu parceiro na<br />

fabricação, embora os nossos parceiros<br />

tenham sido fundamentais para o<br />

nosso sucesso, mas você acaba não<br />

tendo toda a versatilidade possível<br />

para estar sempre criando novos<br />

produtos, e o custo do produto acaba<br />

sendo maior que produzir ele. O ponto<br />

positivo de uma cervejaria cigana é<br />

o baixo investimento inicial. Com a<br />

inauguração da nossa fábrica própria<br />

em julho, nós iremos inclusive abrir<br />

espaço para outras cervejarias ciganas<br />

desenvolverem seus produtos conosco.<br />

A proposta de produtos<br />

da Cerveja Blumenau é<br />

voltada a produzir cervejas<br />

para todos os públicos ou<br />

irão focar nas cervejas de<br />

iniciação do consumidor que<br />

está abandonando a cerveja<br />

mainstream?<br />

Com a fábrica própria nós teremos<br />

uma capacidade bem interessante de<br />

produção, temos a meta de chegar até<br />

o fim do ano com onze rótulos. Estamos<br />

pensando no consumidor ao criar<br />

nossas receitas. Uma das características<br />

interessantes na Capivara Little IPA<br />

e na Capivara Double IPA é o alto<br />

drinkability, e por mais que as cervejas<br />

extremas ganhem maior destaque na<br />

mídia, comparando com as cervejarias<br />

americanas que produzem ótimas<br />

Double IPAs e Imperial IPAs, as nossas<br />

possuem um drinkability alto, é isso que<br />

nós queremos, uma cerveja que seja<br />

fácil de tomar, afinal nós gostamos de<br />

tomar cerveja!<br />

A fábrica da Cerveja Blumenau possui<br />

1500m², o projeto da cervejaria contará<br />

com um bar na fábrica, com um total<br />

de até 12 funcionários. A Cerveja<br />

Blumenau possui distribuição em nível<br />

nacional.<br />

Fabrício Domingues<br />

Consultor de empresas, editor do<br />

site Cerveja em Foco, formação em<br />

Comércio Exterior e especialização<br />

em Planejamento de Marketing.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

