LIBRAS
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<strong>LIBRAS</strong>
<strong>LIBRAS</strong><br />
Marlene Cardoso<br />
COLEÇÃO FORMANDO EDUCADORES<br />
EDITORA NUPRE<br />
2010
REDE DE ENSINO FTC<br />
William Oliveira<br />
PRESIDENTE<br />
Reinaldo Borba<br />
VICE‐PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO<br />
Fernando Castro<br />
VICE‐PRESIDENTE EXECUTIVO<br />
João Jacomel<br />
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO<br />
Cristiane de Magalhães Porto<br />
EDITORA CHEFE<br />
Francisco França Souza Júnior<br />
CAPA<br />
Mariucha Silveira Ponte<br />
PROJETO GRÁFICO<br />
Marlene Cardoso<br />
AUTORIA<br />
Paula Rios<br />
DIAGRAMAÇÃO<br />
Paula Rios<br />
ILUSTRAÇÕES<br />
Corbis/Image100/Imagemsource/Stock.Xchng<br />
IMAGENS<br />
Hugo Mansur<br />
Márcio Melo<br />
Paula Rios<br />
REVISÃO<br />
COPYRIGHT © REDE FTC<br />
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.<br />
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização<br />
prévia, por escrito, da REDE FTC ‐ Faculdade de Tecnologia e Ciências.<br />
www.ftc.br
SUMÁRIO<br />
1 SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAIS ................................................................................ 9<br />
1.1 TEMA 1. SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS .......................................................................11<br />
1.1.1 CONTEÚDO 1. VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE11<br />
1.1.2 CONTEÚDO 2. O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO ............................................13<br />
1.1.3 CONTEÚDO 3. PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ...............17<br />
1.1.4 CONTEÚDO 4. <strong>LIBRAS</strong> E IDENTIDADE SOCIAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS<br />
LEGAIS .............................................................................................................................21<br />
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................27<br />
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................28<br />
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................29<br />
1.2 TEMA 2. SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE .........................................................31<br />
1.2.1 CONTEÚDO 1. SURDEZ X DEFICIÊNCIA ...........................................................................31<br />
1.2.2 CONTEÚDO 2. SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS ................40<br />
1.2.3 CONTEÚDO 3. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA <strong>LIBRAS</strong> .....................................................57<br />
1.2.4 CONTEÚDO 4. ASPECTOS LEGAIS DA <strong>LIBRAS</strong> ..................................................................59<br />
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................69<br />
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................70<br />
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................71<br />
2 SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................................... 75<br />
2.1 TEMA 3. ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA <strong>LIBRAS</strong> ........................................................77<br />
2.1.1 CONTEÚDO 1. LINGUAGEM X LÍNGUA ...........................................................................77<br />
2.1.2 CONTEÚDO 2. <strong>LIBRAS</strong>: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS ..........................81<br />
2.1.3 CONTEÚDO 3. SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO: APRENDENDO A <strong>LIBRAS</strong> ........... 105<br />
2.1.4 CONTEÚDO 4. A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO<br />
SURDO .......................................................................................................................... 106<br />
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 123<br />
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 124<br />
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 125<br />
2.2 TEMA 4. CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO ........ 127<br />
2.2.1 CONTEÚDO 1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS ................. 127<br />
2.2.2 CONTEÚDO 2. REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA<br />
LINGUAGEM ESCRITA .................................................................................................. 137<br />
2.2.3 CONTEÚDO 3. DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA ................................. 141<br />
2.2.4 CONTEÚDO 4. DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO ...... 145<br />
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 149<br />
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 150<br />
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 151<br />
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 155<br />
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 157
APRESENTAÇÃO<br />
Neste texto pretendemos refletir sobre a língua Libras, apresentando também a concepção<br />
contemporânea de surdez, bem como implicações pedagógicas do processo educacional<br />
com crianças e jovens surdos.<br />
Além disso, desejamos favorecer uma reflexão crítica sobre as propostas educacionais<br />
ora vigentes no sistema educacional brasileiro, para que, em sua futura prática profissional,<br />
você priorize um fazer pedagógico em prol da inclusão.<br />
Neste sentido, este texto é voltado aos discentes em formação em licenciatura, embora<br />
não sejam aqui esgotados todos os aspectos relativos ao trabalho com pessoas surdas, haja<br />
vista sua abordagem introdutória acerca da temática da surdez, suas origens e implicações<br />
biológicas, educacionais e sociais para o indivíduo surdo, bem como para a comunidade escolar<br />
que o acolhe.<br />
O presente texto tem por foco questões relativas ao processo de surdez em contextos de<br />
aprendizagem e as possibilidades de inclusão de surdos no Brasil, tratando, por isso, de aspectos<br />
do sistema de ensino e suas vicissitudes.<br />
Didaticamente, os conteúdos deste texto estão organizados em dois blocos temáticos e<br />
quatro grandes temas, apresentados em conteúdos específicos, a saber.<br />
O BLOCO TEMÁTICO I – COMUNIDADE SURDA apresenta no Tema 1 os “Aspectos<br />
socioantropológicos” e o Tema 2 versa sobre “Surdez e interação”.<br />
O BLOCO TEMÁTICO II apresenta a temática sobre “A SURDEZ E SUAS<br />
IMPLICAÇÕES”, em dois grandes temas: o Tema 1 aborda os “Aspectos Biológicos’ e no<br />
Tema 2 são apresentados os “Aspectos Pedagógicos”.<br />
Neste sentido, este texto se propõe a apresentar de forma clara e sucinta os conceitos<br />
fundamentais da língua Libras, de modo a favorecer uma maior compreensão por parte de<br />
profissionais da área educacional quanto às possibilidades e limites para um trabalho pedagógico<br />
inclusivo com pessoas surdas.<br />
Diante disso, consideramos ser esta uma ferramenta importante para o trabalho em e-<br />
ducação, sendo um convite a que você aprenda e passe a falar também com as mãos, difundindo,<br />
assim, a cidadania na comunidade surda ao respeitar e valorizar sua cultura.<br />
Bem-vindo ao mundo do silêncio.<br />
Marlene Cardoso
8<br />
MARLENE CARDOSO
1<br />
BLOCO<br />
TEMÁTICO<br />
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E<br />
SOCIAIS
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E<br />
SOCIAIS<br />
1.1<br />
TEMA 1.<br />
SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS<br />
1.1.1<br />
CONTEÚDO 1.<br />
VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE<br />
[...] A história comum dos Surdos é uma história que enfatiza a caridade, o<br />
sacrifício e a dedicação necessários para vencer ‘grandes adversidades’ [...].<br />
(SÁ, apud PERLIN; STROBEL, 2006, p. 5).<br />
“[...] quase metade dos professores eram surdos. Não existiam audiologistas,<br />
terapeutas de reabilitação, ou psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum destes<br />
eram aparentemente necessário. [...] pelo contrário a criança e os adultos surdos eram<br />
descritos em termos culturais: que a escola frequentaram, quem eram os seus parentes e<br />
amigos surdos (caso os houvesse), quem era a sua esposa surda, onde trabalhavam, quais<br />
as equipes desportivas de surdos e organizações de surdos a que pertenciam, qual o serviço<br />
que prestavam à comunidade dos surdos? [...]”<br />
Fonte: LANE apud PERLIN; STROBEL, 2006, p.15.<br />
Até aqui aprendemos sobre como a deficiência auditiva se manifesta diferentemente em<br />
cada indivíduo. Agora podemos caminhar um pouco mais. A partir deste ponto estudaremos<br />
como o indivíduo reage na sociedade com a limitação da surdez.<br />
11<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Ao compreender as características mais marcantes da comunidade dos indivíduos<br />
surdos, você se comunicará mais e melhor em <strong>LIBRAS</strong>.<br />
Então, vamos avançar e entender os aspectos socioantropológicos da surdez.<br />
Bom estudo!<br />
Conceitos e terminologia básica<br />
Pode parecer uma questão menor nos preocuparmos com a terminologia, mas o modo<br />
como nos referimos a uma pessoa reflete nosso conceito sobre ela, bem como explicita nossos<br />
preconceitos, ignorância e arrogância, que se tornam transparentes nos títulos, rótulos e definições<br />
que atribuímos aos outros. É preciso, então, conhecer o vocabulário de um campo para<br />
incorrer em erros elementares, bem como para não dar continuidade ao preconceito implícito<br />
muitas vezes no discurso leigo ou popular.<br />
Surdo-mudo, deficiente auditivo (DA), pessoa portadora de necessidades especiais, deficiente<br />
da áudio-comunicação, por que existem tantos termos? Poderíamos pensar: ao usarmos<br />
tantas palavras distintas para designarmos uma pessoa que pertence um grupo específico<br />
estamos nos posicionando de forma demasiadamente cuidadosa?<br />
Talvez seja este o momento de refletir se todo este aparato terminológico está camuflando<br />
nosso desconforto por nos mantermos preconceituosos, e que por isso caímos em um exagerado<br />
modismo, muito em voga e reconhecido como uma onda do “politicamente correto”.<br />
Na ânsia de não ofendermos a pessoa surda, ou pertencente a qualquer outra minoria,<br />
acabamos criando um número de designações, que sempre são substituídas por outras, pois<br />
nenhuma preenche satisfatoriamente a definição mais atual sobre o indivíduo surdo.<br />
Contudo, a maioria das pessoas que não tem contato com a área da surdez, pensa que o<br />
termo surdo(a) é uma palavra ofensiva, mas não é. Os próprios surdos esclarecidos querem<br />
ser chamados assim, pois não se refere simplesmente aquelas pessoas com perda de audição,<br />
mas sim a todo um contexto de serem um grupo minoritário com necessidade de comunicação<br />
essencialmente e, por extensão, de língua de sinais.<br />
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os<br />
vêem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os<br />
espaços culturais surdos.<br />
12<br />
MARLENE CARDOSO
Quanto mais você ler sobre o assunto melhor.<br />
Aproveite e acesse o próximo link: http://www.mj.gov.br/<br />
1.1.2<br />
CONTEÚDO 2.<br />
O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO<br />
Ao longo da história, e das diversas culturas, os surdos eram pessoas consideradas imprestáveis<br />
e amaldiçoadas, exterminados através de infanticídio "legalizado", bem como eram<br />
ao mesmo tempo vistas como pobres coitados que deveriam ser sempre tutelados, e que não<br />
poderiam jamais ter vida própria por serem incapazes.<br />
A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, e a sua educação e<br />
inclusão na sociedade começa a ser repensada de forma séria.<br />
Foi a partir do século XVI, que passou a ser cogitada a possibilidade de educar pessoas<br />
surdas, porém isto somente foi efetivamente realizado no início com indivíduos surdos de<br />
famílias abastadas e herdeiros de fortunas, por sua educação ser uma condição para que pudessem<br />
receber herança.<br />
Com o início do Renascimento e a renovação das ideias a partir da Idade Média e do<br />
isolamento imposto pelo regime feudal, houve formação de Comunidades Surdas e o desenvolvimento<br />
da língua de sinais, já utilização pelos surdos desde a Antiguidade.<br />
Em 1974, na Holanda, aparece no discurso do médico suíço Amman com o postulado<br />
sobre a primazia da oralidade do surdo na atenção pedagógica à surdez. Como ele, vários outros<br />
seguiram a mesma tendência, afirmando ser a oralidade a única via de acesso à razão e ao<br />
pensamento humano.<br />
Assim, no início do século XX, a maior parte das escolas de surdos, em todo o mundo,<br />
abandona o uso da língua de sinais. Reflexo do Congresso de Milão de 1880, quando, a despeito<br />
do que pensavam os surdos (maiores interessados, e que sequer foram consultados), considerou-se<br />
que a melhor forma de educação do surdo, seria aquela que utilizasse unicamente o<br />
oralismo.<br />
Desta forma, é traçado o desenho do oralismo, abordagem cujo discurso propõe a superação<br />
da surdez e a aceitação social do surdo por meio da oralização, o que significou o banimento<br />
da língua de sinais dos modelos educacionais. O ensino da fala passou a ocupar centralidade<br />
máxima, e converteu-se em meio e fim da educação do surdo. A orientação era no<br />
sentido de que:<br />
13<br />
<strong>LIBRAS</strong>
[...] a vida da criança surda deva ser organizada de tal modo que a fala seja<br />
necessária e interessante para ela, e a língua de sinais sem importância e desnecessária<br />
[...] (VYGOTSKY, 1993, p. 37).<br />
O modelo descrito acima e centrando a educação do surdo na oralidade não surge do<br />
acaso, pois o modelo de referência oralista é o modelo clínico-terapêutico, e não<br />
pedagógica, a surdez é vista como patológica e os surdos tornam-se pacientes, e não<br />
alunos.<br />
Considerava-se que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir "ouvir" (com o<br />
uso de aparelho e apoiando-se em técnicas de leitura labial) e "falar" (através de exaustivos<br />
exercícios e, em último caso, da comunicação escrita) com o ouvinte, devendo superar a deficiência,<br />
o defeito de nascença, para poder ter o direito de conseguir viver e ser aceito pelo seu<br />
grupo social.<br />
Interessante!<br />
Apesar de inúmeros indivíduos mostrarem a capacidade intelectual e produtiva das pessoas<br />
que tinham alguma deficiência, a sociedade manteve-se alheia e negou durante séculos,<br />
os direitos de igualdade destes grupos.<br />
14<br />
MARLENE CARDOSO
Dois grandes homens contribuíram com sua genialidade e arte para a história da humanidade,<br />
sem que as limitações impostas pela deficiência tomassem o lugar de protagonistas nas<br />
vidas de cada um deles.<br />
Lembramos por isso neste texto o valor de ambos.<br />
LUDWIG VAN BEETHOVEN<br />
FONTE: HTTP://WWW.CM‐LOUSA.PT/IMAGES/AGENDA/154_BILDNIS_LUDWIG_VAN_BEETHOVEN.JPG<br />
Sem sombra de dúvida, Beethoven é um ícone da música erudita ocidental, sendo um<br />
dos compositores mais admirados e influentes.<br />
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA<br />
FONTE: HTTP://WWW.GRUPOESCOLAR.COM/A/B/891FA.JPG<br />
15<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Brasileiro natural de Ouro Preto, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho é um dos<br />
maiores artistas da história do nosso país. Escultor, sua formação é atribuída as suas atividades<br />
com seu pai e com seu tio. Sua educação formal foi apenas até a escola primária.<br />
TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOESCOLA.COM<br />
Pesquise sobre a obra destes dois mestres da arte e busque outros exemplos de pessoas<br />
que superaram a deficiência apesar das barreiras da preconceituosa sociedade ocidental.<br />
O modelo antropológico, por sua vez, rompe com essa forma de pensar e concebe os<br />
surdos como adultos multilinguais e multiculturais, concepção de fundamento e de práxis.<br />
Nesse modelo se insere a educação bilíngue para surdos, que significa, como propõe Skliar<br />
(1998), apoiado nas proposições da UNESCO (1954): “o direito que têm as crianças que utilizam<br />
uma língua diferente da língua oficial de serem educadas na sua língua” (SKLIAR, 1998,<br />
p. 17).<br />
16<br />
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_A8FPA0P6NTE/TCLA6NILWCI/AAAAAAAAIX0/QZO7I4PJUGS/S1600/ALFABETO+E+<strong>LIBRAS</strong>.JPG<br />
A partir da década de 80 começa a ganhar força a filosofia do bilinguismo. Segundo esta<br />
filosofia, o surdo deve adquirir primeiramente, como língua materna, a língua de sinais, considerada<br />
a sua língua natural. Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua<br />
oficial do país, mas preponderantemente na sua forma escrita. O bilinguismo percebe a surdez<br />
como diferença linguística, e não como deficiência a ser normatizada através da reabilitação<br />
(oralismo).<br />
O surdo, progressivamente, vem sendo encarado como alguém com identidade e características<br />
próprias, e em alguns casos, o que é mais importante, distintas das do ouvinte.<br />
1.1.3<br />
CONTEÚDO 3.<br />
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE<br />
O modelo socioantropológico da surdez<br />
Foram duas observações que a partir da década de 60 levaram outros especialistas – como<br />
antropólogo, linguísticas e sociólogos – a interessar-se pelos surdos, e que originaram uma<br />
visão totalmente oposta a clinica, uma perspectiva socioantropológica da surdez.<br />
Por um lado, o fato de que os surdos formam comunidades cujo fator aglutinante é a<br />
língua de sinais, apesar, como se disse da repressão exercida pela sociedade e pela escola. Por<br />
outro lado, a confirmação de que os filhos surdos de pais surdos apresentam melhores níveis<br />
17<br />
<strong>LIBRAS</strong>
de leitura semelhantes aos do ouvinte, uma identidade equilibrada, e não apresentam os problemas<br />
sociais e afetivos próprios dos filhos surdos de pais ouvintes.<br />
Os surdos formam uma comunidade linguística minoritária caracterizada por compartilhar<br />
uma língua de sinais e valores culturais, hábitos e modos de socialização próprios. A língua<br />
de sinais constitui o elemento identitário dos surdos, e o fato de construir-se em comunidade<br />
significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já<br />
que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz – e cognitiva por meio do<br />
uso da língua de sinais própria de cada comunidade de surdos.<br />
FONTE: HTTP://ZURETACONCURSOS.FILES.WORDPRESS.COM/2008/07/1BONECOS_UNIAO.JPG<br />
A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não leva<br />
em consideração o grau de perda auditiva de seus membros. A participação na comunidade<br />
surda se define pelo uso comum da língua de sinais, pelos sentimentos de identidade grupal, o<br />
autorreconhecimento e identificação como surdo, o reconhecer-se como diferente, os casamentos<br />
endogâmicos, fatores estes que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não<br />
como uma deficiência. Pode-se dizer, portanto, que existe um projeto surdo da surdez.<br />
Observe como é importante o respeito a língua materna dos surdos. Pense nisto...<br />
A língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos consigam, então, uma<br />
comunidade linguística minoritária diferente e não um adesivo na normalidade.<br />
Identidade surda<br />
A identidade do surdo é um tema que vem sendo debatido de forma nova, em termos,<br />
principalmente, de sua inserção no campo dos estudos culturais, ao qual melhor se adapta sob<br />
a perspectiva da representação da diferença.<br />
18<br />
MARLENE CARDOSO
Essa concepção está envolvida com a consideração de assimetrias culturais, tratando-se<br />
de uma identidade cultural, que envolve rituais, linguagem olhares, sinais, representações,<br />
símbolos, modelos convencionais, processo profundamente plurais e culturais.<br />
FONTE:<br />
HTTP://SBYSIQ.BLU.LIVEFILESTORE.COM/Y1P2GRWLUOIQHQPTZELF3MPRVHQM12OZVXZKVNF73KMDXGYQKZNET1WFB6WPQLZ5OJD3S<br />
S9QO_5ONB‐BSDBBXNLQA/FESTA%20DA%20PRIMAVERA%20(203).JPG<br />
No caso dos surdos, vale dizer que a identidade é construída numa forma de representação<br />
naturalmente edificada na comunidade ou nas comunidades surdas essa representação<br />
possui uma narrativa “imaginada”, cujos processos cimentam a unidade de uma comunidade.<br />
Olhando a parceria ou os vínculos entre identidade e currículo, é possível refletir sobre<br />
as relações entre currículo e subjetividade. Em outras palavras devemos refletir que se a base<br />
da cultura surda não estiver presente no currículo, dificilmente o sujeito surdo irá percorrer a<br />
trajetória de sua nova ordem, que será oferecida na pista das representações inerentes às manifestações<br />
culturais.<br />
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_VIJGHWJX6YW/TCAC5OIK7NI/AAAAAAAAEVU/WAPLNP0WBZ4/S320/BASQUETECADEIRA1.JPG<br />
19<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Entrar na discussão de currículo e identidade no campo da educação dos surdos significa<br />
apreender uma identidade de resistência que exclui uma máscara social de incapacidade<br />
para aquisição subjetiva do conhecimento, máscara que também é possível identificar na exclusão<br />
imposta a pessoas que apresentam outras deficiências. E entrar na pista da socialização<br />
do conhecimento entre os surdos.<br />
O currículo como centro da identidade<br />
No livro “Documentos de Identidade”, Silva (2002) remete-nos ao significado de currículo<br />
como a “pista decorrida”. Pode se dizer que, aí, o currículo deve conter pistas para nos<br />
tornamos o que somos. Se nos detivermos a considerar currículo apenas como conhecimento,<br />
então esquecemos a relação entre identidade e currículo.<br />
O currículo deve estar inerentemente, centralmente e virtualmente envolvido naquilo<br />
que representa o que somos, naquilo que nos tornamos, na nossa identidade, na nossa subjetividade.<br />
Assim, no caso do surdo, o currículo precisa estar envolvido num processo cultural inerente<br />
ao surdo. Para que a identidade possa vir a ser temos de “adulterar” o currículo com a<br />
representação cultural surda.<br />
O contato do sujeito surdo com as manifestações culturais do surdo é necessário para<br />
construção de sua identidade, caso contrario, sua experiência vai torná-lo um sujeito sem possibilidade<br />
de autoidentificar-se como diferente e como surdo, ou seja, com determinada identidade<br />
cultural. A sua identificação vai ocorrer como sendo um sujeito deficiente. É bem o<br />
caso do oralismo.<br />
Se olharmos para a história, teremos presente o caso de identificação que o oralismo legou<br />
ao surdo como o enfraquecimento da comunidade surda, resultando na perda da autonomia,<br />
na competição de surdos com os ouvintes, no suicídio dos surdos.<br />
Por quê?<br />
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-<br />
32621998000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt<br />
20<br />
MARLENE CARDOSO
1.1.4<br />
CONTEÚDO 4.<br />
<strong>LIBRAS</strong> E IDENTIDADE SOCIAL:<br />
ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS LEGAIS<br />
FONTE: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_WLCERUQV4BK/SSMDOQ_CX6I/AAAAAAAAAWG/LWZOJRBQMTA/S400/VARIAS‐MAOS.JPG<br />
Acontece que a manifestação da identidade do surdo no currículo oralista é falha e contém<br />
a representação da identidade ouvinte como exclusiva. Uma segregação da identidade<br />
surda, uma segregação da mesma.<br />
Se pensarmos na pluralidade cultural, o currículo multiculturalista faz lembra que a i-<br />
gualdade e oportunidade não podem ser obtida por meio da igualdade de acesso ao currículo<br />
hegemônico existente. É preciso que haja presença da diferença cultural nos currículos, para<br />
garantir ou refletir as formas pelas quais a diferença é produzida em relações sociais de assimetria.<br />
Tanto a língua como a educação está envolvida em processo de transformação de identidades<br />
e subjetividades. Pedagogicamente falando ensinar a cultura do surdo na sala de aula<br />
com surdo é tão importante quanto teorizar sobre ela.<br />
Ensinar cultura do surdo é fazer um discurso e uma prática, é abrir perspectivas para a<br />
formação da subjetividade e contribuir para o encontro de uma linguagem teórica que permita<br />
ao surdo identificar-se. Estas ideias são ratificadas por Sá (2002), quando ela afirma que a<br />
formação das nossas identidades ocorre a partir da fusão dos elementos de todos os sistemas<br />
culturais em que estamos inseridos.<br />
21<br />
<strong>LIBRAS</strong>
A construção da surdez a partir de diferentes concepções de multiculturalismo<br />
Numa mesma sociedade existem várias culturas imbricadas umas nas outras, gerando a<br />
necessidade de se considerar um “multiculturalismo”, principalmente nas ações educacionais.<br />
No entanto, há várias noções de multiculturalismo. Então, convém destacar a concepção<br />
de multiculturalismo que chamamos para esta reflexão.<br />
Carlos Skliar adverte (com base em Harlan Lane,1990 e Peter McLaren,1997), que a surdez<br />
é construída a partir de concepções diferentes de multiculturalismo.Segundo ele, pode-se<br />
observar a concepção conservadora de multiculturalismo,segundo a qual, na abordagem à<br />
questão da surdez, há uma supremacia do ouvinte sobre os surdos, há um destaque para a<br />
biologização da surdez e dos surdos,há a priorização de todos os julgamentos pela perspectiva<br />
do mais “valoroso” da “mais valia” , há a deslegitimação das línguas estrangeiras e dos dialetos<br />
regionais e étnicos,há a proclamação do monolinguismo, e, se usa o termo “diversidade” para<br />
encobrir uma ideologia de assimilação (1998, p. 1).<br />
Estamos próximo de começar a exercitar as mãos. Mas, antes vamos compreender os<br />
aspectos que permeiam a educação especial dos surdos. Como ensinar e aprender Libras por<br />
que educar um surdo é também entender a cultura surda. Vamos em frente!<br />
Aspectos pedagógicos<br />
Diagnóstico na idade escolar<br />
Qualquer alteração auditiva na infância pode ocasionar sérios prejuízos ao desenvolvimento.<br />
A percepção da linguagem em seu processamento auditivo refere-se a capacidade de<br />
organizar e compreender os estímulos sonoros que recebemos, podendo ser usado para descrever<br />
respostas comportamentais aos estímulos auditivos. Necessita de consciência auditiva,<br />
identificação auditiva, localização auditiva, descriminação auditiva, figura fundo auditiva,<br />
analise auditiva e síntese auditiva.<br />
Muitas vezes são perdidas as riquezas dos detalhes durante uma informação sonora. O<br />
conteúdo emocional também fica prejudicado uma vez que as inflexões da fala em situações<br />
do dia a dia, como expressão de alegria ou de tristeza e desespero, não são percebidos. Na<br />
maioria das vezes, os problemas auditivos passam despercebidos aos pais. E o ambiente escolar<br />
acaba por se configurar em uma das mais importantes oportunidades para que o déficit<br />
auditivo, visual ou cognitivo seja percebido por educadores.<br />
A escola é o lugar em que ocorre uma significativa e efetiva troca de saberes, e permite a<br />
troca de conhecimentos em dois sentidos entre mestre e alunos, bem como dos alunos entre<br />
si. Esta característica de favorecer a troca de conhecimentos e experiências faz da escola um<br />
lugar para elaboração pedagógica.<br />
22<br />
MARLENE CARDOSO
Prevenindo problemas na escola<br />
Você sabia que:<br />
Segundo a Política Nacional de Educação Especial, a Integração é um processo<br />
dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua interação<br />
nos grupos sociais. A normalização é o princípio que representa a base filosóficoideológica<br />
da integração. Não se trata de normalizar as pessoas, mas sim o contexto em<br />
que se desenvolvem. Normalização significa, portanto, oferecer aos educandos com<br />
necessidades especiais modos e condições de vida diária o mais semelhantes possíveis às<br />
formas e condições de vida da sociedade em geral.<br />
A legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96 entre outras) prevê a integração<br />
do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Essa integração,<br />
no entanto, deve ser um processo individual, fazendo-se necessário estabelecer, para cada caso,<br />
o momento oportuno para que o estudante comece a frequentar a classe comum, com possibilidade<br />
de êxito e progresso.<br />
A inclusão do aluno surdo em classe comum não acontece como num passe de mágica.<br />
É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as<br />
pessoas envolvidas no processo: aluno surdo, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos,<br />
assistentes sociais, alunos ouvintes, demais elementos da escola etc.<br />
As crianças que apresentam perda auditiva (leve moderada) têm capacidade para ouvir<br />
o professor, porém não têm consciência de haver perdido parte da mensagem. Quando o professor<br />
menciona alguma atividade realizada anteriormente dirigindo-se a um aluno dizendo<br />
seu nome, observamos que ele se mostra surpreso, pois se o professor não tivesse mencionado<br />
o nome dele isto passaria despercebido, devido a falta de atenção auditiva.<br />
23<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Inicialmente, essa criança pode ser considerada apática e pouco inteligente, mas, da percepção<br />
de linguagem, o que a torna mais participativa na sala de aula.<br />
Nas salas de aula as condições acústicas não costumam ser favoráveis, somam-se os ruídos<br />
interno produzido pela conversação, pelo arrastar de mesas e cadeiras. As crianças que<br />
fazem uso da prótese auditiva têm a ampliação da voz do professor e de todo os outros barulhos.<br />
A percepção da fala não é suficiente clara somando-se os sons competitivos.<br />
Investigue esse site ele trará mais informação para seu aprendizado:<br />
http://www.feneis.com.br/page/index.asp<br />
Interação social: a alavanca do aprendizado<br />
A socialização é fator indispensável ao processo de desenvolvimento do ser humano,<br />
pois é através dela que o indivíduo apropria-se dos comportamentos produzidos pela sociedade<br />
na qual está inserido e, consequentemente, amplia suas possibilidades de interação. Pressupõe<br />
a aquisição de valores, normas, costumes e condutas que a sociedade transmite e exige.<br />
A família representa papel principal e decisivo no processo de socialização, entretanto,<br />
não tem poder absoluto e indefinido sobre a criança. Muitos outros fatores irão influir neste<br />
desenvolvimento.<br />
A partir do momento em que a criança passa a frequentar a escola, esta transforma-se<br />
em mais um importante contexto de socialização que será determinante para o seu desenvolvimento<br />
e curso posterior de sua vida, pois vai interagir com pessoas de diferentes meios familiares,<br />
concepções de vida, graus de conhecimento, etnias, religiões etc.<br />
Aspectos legais<br />
Importante que possamos refletir sobre o impacto de algumas normas do nosso ordenamento<br />
jurídico que trouxeram efetividade de direitos aos surdos no Brasil.<br />
A Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, foi muito significativa por reconhecer o caráter<br />
de língua da Libras. Esta Lei dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, além de dar<br />
outras providências.<br />
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu<br />
sanciono a seguinte Lei:<br />
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira<br />
de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.<br />
24<br />
MARLENE CARDOSO
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação<br />
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura<br />
gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos<br />
de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.<br />
O decreto Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, regulamenta a Lei no 10.436,<br />
de 24 de abril de 2002, e institui a obrigatoriedade da inclusão da Libras como disciplina<br />
curricular:<br />
CAPÍTULO II – DA INCLUSÃO DA <strong>LIBRAS</strong> COMO DISCIPLINA<br />
CURRICULAR<br />
Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos<br />
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível<br />
médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,<br />
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos<br />
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.<br />
§ 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o<br />
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia<br />
e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores<br />
e profissionais da educação para o exercício do magistério.<br />
§ 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais<br />
cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano<br />
da publicação deste Decreto (DECRETO 5626/05).<br />
Além disso, este decreto também dispõe sobre a formação do professor de Libras:<br />
CAPÍTULO III – DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE <strong>LIBRAS</strong> E DO<br />
INSTRUTOR DE <strong>LIBRAS</strong><br />
Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do<br />
ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada<br />
em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras:<br />
Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.<br />
25<br />
<strong>LIBRAS</strong>
26<br />
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL<br />
27<br />
<strong>LIBRAS</strong>
ESTUDO DE CASO<br />
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 1,<br />
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus<br />
colegas no fórum da disciplina.<br />
Caso 1<br />
Bete, uma criança surda, não consegue acompanhar a classe de ouvintes porque não entendem<br />
o que está sendo dito por sua professora, a qual não sabe Libras.<br />
Questões:<br />
1. Considerando as normas previstas na Lei 10.436/2, quais direitos previstos em Lei para<br />
esta aluna o sistema educacional está deixando de garantir?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição<br />
e nos demais documentos citados?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
Revisão<br />
Agora é o momento de você exercitar a sistematização dos seus conhecimentos neste<br />
Tema 1. Se tiver dificuldade, volte a estudar o material e discutir com toda a comunidade<br />
do seu curso no fórum da disciplina para esclarecer todos os conceitos e concepções<br />
discutidos até este ponto.<br />
Bom trabalho!<br />
28<br />
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS<br />
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares<br />
QUESTÃO 01<br />
Considerando o que você estudou no tema 1 do nosso material impresso sobre os aspectos<br />
socioantropológicos da surdez, identifique as alternativas falsas e as verdadeiras:<br />
I. Para não ofendermos as pessoas surdas, ou pertencentes a qualquer outra minoria,<br />
devemos ampliar a terminologia usada para nos referirmos a elas;<br />
II. As pessoas que não têm contato com a área da surdez, pensam que a expressão<br />
surdo(a) é uma palavra ofensiva, sem saber que a própria comunidade surda<br />
prefere esta expressão;<br />
III. O termo surdo define não apenas pessoas com perda auditiva, mas remete-nos à<br />
noção de que há um grupo minoritário e essencialmente com necessidade de<br />
comunicação específica, ou seja, de uma língua.<br />
Está correta a alternativa:<br />
a) F – F – V<br />
b) V – F – V<br />
c) V – V – F<br />
d) F – V – V<br />
QUESTÃO 02<br />
Analise a frase abaixo e responda o que é pedido:<br />
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vêem<br />
como sujeitos culturais capazes, uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços<br />
culturais surdos.<br />
Diante desta afirmativa, é correto dizer:<br />
a) A maioria dos surdos prefere se manter longe da identidade surda, pois tem uma<br />
forte identificação com seus familiares oralistas;<br />
b) A construção de uma identidade do surdo, como um indivíduo capaz, está diretamente<br />
relacionada ao seu convívio com outros indivíduos desta comunidade;<br />
c) A construção da identidade do indivíduo surdo ocorre a partir do momento em<br />
que ele entra na rede regular de ensino, mas se concretiza antes da adolescência;<br />
d) Alguns indivíduos surdos entram uma espécie de crise de identidade quando<br />
começam a conviver com outros indivíduos surdos nas várias esferas sociais.<br />
29<br />
<strong>LIBRAS</strong>
QUESTÃO 03<br />
Tendo por base os aspectos históricos que estudamos nesta disciplina, com relação ao<br />
tratamento dispensado socialmente à pessoas surdas, é possível afirmar:<br />
a) Em diversas culturas, os surdos eram considerados como pessoas imprestáveis e<br />
amaldiçoadas, o que tornava aceitável o infanticídio "legalizado";<br />
b) Ao longo da história, os surdos foram vistos como pessoas independentes e que<br />
não se desenvolviam por terem uma postura preguiçosa;<br />
c) Em determinadas culturas, os surdos eram vistos como pobres coitados dependentes<br />
de tutela, ainda que se acreditasse que poderiam ter vida própria por serem<br />
capazes de trabalhar;<br />
d) Na maioria das culturas, o surdo convivia com seus familiares quando não apresentava<br />
capacidade para o trabalho, ou quando se mostrava inseguro nos espaços<br />
sociais.<br />
QUESTÃO 04<br />
Leia as questões abaixo e identifique a alternativa incorreta:<br />
a) A partir do século XVI surgiram os primeiros profissionais pedagogos para surdos,<br />
o que permitiu que as questões relativas à educação para surdos e sua inclusão<br />
na sociedade fossem tratadas de forma mais séria;<br />
b) De acordo com alguns autores, a possibilidade de educar o surdo começou a ser<br />
cogitada a partir do século XVI, ainda que de forma efetiva para aqueles surdos<br />
de famílias abastadas;<br />
c) A educação dos indivíduos surdos e herdeiros de fortunas, foi um fator que alavancou<br />
os processos educativos deste grupo, haja vista que a educação era uma<br />
condição para que pudesse receber herança;<br />
d) O desenvolvimento da cultura surda se efetivou no século XIX, após o desenvolvimento<br />
da língua de sinais e com o estabelecimento legal das cotas para deficientes.<br />
QUESTÃO 05<br />
De acordo com seus estudos identifique a opção coerente com o que discutimos em nossa<br />
disciplina:<br />
a) Coincide com o Renascimento e a renovação das ideias a formação de Comunidades<br />
Surdas e o desenvolvimento da língua de sinais, já utilizada pelos surdos<br />
desde a Antiguidade;<br />
30<br />
MARLENE CARDOSO
) Historicamente, cada grupo social de uma forma própria de lidar com as pessoas<br />
surdas, o que contribuía para o desenvolvimento destes indivíduos;<br />
c) Alguns surdos têm dificuldade para construir uma identidade, precisando conviver<br />
com oralistas e surdos para se posicionar em um dos grupos;<br />
d) Existem vários termos que designam pessoas surdas, mas nenhum preenche satisfatoriamente<br />
a definição contemporânea sobre o surdo.<br />
1.2<br />
TEMA 2.<br />
SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE<br />
1.2.1<br />
CONTEÚDO 1.<br />
SURDEZ X DEFICIÊNCIA<br />
Nossa disciplina é sobre a Língua Brasileira de Sinais – <strong>LIBRAS</strong>, língua utilizada pela<br />
comunidade surda e que permite a comunicação com as mãos através de gestos que expressam<br />
tanto as letras do alfabeto, palavras e situações, quanto representam sentimentos e conceitos<br />
abstratos. No entanto, ressaltamos que a <strong>LIBRAS</strong> não deve ser entendida como uma<br />
transcrição literal das palavras, haja vista sua estrutura, que a caracteriza como uma língua<br />
específica, assim como o inglês, o português, o italiano são línguas que têm uma estrutura.<br />
Neste sentido, a comunicação de uma pessoa surda com as demais através da <strong>LIBRAS</strong> não se<br />
restringe a fazer uma mímica das letras de cada palavra.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UOUWWW.COM/2008/06/CURSO‐DE‐<strong>LIBRAS</strong>‐LINGUA‐BRASILEIRA‐DE‐SINAIS.HTML<br />
31<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Porém, antes de começar a aprender a falar com as mãos, você precisa saber mais sobre<br />
a surdez e o indivíduo surdo. Esse é o diferencial dessa disciplina. Os próximos conteúdos<br />
contribuirão para você se sentir seguro na conversação com o surdo.<br />
Fique atento!<br />
A surdez atinge cada indivíduo de forma diferente e por fatores diversos. Deste modo,<br />
é preciso reconhecer os mecanismos dessa deficiência e de que forma cada indivíduo reage<br />
ao silêncio.<br />
Conceito de surdez<br />
Vamos conhecer e esclarecer os termos que serão usados durante todo o texto,<br />
conceituando, segundo os autores, com respeitabilidade no campo da surdez.<br />
Aspectos Biológicos<br />
IMAGEM DO DNA<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.PIXMAC.COM.BR/PICTURE/DNA+RESUMO/000000167806<br />
32<br />
MARLENE CARDOSO
A surdez é uma deficência que fisicamente não é visível, e atinge uma pequena parte da<br />
anatomia do indivíduo. Porém, traz para o indivíduo surdo consequências sociais,<br />
educacionais e emocionais amplas e intangíveis.<br />
Podemos definir a surdez, também, como a privação auditiva que constitui grave<br />
distúrbio neurológico-sensorial, afetando a capacidade de comunicação vividas, as relações<br />
sociais e a construção do pensamento infantil.<br />
A audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras, sejam verbais ou<br />
não. O órgão que realiza esse processo é o ouvido que pode ser dividido em ouvido externo,<br />
médio e interno, sendo este o caminho percorrido pelo som até chegar ao cérebro.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IF.UFRJ.BR/TEACHING/FIS2/ONDAS2/OUVIDO/OUVIDO.HTML<br />
O som se espalha pelo ar através de uma vibração, fenômeno que pode ser visualizado<br />
na ilustração abaixo:<br />
IMAGEM DE UMA ONDA SONORA<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/ROMULODELAZZARI/2533433797/)<br />
Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvido)<br />
e é conduzida até a orelha média, onde estão localizadas estruturas responsáveis pela am-<br />
33<br />
<strong>LIBRAS</strong>
plificação desta vibração. Depois de amplificada a vibração chega à orelha interna, gerando<br />
uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo coclear, que é o nervo<br />
da audição, onde será decodificada para gerar a compreensão dos sons. A surdez pode ocorrer<br />
caso haja anomalias em qualquer uma das etapas deste processo de audição.<br />
Muito bem!<br />
Agora que já entendemos o processo de audição, e as várias formas e origens da<br />
surdez, vamos entender o que é e como acontece o diagnóstico auditivo.<br />
Continue empenhado em seu processo de conhecimento!<br />
Conheça o nosso aparelho auditivo<br />
Nosso ouvido é dividido em 3 partes:<br />
<br />
<br />
<br />
Ouvido externo: É formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a<br />
membrana timpânica no fundo do canal.<br />
Ouvido médio: Estão os três ossículos (martelo, estribo e bigorna) e a abertura<br />
da tuba auditiva.<br />
Ouvido interno: Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho vestibular<br />
(equilíbrio) e cóclea (audição).<br />
Audiometria<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DIREF.ORG.BR/CONVENIOS/CLINICAS.HTM<br />
O teste mais utilizado para detectar a presença de problemas de audição é a audiometria,<br />
que tem a finalidade de determinar a menor quantidade de energia acústica audível (limiar<br />
auditivo).<br />
34<br />
MARLENE CARDOSO
EXAME AUDIOMÉTRICO<br />
FONTE: HTTP://WWW.SEAMA.EDU.BR/ADMIN/UPLOAD/AUDIOMETRIA.JPG<br />
Os limiares determinados pela audiometria são colocados em um gráfico adotado universalmente<br />
denominado audiograma. Ele expressa as frequências sonoras em HZ variando<br />
de 250 a 8000 Hz. Estas frequências são medidas em decibéis obedecendo a uma escala que<br />
determina o grau da perda auditiva que varia de –10 a 110 dB.<br />
Um ouvido normal possui como limiar auditivo até 25 decibéis ou menos em adultos e<br />
15 decibéis ou menos em crianças.<br />
Se o limiar auditivo obtido encontra-se entre 25 e 40 dB caracteriza-se perda auditiva leve;<br />
entre 40 e 70 dB, perda moderada; entre 70 e 90 dB caracteriza-se perda severa e a partir de<br />
90 dB tem-se uma perda auditiva de grau profundo.<br />
35<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Tipos de Surdez<br />
Sob o aspecto que interfere na aquisição da linguagem e da fala, o déficit auditivo pode<br />
ser definido como perda média em decibéis, com a seguinte classificação: surdez neurossensorial,<br />
surdez leve, surdez severa, surdez profunda.<br />
36<br />
MARLENE CARDOSO
Surdez Neurossensorial<br />
Resulta de distúrbios que comprometem a cóclea ou o nervo coclear implante coclear.<br />
CORTE VERTICOTRANSVERSAL DO OUVIDO DIREITO<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?PID=S0080‐62342007000300020&SCRIPT=SCI_ARTTEXT<br />
Classificação da surdez pela perda auditiva decibéis=db<br />
Leve<br />
Moderada<br />
Severa<br />
Profunda<br />
Perda auditiva entre 20dc e 40db<br />
Perda auditiva entre 40dc e 70db<br />
Perda auditiva entre 70dc e 90db<br />
Acima de 90db<br />
37<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Surdez Leve<br />
O indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis é diagnosticado como<br />
tendo uma surdez leve. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas<br />
da palavra. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida.<br />
Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa<br />
de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.<br />
Surdez Severa<br />
A pessoa que apresenta surdez severa escuta som forte como: latido do cão, avião, caminhão,<br />
serra elétrica, mas não é capaz de ouvir a voz humana sem o aparelho auditivo.<br />
FONTE: HTTP://TAILINEHIJAZ.WORDPRESS.COM/CATEGORY/MONITORIA‐HPIJ/<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IMPLANTECOCLEAR.ORG.BR/TEXTOS.ASP?ID=5<br />
38<br />
MARLENE CARDOSO
Surdez Profunda<br />
As pessoas com surdez severa escutam apenas sons graves que transmitem vibrações<br />
(helicóptero, avião, trovão), sendo a perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade<br />
dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar<br />
a voz humana, impedindo-o de adquirir a linguagem oral.<br />
FONTE: HTTP://WWW.LOUCOSPELOTIMAO.COM/CATEGORY/A‐HISTORIA‐DO‐CORINTHIANS/PAGE/2/<br />
A construção da linguagem oral no individuo com surdez profunda é uma tarefa longa e<br />
bastante complexa, envolvendo aquisições, como:<br />
Tomar conhecimento do mundo sonoro;<br />
Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;<br />
Perceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão;<br />
Compreender a linguagem;<br />
Aprender a expressar-se.<br />
Surdez Adquirida<br />
É considerada surdez adquirida quando o comprometimento da audição ocorre por<br />