49


Berliner Weisse<br />

por amanda reitenbach<br />

O estilo Berliner<br />

Weisse nasceu em<br />

Berlim, e vem sendo<br />

reproduzido em<br />

diferentes locais do<br />

mundo desde então.<br />

É tradicionalmente uma<br />

cerveja branca e turva,<br />

do norte da Alemanha,<br />

que remonta ao século<br />

XVI e feita a partir<br />

de combinações de<br />

cevada e malte de trigo.<br />

BERLINER WEISSE<br />

Além disso, novas tendências<br />

no estilo vêm sendo criadas.<br />

A versão levemente ácida,<br />

refrescante e de baixo teor<br />

alcoólico é uma ótima opção para<br />

climas quentes como o nosso. Para<br />

quem curte um toque a mais, a Berliner<br />

Weisse pode ser servida em copos em<br />

forma de tigela, acompanhada de xaropes<br />

aromatizados, como framboesa<br />

(Himbeersirup), ou artificial de aspérula<br />

(Waldmeistersirup).<br />

A comunidade acadêmica tem desenvolvido<br />

pesquisas na área e produzido<br />

muitos trabalhos. Nesta edição eu<br />

gostaria de compartilhar um deles.<br />

Thomas Hübbe é um companheiro de<br />

estudos científicos e reside em Berlim,<br />

onde desenvolve sua atual dissertação<br />

de mestrado no tema.<br />

Berliner Weisse não é apenas - como<br />

muitos acreditam e têm divulgado -<br />

uma cerveja azeda (sour beer) produzida<br />

com Saccharomyces e bactérias<br />

lácticas. Uma revisão bibliográfica<br />

cuidadosa (infelizmente quase a totalidade<br />

do material é disponível apenas<br />

em alemão), e um pouco de bom senso,<br />

mostram que Brettanomyces é, também,<br />

um micro-organismo essencial<br />

para a produção desse estilo. Trata-<br />

-se de uma levedura, popularmente<br />

chamada de Brett, que vive naturalmente<br />

em cascas de frutas. Embora seja<br />

comumente associada a off-flavours no<br />

vinho e na cerveja, este micro-organismo<br />

tem importante papel em muitos<br />

estilos, particularmente algumas ales<br />

belgas tradicionais, lambics e gueuze.<br />

A levedura pode conferir complexidade<br />

e aromas bastante característicos<br />

à cerveja. A Brett traz consigo odores<br />

como o de couro, bacon, suor de cavalo<br />

ou lã molhada. Cobertor de cavalo já<br />

foi um termo para descrever um aroma<br />

marcante de Brettanomyces. Atualmen-<br />

50 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


Berliner Weisse<br />

por amanda reitenbach<br />

te, o termo “funk” tem sido muito<br />

utilizado.<br />

O nome Berliner Weisse é protegido<br />

por lei na Europa: foi criada<br />

uma Indicação Geográfica Protegida<br />

de Estilo, com a qual apenas<br />

produtores localizados em Berlim<br />

podem usar o termo. Alguns produtores<br />

na América do Norte e outros<br />

lugares do mundo produzem uma<br />

cerveja de estilo semelhante e conferem<br />

à bebida o rótulo de Weisse.<br />

Em seu projeto, intitulado “Influência<br />

de culturas mistas no desenvolvimento<br />

microbiano em Berliner Weisse”, Thomas<br />

deseja estudar a fundo a relação entre os<br />

micro-organismos e o estilo. O principal<br />

objetivo é observar o comportamento<br />

de diferentes micro-organismos típicos<br />

de Berliner Weisse durante uma fermentação<br />

pura versus fermentação mista. Os<br />

micro-organismos que serão pesquisados<br />

são:<br />

• Saccharomyces cerevisiae<br />

(alta fermentação)<br />

• Brettanomyces sp.<br />

• Lactobacillus sp.<br />

Brettanomyces sp.<br />

Segundo Thomas, um dos maiores problemas da<br />

produção comercial e contínua de Berliner Weisse<br />

é a falta de padronização das culturas usadas na<br />

fermentação. Diferentes micro-organismos se<br />

reproduzem em diferentes ritmos dependendo do meio,<br />

dessa forma a reutilização de “slurry” se torna inviável.<br />

Sua equipe usou 6 cepas diferentes para o trabalho.<br />

Todas elas foram comercialmente utilizadas até os anos<br />

90 e fornecidas por um ex-mestre cervejeiro de Berlim.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