causas neonatais (durante ou imediatamente após o nascimento) ou durante a primeira<br />
infância.<br />
Uma criança que nasce surda, ou que adquire a surdez nos primeiros meses de vida,<br />
não recebe informações do meio ambiente, através da audição, necessaria ao seu<br />
desenvolvimento cognitivo, emocional e integração social.<br />
39<br />
<strong>LIBRAS</strong>
EXAME AUDITIVO<br />
FONTE: HTTP://TODAPERFEITA.COM.BR/TESTE‐DA‐ORELHINHA‐ONDE‐FAZER/<br />
“O teste da orelhinha (conhecido cientificamente como Emissões Otoacústicas –<br />
OAEs) é o exame para a identificação precoce de Deficiência Auditiva. Pode ser realizado<br />
no segundo ou terceiro dia de vida, é simples, seguro, indolor, não utiliza medicamentos<br />
no procedimento e dura aproximadamente de 5 a 10 minutos. Deverá ser realizado<br />
durante o sono do bebê, sem incomodá-lo”<br />
Fonte: REIS, 2010, p. 01.<br />
Leia sobre o assunto que estudamos até agora.<br />
Sugestão de site site:<br />
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?402<br />
1.2.2<br />
CONTEÚDO 2.<br />
SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS<br />
Nem sempre é possível evitar que alguma doença ou alteração ocorra no indivíduo,<br />
entretanto frequentemente é possível realizar um diagnóstico precoce do problema e adotar<br />
medidas para diminuir suas consequências.<br />
A Organização Mundial de Saúde classifica as Medidas de Prevenção em Primárias,<br />
Secundárias e Terciárias.<br />
40<br />
MARLENE CARDOSO
Com relação à área da surdez podemos dizer que a prevenção primária diz respeito à<br />
administração de vacinas e medidas de saneamento básico, que podem evitar que as pessoas se<br />
contaminem ou desenvolvam doenças que causam surdez.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.SENADO.GOV.BR/SF/SENADO/PORTALDOSERVIDOR/JORNAL/JORNAL77/SAUDE_VACINA.ASPX<br />
A prevenção secundária está relacionada ao diagnóstico precoce, como por exemplo a<br />
realização da triagem auditiva nas maternidades. Para que este procedimento preventivo<br />
possa se concretizar é imprescindível que a avaliação seja realizada tanto por médico quanto<br />
por fonoaudiólogo.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.INCLUSIVE.ORG.BR/?P=14499<br />
Os aspectos da prevenção terciária estão relacionados à estimulação precoce<br />
especializada e ao ensino especial.<br />
41<br />
<strong>LIBRAS</strong>
O conhecimento das causas que podem levar a problemas auditivos favorece o<br />
diagnóstico precoce que propicia um melhor rendimento pedagógico, desde que ocorra uma<br />
intervenção adequada.<br />
Causas da Surdez<br />
A surdez pode ser adquirida de várias maneiras, selecionamos as causas mais comuns<br />
para estudarmos. Algumas formas de adoecimento levam as alterações genéticas nos embriões,<br />
tendo como uma das consequências, a perda auditiva parcial ou total. É importante ressaltar<br />
que as causas de surdez podem estar relacionadas tanto a aspectos genéticos, quanto a<br />
eventos ocorridos nos períodos perinatal e/ou pós-natal, a exemplo da anóxia perinatal e da<br />
anóxia pós-natal. Dentre as causas mais comuns de alteração intrauterina, citamos:<br />
Mutação genética;<br />
Anomalias decorrentes de adoecimento da gestante ou do genitor;<br />
Sífilis;<br />
Rubéola;<br />
Toxoplasmose;<br />
Meningite;<br />
Anoxia;<br />
Desnutrição da gestante.<br />
Anomalias<br />
Anomalias podem ser definidas como sendo uma alteração orgânica. Uma anomalia<br />
pode ocorrer em qualquer idade do indivíduo e levar a sequelas permanentes, a exemplo da<br />
surdez. Além disso, uma anomalia em um indivíduo adulto pode gerar anomalias em sua prole,<br />
como veremos a seguir.<br />
Um exemplo de anomalia que traz sequelas permanentes pode ser visto na mutação genética<br />
que dá origem a Síndrome de Waardenburg, a qual, por sua vez gera outras anomalias<br />
como deformação da face, Albinismo e surdez. A idade paterna avançada parece ser um dos<br />
fatores responsáveis pela mutação genética denominada Síndrome de Waardenburg 1 que<br />
atinge o embrião.<br />
Principais características da Síndrome de Waardenburg:<br />
Deslocamento lateral dos cantos internos dos olhos;<br />
1 A Síndrome de Waardenburg foi descrita pela primeira vez por P. J. Waardenburg em 1951 e entre os principais<br />
sinais clínicos do quadro está a surdez congênita (MARTINS, 2003, p. 117).<br />
42<br />
MARLENE CARDOSO
Hiperplasia da porção medial dos supercílios;<br />
Base nasal proeminente e alargada;<br />
Pigmentação da íris e da pele;<br />
Surdez congênita;<br />
Mecha branca frontal.<br />
Sífilis<br />
A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que pode levar a sequelas permanentes<br />
no indivíduo e em sua prole, como a surdez e a cegueira.<br />
É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum e adquirida por<br />
contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfusão de sangue.<br />
Quando não tratada, a Sífilis pode progredir, tornando-se crônica e com manifestações<br />
sistemáticas. Manifesta-se em três fases: primária, secundária e terciária. As características<br />
mais marcantes da infecção são apresentadas durante os dois primeiros estágios.<br />
Sintomas:<br />
1º estágio – pequenas vesículas avermelhadas indolores, chamado “cancro”, aparecem<br />
na região próxima aos genitais. As vesículas aparecem 10 dias a 3 meses após o contágio, prolongando<br />
de 1 até 8 semanas.<br />
2º estágio – os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, febre, dor de cabeça, corpo<br />
dolorido.<br />
O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação clinica, quanto as formas de contaminação<br />
e por exame de sangue. Tratamento: é feito à base de penicilina oral e injetável.<br />
Diabetes<br />
Diabetes mellitus é um gupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia<br />
(aumento dos níveis de glicose no sangue), resultado de deficiencias na secreção de insulina,<br />
em sua ação ou ambos. Trata-se de uma doença complexa, na qual coexiste um transtorno<br />
global do metabolismo dos carboidratos, lipidios e proteínas. Existe 3 tipos de diabetes:<br />
Mellitus tipo 1, Mellitus tipo 2 e Mellitus gestacional.<br />
Rubéola<br />
A rubéola ou rubéola é uma doença infecciosa causada pelo vírus da rubéola Togavírus.<br />
Transmissão: vias respiratórias. É uma doença geralmente benigna, mas pode causar má formação<br />
no embrião, se a contaminação ocorrer durante a gestação. A rubéola também é res-<br />
43<br />
<strong>LIBRAS</strong>
ponsável por parto prematuro. Dentre as sequelas da rubéola durante a gravidez vemos a surdez<br />
e algumas formas de má formação.<br />
Sintomas:<br />
O período de incubação do vírus é de 15 dias e os sintomas são parecidos com os da gripe:<br />
dor de cabeça, dor ao engolir, dores musculares, coriza, aparecimento de gânglios (ínguas),<br />
febre, manchas avermelhadas inicialmente no rosto, que depois se espalham por todo o corpo.<br />
Citomegalovírus<br />
É um vírus herpes com predomínio de incidência em regiões carentes, onde é comum a<br />
significativa restrição de recursos econômicos pouco acesso da população à educação, ao esgotamento<br />
sanitário e a condições adequadas de higiene. As formas de transmissão incluem:<br />
relação sexual, agulhas para injeção de drogas, transfusão de sangue.<br />
Um outro conjunto de fatores e situações durante a gestação e o parto pode gerar sequelas<br />
nos bebês, sendo a surdez uma delas.<br />
Anoxia<br />
Anoxia é a diminuição de oxigenação para o feto no momento do parto. Se a anoxia for<br />
prolongada, pode ocorrer uma lesão cerebral ou até matar. Este é um dos riscos ao nascimento<br />
e a principal causa de deficiências mentais em crianças, podendo também causar surdez. Pode<br />
ser causada por uma parada cardíaca do bebê em função de complicações na hora do parto.<br />
44<br />
MARLENE CARDOSO
Prematuridade<br />
O bebê é considerado prematuro se nascer antes das 37 semanas de gestação. A depender<br />
de sua idade, os fatores de riscos para que venha a apresentar problemas de saúde aumentam<br />
ou diminuem, podendo ele necessitar de diversos tipos de cuidados.<br />
A prematuridade aumenta os riscos de a criança ter um prejuízo auditivo ou déficit de<br />
inteligência.<br />
Traumas do parto<br />
Temos um exemplo que é o parto de fórceps, é um parto normal, no qual se utiliza um<br />
instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que é colocado no canal vaginal, ajustando-se<br />
nos lados da cabeça do bebê para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto. Este tipo de<br />
ação praticamente não e é mais usada, mas muitas pessoas adultas têm surdez devido a esse<br />
tipo de procedimento.<br />
Drogas ototóxicas<br />
São medicamentos que afetam o ouvido interno e cóclea, os quais são responsáveis pela<br />
audição e equilíbrio. O uso destas substâncias pode gerar uma lesão no ouvido interno e/ou a<br />
cóclea causando perda auditiva irreversível.<br />
Icterícia ou hiperbilirrubina. É causada pela concentração, anormal e alta de bilirrubina<br />
no sangue. Os glóbulos vermelhos velhos, danificados ou anormais são extraídos da circulação<br />
principalmente pelo baço. Durante esse processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos<br />
vermelhos que transporta o oxigênio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilirrubina.<br />
A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada para<br />
depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis.<br />
Na maioria dos recém-nascidos a concentração de bilirrubina no sangue normalmente<br />
aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo<br />
pelo qual a pele está amarelada (icterícia).<br />
Outras causas de perda auditiva<br />
Além dos fatores genéticos que levam a surdez do bebê ainda no útero ou em função do<br />
parto, há algumas formas de adoecimento que em qualquer faixa etária podem levar a um<br />
quadro de surdez.<br />
45<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Gestação e deficiência na nutrição materna<br />
Uma alimentação desequilibrada pode causar sérios problemas para a mulher grávida e<br />
consequentemente para o bebê. Uma alimentação equilibrada baseada em frutas, legumes,<br />
hortaliças e pouca carne é o ideal para todas as pessoas, principalmente para as futuras mamães.<br />
COMER MUITO NÃO EQUIVALE A COMER BEM!<br />
Carências nutricionais da mãe significam carências nutricionais também do feto, prejudicando<br />
seu desenvolvimento e aumentando o risco de que ocorram sequelas irreversíveis<br />
para o bebê.<br />
Baixo peso<br />
A criança que nasce com menos de 2500g é considerada com baixo peso, que pode ser<br />
por consequência do nascimento prematuro e da qualidade de crescimento fetal intrauterino.<br />
Encefalite<br />
São inflamações agudas no cérebro, podendo ser causadas por infecção viral ou bacteriana<br />
como meningite bacteriana, ou pode ser uma complicação de outras doenças infecciosas<br />
como raiva (viral) ou sífilis (bacteriana). Acontece em certas infestações parasitas e protozoárias,<br />
como toxoplasmose, malária ou meningoencefalite amoébica primária, e também pode<br />
46<br />
MARLENE CARDOSO
ocorrer encefalites em pessoas com sistema imune comprometido. Essa lesão empurra o<br />
cerebro contra o crânio, podendo conduzir, inclusive, à morte.<br />
Meningite<br />
É uma inflamação das meninges – membranas que recobrem e protegem o cérebro. Ela<br />
pode ser viral, adquirida depois de uma gripe ou doença causada por vírus, ou de origem bacteriana,<br />
normalmente mais branda.<br />
Uma das bactérias é a meningococo que pode ser transmitida pelo ar. Outra forma de<br />
contagio é o contato com a saliva de um doente. A bactéria entra pelo nariz e aloja-se no interior<br />
da garganta. Em seguida vai para corrente sanguínea, percorrendo pelo cérebro ou difusão<br />
pelo corpo, causando uma infecção generalizada.<br />
Sintomas:<br />
Nos neonatos de até um mês – irritabilidade, choro em excesso, febre, sonolência e a<br />
moleira fica estufada, como se houvesse um galo na cabeça da criança. Acima dessa idade – A<br />
criança tem dificuldades de movimentar a cabeça. A partir dos cinco anos – Febre, rigidez da<br />
nuca, dor de cabeça e vômitos em jato.<br />
Traumas no crânio encefálico<br />
O traumatismo craniano é um dos maiores causadores de morte no mundo. A depender<br />
do local onde for a pancada, pode vir causar a surdez.<br />
Sarampo<br />
É uma doença causada pelo vírus do sarampo e sua transmissão é por via respiratória.<br />
Essa doença, em alguns países, ainda é a causa de muitas mortes de crianças, por motivo de<br />
falta de vacinação em massa.<br />
Sintomas:<br />
Febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia, manchas branca na<br />
mucosa da boca, depois surgem manchas avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo<br />
em direção aos pés, durante pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem<br />
de aparecimento.<br />
47<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Caxumba<br />
É uma doença virótica, de transmissão respiratória, causada pelo vírus da caxumba. Os<br />
sintomas geralmente são bem discretos ou ausentes, e, quando ocorrem, os sintomas geralmente<br />
são febre e aumento das glândulas salivares, podendo ocorrer um comprometimento<br />
com o sistema nervoso central, testículos, ovários, pâncreas e a surdez temporária ou permanente.<br />
Outros agentes causadores de perda auditiva<br />
Além das questões vistas até aqui, você deve saber que muitas das condições de vida e<br />
trabalho podem levar o indivíduo a ter uma perda auditiva total ou parcial ao longo da vida.<br />
Neste aspecto ressaltamos a exposição a ruídos fortes como sendo o maior causador de surdez<br />
na atualidade.<br />
Além das sequelas por adoecimento, alguns hábitos pessoais e condições de trabalho<br />
também representam risco para o indivíduo no que diz respeito à sua acuidade auditiva, conforme<br />
podemos ver nas situações descritas abaixo.<br />
Ruídos fortes<br />
O ruído intenso, sons acima de 75 dB, é a causa mais frequente da surdez. A exposição<br />
constante ou a exposição aguda a sons muito intensos, como uma explosão, pode levar o indivíduo<br />
a uma perda auditiva parcial ou total.<br />
FONTE: HTTP://WWW.SRPROPAGANDA.COM.BR/<br />
48<br />
MARLENE CARDOSO
Um exemplo de exposição em situação social pode ser visualizado em festas populares,<br />
como o carnaval, em que alguns indivíduos ficam expostos a ruído intenso por várias horas,<br />
ao longo de dias.<br />
FONTE: HTTP://WWW.ESSAEBOA.BLOGGER.COM.BR/2005_01_23_ARCHIVE.HTML<br />
Outras situações da vida cotidiana podem gerar dano no aparelho auditivo: armas de fogo,<br />
motocicletas, maquinas de cortar grama etc., podem causar danos ao ouvido interno causando<br />
a surdez.<br />
Condições inadequadas de trabalho<br />
Além das situações cotidianas de agressão ao ouvido do ser humano, algumas condições<br />
de trabalho são especialmente danosas à saúde auditiva, como podemos verificar nas indústrias,<br />
nos canteiros de obra com suas máquinas e britadeiras e demais máquinas, nos aeroportos,<br />
dentre outros.<br />
FONTE: HTTP://EUTRABALHOSEGURO.BLOGSPOT.COM/2009/11/SESMT‐FORCA‐TAREFA‐NA‐CONSTRUCAO‐CIVIL.HTML<br />
49<br />
<strong>LIBRAS</strong>
O diagnóstico de surdez<br />
Habitualmente, as pessoas que convivem com a criança têm mais capacidade de detectar<br />
se há algo errado do que qualquer teste. Por isso, os pais e professores devem estar atentos a<br />
determinadas ausências de reação por parte da criança quando lhe são apresentados ruídos<br />
altos. Do mesmo modo, os adultos precisam acompanhar o desenvolvimento da fala e buscar<br />
avaliação profissional em caso de atraso.<br />
Diagnóstico precoce<br />
A criança deve ser capaz de prestar atenção, detectar, localizar e discriminar os sons.<br />
Sabemos que a deficiência auditiva pode ocorrer antes (dentro do útero materno), durante ou<br />
depois do nascimento.<br />
Como suspeitar de algum problema auditivo no bebê?<br />
FONTE: HTTP://HIMOTHERS.BLOGSPOT.COM/2009/11/MAMAES‐E‐BEBES.HTML<br />
Ele acorda com barulhos fortes?<br />
Ele se assusta com barulhos repentinos?<br />
Ele percebe quando as portas batem?<br />
Olha quando é chamado?<br />
Escuta a campainha da porta e do telefone?<br />
50<br />
MARLENE CARDOSO
Em crianças maiores é possível observar:<br />
Ele olha muito para os lábios de quem fala?<br />
Tem dificuldade para compreender o que é dito?<br />
Pede para repetir ou que se fale mais alto?<br />
Fala muito alto ou excessivamente baixo?<br />
Aumenta o volume da televisão com frequência?<br />
Tem dificuldade com os conteúdos escolares?<br />
FONTE: HTTP://INDIFERENTEE.BLOGSPOT.COM/2010/06/SIMPLESMENTE‐VIVA.HTML<br />
Se a criança não reage aos sons ou apresenta outras dificuldades, uma das possibilidades<br />
a ser verificada é de que ela pode estar com a audição reduzida, neste caso, é possível avaliar a<br />
audição através do exame de audiometria infantil que pode ser feito inclusive em recémnascidos,<br />
como vimos neste texto.<br />
Para fixar o assunto acima...<br />
http://www.senado.gov.br/comunica/agencia/cidadania/surdez/not02.htm<br />
Prevenção<br />
Lei 10.436/2<br />
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e<br />
do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial,<br />
de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira<br />
de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais –<br />
PCN, conforme legislação vigente.<br />
51<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modalidade<br />
escrita da língua portuguesa.<br />
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.<br />
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República.<br />
A deficiência auditiva apresenta causas que são classificadas como congênitas ou adquiridas.<br />
As causas congênitas da deficiência auditiva mais comuns são a hereditariedade, as sequelas<br />
devido a viroses e às doenças tóxicas da gestante. A deficiência auditiva é adquirida<br />
quando existe predisposição genética, meningite, ingestão de remédios, viroses etc.<br />
É fundamental um acompanhamento precoce para um desenvolvimento da criança surda,<br />
pois um profissional de qualidade poderá ajudar em uma redução de barreiras tanto na<br />
comunicação do sujeito surdo ou deficiente auditivo como em todo contexto social.<br />
Ideia-Chave<br />
Deficiência auditiva: diminuição da capacidade de percepção normal dos sons.<br />
Possibilidades de Tratamento<br />
COMO PREVINIR A SURDEZ?<br />
Vacinas<br />
Já existem vacinas que as mulheres podem tomar antes de engravidar, como por exemplo:<br />
vacina contra rubéola e após o nascimento a criança deve tomar vacinas contra: sarampo,<br />
caxumba, meningite tipo B e C.<br />
Vacina antirrubéola pode ser dada em mulheres de 15 aos 35 anos e crianças dos 15 meses<br />
aos 15 anos, a rubéola é uma grande vilã, pois é a causadora de vários casos de surdez, na<br />
gravidez a mulher infectada pela rubéola pode vir a conceber um bebê com problemas auditivos.<br />
Vacina antissarampo é indicado para todas as crianças que não tiveram a doença ou para<br />
aquela com dúvidas a respeito. Ela pode ser vacinada após o 9º mês de vida.<br />
Vacina anticaxumba ou papeira deve ser aplicada a partir dos 12 meses de idade.<br />
52<br />
MARLENE CARDOSO
Existe a vacina tríplice viral que é a combinação das vacinas contra sarampo, rubéola e<br />
caxumba que deve ser aplicada a 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 4 ou 5 anos de<br />
idade.<br />
Vacina antimeningite a partir de 2 meses de idade.<br />
Aconselhamento médico e pré-natal<br />
Fazer um bom pré-natal é o melhor caminho para a gestante percorrer durante os 9 meses,<br />
o médico orientará quanto à nutrição e possíveis doenças como: sífilis e a toxoplasmose<br />
que causam a surdez. O médico também pode vir ajudar a prevenir o nascimento prematuro<br />
da criança. Todo o acompanhamento e monitoramento do bebê e da mãe durante o processo<br />
de gestação é de fundamental importância.<br />
Aconselhamento genético<br />
A consanguinidade entre os pais é um fator genético de grande risco para o bebê que irá<br />
nascer. Antes de engravidar, é de fundamental importância que o casal faça uma consulta com<br />
um médico geneticista.<br />
Cuidado ao usar medicamentos<br />
Todo medicamento usado pela gestante ou pelo bebê, seja ela de ingestão a pomada, deve<br />
passar pela autorização prévia do médico e pelo bom censo da leitura da bula do remédio.<br />
O uso de medicamentos ototóxicos é perigoso para o indivíduo de qualquer idade.<br />
Uso da camisinha<br />
A relação sexual fazendo uso da camisinha é o cuidado básico para se evitar doenças sexualmente<br />
transmissíveis (DST), como a Herpes e Sífilis, que causam a surdez e outros males.<br />
Evitar barulhos<br />
Evitar frequentar ambientes barulhentos e o uso de fones de ouvido com o som em volume<br />
alto.<br />
Após os exames e consultas com o otorrinolaringologista será indicado o tratamento<br />
que mais se adequa a cada indivíduo e surdo.<br />
Alguns casos necessitaram de cirurgia, já em outros a utilização do aparelho auditivo<br />
permitirá uma percepção melhor do mundo sonoro. Importante ressaltar que o aparelho não<br />
53<br />
<strong>LIBRAS</strong>
estituirá a audição, mas poderá dar conhecimento ao indivíduo sobre o ambiente sonoro, o<br />
que é importante para sua segurança.<br />
Prótese auditiva<br />
Definição:<br />
É um aparelho eletrônico de vários tipos, formatos e cores, utilizados por pessoas que<br />
tenham como diagnóstico perda de audição.<br />
Exemplos de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). Usados por trás do<br />
ouvido ou no canal auditivo, podem ajudar nas deficiências moderada e grave.<br />
FONTE: HTTP://WWW.INFONET.COM.BR/SAUDE/LER.ASP?ID=88361&TITULO=SAUDE<br />
História dos Aparelhos Auditivos<br />
54<br />
MARLENE CARDOSO
Os primeiros aparelhos auditivos eram enormes trombetas em forma de chifre com<br />
uma parte larga e aberta em uma extremidade que detectava o som. A trombeta gradualmente<br />
diminuiu e se transformou em um fino tubo que canalizava o som dentro do ouvido.<br />
O desenvolvimento do aparelho auditivo moderno não seria possível se não fosse pela<br />
contribuição de dois dos maiores inventores do final do século XIX e início do século XX.<br />
Alexander Graham Bell amplificou eletronicamente o som em seu telefone usando um<br />
microfone de carbono e uma bateria: um conceito que foi adotado pelos fabricantes de aparelhos<br />
auditivos.<br />
Em 1886, Thomas Edison inventou o transmissor de carbono, que alterava os sons em<br />
sinais elétricos que podiam viajar através de fios e podiam ser convertidos de volta em sons.<br />
Essa tecnologia foi usada nos primeiros aparelhos auditivos.<br />
Na década de 20, tubos a vácuo foram<br />
introduzidos aos aparelhos auditivos, o que tornou a amplificação do som mais<br />
eficiente, mas enormes baterias ainda os tornavam incômodos.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM:<br />
HTTP://WWW.APARELHOSAUDITIVOSBRASIL.COM.BR/APARELHOS‐AUDITIVOS‐HISTORIA.HTM<br />
A Revolução Industrial permitiu a produção em massa de aparelhos auditivos e criou<br />
uma nova classe média que podia pagar pela tecnologia. No século XIX, várias empresas produziram<br />
suas próprias versões de aparelhos auditivos. Em 1898, a Dictograph Company apresentou<br />
o primeiro aparelho auditivo de carbono comercial. Um ano depois, Miller Reese Hutchison,<br />
da empresa Akouphone, no Alabama, patenteou seu primeiro aparelho auditivo<br />
elétrico funcional que usava um transmissor de carbono e bateria. Ele era tão grande que precisava<br />
ficar sobre uma mesa, e era vendido por US$400.<br />
O ano de 1952 anunciou a era dos aparelhos auditivos de transistor. A adição dessas<br />
simples chaves on/off finalmente possibilitou o advento de um aparelho auditivo menor. Os<br />
primeiros aparelhos auditivos com transistor foram projetados para se encaixar nas armações<br />
de óculos. Posteriormente, eles foram adaptados para se encaixar atrás da orelha. O primeiro<br />
55<br />
<strong>LIBRAS</strong>
aparelho auditivo de transistor a ser lançado no mercado no final de 1952 foi vendido por<br />
aproximadamente US$230.<br />
No século XX, os aparelhos auditivos se tornaram digitais. A qualidade do som melhorou<br />
e se tornou mais ajustável. Também durante esse período, os aparelhos auditivos programáveis<br />
foram introduzidos.<br />
Na virada do século XXI, a tecnologia de computador tornou os aparelhos auditivos<br />
menores e ainda mais precisos, com ajustes para se acomodar a virtualmente todo tipo de ambiente<br />
auditivo.<br />
Contudo o uso do aparelho pode causar desconforto, portanto para uma correta adaptação<br />
é necessário que o surdo se acostume aos sons gradativamente e que sinta prazer ao percebê-los.<br />
Outro tratamento disponível no momento é o implante coclear multicanal que é uma<br />
prótese computadorizada que faz a função das células ciliadas lesadas ou ausentes.<br />
Possui um dispositivo externo que tem como função captar o som, por um microfone<br />
instalado num pequeno aparelho. O receptor libera a energia elétrica adequada para o feixe de<br />
eletrodos inseridos na cóclea. As informações do som elétrico resultantes são enviadas através<br />
do<br />
Possibilitar ao surdo a percepção dos sons ambientes através da utilização de prótese<br />
auditiva e do implante coclear são tratamentos que podem interferir em todo processo da a-<br />
prendizagem repercutindo no desenvolvimento da linguagem e da fala. Contudo, não é o fim<br />
56<br />
MARLENE CARDOSO
em si mesmo. É parte de um processo que evitará distúrbios emocionais, sociais e psicológicos<br />
dos surdos e de seus familiares.<br />
Imagem de Implante coclear 2<br />
http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/dee_surdez.php<br />
1.2.3<br />
CONTEÚDO 3.<br />
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA <strong>LIBRAS</strong><br />
O primeiro passou para entender as questões pedagógicas em relação a surdez e o surdo<br />
é entender a Libras.<br />
são:<br />
Segundo Romeu Kazumi Sassaki (2002), quanto as Línguas de Sinais os termos corretos<br />
Linguagem de sinais?<br />
Linguagem Brasileira de Sinais?<br />
Língua de sinais ou dos sinais?<br />
Língua Brasileira de Sinais?<br />
Língua de Sinais Brasileira?<br />
Libras?<br />
<strong>LIBRAS</strong>?<br />
Em primeiro lugar, trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Assim, ficam<br />
descartados os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De acordo<br />
com Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 22):<br />
Língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. Assim, do mesmo modo<br />
como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma em comum, o<br />
Português (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o nosso<br />
faz fronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua<br />
em comum, a Língua de Sinais Brasileira. Assim, em Psicologia e Educação,<br />
quando falamos em desenvolvimento da linguagem (quer oral, escrita ou de<br />
sinais) e em distúrbios da linguagem (e.g., afasias, alexias, agrafias), estamos<br />
nos referindo ao nível do indivíduo.<br />
2<br />
Disponível em: http://www.materdei.com.br/jornal_fev_mar_2006/materia04.jsp<br />
57<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Em segundo lugar, o correto é “língua de sinais” porque se trata de uma língua viva e,<br />
portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.<br />
Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada.<br />
Em terceiro lugar, o nome correto é “Língua de Sinais Brasileira” (ou “Língua de sinais<br />
brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. O termo “língua de sinais” constitui uma<br />
unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três palavras (língua, de e sinais) fossem<br />
uma só. Então, adjetivamos cada “língua de sinais” existente no mundo. Língua de Sinais<br />
Brasileira, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Mexicana, Língua de Sinais<br />
Francesa etc. Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 28):<br />
[...] Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguística<br />
quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Língua<br />
de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empregada<br />
pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana,<br />
Francesa, Inglesa, e assim por diante. Não existe uma Língua Brasileira (de<br />
sinais ou falada). Sei disso porque quando fazia uso destes termos TODOS os<br />
benditos redatores de revistas e jornais riscavam o Brasileira e trocavam pelo<br />
Portuguesa, produzindo um monstrengo conceitual de proporções e consequências<br />
desastrosas... Além disso, a propósito, se traduzirmos American<br />
Sign Language obteremos Língua de Sinais Americana e não Língua Americana<br />
de Sinais[...].<br />
Em quarto lugar, a sigla correta é “Libras” e não “<strong>LIBRAS</strong>” (ver explicação no próximo<br />
parágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “<strong>LIBRAS</strong>”, explicava-se esta sigla da<br />
seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a<br />
sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira.<br />
De acordo com Fernando Capovilla (2001) adotou a norma do Português, segundo a<br />
qual se uma sigla for pronunciável como se fosse uma palavra (e.g., Fapesp, Feneis) ela deve<br />
ser escrita com apenas a inicial maiúscula; e se ela não for pronunciável como uma palavra,<br />
mas apenas como uma série de letras (e.g., CNPq, BNDES), ela deve ser escrita em maiúsculas.<br />
Por isso, o Dicionário de Libras de Capovilla e Raphael (2001) escreve Libras e Feneis com<br />
apenas as iniciais maiúsculas, como deve ser em bom Português. Libras é um termo consagrado<br />
pela comunidade surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é consagrado pela tradição<br />
e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo indica nosso profundo<br />
respeito para com as tradições deste povo a quem desejamos ajudar e promover, tanto por<br />
razões humanitárias quanto de consciência social e cidadania. Finalmente, quando se trata de<br />
publicação menos técnica em Português, recomendo o uso de Libras. Como é um termo curto,<br />
58<br />
MARLENE CARDOSO
prescinde de abreviatura. Além disso, tem forte apelo emocional para os leitores surdos que,<br />
então, saberão que estamos nos referindo à língua deles. E como temos profundo respeito pela<br />
comunidade surda brasileira e pela sua língua, o mínimo que nós, ouvintes, podemos e devemos<br />
fazer é usar o mesmo termo que essa comunidade usa quando se refere à sua língua em<br />
nossa língua, o Português. Além disso, esta é “uma forma de procurar engajar o leitor surdo<br />
em tudo o que se refere à sua língua para que ele possa participar ativamente” (CAPOVILLA<br />
apud SASSAKI, 2002, p. 31).<br />
Sassaki (1997, p. 41) conceitua a inclusão como o “processo pelo qual a sociedade se a-<br />
dapta, para poder incluir, em seus sistemas gerais, pessoas com necessidades especiais”.<br />
A necessidade da sociedade se adaptar para a Inclusão de fato é fundamental para um<br />
desenvolvimento social e cultural da comunidade surda, pois será na interação que acontecerá<br />
o desenvolvimento da Libras e consequentemente a do surdo, seja na leitura, escrita e no contexto<br />
sociocultural.<br />
Em Educação para surdo se devem estabelecer as relações e valores que são integradas<br />
na educação dos ouvintes, valorizando a língua do surdo (Libras) e valorizando em conjunto a<br />
língua e cultura dos ouvintes. Evita desta forma uma pedagogia reabilitadora.<br />
Uma pedagogia interativa leva o surdo a uma dimensão de vida, língua, cultura e autonomia<br />
que favorece sua inclusão com um todo.<br />
1.2.4<br />
CONTEÚDO 4.<br />
ASPECTOS LEGAIS DA <strong>LIBRAS</strong><br />
FONTE: HTTP://<strong>LIBRAS</strong>LIVRE.BLOGSPOT.COM/2009_11_01_ARCHIVE.HTML<br />
59<br />
<strong>LIBRAS</strong>
A legislação brasileira para garantia de direitos às pessoas portadoras de deficiência auditiva<br />
é recente, tendo sido criadas normas e Leis de forma mais intensa a partir da Constituição<br />
de 1988, cuja ênfase na dignidade da pessoa humana um forte compromisso ao ordenamento<br />
jurídico brasileiro para com os direitos fundamentais.<br />
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida no Brasil como a língua oficial da<br />
pessoa surda, após a publicação de duas leis: Lei nº 10.436/2002 e a Lei nº10.098/2002<br />
(AZEREDO, 2006).<br />
No que diz respeito ao direito de acesso de pessoas surdas a Libras em instituições de<br />
Ensino da rede regular, a primeira Lei foi promulgada em Minas Gerais e acabou por servir de<br />
modelo para todo Brasil. Atualmente, quase todos os estados já promulgaram leis estaduais a<br />
respeito do assunto, o que tem conferido às pessoas surdas maior efetividade em sua possibilidade<br />
de exigir direitos, seja em relação a atuação do Estado ou nas relações privadas.<br />
Mas, é preciso ainda uma reflexão quanto ao real impacto desta legislação para melhoria<br />
das condições de vida e desenvolvimento das pessoas surdas. A seguir, faremos uma breve<br />
análise deste cenário.<br />
Estados e municípios com leis promulgadas<br />
Estados com leis aprovadas garantindo a Libras: Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito<br />
Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de Janeiro, Paraná,<br />
Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul e Rondônia.<br />
Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do Norte;<br />
O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios com lei municipal garantindo<br />
a Libras;<br />
Municípios: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de<br />
Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Uberaba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete<br />
Lagoas, Pouso Alegre.<br />
Dia dos Surdos<br />
Ser Surdo: [...] olhar a identidade surda dentro dos componentes que constituem<br />
as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinâmicas de poder.<br />
É uma experiência na convivência do ser na diferença (PERLIN;<br />
MIRANDA 2003, p.217).<br />
60<br />
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://JIE.ITAIPU.GOV.BR/PRINT_NODE.PHP?SECAO=TURBINADAS1&NID=7537<br />
Já temos leis estadual e municipal. A data que homenageia os surdos é o dia 26 de setembro,<br />
a qual foi escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do<br />
país, o INES 3 .<br />
Por isso, todos os anos durante o mês de setembro, a comunidade surda mobiliza-se para<br />
marcar a data e dar visibilidade à luta, necessidades e direitos do indivíduo surdo. Dentre as<br />
atividades realizadas neste mês, vemos a organização de festas, manifestações, passeatas e similares,<br />
chamando a atenção tanto da sociedade de forma ampla, quanto de pessoas surdas<br />
que porventura não estejam mobilizadas politicamente na reivindicação dos seus direitos.<br />
Surdos na universidade<br />
Sabe-se que o número de surdos na universidade ainda é pequeno. As barreiras de comunicação<br />
são consideradas o maior entrave para ampliação deste número. Poucas são as<br />
universidades que possuem intérprete a disposição do aluno ou um núcleo de apoio ao aluno<br />
surdo.<br />
3<br />
Instituto Nacional de Educação de Surdos<br />
61<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Instituições de Ensino Superior onde existem alunos surdos matriculados:<br />
PUC - Belo Horizonte/Minas Gerais<br />
UniBH – Belo Horizonte/Minas Gerais<br />
Faculdade Metropolitana – Belo Horizonte/Minas Gerais<br />
Faculdade Sabará – Sabará/Minas Gerais<br />
UNIVERSO – Belo Horizonte/Minas Gerais<br />
UEMG – Belo Horizonte/Minas Gerais<br />
UNIT – Uberlândia/Minas Gerais<br />
UNIUBE – Uberaba/Minas Gerais<br />
Nas cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Poços de Caldas,<br />
Patos de Minas e Brumadinho/Minas Gerais<br />
A Lei 10.436, Nº 10.098 e a Portaria 310<br />
Depois de anos de luta da sociedade civil organizada, finalmente a lei 10.436 de 24 de<br />
abril de 2002 foi sancionada e passou a vigorar em todo país. Um passo importante para o<br />
reconhecimento da língua materna dos surdos possibilitando um avanço significativo no modo<br />
como esses atores sociais seriam tratados em todos os setores da vida: social, educacional,<br />
cuidado com a saúde, ou seja, fazendo uma inclusão verdadeira dessas pessoas na sociedade.<br />
62<br />
MARLENE CARDOSO
A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação<br />
brasileira. O provimento das condições básicas e fundamentais de acesso a Libras se faz indispensável.<br />
Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpretes<br />
nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e<br />
lazer, turismo e finalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidianas<br />
entre pessoas surdas e não-surdas.<br />
Outra lei que amplia essa conquista da comunidade surda é a de Nº 10.098 que dispõe<br />
sobre a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência.<br />
Revisão<br />
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos<br />
conteúdos do nosso Tema 1, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.<br />
Bom trabalho!<br />
Questão 1<br />
Considerando a concepção de que surdez se caracteriza por uma privação auditiva que<br />
constitui grave distúrbio neurológico-sensorial, elabore um texto, com no máximo 15 linhas<br />
para descrever e explicar o processo de surdez.<br />
63<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Questão 2<br />
ADORÁVEL PROFESSOR – Mr. Holland – EUA/1995<br />
Trata-se de um filme que conta como um professor de música que tem um filho surdo<br />
procura se envolver e ampliar vínculos com seu filho apropriando-se da Língua de Sinais.<br />
Esta história ilustra os avanços que uma sociedade pode alcançar quando os indivíduos<br />
se tornam mais conscientes de direitos e deveres. Além disso, pode ser entendida a mensagem<br />
de que há ganhos para todos quando a sociedade inclui efetivamente os surdos e torne habitual<br />
a Língua de Sinais.<br />
Escreva um texto de 15 linhas, relacionando a descrição do filme acima com o papel da<br />
educação e o cenário de exclusão que ainda caracteriza a sociedade e impõe às pessoas com<br />
deficiência uma situação social desfavorável.<br />
Questão 3:<br />
Leia atentamente o fragmento da música “É”, de Gonzaguinha, que apresentamos neste<br />
texto e registre seus comentários sobre as relações que podemos estabelecer entre a temática<br />
apresentada na música e a questão da surdez no sistema educacional brasileiro.<br />
64<br />
MARLENE CARDOSO
Autor: Gonzaguinha<br />
Imagem<br />
Música: É<br />
É! A gente quer valer o nosso amor<br />
A gente quer valer nosso suor<br />
A gente quer valer o nosso humor<br />
A gente quer do bom e do melhor...<br />
A gente quer carinho e atenção<br />
A gente quer calor no coração<br />
A gente quer suar, mas de prazer<br />
A gente quer é ter muita saúde<br />
A gente quer viver a liberdade<br />
A gente quer viver felicidade...<br />
É! A gente não tem cara de panaca<br />
A gente não tem jeito de babaca<br />
A gente não está<br />
Com a bunda exposta na janela<br />
Prá passar a mão nela...<br />
É! A gente quer viver pleno direito<br />
A gente quer viver todo respeito<br />
A gente quer viver uma nação<br />
A gente quer é ser um cidadão<br />
A gente quer viver uma nação...<br />
65<br />
<strong>LIBRAS</strong>
É! É! É! É! É! É! É!...<br />
É! A gente quer valer o nosso amor<br />
A gente quer valer nosso suor<br />
A gente quer valer o nosso humor<br />
A gente quer do bom e do melhor...<br />
A gente quer carinho e atenção<br />
A gente quer calor no coração<br />
A gente quer suar, mas de prazer<br />
A gente quer é ter muita saúde<br />
A gente quer viver a liberdade<br />
A gente quer viver felicidade...<br />
É! A gente não tem cara de panaca<br />
A gente não tem jeito de babaca<br />
A gente não está<br />
Com a bunda exposta na janela<br />
Prá passar a mão nela...<br />
É!<br />
A gente quer viver pleno direito<br />
A gente quer viver todo respeito<br />
A gente quer viver uma nação<br />
A gente quer é ser um cidadão<br />
A gente quer viver uma nação<br />
A gente quer é ser um cidadão<br />
A gente quer viver uma nação<br />
A gente quer é ser um cidadão<br />
A gente quer viver uma nação.<br />
Questão 4<br />
[...] A construção da linguagem oral do individuo com surdez profunda é uma tarefa<br />
longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como: tomar conhecimento do mundo<br />
sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, per-<br />
66<br />
MARLENE CARDOSO
ceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e<br />
aprender a expressar-se [...] (p.09 deste impresso).<br />
Considerando as ideias explicitadas neste material, especialmente no parágrafo acima,<br />
registre seu entendimento sobre o papel do professor enquanto medidor para a construção da<br />
linguagem oral de um indivíduo com surdez profunda.<br />
Questão 5<br />
Com base nos estudos que você fez neste tema, cite e explique os principais conceitos relacionados<br />
à surdez e ao processo educacional de pessoas surdas.<br />
Bem, após estudar sobre surdez e ter as primeiras noções sobre a cultura da comunidade<br />
surda, podemos avançar em nosso estudo sobre os aspectos psicossociais que envolvem a comunidade<br />
surda.<br />
Vamos adiante!<br />
67<br />
<strong>LIBRAS</strong>
68<br />
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL<br />
69<br />
<strong>LIBRAS</strong>
ESTUDO DE CASO<br />
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 2,<br />
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus<br />
colegas no fórum da disciplina.<br />
Caso 2<br />
Ana Maria é uma jovem de 25 anos que tem surdez profunda bilateral. Desde os 8 anos<br />
de idade Ana faz uso da Libras (Língua brasileira de sinais). Entretanto, ela ainda se encontra<br />
no Ensino Fundamental, em que não tem auxílio em sala de aula, nem de um professor bilíngue<br />
nem de um intérprete de Libras.<br />
Seus professores e colegas não dominam a Libras, por isso se comunicam minimamente<br />
com Ana geralmente usando gestos e mímicas.<br />
Considerando tudo que vimos em nossa disciplina, responda as questões abaixo e em<br />
seguida discuta com seus colegas no fórum da disciplina.<br />
1. Diante das condições descritas no presente estudo, como a referida aluna com surdez<br />
profunda bilateral, poderia ser incluída de fato na uma sala de aula regular, se não há na escola<br />
um professor bilíngue, nem um intérprete de Libras.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição<br />
e nos demais documentos citados?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
Agora, tomando por base sua vivencia em sua comunidade escolar reflita sobre as questões<br />
abaixo:<br />
1. Os surdos da localidade em que você vive estão tendo direito ao acesso a educação especializada<br />
prevista na legislação? Justifique sua resposta.<br />
70<br />
MARLENE CARDOSO
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
2. Eles são percebidos na comunidade como sujeitos dos seus direitos? Justifique sua<br />
resposta.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
3. Quais estratégias você sugere para que a inclusão desta aluna seja efetiva, tanto na<br />
comunidade escolar, quanto nos demais grupos sociais em que ela está inserida?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
Revisão<br />
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos<br />
conteúdos do nosso Tema 2, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.<br />
Bom trabalho!<br />
EXERCÍCIOS PROPOSTOS<br />
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares<br />
QUESTÃO 01<br />
A Declaração de Salamanca de 1994 foi um marco importante na conquista da cidadania<br />
para todas as pessoas que têm alguma forma de deficiência. Identifique abaixo os princípios<br />
norteadores desta declaração:<br />
I. O reconhecimento das diferenças e o atendimento às necessidades de cada um;<br />
II. A promoção de aprendizagem e a formação de professores;<br />
71<br />
<strong>LIBRAS</strong>
III. A instalação de rampas nas calçadas das cidades e de tradutores nos programas<br />
jornalísticos;<br />
IV. O reconhecimento da importância da "escola para todos".<br />
Assinale a alternativa correta:<br />
a) I, II e III<br />
b) II e IV<br />
c) Apenas II<br />
d) I e III<br />
e) I, II, IV<br />
QUESTÃO 02<br />
Neste texto fizemos algumas reflexões sobre a compreensão de teóricos como Piaget e<br />
Vygotsky acerca do ser humano e o impacto das interações para sua inteligência. Analise o<br />
parágrafo a seguir e assinale a alternativa correta.<br />
“Piaget e Vygotsky concordavam que a inteligência humana somente se desenvolve no<br />
indivíduo em função de interações sociais. Isso quer dizer que consideravam o homem geneticamente<br />
social. Podendo, portanto, afirmar que atualmente nenhuma aprendizagem é um ato<br />
isolado, puramente individual” (Tema 4, Conteúdo 1).<br />
Assinale a alternativa que apresenta a interpretação correta sobre as ideias de Piaget e<br />
Vygotsky em relação ao que estamos estudando em neste texto:<br />
a) A comunidade surda aprende de forma mais efetiva sem o uso da Libras, enquanto<br />
língua própria dos surdos;<br />
b) Ao conviver com pessoas surdas os oralistas têm prejuízo em seu aprendizado do<br />
português;<br />
c) A ampliação da interação social entre oralistas e surdos favorece o desenvolvimento<br />
da inteligência e a aprendizagem destes dois grupos;<br />
d) No que diz respeito a aprendizagem dos surdos, a aprendizagem é um ato isolado<br />
já que eles têm uma língua própria, a Libras;<br />
e) Os surdos que não falam Libras têm possibilidade ampliada de falar o português<br />
ou qualquer outro idioma, pois não se prendem a Libras.<br />
QUESTÃO 03<br />
A primeira escola de surdos do Brasil foi o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Fundado<br />
em 1857. A criação desta instituição foi iniciativa:<br />
72<br />
MARLENE CARDOSO
a) Do imperador D. Pedro II com apoio de Dom Pedro I<br />
b) Do prof. francês Hernest Huet apoiado por D. Pedro II, imperador;<br />
c) Da imperatriz D. Teresa Cristina com apoio do Imperador D. Pedro II;<br />
d) Do imperador D. Pedro II com apoio do francês Hernest Huet;<br />
e) Do professor Hernest Huet apoiado por D. Pedro I, imperador.<br />
QUESTÃO 04<br />
Tendo por base tudo que você estudou no presente texto, identifique qual das afirmações<br />
abaixo está INCORRETA, considerando especialmente as afirmações de Saussure (1996).<br />
a) A linguagem é formada pela língua e pela fala. A língua é tida como um sistema<br />
de regras abstratas compostas por elementos significativos inter-relacionados;<br />
b) A língua é o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada por todos os falantes<br />
de uma comunidade linguística;<br />
c) Na visão de Saussure, a fala é o aspecto individual da linguagem, sendo marcada<br />