51


Berliner Weisse<br />

por amanda reitenbach<br />

A Berliner Weisse pode ser servida em copos em forma de tigela ,<br />

acompanhada de xaropes aromatizados, como framboesa (Himbeersirup),<br />

ou artificial de aspérula (Waldmeistersirup).<br />

Entre os pontos investigados na pesquisa<br />

de Thomas, resumo alguns aqui.<br />

Sua pesquisa engloba os meios de<br />

cultura em que esses micro-organismos<br />

crescem, como utilizar meios seletivos<br />

para separá-las no “slurry”, como medir<br />

viabilidade das cepas de Brettanomyces<br />

sp., e erros associados à contagem celular.<br />

Thomas quer pesquisar, também,<br />

o perfil fermentativo de cada cepa em<br />

duas temperaturas diferentes, o perfil<br />

fermentativo de culturas mistas, realizar<br />

análise quantitativa de ácidos orgânicos,<br />

análise sensorial, fermentação<br />

secundária na garrafa e a contribuição<br />

de cada micro-organismo quanto à<br />

redução do pH, ao consumo do extrato<br />

e à contagem celular total.<br />

Se antes a Brett era um ser microscópico<br />

indesejado na produção de<br />

bebidas, hoje o abraçamos com<br />

muita consideração e esperamos<br />

que pesquisas desenvolvidas na<br />

área, como a de Thomas, nos ajudem<br />

a compreender melhor este micro-<br />

-organismo. E, é claro, encontrar a<br />

forma de melhor aplicá-lo na produção<br />

de cervejas tão diferenciadas em<br />

sabor e aroma quanto podem ser as<br />

Berliner Weisse.<br />

Amanda Felipe Reitenbach<br />

<strong>Brasil</strong>eira, mora em Berlim / Alemanha, tem formação em<br />

Engenharia Química e de Alimentos, e desde a sua<br />

graduação dedica-se ao estudo da cerveja e seus<br />

temas adjacentes. Teve como objeto de seu mestrado o<br />

desenvolvimento de uma cerveja probiótica, a qual traz<br />

inúmeros benefícios à saúde. Doutoranda na Versuchs- und<br />

Lehranstalt für Brauerei (VLB-Berlin), desenvolve atualmente<br />

um estudo para o desenvolvimento de um nariz eletrônico<br />

para cervejas.<br />

Thomas Hübbe<br />

52 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>


COM QUAL EU VOU?<br />

por SIMONE PIRES<br />

COM QUAL EU VOU?<br />

Saiba como não ficar confuso na hora de escolher a sua cerveja de trigo.<br />

Aposto que você já parou<br />

para escolher uma cerveja<br />

de trigo e viu tantos nomes<br />

diferentes que ficou confuso.<br />

Geralmente são nomes difíceis, muitas<br />

vezes impronunciáveis, que sempre<br />

deixam dúvidas: qual eu compro?<br />

Por isso, nós da <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

tentaremos ajudar na sua próxima<br />

compra. Mas, antes disso, vamos<br />

entender um pouco a importância que<br />

o trigo tem na humanidade e, claro, na<br />

produção das cervejas.<br />

Sua origem é mais antiga do que<br />

imaginamos. Cultivado há mais de<br />

12.000 anos, existem várias referências<br />

de deuses e deusas do trigo. Destinado<br />

à nobreza, o trigo era um tanto quanto<br />

difícil de encontrar devido seu cultivo<br />

ser menor que o da cevada. Utilizado<br />

para a fabricação de pães e cervejas,<br />

ele era bem disputado e fatalmente<br />

as pessoas ficariam sem um ou outro.<br />

Na dúvida, e por motivos políticos, o<br />

duque Guilherme IV, da Baviera, proibiu<br />

o uso do trigo para fazer cerveja,<br />

originando a famosa Reinheitsgebot, de<br />

1516, ficando seu consumo restrito por<br />

muitos anos.<br />

Mas chega de enrolação! Quando for<br />

comprar sua cerveja, se atente a esses<br />

nomes:<br />

Weissbier ou HefewEizenbier<br />

Tradicional do Sul da Alemanha,<br />

“Weizen” quer dizer trigo em alemão, e<br />

“Hefe”, fermento (ou levedura). Como<br />

são cervejas de trigo, feitas para serem<br />

tomadas com a sobra da levedura, têm<br />

uma aparência turva e esbranquiçada.<br />

Também conhecida como cerveja<br />

branca, ou “weiss”, em alemão. É o estilo<br />

mais conhecido por nós. A cor pode<br />

ser de amarelo claro a âmbar claro,<br />

de corpo leve a médio e com espuma<br />

persistente. Com sabor frutado, lembra<br />

banana e seu aroma remete a cravo e<br />