por características pessoais que os falantes imprimem na linguagem;<br />
d) O termo fala não se refere ao ato motor de articulação de fonemas, sendo na verdade<br />
a produção do falante na relação com os outros;<br />
e) O termo linguagem se restringe a uma forma de comunicação, e no caso dos<br />
surdos especificamente a linguagem corporal.<br />
QUESTÃO 05<br />
Considerando todos os pressupostos da Declaração de Salamanca e seu significativo papel<br />
para a história da inclusão dos surdos no mundo, cite quais direitos atuais a comunidade<br />
surda alcançou e que podem estar relacionados aos efeitos da Declaração de Salamanca.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
73<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Refletindo sobre a surdez com o cinema<br />
Sugestão de filmes<br />
Alguns filmes têm retratado de forma muito interessante a realidade das pessoas que<br />
têm surdez, trazendo aspectos diversos da sua realidade, desde as questões pessoais à forma<br />
com que a sociedade ocidental lida com a pessoa surda. Por isso, sugerimos alguns filmes que<br />
podem enriquecer seu conhecimento sobre esta temática.<br />
Para refletir sobre as questões que estudamos sugerimos:<br />
FILME: Ana (Brasil/2004)<br />
Resumo: Este filme retrata a vida da personagem ANA que é surda e mora isolada com<br />
seu irmão e sua mãe, um dia, se aventura fora do mundo familiar.<br />
FILME: Blue Moon (Canadá/1999)<br />
Resumo Este filme retrata a história de uma jovem mãe tem filha surda de 5 anos.<br />
74<br />
MARLENE CARDOSO
2<br />
BLOCO<br />
TEMÁTICO<br />
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA<br />
PEDAGÓGICA<br />
75<br />
<strong>LIBRAS</strong>
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA<br />
PEDAGÓGICA<br />
2.1<br />
TEMA 3.<br />
ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA <strong>LIBRAS</strong><br />
2.1.1<br />
CONTEÚDO 1.<br />
LINGUAGEM X LÍNGUA<br />
Lei 10.436/2<br />
Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou Com Deficiência Auditiva<br />
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir<br />
a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:<br />
I. Escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com<br />
professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;<br />
II. Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos<br />
surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou<br />
educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes<br />
da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de<br />
tradutores e intérpretes de Libras – Língua Portuguesa.<br />
1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a<br />
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento<br />
de todo o processo educativo.<br />
77<br />
<strong>LIBRAS</strong>
2º Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento<br />
educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização<br />
de equipamentos e tecnologias de informação.<br />
O citado acima pela Lei se torna efetivo a partir da iniciativa do Público surdo, haja vista<br />
que como nos diz Sacks (1998), para os indivíduos da nossa espécie, ser deficiente no campo<br />
da linguagem é visto como uma situação de calamidade desesperadora, haja vista a linguagem<br />
é a principal via de acesso para ingressar na cultura do grupo em que estamos inseridos, bem<br />
como para que possamos nos inserir plenamente nossa condição de sujeitos sociais, visto que<br />
através da linguagem que nos comunicamos com nossos semelhantes e compartilhamos informações,<br />
saberes e sentimentos.<br />
Sacks (1998) salienta ainda que se o indivíduo está impossibilitado de realizar esta interação<br />
que favorece a inclusão social, aumentam os riscos de ele ser considerado incapaz e,<br />
consequentemente, ser isolado do cotidiano social independente do ser desejo, esforço ou capacidades.<br />
A linguagem é um conjunto complexos de processos – resultado de uma certa atividade<br />
psíquica profundamente determinada pela vida social – que torna possível a aquisição e o emprego<br />
concreto de uma língua qualquer. Ou seja, é um processo simbólico de comunicação,<br />
pensamentos e formulação, que permite ao ser humano comunicar-se consigo mesmo e com<br />
seus semelhantes por meio de estruturas com conteúdo criativo-linguístico.<br />
Já a língua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos.<br />
Expressão da consciência de uma coletividade, a língua é o meio por onde ela concebe o<br />
mundo que cerca e sobre ele age.<br />
A língua é um fator importante na construção da identidade das pessoas. E para a<br />
criança surda, a aquisição da língua é traumática, logo que, por mais de 120 anos a<br />
comunidade surda teve seu processo de aprendizagem baseado apenas pelo oralismo, segundo<br />
o qual a educação dos surdos reduz-se à língua oral.<br />
As comunidades surdas ao redor do mundo organizaram-se e exigiram uma mudança<br />
de modelo considerando que a língua de sinais tinha papel preponderante em sua educação.<br />
A partir daí, observou-se que para que o indivíduo surdo ampliasse seu potencial de conhecimento,<br />
intelectual, psicossocial e cultural era importante que ele fizesse um duplo esforço:<br />
apropriar-se das duas modalidades de expressão de uma língua, tanto a oralizada (como a<br />
portuguesa) quanto a sinalizada. Logo, para o surdo brasileiro, ele precisava fazer uso do bilinguismo,<br />
aprendizado e uso da Língua Portuguesa e da Língua brasileira de Sinais – <strong>LIBRAS</strong>.<br />
Estes dois códigos verbais lhe permitirão o acesso ao saber socialmente construído e a<br />
comunicação com o micro e a macro comunidade na qual ele está inserido, construindo um<br />
sistema sígnico tanto maior quanto forem suas modalidades de comunicação.<br />
78<br />
MARLENE CARDOSO
• Há dois tipos de surdos:<br />
O indivíduo parcialmente surdo (surdez leve e moderada);<br />
O indivíduo surdo (surdez severa e profunda).<br />
A surdez profunda apresenta perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade<br />
dessa perda é tal, que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar<br />
a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral.<br />
Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões<br />
começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de<br />
máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim também, não adquire a fala<br />
como instrumento de comunicação, uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela, e<br />
não tendo "feedback" auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões.<br />
A construção da linguagem oral no aluno com surdez profunda é uma tarefa longa e<br />
bastante complexa, envolvendo aquisições como:<br />
1-Tomar conhecimento do mundo sonoro;<br />
2-Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;<br />
3-Perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão;<br />
4-Compreender a linguagem;<br />
5-Aprender a expressar-se.<br />
Na área da deficiência da audição as alternativas de atendimento estão intimamente relacionadas<br />
às condições individuais do aluno. O grau da perda auditiva e do comprometimento<br />
linguístico, a época em que ocorreu a surdez e a idade em que começou sua Educação Especial<br />
são fatores que irão determinar importantes diferenças em relação ao tipo de atendimento<br />
que deverá ser prescrito para o educando.<br />
Quanto maior for a perda auditiva, maiores serão os problemas linguísticos e maior será<br />
o tempo em que o aluno precisará receber atendimento especializado.<br />
A língua de sinais é a única língua que permite à pessoa surda ascender a todas as características<br />
linguísticas da fala (BOUVET apud GOMES, 2009). A língua de sinais, portanto,<br />
indispensável, para a total apropriação da linguagem pele criança surda.<br />
Somente a língua de sinais permite que sejam restabelecidas, para a criança surda, as<br />
condições naturais de apropriação da linguagem e deve ser a linguagem materna de todos os<br />
indivíduos surdos.<br />
79<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Os recursos de língua de sinais não eliminam a necessidade de se fornecer à criança surda<br />
toda a informação para a comunicação linguística.<br />
Toda criança surda tem necessidade, como qualquer outra criança, de ser conduzida em<br />
suas atividades de elaboração linguística, mesmo que ela se realize através da língua de sinais.<br />
Não é pelo fato de uma criança nascer surda que ela chega ao mundo com uma língua nas<br />
mãos: não é suficiente apenas proibir a comunicação gestual para que a criança surda se aproprie<br />
da língua de sinais.<br />
Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais<br />
especiais de alunos surdos<br />
Por isso, se a escola optar por uma proposta de educação que valorize a língua de sinais<br />
e o contato com os pares surdos, a identidade da criança será mais fortalecida. É através desses<br />
modelos que se oportunizarão futuras representações sociais e a interiorizarão de significados<br />
da cultura, que serão compartilhados socialmente em todos os momentos de sua vida.<br />
Também, em sala de aula, a interação deverá estar estruturada de modo a estimular o intercâmbio<br />
e a valorização das ideias, o respeito por pontos de vista contraditórios e a valorização<br />
da pluralidade e da diferença.<br />
A aprendizagem escolar será muito mais significativa se pautada em ações de conhecer e<br />
não na mera transmissão onipotente de conhecimentos. Um ambiente desafiador, que estimule<br />
a troca de opiniões e a construção do conhecimento entre os alunos, favorece a função do<br />
professor mediador e o desenvolvimento de objetivos de autoestima positiva, segurança, confiança<br />
e bem-estar pessoal.<br />
FONTE: HTTP://WWW.BRINQUEDOSEDUCATIVOS.NET/BRINQUEDOS‐EDUCATIVOS‐COMO‐ESCOLHER.HTML<br />
A potencialização de atividades, que permitam esse exercício dialógico cotidiano, estabelecerá<br />
o respeito mútuo e o reconhecimento de diferenças individuais. Muitas vezes, aulas<br />
80<br />
MARLENE CARDOSO
tradicionais, frontais, nas quais só o professor demonstra o seu conhecimento e os alunos são<br />
receptores passivos desse saber, tornam difícil a interação, de modo geral, e estigmatizam,<br />
ainda mais, as dificuldades de relacionamento dos alunos surdos por impedir um trabalho<br />
cooperativo com seus colegas, levando-os ao isolamento.<br />
Formas de organização de trabalhos que enfatizem a utilização de recursos comunicativos<br />
visuais, manuais ou simbólicos, a experiência direta, a observação, a exploração e a descoberta,<br />
facilitam um trabalho cooperativo e o contato entre os membros do grupo. Além disso,<br />
é necessário pensar, sempre que possível, nas possibilidades de identificação com outros pares<br />
surdos, o que é facilitado quando há grupos de alunos surdos numa mesma turma. Essa é uma<br />
estratégia facilitadora que nem sempre é levada a cabo, pois a tendência é ‘espalhar’ os alunos<br />
surdos pelas diversas turmas das escolas. Lembrem-se, no caso de alunos surdos, o convívio<br />
com seus pares permite a identificação positiva, a possibilidade de trocas linguísticas, desfazendo-se,<br />
para eles, a sensação de ‘isolamento’ social e cultural.<br />
Outro aspecto a ser lembrado, é que, sempre que possível, deve ser estimulada a presença<br />
de surdos adultos na escola, que auxiliem as crianças na construção de sua identidade, trazendo-lhes<br />
estabilidade afetiva e emocional, favorecendo sua comunicação e participação no<br />
grupo social.<br />
Chegou a hora de se comunicar através das mãos. Vamos começar conhecendo o dicionário<br />
multimídia de <strong>LIBRAS</strong>. Investigue como ele foi criado, clique no link:<br />
http://www.ines.org.br/ines_livros/35/35_002.HTM<br />
2.1.2<br />
CONTEÚDO 2.<br />
<strong>LIBRAS</strong>: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS<br />
<strong>LIBRAS</strong> – Linguagem Brasileira de Sinais<br />
GRAFIA CORRETA: Libras. TERMO CORRETO: Língua de Sinais Brasileira. Trata-se<br />
de uma língua e não de uma linguagem. Segundo Capovilla (apud SASSAKI, 2002) Língua<br />
de Sinais Brasileira é preferível à Língua Brasileira de Sinais por várias razões. Língua de<br />
Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguística quiroarticulatória-visual e<br />
neste sentido, há Língua de Sinais Brasileira, pois esta é a língua de sinais desenvolvida e empregada<br />
pela comunidade surda brasileira. Por isso, segundo ainda Capovilla (apud SASSAKI,<br />
2002), não poderíamos falar em uma “língua brasileira” com dois estilos – falada e em sinais,<br />
devemos sim falar que há duas línguas, a língua brasileira e a língua de sinais brasileira.<br />
81<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Língua dos sinais<br />
TERMO CORRETO: língua de sinais. Trata-se de uma língua viva e, por isso, novos sinais<br />
sempre surgirão. A quantidade total de sinais não pode ser definitiva.<br />
Linguagem de sinais<br />
TERMO CORRETO: língua de sinais. A comunicação sinalizada dos e com os surdos<br />
constitui uma língua e não uma linguagem. Já a comunicação por gestos, envolvendo ou não<br />
pessoas surdas, constitui uma linguagem gestual. Uma outra aplicação do conceito de linguagem<br />
se refere ao que as posturas e atitudes humanas comunicam não verbalmente, conhecidas<br />
como a linguagem corporal.<br />
Você sabia que a língua de sinais também tem a modalidade escrita?<br />
Se respondeu: “sim”, você acertou!<br />
A modalidade escrita da língua de sinais se chama:<br />
SIGN WRITING ou ESCRITA DE SINAIS<br />
O Sign Writing é um sistema de escrita com características gráfico esquemáticas,<br />
que permite uma representação de textos de línguas de sinais através de<br />
uma forma intuitiva e de fácil compreensão. O sistema é constituído de um<br />
conjunto de símbolos e um conjunto de regras de escrita, definidos para representar<br />
os diversos aspectos fonético-fonológicos das línguas de sinais.<br />
Desse modo, o Sign Writing apresenta a feição de um sistema de escrita fonética<br />
para línguas de sinais, mas plenamente apto a suportar a delimitação<br />
de um subsistema de escrita de línguas de sinais que tenha características estritamente<br />
fonológicas (COSTA et al, 2004, p. 254).<br />
Este sistema de escrita dos sinais teve sua origem nos Estados Unidos, há cerca de 30<br />
anos por Valerie Sutton, diretora do Deaf Acttion Commitee (DAC 4 ), e aconteceu de forma<br />
peculiar. Valerie buscou criar um sistema que lhe auxiliasse para fazer anotações dos movimentos<br />
de dança, e ao fazer isso acabou por desenvolver a Sign Writing, embora não fosse sua<br />
intenção inicialmente este sistema servia para a comunicação com surdos, sendo por isso incorporada<br />
para processos educacionais de pessoas surdas.<br />
4 Organização sem fins lucrativos.<br />
82<br />
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://WWW.MARCIASAMPAIO.COM.BR/FESTIVALDANCA/FOTOS2007.PHP<br />
A escrita Sign Writing pode representar qualquer língua de sinais do mundo sem a influência<br />
da língua falada. Cada país com sua língua de sinais vai adaptá-la para sua própria<br />
ortografia.<br />
Esse sistema tem a possibilidade de representar as línguas de sinais funcionando como<br />
um sistema de escrita alfabética, em que as unidades gráficas fundamentais representam unidades<br />
gestuais fundamentais, suas propriedades e relações.<br />
SIGN WRITING: um sistema de escrita para Língua de Sinais<br />
Utiliza-se neste trabalho a escrita de sinais baseada no sistema Sign Writing criado em<br />
1974 por Valerie Sutton (http: Sign Writing.org). É um sistema de representação gráfica das<br />
línguas de sinais que permitem através de símbolos visuais representar as configurações das<br />
mãos, seus movimentos, as expressões faciais e os deslocamentos corporais.<br />
Para escrever a Sign Writing, é preciso saber uma língua de sinais.<br />
No Brasil algumas escolas já adotaram a escrita de sinais na educação de surdos, os resultados<br />
tem sido surpreendentes inclusive no ensino da língua portuguesa, pois antes de ensinar<br />
o português escrito, os educandos surdos aprenderam a ler, escrever e fazer uma redação<br />
em sua própria língua, a <strong>LIBRAS</strong> (L1), para em um segundo momento trabalhar com a língua<br />
portuguesa (L2). As outras disciplinas também ganharam mais vida, pois além de conquistar o<br />
direito de ser ensinado em sinais ele também pode escrever e ser avaliado em sinais.<br />
Queremos deixar bem claro que a <strong>LIBRAS</strong> não vai abolir a língua portuguesa, muito pelo<br />
contrário, vai valorizá-la. Antes a língua portuguesa escrita era vista pela maioria dos surdos<br />
como algo praticamente impossível de se aprender, pois eles não tinham uma referencia<br />
escrita para seguir. Se você, que é ouvinte, for fazer um curso de uma língua estrangeira, durante<br />
todo o seu processo de aprendizagem você terá como referência a sua língua L1 (língua<br />
83<br />
<strong>LIBRAS</strong>
portuguesa escrita e falada), mesmo que você e o professor durante a aula falem somente a<br />
língua estrangeira, o seu processo cerebral de aprendizagem tomará como base as referências<br />
linguísticas e gramaticais da sua L1 para adquirir a L2 que está sendo ensinada. Com o surdo<br />
não é diferente, perpassa pelo mesmo princípio.<br />
HISTÓRIA DA SIGNWRITING<br />
O trabalho de adaptação do SignWriting a <strong>LIBRAS</strong> foi a primeira etapa de uma caminhada<br />
que a comunidade surda brasileira, com o apoio de pesquisadores: linguistas e da informática,<br />
deverá empreender para conseguir uma escrita que dê conta de todas as suas necessidades<br />
em sua própria língua.<br />
Em 1998, Sutton criou a lista de discussão do Sign Writing e isso ajudou a divulgar o<br />
Sign Writing, porque ela usou a lista para explicar como usar a Sign Writing. Em 2002, ela<br />
criou o Signbank, que é o software para construção de dicionários. Em 2003, começou o<br />
Signpuddle, que é um sistema para criar dicionários on-line.<br />
Hoje existem quase 30 dicionários sendo feitos no Signpuddle. Existe também o dicionário<br />
da Bélgica, que foi feito separado do Signpuddle.<br />
Desde 1998 começaram ser feitos muitos softwares para SignWriting: o SW – Edit, o<br />
Sign Writing Java, e outros. Há também os sistemas para criar animações de sinais (usando<br />
desenhos em 3D – três dimensões).<br />
Interessante toda essa trajetória da escrita de sinais. No Brasil , em 1996, pesquisadores<br />
da PUCRS fizeram o primeiro contato com Valerie Sutton. Desde então, começou as pesquisas<br />
de adaptação do sistema SignWriting para a escrita da <strong>LIBRAS</strong>.<br />
Estrutura do SignWriting<br />
O SignWriting é definido por três estruturas básicas: posição de mãos, contato e movimento.<br />
Creio que você esteja curioso (a) para conhecer a escrita da <strong>LIBRAS</strong> 5 !<br />
Selecionei alguns para você aprender como se escreve, aproveite e treine tentando reproduzir<br />
a escrita.<br />
5<br />
Fonte das imagens da escrita em Libras disponível em: SITE<br />
http://signwriting.org/library/history/hist010.html<br />
84<br />
MARLENE CARDOSO
PARA MEDITAR:<br />
A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. As<br />
línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, mais<br />
que significam a possibilidade de organizar as ideias, estruturar o pensamento e manifestar<br />
o significado da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer conhecer a Língua de<br />
Sinais. Permita-se ouvir essas mãos [...].<br />
Fonte: QUADROS, 1997, p. 33.<br />
85<br />
<strong>LIBRAS</strong>
O interprete de Língua Brasileira de Sinais/Língua Portuguesa<br />
Existe uma figura que tem um papel muito importante na inclusão social do surdo, você<br />
sabe quem é?<br />
É o interprete, não poderiamos deixar de falar nele quando nos referimos à interação<br />
com os surdos.<br />
Intérprete de <strong>LIBRAS</strong><br />
TERMO CORRETO: intérprete da Libras (ou de Libras). Libras é sigla de Língua de Sinais<br />
Brasileira. “Libras é um termo consagrado pela comunidade surda brasileira, e com o qual<br />
ela se identifica. Ele é consagrado pela tradição e é extremamente querido por ela. A manutenção<br />
deste termo indica nosso profundo respeito para com as tradições deste povo a quem desejamos<br />
ajudar e promover, tanto por razões humanitárias quanto de consciência social e cidadania.<br />
Entretanto, no índice linguístico internacional os idiomas naturais de todos os povos<br />
do planeta recebem uma sigla de três letras como, por exemplo, ASL (American Sign Language).<br />
Então, será necessário chegar a uma outra sigla. Tal preocupação ainda não parece ter<br />
chegado na esfera do Brasil”, segundo Capovilla (2001).<br />
O interprete de <strong>LIBRAS</strong> é o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, nos ultimos<br />
anos, a presença do interprete de língua de sinais, tem ganhado espaço nas escolas por causa<br />
da política educacional brasileira, que prevê a inclusão do sujeito surdo nas instituições de<br />
ensino. Além de disso, devido o desconhecimento da maioria da população sobre a <strong>LIBRAS</strong>,<br />
torna-se necessário que existam interpretes nos mais diversos setores da sociedade, públicos e<br />
privados.<br />
A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilingue – bicultural. É<br />
também uma atividade desafiadora, devido a grande diferença entre as modalidades das<br />
línguas (oral-auditiva e gestual-visual) que exige do interprete um profundo conhecimento<br />
das culturas surdas e ouvintes para traduzir com o maximo de fidelidade.<br />
Os intérpretes mais experientes usam os sinais com tanta leveza e naturalidade que faz<br />
com que o processo de interpretação pareça algo que qualquer pessoa poderia fazer.<br />
Entretanto, os intérpretes são profissionais altamente treinados, cujo trabalho exige uma<br />
completa atenção e dedicação à tarefa que está sendo exercida.<br />
Para a pessoa não treinada a tradução processa-se de forma simples, é somente<br />
movimentar as mãos e passar para sinais o que a pessoa está falando em português. Na<br />
realidade o processo de interpretação é mais complexa, pois o interprete pensa ao mesmo<br />
tempo em duas línguas, e no caso da <strong>LIBRAS</strong> e a Língua Portuguesa, suas modalidades são<br />
86<br />
MARLENE CARDOSO
completamente diferentes, por uma ser gestual-visual e a outra ser oral-auditiva, dificultando<br />
mais ainda o processo.<br />
Durante a interpretação, o cérebro processa a informação que está chegando e raciocina<br />
em duas línguas , não importa se a tradução é do Português para <strong>LIBRAS</strong> ou da <strong>LIBRAS</strong> para<br />
o Português, o processo é análogo:<br />
O intérprete recebe a mensagem na língua em que a mensagem original está sendo<br />
emitida (Linguagem fonte);<br />
O cérebro analisa e interpreta a mensagem, quanto ao conteúdo e significado nas<br />
culturas das línguas envolvidas;<br />
O intérprete localiza a mensagem e nível de formalidde apropriados na linguagem a<br />
ser interpretada ( público-alvo);<br />
O intérprete produz a mensagem na língua-alvo.<br />
O elemento “desconhecido” é outra questão que os intérpretes têm que lidar em sua<br />
rotina diária de trabalho. Durante uma conversação informal eles ficam à vontade, pois o que<br />
está sendo comunicado é efetivamente dito em suas próprias palavras, sabendo, assim, o que<br />
vão dizer.<br />
Em uma interpretação, os interpretes devem esperar ouvir palavras que são<br />
desconhecidas para ele. Por ser uma atividade extremamente exigente em termos de atenção e<br />
energia, os intérpretes são incentivados a se familiarizar antecipadamente com os assuntos que<br />
irão interpretar ou a se especializar em uma determinada área. Assim, estes profissionais se<br />
tornarão suficientemente competentes para que diminua um pouco a pressão causada pelo<br />
“elemento desconhecido”.<br />
O papel do intérprete<br />
O intérprete está presente para tornar possível a comunicação entre indivíduos que não<br />
compartilham da mesma língua, seja ela de modalidade gestual-visual ou oral-auditiva. Por<br />
ser uma profissão nova, muitas empresas e instituições não compreendem com exatidão o<br />
trabalho do intérprete.<br />
Para você compreender melhor, discutiremos funções que NÃO são do intérprete:<br />
Supervisores: Imparcialidade é algo fundamental, controlar o comportamento das<br />
pessoas surdas em seu local de trabalho foge da função da interpretação.<br />
Editores: Mesmo quando o intérprete sabe que a pessoa está dizendo á inadequado ou<br />
falso, a informação será interpretada exatamente da forma recebida. A fidelidade é um aspecto<br />
imprescindível na interpretação.<br />
87<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Professores: A tarefa de professor e intérprete são bastante diferentes entre si, embora<br />
ambas as profissões trabalhem diretamente com as pessoas surdas em sala de aula. Alguns<br />
professores de surdos trabalham como intérpretes, como uma segunda atividade, mas não é<br />
sua formação como professor de surdos que lhe qualificará para interpretar.<br />
Vale ressaltar que os cursos de formação de intérpretes de <strong>LIBRAS</strong> não oferecem<br />
treinamento nos métodos educacionais para surdos. Há sim um breve estudo da história da<br />
educação e da surdez, mas apenas em seu contexto cultural.<br />
Cada interpretação é unica, em determinados casos torna-se dificil detectar as<br />
características mais comuns no papel do intérprete. Há alguns anos atrás, os intérpretes e<br />
profissionalismo<br />
FONTE: HTTP://MAREVELOTF.BLOGSPOT.COM/2010/03/O‐FIM‐DO‐ISOLAMENTO‐DOS‐INDIOS‐SURDOS.HTML<br />
Anos depois, ao serem definidos os padrões de imparcialidade, os intérpretes foram<br />
sendo vistos como condutores de informação. A função do interprete consistia em somente<br />
ouvir o português e interpretar em <strong>LIBRAS</strong>; em seguida observar a <strong>LIBRAS</strong> e passar para o<br />
Portugês. Entretanto, neste modelo surgiram algumas questões que interrompiam o processo<br />
de comunicação, pois a maioria das pessoas ouvintes não se dão conta de que os valores e<br />
costumes desta cultura são aplicados a todas as situações com que se deparam. Sendo assim, os<br />
intérpretes passaram por uma terceira mudança durante o desenvolvimento da profissão,<br />
quando adotaram o papel de “mediadores transculturais”.<br />
O PERFIL DO INTÉRPRETE PROFISSIONAL<br />
Para o profissional intérprete, é impotante estar atento a alguns requisitos fundamentais<br />
que visam ao estabelecimento de uma relação profissional respeitosa entre o intérprete e o<br />
surdo. Assim, é fundamental ter em mente algumas premissas para o perfil de um intérprete.<br />
88<br />
MARLENE CARDOSO
O intérprete:<br />
Deve ser uma pessoa de confiança na sua interpretação e no sigilo – Fidelidade;<br />
Não deixar que a sua moral e religião interfiram na interpretação;<br />
Em caso de erro na interpretação, é preciso corrigir imediatamente;<br />
Ser bilingue ( Domínio da Língua Portuguesa e da <strong>LIBRAS</strong>);<br />
Ter histórico profissional de confiabilidade;<br />
Capacidade de admitir suas limitações quando não se sentir capaz;<br />
Equilibrio durante a interpretação;<br />
Formação educacional;<br />
Conhecimentos da ética e da responsabilidade da profissão;<br />
Participante da Comunidade surda, sendo reconhecido por ela;<br />
Ser capaz de trabalhar em equipe e de apoiar os outros intérpretes;<br />
Estudo constante da Língua de Sinais.<br />
Cultura e comunidade surda<br />
O linguísta Stokoe um escocês que vivia e trabalhava nos Estados Unidos. Em 1955, ele<br />
se tornou professor do Departamento de Inglês do Gallaudet College, hoje conhecida como<br />
Gallaudet University. Nessa época, ele não sabia nada de ASL. Ele teve de aprender alguns<br />
sinais, que ele usava ao mesmo tempo em que dava suas aulas em inglês, como a maioria dos<br />
outros professores. Nessa época, nem na Gallaudet havia aulas de ASL (Língua de Sinais Americana)<br />
pelo simples fato de que ninguém, nem mesmo os surdos, consideravam a sinalização<br />
como parte de uma língua autônoma. Stokoe não demorou a perceber que existia uma diferença<br />
entre a sinalização que ocorria quando um surdo se comunicava com outro, e a que ele<br />
usava como acompanhamento de palavras em inglês, durante suas aulas. A partir daí, ele começou<br />
a observar cuidadosamente a sinalização usada pelos surdos e demonstrou que aquela<br />
sinalização era uma língua autônoma, que seguia uma gramática própria. Assim descreveu a<br />
gramática dessa língua, e que deu início a uma revolução nos estudos linguísticos, mostrando<br />
o todo o mundo que as línguas de sinais são línguas naturais. A partir dessa descoberta as comunidades<br />
surdas se fortaleceram na sociedade mais segura para relacionar as diferença entre<br />
cultura e identidade surda.<br />
Foi estabelecido pela linguista surda Carol Padden, a diferença entre comunidade e<br />
cultura:<br />
A comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas,<br />
compartilham metas comuns e certas responsabilidades umas com as outras, trabalhando<br />
89<br />
<strong>LIBRAS</strong>
juntos para alcançar seus alvos. Portanto, em uma comunidade surda pode ter também<br />
ouvintes e surdos que não são culturalmente surdos.<br />
Uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas<br />
que possuem sua propria língua, valores, regras de comportamento e tradições. Portanto é<br />
mais fechada que a comunidade surda, os membros de uma cultura surda se comportam<br />
como pessoas surdas, usam a língua das pessoas surdas e compartilham entre si das acrenças<br />
das pessoas surdas e com outras pessoas que não são surdas.<br />
Mas não basta ser surdo para fazer parte da comunidade e cultura de surdos. A maioria<br />
dos surdos por ser filhos de pais ouvintes, muitos deles não sabem a <strong>LIBRAS</strong> e não tem<br />
contato com as associações de surdos, que são as comunidades surdas, podendo se tornar o<br />
que os surdos definem como DA.<br />
Os surdos que estão engajados na causa politica da comunidade de surdos, costumam<br />
fazer distinção entre surdos e DA. O termo deficiente estigmatiza a pessoa pois a mostra pelo<br />
que ela não tem em relação às outras pessoas ditas normais. Por este motivo o termo SURDO<br />
é o mais aceito por sua comunidade.<br />
FONTE: HTTP://ABENFO.REDESINDICAL.COM.BR/TEXTOS.PHP?ID=64<br />
Estima-se que no Brasil existe mais de 5.750.809 pessoas com problemas relacionados à<br />
surdez. Há surdos em todas as regiões do território nacional, e em várias regiões eles têm se<br />
organizado, formando associações em todo o país. Pelo fato de vivermos em um país com um<br />
vasto território, as diversidades entre as comunidades de surdos são grandes em termos de<br />
vestuário, alimenteção, situação socioeconômica e variações linguisticas regionais, assim<br />
como os ouvintes falantes da língua portuguesa.<br />
90<br />
MARLENE CARDOSO
No Brasil o interesse em estudos sobre a cultura surda é muito recente, mas já há<br />
pesquisadores surdos e ouvintes em universidades e associações, que começaram a fazer o<br />
registro , através de filmes, de narrativas de surdos idosos para conhecer sua história,<br />
colhendo informações sobre as gerações de surdos.<br />
• Algumas características da comunidade de surdos:<br />
A maioria dos surdos prefere ter um relacionamento mais íntimo com pessoas<br />
surdas;<br />
Suas piadas envolvem as questões da surdez e o ouvinte que geralmente é o<br />
“portugês” que não percebe bem, ou quer dar uma de esperto e se dá mal;<br />
Seu teatro já começa a abordar as questões de relacionamento, educação e visão de<br />
mundo próprio do universo do surdo;<br />
O surdos tem um modo peculiar de olhar o mundo que o rodeia, em que as pessoas<br />
são expressões faciais e corporais. Como falam com as mãos possuem uma agilidade<br />
e leveza que dificilmente um ouvinte conseguirá alcançar.<br />
• Comunidade Surda no Brasil<br />
A comunidade surda do Brasil possue uma organização hierárquica formada por:<br />
Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS);<br />
Federações Desportivas;<br />
Associações;<br />
Clubes;<br />
Sociedades;<br />
Congregações.<br />
Como toda associação, as associações de surdos das mais diversas regiões se regularizam<br />
por meio de estatutos. Em suas eleições os associados articulam-se formando chapas para<br />
concorrer a uma gestão, geralmente de dois anos, através do voto secreto escolhendo, assim,<br />
seus representantes.<br />
A CBDS, fundada em 1984, promove campeonatos desportivos masculinos e femininos<br />
em diversas modalidades a nível nacional e internacional. Seu principal objetivo é promover o<br />
desenvolvimento desportivo nos surdos.<br />
A FENEIS, é uma entidade não governamental filiada a World Federation of The Deaf e<br />
registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/MEC. Foi fundada em 1987, quando os<br />
surdos decidiram assumir a liderança da Federação Nacional de Educação e Integração do<br />
Deficiente Auditivo (FENEIDA), que teve seu surgimento com a união do trabalho de várias<br />
91<br />
<strong>LIBRAS</strong>
escolas, associações de pais e outras instituições do Rio de Janeiro. Hoje em dia há FENEIS em<br />
vários estados Brasileiros.<br />
O avanço nas pesquisas linguísticas acerca da língua de sinais trouxe como consequência<br />
seu reconhecimento cientifico e social. Com relação ao seu status de língua natural, surge<br />
uma nova figura: o intérprete, o mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas diferentes<br />
situações de interação social.<br />
Esse profissional tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua<br />
portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita).<br />
Entretanto, a passagem de uma a outra (língua de sinais/língua portuguesa), implica<br />
uma série de variáveis que englobam diferenças estruturais, nos planos culturais, ideológico e<br />
linguístico, determinando modos diversos de significação e leitura da realidade.<br />
Deste modo, não basta ao interprete de língua de sinais conhecer apenas a estrutura<br />
gramatical da língua de sinais, mas penetrar nos valores culturais da comunidade surda, seus<br />
costumes e idiossincrasias, a fim de que não esteja apenas garantindo a ”decodificação” de<br />
aspectos estruturais das línguas em questão, mas, sobretudo seu discursivo, a constituição de<br />
sentidos instituída na relação entre os falantes.<br />
O reconhecimento final dos surdos e de sua comunidade linguística só pode assegurarse<br />
a partir do reconhecimento das línguas de sinais dentro de um conceito mais geral de bilinguismo.<br />
O fato de que uma criança surda utilize a LS (Língua de Sinais) como meio de instrução<br />
não significa que perca a capacidade de adquirir uma segunda língua, mas que a introdução<br />
desta segunda língua através da língua natural lhe assegura o domínio de ambas.<br />
O modelo bilíngue propõe, então, dar as mesmas possibilidades psicolinguísticas que<br />
tem a ouvinte.<br />
Educadores ouvintes impuseram a superioridade da língua oral sobre a língua de sinais.<br />
O importante não era a comunicação em si, mas a necessidade de tornar os surdos parecidos<br />
com os ouvintes.<br />
Atualmente, devido à resistência da comunidade surda, o oralismo perde espaço para<br />
outras formas de buscar o fortalecimento da identidade das pessoas surdas. A partir daí, educadores<br />
comprometidos em apoiar o desenvolvimento intelectual, psicossocial e cognitivo dos<br />
surdos, começam a defender a luta para reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como sendo a<br />
língua materna do surdo.<br />
Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Esta<br />
é uma clara indicação de que já vivemos na sociedade do conhecimento. E, portanto, os seus<br />
processos de aquisição assumirão papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar<br />
dos processos educacionais, em especial daqueles que estão diretamente relacionados à escola.<br />
92<br />
MARLENE CARDOSO
No momento em que a civilização moderna passa por diversas mudanças, no plano econômico,<br />
educacional e social, a escola é uma das instituições que possibilita ao homem do<br />
nosso tempo, interferi nesse processo, agilizando etapas para construir um novo modelo de<br />
desenvolvimento social, no qual a ampla maioria da população tem acesso ao conhecimento,<br />
necessário à sua qualidade de vida e à realização de ideais de ética, solidariedade e humanismo.<br />
A velocidade das mudanças que ocorrem na sociedade, torna impossível pensar que a<br />
escola dará conta de prover todo o conhecimento de que um profissional necessita. A escola<br />
será um – entre muitos outros – dos ambientes e, que será possível adquirir conhecimento.<br />
Para tanto, ela terá que incorporar os mais recentes resultados das pesquisas sobre aprendizagem<br />
e assumir conhecimento, desenvolvendo, assim, competências e habilidades para poder<br />
continuar a aprender ao longo da vida.<br />
Os mais recentes estudos sobre aprendizagem fornecem importantes resultados que podem<br />
ser usados na análise do que acontece com a educação hoje. O trabalho de Piaget mostra<br />
que as pessoas têm uma capacidade de aprender a todo o momento. Aprendemos a andar, a<br />
falar, a ser profissionais, a educar os filhos etc. Aprendemos tudo isso vivendo, fazendo as coisas<br />
e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados.<br />
Além disso, como mostrou Delval (apud VALENTE, 2000), um estudioso da psicologia<br />
do desenvolvimento e discípulo de Piaget, as pessoas também têm a capacidade de ensinar,<br />
transmitindo cultura e valores que a sociedade tem acumulado Delval (apud VALENTE,<br />
2000). Tal fato acontece desde a primeira interação mãe-filho. Portanto, aprendemos e ensinamos<br />
porque precisamos resolver problemas reais e interagir com as pessoas.<br />
Uma das pautas de discussão da modernidade é o pensar e repensar constantes sobre o<br />
papel do ambiente socioeconômico-cultural em relação ao diferente. A inclusão tem sido um<br />
tema muito debatido. Ela abrange conceitos como respeito mútuo, compreensão, apoio e e-<br />
quidade.<br />
Não é uma tendência, um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais<br />
passageiro a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um valor social que se considerado<br />
desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar modos de conduzir nosso processo<br />
educacional e profissional para promovê-la.<br />
A pesquisa sobre a educação dos surdos, vem tomando um espaço cada vez maior nas<br />
reflexões teóricas dos que atuam com os mesmos. Encontro-me há anos realizando, com professores<br />
e alunos surdos, tanto na rede particular, quanto na municipal e estadual de ensino da<br />
Bahia, um trabalho de orientação e de sala de aula na qual a ação pedagógica é frequente.<br />
Durante muito tempo houve uma incerteza quanto às propostas de ensino dos deficientes<br />
auditivos, devido à divisão de conceitos na qual, havia uma dicotomia referente ao trabalho<br />
prático e as questões teóricas.<br />
93<br />
<strong>LIBRAS</strong>
A insatisfação e a inquietação são constantes no que diz respeito às dificuldades dos surdos.<br />
Fora sempre relevante refletir sobre as dificuldades destes em transpor suas ideias e opiniões<br />
para a escrita na língua portuguesa e diminuir o distanciamento da escrita em Libras 6 .<br />
Os anseios dos professores e de outros profissionais em relação à escrita dos surdos demonstra<br />
a necessidade de um aprofundamento para compreender e superar as dificuldades<br />
entre os limites da Libras e do Português.<br />
A utilização da Língua de Sinais é fundamental para entender a escrita do surdo, ausência<br />
de alguns elementos do texto (conectivos, preposição, tempo verbal, concordância verbal e<br />
nominal) e esclarecimento das dúvidas entre professor e aluno. Pesquisadores abordam que o<br />
fracasso destes perpassa pela falta de significados de sua língua (<strong>LIBRAS</strong>), causando um índice<br />
de analfabetismo muito alto.<br />
A experiência com os surdos impõe a necessidade de compreender o seu mundo subjetivo,<br />
para só então fazer algo por ele e com ele. Qualquer atuação profissional com esses sujeitos<br />
implica em uma disposição, em fazer mudanças; não apenas no próprio enquadre através<br />
de adaptações, como também na visão de mundo daquele que faz esta escolha.<br />
Para o profissional da educação que trabalha com a palavra, com a língua e a comunicação,<br />
estar diante de alguém que não fala, constitui um desafio; trabalhá-lo é crer, acima de<br />
tudo no seu potencial e no do individuo. Já faz parte do senso comum dizer que os professores<br />
estão buscando novos caminhos para trabalhar com essas pessoas que se utiliza de uma outra<br />
língua na sua comunicação, a Libras.<br />
Um novo saber se impôs no cenário profissional. Nessa perspectiva, os desafios que temos<br />
a enfrentar são inúmeros, e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino<br />
de qualidade implicam na adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações<br />
atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares,<br />
que têm nos objetivos pedagógicos sua eficácia para o ensino destes.<br />
Portanto devemos enfrentar e analisar essa realidade, reconhecendo que os professores<br />
não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao<br />
domínio dos conteúdos a serem ensinados (PERRENOUD, 2000). O professor precisa planejar,<br />
atuar e avaliar suas intervenções para cada contexto singular, o que significa um trabalho<br />
contínuo de estudos e reflexões sobre a sua prática.<br />
Construir uma educação capaz de ligar os conhecimentos às práticas sociais, tornar esses<br />
conhecimentos artefatos para a construção da cidadania, orientada para a autonomia e a<br />
democracia, são aprendizados necessários aos educadores do nosso tempo. Philippe Perrenoud<br />
(2000) refere-se à necessidade da escola como espaço de mobilização de conhecimentos<br />
6<br />
Língua Brasileira de Sinais, segundo a Federação Nacional de Educação de Surdos (FENEIS).<br />
94<br />
MARLENE CARDOSO
para a construção de competências, de indivíduos que saibam agir em uma sociedade mutante<br />
e complexa.<br />
Resumo:<br />
Há três correntes ou propostas educacionais:<br />
Oralista;<br />
Bimodal;<br />
Bilinguista.<br />
Corrente Oralista<br />
Ênfase na língua oral e recuperação da pessoa surda. Visão do surdo como um doente,<br />
alguém a ser “recuperado”.<br />
Corrente Bimodal<br />
Corrente Bilinguista<br />
Lei 10.436/2<br />
3. Para os efeitos desta Norma, devem ser consideradas as seguintes definições:<br />
3.1 Acessibilidade: é a condição para utilização, com segurança e autonomia, dos serviços,<br />
dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência<br />
auditiva, visual ou intelectual.<br />
3.2 Legenda Oculta: corresponde à transcrição, em língua portuguesa, dos diálogos, efeitos<br />
sonoros, sons do ambiente e demais informações que não poderiam ser percebidos ou<br />
compreendidos por pessoas com deficiência auditiva.<br />
3.3 Audiodescrição: corresponde a uma locução, em língua portuguesa, sobreposta ao<br />
som original do programa, destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações<br />
que não poderiam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiência visual.<br />
3.4 Dublagem: tradução de programa originalmente falado em língua estrangeira, com a<br />
substituição da locução original por falas em língua portuguesa, sincronizadas no tempo, entonação,<br />
movimento dos lábios dos personagens em cena etc. (NBR 15290).<br />
3.5 Campanhas institucionais – campanhas educativas e culturais destinadas à divulgação<br />
dos direitos e deveres do cidadão.<br />
3.6 Informativos de utilidade pública – qualquer informação que tenha a finalidade de<br />
proteger a vida, a saúde, a segurança e a propriedade.<br />
3.7 Janela de Libras: espaço delimitado no vídeo onde as informações são interpretadas<br />
na Língua Brasileira de Sinais (<strong>LIBRAS</strong>).<br />
O exigido pela Lei acima ajudará na formação do sujeito surdo no processo educacional.<br />
95<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Educação bilíngue e a Libras<br />
O bilinguismo na comunidade surda<br />
No momento, essa discussão sobre bilinguismo é ainda um tópico em discussão, mas<br />
pode-se afirmar que aos surdos são indivíduos bi/multilingues e interculturais, uma vez que<br />
eles estão inseridos em um contexto majoritário ouvinte. A situação bilíngue se configura no<br />
uso da língua de sinais (LS) como língua natural e materna (LM) – entende-se aqui LM como<br />
a língua de socialização do meio familiar, (GROSJEAN,1982; ROMAINE,1995) – e na inserção<br />
do mundo ouvinte, no qual tem contato com a cultura e a línguas majoritária – geralmente<br />
via modalidade escrita (GROSJEAN,1996). Além disso, o bilinguismo dos surdos pode<br />
também envolver o uso de outras línguas de sinais e outras línguas orais que não o português.<br />
Todavia, se compararmos à situação de grupos linguísticos de línguas orais, a situação do grupo<br />
minoritário surdo revela-se complexa e emoldurada por aspectos específicos.<br />
Bilinguismo<br />
Todas as pessoas que usam duas línguas ou dialetos sejam na modalidade escrita ou falada<br />
(ou sinalizada) em sua vida cotidiana são consideradas bilíngues, como é o caso dos surdos<br />
que, em sua maioria, usam a <strong>LIBRAS</strong>, mas escreve na língua portuguesa.<br />
A educação com bilinguismo é a proposta de ensino que busca tornar acessível à criança<br />
surda duas línguas no seu contexto escolar. Os surdos conquistam o direito de serem ensinadas<br />
em sua própria língua, as disciplinas são ministradas em <strong>LIBRAS</strong> e a língua portuguesa<br />
escrita e/ou falada é ensinada como 2ª língua com uma metodologia apropriada e em momentos<br />
distintos. Percebeu-se que diante deste ambiente de valorização da sua cultura, língua e<br />
identidade possibilitou aos surdos um pleno desenvolvimento e compreensão do conteúdo<br />
escolar e sua postura diante da sociedade.<br />
O bilinguismo pressupõe o ensino de duas línguas para a pessoa surda. A primeira língua<br />
é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), que dará a base para a aprendizagem de Língua<br />
Portuguesa, no caso do Brasil, que pode ser na forma escrita ou oral.<br />
Não é um objetivo de uma educação bilíngue, que os alunos mudem a língua de suas relações<br />
sociais. O “objetivo é que os alunos aprendam uma nova língua que possam utilizar no<br />
mundo externo”.<br />
Educação Oralista<br />
Sua proposta fundamenta-se na recuperação do “deficiente auditivo” tendo como parâmetro<br />
a língua oral e a cultura ouvinte enfatizando sempre a oralização em termos terapêuticos,<br />
fazendo utilização de técnicas para o desenvolvimento da percepção e memória visual e<br />