uma nota intrigante de noz moscada.<br />

Kristallweizen<br />

Diferente das Hefeweizenbier, por ser<br />

filtrada. De aparência cristalina (kristall),<br />

apresenta características ainda mais<br />

frutadas, secas e refrescantes.<br />

Dunkel Weizen<br />

“Dunkel”, escuro em alemão, é a cerveja<br />

escura de trigo. De coloração marrom<br />

claro a escuro. Aroma segue o da<br />

tradicional Weiss, com banana e cravo,<br />

mas com um caráter maltado mais<br />

intenso, remetendo a pão, caramelo e<br />

até achocolatado.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong><br />

53


Weizenbock<br />

A “bock de trigo” pode ser clara ou<br />

escura. As claras, caracterizam-se<br />

pelo teor alcoólico mais elevado<br />

do que as Hefeweizen tradicionais.<br />

As escuras, apresentam aromas de<br />

ameixa e frutas passas. Em razão do<br />

maior teor alcoólico, temos a sensação<br />

de aquecimento. A partir delas são<br />

produzidas as Eisbock, que são ainda<br />

mais alcoólicas.<br />

Berliner Weisse<br />

A cerveja de trigo de Berlim já foi<br />

chamada de “Champanhe do Norte”<br />

por Napoleão Bonaparte e quase foi<br />

extinta. Hoje, somente duas cervejarias<br />

em Berlim produzem esse estilo. De<br />

denominação protegida, cervejarias<br />

que produzem esse estilo são<br />

comercializadas como “tipo” Berliner<br />

Weisse. Possui fermentação híbrida<br />

com bactérias láticas. De coloração<br />

amarelo pálido e leve turbidez,<br />

apresentam aromas que remetem<br />

panificação (pão ou fermento). No<br />

paladar existe o equilíbrio entre a<br />

acidez lática inicial e uma doçura final<br />

do malte. De corpo e teor alcoólico<br />

baixos, é uma cerveja bem refrescante.<br />

Witbier<br />

Estilo antigo que, também, quase<br />

desapareceu. Sua fabricação foi<br />

retomada nos anos 60 na cidade<br />

de Hoegaarden, na Bélgica. “Wit”,<br />

em flamenco, quer dizer branco.<br />

De coloração amarelo palha, possui<br />

aroma levemente<br />

adocicado com<br />

notas de cascas de<br />

laranja. Em seu sabor<br />

sobressaem sabores<br />

frutados, cítricos e<br />

de especiarias, como<br />

semente de coentro.<br />

São cervejas leves e<br />

refrescantes.<br />

American Wheat<br />

É a representante<br />

americana das “Wheat”, que<br />

significa trigo em inglês.<br />

De coloração amarelo palha e turva,<br />

apresenta em seu aroma notas que vão<br />

de cítricas até frutadas, lembrando lima<br />

da pérsia e maracujá, vindas do lúpulo<br />

americano. Possui baixo teor alcoólico<br />

e alta carbonatação, com final seco e<br />

levemente amargo.<br />

Curtiu as dicas? Não se esqueça, esses<br />

são alguns dos estilos mais comuns que<br />

encontramos. Existem outras cervejas<br />

feitas de trigo, mas fica para um<br />

próximo texto. Saúde!<br />

COM QUAL EU VOU?<br />

por SIMONE PIRES<br />

Simone Pires<br />

Publicitária com MBA em Branding.<br />

<strong>Beer</strong> Sommelier e especialista em<br />

Administração dos Negócios da Cerveja<br />

pela FGV. Fã de IPAs e Barley Wine.<br />

Acredita em um mundo mais justo para a<br />

produção das cervejas artesanais.


A PRIMEIRA ÁGUA COM GÁS LUPULADA DO BRASIL<br />

Lançada oficialmente no Festival <strong>Brasil</strong>eiro<br />

da Cerveja 2016, a H2OP é a primeira<br />

água com gás lupulada do <strong>Brasil</strong>!<br />

Produzida pela Cervejaria Araucária,<br />

de Maringa/PR, a água é 100% aromatizada<br />

naturalmente e sem adição de açúcar ou<br />

qualquer aditivo. Além da novidade lupulada,<br />

a cervejaria, fundada em 2012, também possui<br />

uma carta de 4 cervejas. Entre elas, a premiada<br />

Vêneta, uma Robust Porter que ganhou<br />

medalha de bronze no South <strong>Beer</strong> Cup 2015,<br />

realizada em Mar del Plata/Argentina (detalhe, a<br />

South <strong>Beer</strong> Cup, “Copa Libertadores de Cerveja”,<br />

este ano será realizada aqui no <strong>Brasil</strong>, em<br />

Curitiba/PR).<br />

ANUNCIE AQUI!<br />

contato@revistabeerbrasil.com.br<br />

Fotos: facebook.com/ViajanteCervejeiro e divulgação Cervejaria Araucária

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