96<br />
MARLENE CARDOSO
programas de exercício para aumentar a habilidade de captação de pistas visuais e auditivas<br />
presentes na comunicação (SPINELLI, 1979).<br />
Em sala de aula, todo o processo educacional era realizado na língua oral, o uso da língua<br />
de sinais era proibido, em alguns lugares mais radicais até amarravam as mãos dos surdos,<br />
batiam em suas mãos, ou eram colocados de castigo se fossem pegos usando sinais. Era uma<br />
relação de colonos e colonizador. Com o passar dos anos os profissionais da área perceberam<br />
que seus alunos não estavam se desenvolvendo como eles objetivavam, principalmente com os<br />
alunos de surdez severa e profunda, essas questões levaram aos educadores a repensar sobre o<br />
método educacional aplicado, levando a educação de surdos a novas mudanças.<br />
Nos dias atuais, o método oralista ainda é utilizado em algumas escolas especiais.<br />
Bimodalismo/Comunicação Total<br />
Na década de 70 surge a proposta educacional que utiliza a língua de sinais como recurso<br />
para o ensino da língua oral, caracteriza-se pelo uso simultâneo de sinais e da fala misturando<br />
os sinais com a estrutura gramatical da língua portuguesa, que passa a ser chamado de<br />
português sinalizado.<br />
A Comunicação Total não é considerada um método de ensino, mas uma filosofia e<br />
maneira de servir ao surdo, auxiliando na comunicação com os ouvintes. Como essa filosofia<br />
preocupa-se com a aceitação da surdez e a quebra do bloqueio da comunicação incentivando<br />
as diversas formas de comunicação (mímicas, linguagem oral ou escrita, língua de sinais, gestos,<br />
desenhos), deu-se, então, início à queda do oralismo.<br />
Surgem surdos líderes, pois com a busca da quebra do bloqueio da comunicação, as informações<br />
começaram a chegar ao surdo, o seu desempenho escolar e profissional melhorou,<br />
as pessoas começaram a se interessar pela língua de sinais, até então conhecida por linguagem<br />
dos sinais.<br />
O interprete de língua de sinais começa a ter espaço, pois os surdos começaram a participar<br />
das reuniões no trabalho, simpósios, congressos juntamente com os ouvintes, tendo assegurado<br />
seu acesso às informações e seu direito de emitir opiniões.<br />
Ênfase na língua de sinais e na cultura surda. Visão do surdo como membro de uma<br />
comunidade minoritária.<br />
Seguidores de Piaget têm ampliado seus estudos, discutindo mais recentemente outras<br />
questões ligadas ao desenvolvimento humano, tais como o desenvolvimento moral, a aquisição<br />
da linguagem escrita, a participação do outro na interação e na construção das estruturas<br />
97<br />
<strong>LIBRAS</strong>
cognitivas, o papel da arte na estruturação do tempo e do espaço, o papel do esquema familiar<br />
na resolução de problemas, entre outras.<br />
Na teoria construtivista é essencial a interação entre iguais para o desenvolvimento do<br />
educando. Os alunos discutindo com os colegas buscam argumentos convincentes e estabelece<br />
melhores relações entre suas ideias e as dos outros. Muitas vezes compreende mais rápido o<br />
que não entendeu, através da mediação do colega.<br />
Trabalhos realizados em duplas, trios e em pequenos e grandes grupos concorrem pela<br />
circulação de muitas informações necessárias à aprendizagem, mas, o professor será sempre o<br />
maior responsável por esse trabalho de mediação e intervenção pedagógica, incentivando,<br />
provocando e criando as situações de aprendizagem mais adequadas.<br />
Com relação aos conhecimentos trazidos para os nossos dias por meio da pesquisa sócio-histórica<br />
de Vygotsky, podemos afirmar o mesmo, ele acreditava que o comportamento<br />
humano é basicamente fruto das interações sociais. A sua teoria fornece elementos para compreender<br />
a construção do conhecimento, reconhecendo a interferência do sujeito e a dimensão<br />
do social.<br />
Lev Vygotsky<br />
FONTE: HTTP://FACULTY.WEBER.EDU/PSTEWART/6030/6030.HTML<br />
Para Vygotsky, o homem constitui-se como tal através de suas interações, é visto como<br />
alguém que transforma e é transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura.<br />
Organismo e meio exercem influência recíproca, o biológico e o social não estão dissociados,<br />
por isso, sua teoria é chamada sociointeracionista.<br />
Um de seus estudos de mais destaque é a Teoria das Zonas de Desenvolvimento que oferece<br />
elementos importantes para a compreensão de como se dá a interação entre ensino, a-<br />
98<br />
MARLENE CARDOSO
prendizagem e desenvolvimento. Segundo Vygotsky, existem dois tipos de desenvolvimento<br />
humano: um que é real, que já aconteceu, e outro que chamou de potencial, ou seja, existe<br />
como possibilidade próxima. Porém, ainda não se completou ou efetivou-se, mas está prestes<br />
a se tornar real. Desta constatação, ele constrói o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal.<br />
Vygotsky (1987) define da seguinte maneira:<br />
“A ZDP é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costume<br />
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento<br />
potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou<br />
em colaboração com companheiros mais capazes”.<br />
Fonte: VYGOTSKY apud MOREIRA, 1999, p.116.<br />
A Zona de Desenvolvimento Real é aquilo que a criança manifesta em sua vida cotidiana.<br />
Trata-se daquilo que de fato, ela realiza dentro das coisas previsíveis. Já a Zona de Desenvolvimento<br />
Potencial (ZPD) consiste naquilo que o sujeito pode fazer independente da sua<br />
etnia, região ou da sua cultura. É o previsível, é o esperável da espécie humana. A zona de desenvolvimento<br />
proximal diz respeito àquilo que a pessoa faz hoje com a ajuda de uma outra,<br />
mas que amanha poderá estar fazendo sozinha. É a zona cooperativa do conhecimento.<br />
FONTE: HTTP://WWW.PEDRINHASPAULISTA.SP.GOV.BR/ASSISTENCIASOCIAL%20ADOLECENTE.HTM<br />
É na ZDP que os professores atuam como mediadores, estimuladores, provocadores e<br />
interventores nos organismos que não se desenvolvem plenamente sem o suporte de outros<br />
indivíduos de sua espécie. Para o desempenho desse papel, não precisamos conhecer os passos<br />
já consolidados pelo aluno. Seu nível de desenvolvimento real – os que já iniciaram ou não na<br />
Zona Proximal e que precisam aprender para o desenvolvimento de suas funções psicológicas<br />
– Zona de Desenvolvimento Potencial.<br />
Assim, os docentes estarão sendo os construtores da ponte entre o que o aluno já sabe e<br />
o que ele pode e deve aprender. Nessa perspectiva, o processo ensino-aprendizagem na escola<br />
será construído a partir do nível de desenvolvimento real do educando num determinado<br />
99<br />
<strong>LIBRAS</strong>
momento, em relação a um dado conteúdo curricular a ser desenvolvido, tendo em vista os<br />
objetivos e metas estabelecidas pela escola e professor para aquele ano escolar e/ou para cada<br />
grupo de crianças, jovens e adultos que são atendidos na sala de apoio.<br />
Albert Einstein<br />
FONTE: HTTP://WWW.BIINTERNATIONAL.COM.BR/ALUNO/RODRIGORAMOS/<br />
Piaget e Vygotsky concordavam que “a inteligência humana somente se desenvolve no<br />
indivíduo em função de interações sociais”. Isso quer dizer que consideravam o homem geneticamente<br />
social. Podendo, portanto, afirmar que atualmente nenhuma aprendizagem é um<br />
ato isolado, puramente individual.<br />
Continuadores dos estudos de Vygotsky sistematizaram, aprofundaram e ampliaram<br />
conhecimentos deste, valorizando o estudo das funções cerebrais, o jogo e a brincadeira, a<br />
100<br />
MARLENE CARDOSO
linguagem, a relação da consciência e socialidade, o autocontrole e a autorregulação no desenvolvimento<br />
da vontade, aspectos ligados ao raciocínio lógico, entre outros.<br />
Como podemos verificar neste pequeno passeio pelos estudos destes dois autores, eles<br />
têm muito a contribuir com as Práxis Pedagógicas da Sala de Apoio a Deficientes Auditivos,<br />
para a compreensão do aprender, e, portanto, tem-se muito que estudar para integrar a atuação<br />
a tais conhecimentos.<br />
A linguagem e escrita dos surdos e suas condições de produção<br />
Ao iniciarmos o desenvolvimento deste tema vamos refletir sobre as palavras de Góes<br />
(1994).<br />
A criança nasce imersa em relação sociais que se dão na linguagem. O mundo<br />
e as possibilidades dessa imersão são cruciais na surdez, considerando-se<br />
que é restrito ou impossível,conforme o caso,o acesso a formas de linguagem<br />
que dependam de recursos da audição. Sobretudo nas situações de surdez<br />
congênita ou precoce em que há problemas de acesso á linguagem falada, a<br />
oportunidade de incorporação de uma língua de sinais mostra-se necessária<br />
para que sejam configuradas condições mais propícia á expansão das relações<br />
interpessoais que conceituem o funcionamento nas esferas cognitivas e<br />
afetivas e fundam a construção da subjetividade. Portanto os problemas tradicionalmente<br />
apontados como característicos da pessoa surda são produzidos<br />
por condições sociais (GÓES, 1994, p. 38).<br />
A linguagem do surdo, isto é, o sistema de comunicação de pessoas que não escutam ou<br />
que não falam, tem uma complexidade gramatical específica e em princípio estão sujeitos a<br />
mudanças linguísticas semelhantes as que ocorrem nas línguas naturais.<br />
Segundo Saussure (1996), considerado o pai da Linguística 7 a linguagem é formada pela<br />
língua e pela fala. A língua é tida como um sistema de regras abstratas compostas por elementos<br />
significativos inter-relacionados. É o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada<br />
por todos os falantes de uma comunidade linguística.<br />
De acordo com Saussure (1996), a fala é o aspecto individual da linguagem, são as características<br />
pessoais que os falantes imprimem na linguagem. É importante ter a noção de que o<br />
termo fala não se refere ao ato motor de articulação de fonemas, e sim, à produção do falante<br />
que deve ser analisada na relação com os outros. Portanto o termo linguagem não se restringe<br />
apenas a uma forma de comunicação. É através da linguagem que se constitui o pensamento<br />
7 Teoria da Linguagem que explica os mecanismos dos sistemas sonoros das línguas, bem como, a relação destes<br />
sistemas com os demais componentes da gramática, como: morfologia, sintaxe e semântica.<br />
101<br />
<strong>LIBRAS</strong>
do indivíduo. Assim, a linguagem está sempre presente no sujeito, mesmo nos momentos em<br />
que este não está se comunicando com outras pessoas.<br />
As crianças quando ingressam na escola trazem uma bagagem de conhecimentos de sua<br />
língua materna, das historias pessoais e vivências diferenciadas, fundamentais para o desenvolvimento<br />
de sua consciência metalinguística 8 . Nesse enfoque, a linguagem compõe o sujeito,<br />
a forma como ele percebe o mundo e a si mesmo. Dentro dessa conceituação, pode-se entender<br />
que os surdos têm uma língua própria devendo ser compartilhada entre as comunidades<br />
linguística: a comunidade surda. Com isto se estabelece a diferença entre ouvir e escutar.<br />
A maior dificuldade pela qual passa o surdo é justamente constituir-se enquanto sujeito,<br />
isto é, possuir uma identidade própria, para daí reconhecer-se como um povo, com uma língua<br />
distinta e cultura própria.<br />
A linguista surda Padden (apud CUNHA, 2007) faz uma diferença entre cultura e comunidade<br />
surda. Para ela, devemos entender como sendo cultura o conjunto de comportamentos<br />
que os indivíduos de um determinado grupo aprendem. Ressalta a autora ainda que as<br />
pessoas de cada grupo possuem sua língua, valores, regras de comportamento e tradições que<br />
são próprias das pessoas do grupo.<br />
Por outro lado, Padden (1989) informa que a comunidade deve ser entendida como<br />
sendo um sistema social geral em que seus indivíduos, além de viverem juntos, dividem metas<br />
comuns e têm responsabilidades umas com as outras.<br />
As comunidades surdas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares,<br />
comunicação, situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geram variações linguísticas<br />
regionais. Na cultura dos ouvintes existe a Língua Portuguesa que contribui para o desenvolvimento<br />
da compreensão, da comunicação e pensamento e está constituída de símbolos<br />
essencialmente auditivos.<br />
Observe que os alunos ouvintes adquirem espontaneamente línguas orais, porque a informação<br />
lhes chega pela via auditiva. Por sua vez, para os surdos, as informações chegam pela<br />
via visual.<br />
São, portanto, os signos visuais que comandam a atividade criadora; esta é a singularidade<br />
do surdo. Desta forma, uma identidade surda só pode ser constituída dentro de uma<br />
cultura visual, por isso, a escrita do surdo não se aproxima da escrita do ouvinte. A partir desta<br />
visão é que se defende uma educação bilíngue.<br />
8<br />
Habilidade de pensar e refletir sobre a sua língua.<br />
102<br />
MARLENE CARDOSO
Coerência Comunicativa<br />
É a efetiva comunicação entre professores e alunos. Sendo os discentes usuários de<br />
<strong>LIBRAS</strong>, isto implica o uso desta Língua pelos docentes, a qual se constitui em um fator decisivo<br />
para transmissão dos conhecimentos. Desta maneira, estabelecer-se-á uma comunicação<br />
total, que provocará uma maior assimilação da Língua Portuguesa por parte dos alunos.<br />
Linguagem e Escrita<br />
O canal de acesso do surdo à realidade e ao conhecimento é o visual. Segundo estudiosos,<br />
a alfabetização dos surdos não precisa passar antes pela oralidade. Eles desenvolvem capacidades<br />
visuais e espaço-temporais na interação com diversos instrumentos, sendo assim a<br />
Libras é preponderante nesse processo.<br />
Logo o aprendizado realizar-se-á, preferivelmente, através de recursos que possibilitem<br />
a exploração e interação com os objetos de conhecimento por meio de seus sentidos sadios,<br />
que segundo Vygotsky devem compensar os que foram perdidos.<br />
Do mesmo jeito que os ouvintes, os surdos se apoiam na Língua de Sinais, que é a sua<br />
“fala”, o que explica a ausência de artigos, preposições etc.<br />
Observe esse exemplo de escrita do surdo:<br />
Aluno surdo escrevendo redação sobre o tema rotina:<br />
G. C. 18a, 1° Ano do Ensino Médio.<br />
TEMA: Rotina 9<br />
Ontem, na manhã, eu acordava às 5:30h ou 5:40h, tomei café com pão, tomei banho,<br />
vestiu roupa, escovei os dentes, espero no ponto de ônibus, chegava o ônibus de<br />
Aeroporto, eu fui para escola, cheguei na escola, mais ou menos às 7:16h ou 7:20h. Na<br />
(escola X), eu estava conversando com meus colegas, começou aula de matemática.<br />
Após terminar matemática, bate o sino, professor Fred anunciou lanche pra os alunos<br />
e até às 10:20 tinha começado aula de matemática novamente.<br />
Até terminar na escola, eu andei de ônibus de Lapa, cheguei na minha casa, eu<br />
almocei, tomei banho, vestiu a roupa, liga a televisão e até às 17:25h lembro ver canal 7,<br />
começou (desenho A) na (emissora Y), também (desenho B).<br />
Às 19:00h, minha mãe chegou minha casa, eu abracei minha mãe, também beijo, D.<br />
tomou banho, vestiu a roupa, tomamos café, comemos pão com queijo e presunto.<br />
9 OBS.: Foram omitidos nomes de programas, emissoras e escola do aluno propositadamente.<br />
103<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Na noite, às 21:00h, D. assistiu a televisão na novela das oito a senhora destino e eu<br />
assisti o mundo perdido na (emissora Z), depois acabar o mundo perdido, eu desliguei a<br />
televisão, eu dormi.<br />
Análise dos Textos<br />
É nítida a transição entre a L1 (Língua de Sinais) e a L2 (Língua Portuguesa). Utilizam<br />
conectivos, preposição, tempo verbal, concordância verbal e nominal, artigo etc. Bem como,<br />
fazem uso da estrutura textual e dominam o vocabulário. Repare na riqueza de detalhes além<br />
da organização do pensamento.<br />
Não tente ler o texto como um ouvinte que apreendeu de forma completa todas as<br />
regras gramaticais desde que nasceu.<br />
A escrita do surdo é semelhante à escrita de estrangeiros aprendendo a língua<br />
portuguesa.<br />
Portanto, olhe para esse texto de forma a ter sempre em mente que se trata de um<br />
aluno que a limitação física da surdez, apesar de dificultar o aprendizado, não impede que<br />
ele possa avançar na compreensão do mundo que o rodeia. Seja generoso.<br />
De acordo com o que vimos até aqui, na Práxis Pedagógica, no tocante a produção escrita<br />
e a mediação na sala de apoio aos deficientes auditivos, verifica-se a importância das condições<br />
de produção textual a partir das especificidades desses sujeitos na apreensão da escrita,<br />
não devendo considerar tais diferenças como “aberrações” ou “erros”.<br />
Diversificar metodologias e estratégias, intercaladas a um acompanhamento<br />
pedagógico especializado, é, sem dúvida, o caminho mais seguro para o sucesso no<br />
decorrer da vida escolar de alunos portadores de deficiência auditiva.<br />
Texto para refletir depois de todo esse conteúdo assimilado<br />
“Por que é tão difícil para a sociedade ouvinte aceitar uma língua de sinais? Será o fato<br />
da língua de sinais ser a ’marca‘ da surdez, já que uma criança surda ’calada’, pode passar<br />
dessapercebida, mas se ’fala‘ em língua de sinais mostra-se ’SURDA‘ e pode despertar<br />
curiosidade, piedade, desrespeito e, por isso, constrangimento a seus pais?<br />
Por que finges que é melhor ter uma criança pouco participativa, sem posicionamento<br />
crítico, devido ao fato de não estar podendo assimilar todas as informações que são<br />
passadas oralmente, quando se poderia ter uma criança que, se comunicando em língua de<br />
sinais, feliz, brincasse, brigasse e se posicionando frente aos desafios do mundo? Por que<br />
104<br />
MARLENE CARDOSO
negar a beleza de ver uma criança surda, nos seus primeiros anos de vida, já se<br />
comunicando em língua de sinais, contando estórias infantis, perguntando esperta e<br />
curiosa sobre as coisas do mundo, interagindo-se e apreendendo tudo de forma natural,<br />
rápida e não traumatizante? Por que é tão diflcil para um ouvinte perceber que uma pessoa<br />
pode ter uma língua que utiliza outro canal para transmissão de suas ideias mais<br />
profundas, sentimentos e leitura do mundo?<br />
2.1.3<br />
CONTEÚDO 3.<br />
SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO:<br />
APRENDENDO A <strong>LIBRAS</strong><br />
Temos conhecimento que é do ambiente familiar que vai depender todo o sucesso da<br />
educação de uma criança e isto é válido para toda e qualquer criança, com surdez ou não.<br />
Firmamos também que toda família se prepara para receber seu filho sadio fisicamente e<br />
mentalmente.<br />
Na verdade é que quando isso não vem acontecer a família entra em uma jornada de<br />
culpa e desestruturação em casa.<br />
Após o diagnóstico de que seu filho tem uma perda auditiva ou uma surdez é normal<br />
que passem um momento de tristeza, angústia e perdidos sem saber o que vão fazer dali por<br />
diante,pois o preparo não aconteceu para que esse processo fosse amortizado.<br />
Angústia pelos pais de crianças surdas é logo nos anos iniciais de vida, no processo escolar<br />
e processo clínico e algo a ser descoberto com ajuda de Especialistas. A escola precisa de<br />
uma equipe de profissionais que atuem em conjunto para obter sucesso. As portas quase sempre<br />
são fechadas para essas mães e filhos que buscam esclarecimento e uma inclusão na sociedade.<br />
Embora a Lei seja bastante clara quando colocar a obrigatoriedade destas crianças nas<br />
escolas regulares.<br />
Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser oferecida a o-<br />
portunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, toda<br />
criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de a-<br />
prendizagem que são únicas, sistemas educacionais deveriam ser designados<br />
e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar<br />
em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades<br />
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA).<br />
105<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Poucos são os pais que conhecem seus Direitos e as Instituições que podem ajudar a essas<br />
crianças e familiares. Cabe aos governantes divulgarem mais de forma intensa e continua a<br />
importância do diagnóstico precoce e os espaços de acompanhamento.<br />
Os serviços educacionais iniciam-se pela Educação Infantil, no programa de estimulação<br />
precoce e na pré-escola.<br />
2.1.4<br />
CONTEÚDO 4.<br />
A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO SURDO<br />
O bilinguismo vem seguindo no meio educacional da comunidade de surdos e<br />
especialistas da área como a última palavra em educação. As portas começam a se abrir<br />
para esta nova perspectiva, mas, para muitas pessoas, é como se fosse uma “tábua de<br />
salvação” e não uma opção realmente consciente (FERNANDES, 2006, p. 23).<br />
Aprendendo a Libras<br />
RECURSOS DE ACESSIBILIDADE (Lei 10.436/2)<br />
5.1 A programação veiculada pelas estações transmissoras ou retransmissoras dos serviços<br />
de radiodifusão de sons e imagens deverá conter:<br />
a) Legenda Oculta, em língua portuguesa, devendo ser transmitida pela linha<br />
21 do Intervalo de Apagamento Vertical (VBI);<br />
b) Audiodescrição, em língua portuguesa, devendo ser transmitida pelo Programa Secundário<br />
de Áudio (SAP), sempre que o programa for exclusivamente falado em português;<br />
c) Dublagem, em língua portuguesa, dos programas veiculados em língua estrangeira,<br />
no todo ou em parte, devendo ser transmitida pelo Programa Secundário de Áudio (SAP),<br />
juntamente com a audiodescrição definida na alínea b, de modo a permitir a compreensão dos<br />
diálogos e conteúdos audiovisuais por pessoas com deficiência visual e pessoas que não consigam<br />
ou não tenham fluência para leitura das legendas de tradução.<br />
Ideia-chave:<br />
Libras é uma língua e não a deve ser confundida com a mímica, a Libras está em evolução<br />
principalmente pelas criações que os mais jovens vêm realizando; apesar de surdos e ou-<br />
106<br />
MARLENE CARDOSO
vintes terem línguas diferentes, podem conviver enquanto comunidade una e indivisível. É<br />
uma convivência boa para ambos só será satisfatória se houver um esforço bilateral de se a-<br />
proximarem reciprocamente pelas duas línguas.<br />
A Língua Brasileira de Sinais é um sistema linguístico legítimo e natural, utilizado pela<br />
comunidade surda brasileira, de modalidade gestual-visual e com estrutura gramatical independente<br />
da Língua portuguesa falada no Brasil. A <strong>LIBRAS</strong>, Língua Brasileira de Sinais, possibilita<br />
o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza enquanto instrumento<br />
comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural-científico, bem<br />
como a integração no grupo social ao qual pertence.<br />
As pessoas surdas consideram que por ser a <strong>LIBRAS</strong> uma língua própria da comunidade<br />
surda brasileira, deve-se procurar garantir que o ensino desta língua seja realizado, preferencialmente,<br />
por professores/instrutores surdos, viabilizando dessa forma maior riqueza interativa<br />
cultural entre professor/instrutor surdo e alunos. Diante de tal colocação, se faz necessário<br />
capacitar cada vez mais surdos para serem professores e instrutores conforme as exigências<br />
legais e o proposto pelas federações e associações de surdos.<br />
Vamos começar a utilizar a Língua Brasileira de Sinais. É importante para a inclusão do<br />
surdo na escola regular e na sociedade que profissionais que lidam com essas pessoas, devem<br />
aprender a se comunicar através da <strong>LIBRAS</strong>.<br />
Podemos perceber que um curso de língua de sinais não pode apenas ensinar a falar<br />
com as mãos. Você terá que se apropriar de outros conhecimentos (que apareceu ao longo<br />
deste módulo) para poder utilizar a <strong>LIBRAS</strong> com um veículo poderoso de aprendizado para o<br />
aluno surdo. Literalmente: mãos à obra.<br />
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do<br />
ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados<br />
os seguintes parâmetros que formarão os sinais:<br />
107<br />
<strong>LIBRAS</strong>
1-Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto<br />
manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda<br />
para os canhotos), ou pelas duas mãos.<br />
2-Ponto de articulação: É o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja,<br />
local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço<br />
neutro.<br />
108<br />
MARLENE CARDOSO
3-Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais<br />
DEITAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais SONHAR e TRABALHAR possuem movimento.<br />
4-Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais/corporais são de fundamental<br />
importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é<br />
feita pela expressão facial. Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos<br />
parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcional idade.<br />
Para conversar em Libras não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é necessário<br />
conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em frases.<br />
Muita atenção!<br />
Aqui, disponibilizamos neste material para você o alfabeto dos sinais. Comece a<br />
exercitar as suas mãos.<br />
Não tenha receio e seja curioso!<br />
Alfabeto da Libras<br />
É importante treinar a digitação do alfabeto <strong>LIBRAS</strong> para desenvolver habilidade com<br />
as mãos.<br />
Quanto mais você exercitar melhor, por isso convide seus colegas para um bate papo.<br />
Boa conversa!<br />
109<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Agora que você sabe muita coisa sobre a comunidade surda, propomos algumas palavras<br />
abaixo para que você possa praticar certo?<br />
Vamos lá!<br />
Agora para fixar o alfabeto <strong>LIBRAS</strong> treine falar com as mãos as seguintes palavras:<br />
110<br />
MARLENE CARDOSO
Você que já digitou as palavras acima, agora vamos formar frases:<br />
111<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Lembre-se!<br />
Digitar uma palavra ou frase em <strong>LIBRAS</strong>, só é utilizado quando aquela palavra não<br />
tem o sinal específico.<br />
Datilologia (alfabeto manual): palavra separada, letra por letra.<br />
Ex: C-E-R-T-O = c-e-r-t-o<br />
Sinal e um gesto feito utilizando as duas mãos simultaneamente ou apenas uma delas.<br />
Ex: O sinal de Certo é:<br />
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/<br />
Vamos aprender agora a diferença entre digitalizar ou utilizar um sinal para uma<br />
mesma palavra ou frase. Fique atento...<br />
Isso aumentará a sua agilidade na conversação.<br />
Observe que a configuração da mão é a mesma para as várias palavras, só difere na posição<br />
da articulação: para o verbo aprender, na testa, no dia da semana sábado, na boca. No caso<br />
da fruta/cor laranja o que vai diferenciar é o contexto da frase.<br />
INSERIR OS SINAIS DE APRENDER, DO DIA DA SEMANA: SÁBADO E DA<br />
FRUTA/COR, LARANJA. COLOCAR ABAIXO DO SINAL O SEU NOME.<br />
Vejamos alguns sinais mais usados. Prepare-se! E lembre-se: quanto mais treinar, mais<br />
rápido o aprendizado. Só depende de você.<br />
112<br />
MARLENE CARDOSO
Vamos começar pelos sinais de saudação. Que tal na próxima aula você entrar na sala e<br />
saudar seus colegas em <strong>LIBRAS</strong>?<br />
Saudações:<br />
Repare que os sinais de saudação iniciam com a palavra boa ou bom e seguido do período,<br />
tarde, noite ou dia são sinais compostos. Observe:<br />
113<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Os sinais das Cores:<br />
114<br />
MARLENE CARDOSO
Os sinais da família:<br />
Muita atenção com os verbos. A <strong>LIBRAS</strong> não tem em suas formas verbais a marca de<br />
tempo como o português. Dessa forma, quando o verbo refere-se há um tempo passado, futuro<br />
ou presente, o que vai marcar o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais<br />
adverbiais como ONTEM, AMANHÃ, HOJE.<br />
Antes de qualquer coisa vamos aprender os sinais de alguns verbos. Os verbos serão a-<br />
presentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço.<br />
115<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vêm seguidos de uma marca de passado,<br />
futuro ou presente da seguinte forma: movimento para trás, para o passado; movimento<br />
para frente, para o futuro; e movimento no plano do corpo, para presente.<br />
É interessante notar que uma linha do tempo constituída a partir das coordenadas passado<br />
(atrás); presente (no plano do corpo); futuro (na frente) pode ser observada também em<br />
línguas orais como português e o inglês. Além disso, a <strong>LIBRAS</strong> utilizam as expressões faciais e<br />
corporais para estabelecer tipos de frases. Por isso para perceber se uma frase em <strong>LIBRAS</strong> está<br />
na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa, precisa-se estar atento<br />
às expressões faciais e corporais, que são feitas simultaneamente com certos sinais ou com<br />
toda a frase.<br />
Ex: você quer?<br />
Sinal você + sinal verbo querer + expressão facial interrogativa (sobrancelhas franzidas<br />
e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima).<br />
Uma das características das línguas de sinais, no mundo todo, é sua iconicidade, isto é,<br />
alguns sinais tendem a reproduzir características parciais ou totais do dado da realidade<br />
representado, o que faz com que as pessoas creiam ser esta uma língua que apenas<br />
reproduz conceitos concretos. Vejam alguns exemplos:<br />
Podemos perceber que temos muitos sinais para aprender. Contudo, é necessário que<br />
tenhamos em mente que gravar os sinais depende muito do contato diário que deveremos ter<br />
com os surdos, ou seja, quanto mais treinar com a comunidade surda mais fácil ficará sua comunicação.<br />
É possível que você já consiga entabular uma conversa com um surdo apesar dos poucos<br />
sinais vistos até agora. Portanto, cuidado. Ainda não poderemos nos aventurar em ser um<br />
intérprete de <strong>LIBRAS</strong>. Senão, incorreremos no mesmo equívoco que a maioria dos ouvintes<br />
faz ao tentar se comunicar com poucos sinais com o surdo. Normalmente o ouvinte diante de<br />
um surdo fala mais alto, pausadamente, ou usando gestos ou sinais acreditam que conseguirão<br />
dialogar sem maiores problemas.<br />
116<br />
MARLENE CARDOSO
Para ser interprete é preciso conhecer profundamente a <strong>LIBRAS</strong> e a cultura surda e ser<br />
um mediador da comunicação entre o surdo e o ouvinte. Se tomarmos, por exemplo, a sala de<br />
aula o trabalho do intérprete precisa ser negociado de modo a não gerar conflitos, devendo<br />
ocorrer de forma integrada com o trabalho e o papel do professor. A relação professor – intérprete<br />
não pode resumir-se a um “estar junto numa mesma sala de aula”, precisa ser o resultado<br />
de uma construção conjunta, harmoniosa, visando ao êxito pedagógico da criança surda.<br />
Pode-se dizer ainda que o ato de interpretar corresponde ao processo cognitivo pelo<br />
qual se trocam mensagens de uma língua a outra, sejam elas orais ou sinalizadas.<br />
Que a profissão de intérprete de <strong>LIBRAS</strong> em alguns estados do Brasil já é reconhecida<br />
e valorizada?<br />
Para entender um pouco sobre este avanço da legislação brasileira, que beneficia a<br />
comunidade surda, leia o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em especial o<br />
Artigo 21, que disponibilizamos para você neste texto:<br />
Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais<br />
de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em<br />
seus quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete<br />
de Libras – Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação,<br />
à informação e à educação de alunos surdos.<br />
1º. O profissional a que se refere o caput atuará:<br />
I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino;<br />
II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e<br />
conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e<br />
III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição<br />
de ensino.<br />
2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual,<br />
municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas<br />
neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência<br />
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação (SILVA,<br />
2005).<br />
O que é o intérprete de Língua Brasileira de Sinais para pessoas surdas?<br />
O intérprete da Língua Brasileira de Sinais é aquele que tomando a posição do sinalizador<br />
ou do falante, transmite os pensamentos, palavras e emoções do sinalizador/comunicador/falante,<br />
servindo de elo entre duas modalidades de comunicação. Neste<br />
117<br />
<strong>LIBRAS</strong>
sentido, o intérprete é um sujeito Bilíngue que intermedeia a comunicação entre duas pessoas<br />
que falam apenas uma língua, e no caso em que estamos tratando o intérprete, viabiliza a comunicação<br />
entre um sujeito que se comunica com a Libras e o português, enquanto o outro<br />
domina apenas o português.<br />
A habilidade requerida num profissional intérprete é a competência da Língua Portuguesa<br />
e na Língua Brasileira de Sinais. Esta competência deve ser constantemente reforçada<br />
por meio do contato com a comunidade surda.<br />
Pensou que os sinais já haviam acabado?<br />
Qual nada, continuaremos a conhecer mais sinais!<br />
Estruturação de Sentenças em <strong>LIBRAS</strong><br />
Costuma-se pensar que as sentenças da <strong>LIBRAS</strong> são completamente diferentes do ponto<br />
de vista estrutural daquelas do português. Realmente, no que diz respeito à ordem das palavras<br />
ou constituinte, há diferenças porque o português é uma língua de base sujeito-predicado<br />
enquanto que a <strong>LIBRAS</strong> é uma língua do tipo tópico-comentário.<br />
Nas sentenças do português, a ordem predominante é: sujeito (S)-verbo(V)-objeto (O),<br />
normalmente chamada de SVO. Assim, as sentenças se estruturam da seguinte maneira:<br />
O leão<br />
matou o urso<br />
S V O<br />
Sujeito<br />
Predicado<br />
Nesta sentença, além da concordância sujeito-predicado que determina quem faz o que<br />
no evento descrito pelo verbo da sentença, a ordem também é significativa porque senão não<br />
saberíamos qual é o sujeito da sentença “o leão matou o urso” porque tanto o constituinte “o<br />
leão” quanto o constituinte “o urso” podem concordar com o verbo.<br />
Entretanto, a primeira sentença poderia ter o seu último constituinte deslocado para a<br />
frente da sentença através de operações como por exemplo a topicalização:<br />
O urso<br />
Tópico<br />
o leão matou<br />
Comentário<br />
Note-se, porém, que nos dois casos houve necessidade de apelo a mecanismos não muito<br />
usado do tipo entoação e uso da preposição “a”. Nestes casos, “o urso” continua sendo o<br />
118<br />
MARLENE CARDOSO
objeto direto de “matar” e “o leão”, o seu sujeito, apesar de termos a topicalização do objeto,<br />
isto é, apesar do objeto direto ser o tópico da sentença e o sujeito e o verbo serem o comentário<br />
do tópico.<br />
A topicalização é relativamente frequente em português, principalmente, na fala coloquial.<br />
Entretanto, em <strong>LIBRAS</strong>, a frequência é maior, diríamos até que é regra geral.<br />
Animais:<br />
Gênero:<br />
Tempo:<br />
119<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Antônimos:<br />
Frutas:<br />
Outros sinais:<br />
Pesquise:<br />
http://www.acessobrasil.org.br/libras<br />
120<br />
MARLENE CARDOSO
Sugestão de filmes<br />
Mais uma vez trazemos algumas sugestões de filmes para enriquecer o seu estudo sobre<br />
a realidade de pessoas surdas e sua comunicação através da <strong>LIBRAS</strong>.<br />
FILME: Alpine Fire (Suíça)<br />
Resumo: Este filme conta a história de um menino que fala a língua de sinais e mostra<br />
de forma muito interessante esta forma de comunicação.<br />
FILME: Depois do silêncio (Palavras do silêncio)<br />
Breaking Through – EUA/1996<br />
Resumo: História sobre uma jovem (Laura) surda de 20 anos que aprende língua de sinais,<br />
depois de conhecer uma assistente social.<br />
121<br />
<strong>LIBRAS</strong>
122<br />
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL<br />
123<br />
<strong>LIBRAS</strong>
ESTUDO DE CASO<br />
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 3,<br />
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus<br />
colegas no fórum da disciplina.<br />
Caso 3<br />
Marta, 25 anos, perdeu a audição aos 8 anos devido ao uso de medicamentos ototóxicos.<br />
Desde que a família percebeu a dificuldade auditiva da filha mais velha, encaminharam imediatamente<br />
a um especialista em fonoaudiologia que a acompanha sistematicamente.<br />
Marta usa constantemente o aparelho auditivo, sem o qual ela ouve somente sons fortes<br />
como o barulho do avia e não consegue ouvir a voz das pessoas. Apesar da surdez parcial,<br />
Marta articula corretamente as palavras.<br />
Durante o dia Marta ajuda o pai no mercadinho da família e à noite faz cursinho prévestibular.<br />
Reflita a partir da análise do caso descrito, tendo por base as solicitações feitas abaixo:<br />
Considerando os casos 1 e 2 descritos no módulo, estabeleça uma comparação entre a<br />
qualidade de vida alcançada por Marta (caso 3) e as pessoas descritas nos casos 1 e 2.<br />
Bom trabalho!<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
Revisão<br />
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos<br />
conteúdos do nosso Tema 3, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.<br />
Bom trabalho!<br />
124<br />
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS<br />
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares<br />
Leia o texto abaixo e responda as questões 1 e 2<br />
TEXTO ESCRITO POR UM JOVEM SURDO<br />
O menino esperto<br />
Um dia de manhã, uma professora pregava na aula, um menino estava dormindo na<br />
mesa. Bateu o sino, o menino acordava e espanto pelo sino, a professora observado do<br />
menino:<br />
– Ei? Venha cá, meu aluno.<br />
– O que? Já bateu o sino?<br />
– Já, mas quero falar com você.<br />
– Sim, professora?<br />
– Por que você acordou agora?<br />
– Ah...porque... Não sei bem falar.<br />
– Não, não. Você é inteligente e eu não sou boba.<br />
– Tudo bem, eu estava dormindo.<br />
– Ah! Muito bem, meu aluno. Quero anotar em um papel para mostrar sua mãe,<br />
certo?<br />
– Certo!<br />
A professora anotou no papel sobre ‘’ o menino estava dormindo na sala de aula ‘’ para<br />
mostrar a mãe dele. O menino saiu na escola para passear na rua, cantava e olhado no céu,<br />
um gato chamou ‘’Miau!’’, ele ouviu e viu um gato:<br />
– Ah! Um gato! Quero levar para minha casa. Hum...que medo! Se minha mãe viu<br />
meu gato...Ah! vou esconder na minha camisa. Ih! Ih! Ih!<br />
Ele escondeu o gato na camisa, chegado em casa.<br />
– Boa tarde, mamãe!<br />
Oh! Boa tarde, meu filho. Tudo bem? Como estar na sua escola?<br />
– Estou bem, minha- escola está ótima! (ele mostrar o sorriso). Um rabo de gato estava<br />
aparecendo por baixo da camisa do menino e a mãe não viu. No quarto, tirou um gato.<br />
Na noite, ele andou devagar pois a mãe estava dormindo, ele colocou o leite na tigela<br />
do gato e andou de novo devagar e a mãe abriu a porta.<br />
– Filho? Você não está dormindo.<br />
– Ah! Já vou dormir.<br />
– O que é isso? Essa tigela?<br />
– Ah! Quero beber leite. (mostrar o sorriso de novo)<br />
125<br />
<strong>LIBRAS</strong>
– Oxente! Você bebe o leite na tigela?<br />
– Sim! (sorriso)<br />
– Tá bom! Vou dormir. Boa noite, filho!<br />
– Boa noite, mamãe! (sorriso)<br />
A mãe fechou a porta e o menino diz ‘’Ufa!!!’’.<br />
Aluno: G.C<br />
QUESTÃO 01<br />
Analise o texto acima e descreva as diferenças entre este texto e um texto padrão da língua<br />
portuguesa observadas por você.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
QUESTÃO 02<br />
Após identificar os pontos de diferenciação entre a forma de um surdo escrever um texto<br />
e o texto de um oralista, reescreva este texto acrescentando os elementos da língua portuguesa.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
QUESTÃO 03<br />
Qual a diferença estrutural existente entre a Libras e a língua portuguesa? Qual a ordem<br />
predominante no português?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
126<br />
MARLENE CARDOSO
QUESTÃO 04<br />
Descreva como se caracteriza um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), citando<br />
quais as habilidades requeridas neste profissional.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
QUESTÃO 05<br />
Descreva caracteristicas da comunidade de surdos no Brasil. Em seguida analise quais<br />
fatores podem contribuir para que esta comunidade tenha as características citadas por você.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
__________________________________________________________________________<br />
2.2<br />
TEMA 4.<br />
CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL<br />
E NO MUNDO<br />
2.2.1<br />
CONTEÚDO 1.<br />
EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS<br />
A Educação Especial, em sua definição atual, é entendida como uma modalidade que<br />
abrange os diferentes níveis de eduacação escolar, ou seja, educação infantil, educação<br />
fundamental, educação média e educação superior.<br />
127<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Segundo o Ministério Educação, por Educação Especial entende-se um processo<br />
educacional definido em uma proposta pedagógica que assegura recursos e serviços<br />
educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar e, em<br />
alguns casos substituir os serviços educacionais comuns de modo a garantir a educação<br />
escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam<br />
necesidades educativas especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.<br />
No ano de 1990, aconteceu a Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos. A educação<br />
aparece como preocupação mundial. O tema foi motivo de vários estudos e encontros.<br />
Na Espanha, durante a Conferência Mundial de Necessidades Educacionais Especiais, foi a-<br />
provada a Declaração de Salamanca no ano de 1994, cujos princípios norteadores trouxeram<br />
impacto direto para o alcance de direitos por parte das pessoas que têm alguma deficiência, o<br />
que tem repercutido na crescente ampliação dos seus direitos de cidadania e na transformação<br />
da sociedade para um modelo inclusivo e mais equitativo.<br />
Princípios norteadores da Declaração de Salamanca:<br />
O reconhecimento das diferenças;<br />
O atendimento às necessidades de cada um;<br />
128<br />
MARLENE CARDOSO
A promoção de aprendizagem;<br />
O reconhecimento da importância da "escola para todos";<br />
A formação de professores.<br />
Os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos princípios desta Declaração,<br />
nos leva a pensar num mundo inclusivo, onde todos têm direito à participação na sociedade,<br />
fazendo valer a democracia de forma cada vez mais ampla.<br />
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOJOVEM.ORG.BR/<br />
A nova LDB 9.394/96 em seu capítulo V coloca que a educação dos portadores de necessidades<br />
especiais deve se dar de preferência na rede regular de ensino, o que traz uma nova<br />
concepção na forma de entender a educação e integração dessas pessoas.<br />
Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos portadores de necessidades<br />
especiais ou distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus<br />
graus.<br />
Contribuição da Educação Especial para construir a Educação Inclusiva<br />
Educação especial<br />
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império<br />
com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual<br />
Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto<br />
Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro.<br />
129<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Instituto Benjamin Constant<br />
Instituto Nacional da Educação dos surdos<br />
No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada<br />
no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação<br />
de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional<br />
especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.<br />
130<br />
MARLENE CARDOSO
HELENA ANTIPOFF<br />
FONTE: HTTP://WWW.CLIOPSYCHE.UERJ.BR/ARQUIVO/ANTIPOFF.HTML<br />
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser fundamentado<br />
pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 7.<br />
Até a primeira metade deste século, o panorama educacional foi dominado pelo que poderíamos<br />
chamar de um conceito dualista de educação: o ensino regular e a educação especial.<br />
Sob esta perspectiva as pessoas eram deficientes por questões exclusivamente orgânicas.<br />
A deficiência entendida como sendo produzida por distúrbios do desenvolvimento, o que dificilmente<br />
poderia ser modificado. Esta visão trouxe consigo duas consequências significativas:<br />
1. Necessidade de se detectar a deficiência, identificar o distúrbio;<br />
2. Necessidade de uma atenção educacional, diferente e separada da regular.<br />
Neste sentido, a classificação e a rotulação dos alunos possibilitavam a formação de classes<br />
homogêneas. A capacidade e a possibilidade de êxito, dividia os alunos entre os normais<br />
(que se beneficiavam dos serviços do ensino regular) e outra categoria, a dos deficientes, para<br />
a qual foram criadas as classes e escolas especiais.<br />
Deste modo, gradualmente foi sendo configurado um sistema tangencial de educação, a<br />
especial, em resposta à própria incapacidade do sistema regular de ensino de entender as necessidades<br />
educativas de todos os seus alunos, independente se estas necessidades eram oriundas<br />
de suas características particulares ou do tipo de dificuldades apresentadas.<br />
A partir dos anos 60, período em que podemos situar as origens do movimento de integração<br />
escolar, e especialmente nos últimos anos, cresceu no Brasil, um movimento de enor-<br />
131<br />
<strong>LIBRAS</strong>
me força que impulsionou uma profunda modificação na concepção da deficiência e da educação<br />
especial.<br />
Educação Inclusiva<br />
Tem como objetivo incluir os portadores de necessidades especiais no contexto do ensino<br />
regular. Esta decisão foi tomada com base na Declaração de Salamanca – Espanha – 1994,<br />
os surdos passaram, então, a frequentar escolas regulares. A proposta de inclusão social é bastante<br />
interessante, mas quando tratamos de uma comunidade com aspectos culturais e linguísticos<br />
diferentes da maioria, faz-se necessário tomar uma série de cuidados, como por e-<br />
xemplo:<br />
Preparar o professor, alunos e funcionários da escola para receber o estudante surdo;<br />
O professor deve aprender a língua do seu aluno para comunicar-se com ele, mesmo<br />
com a presença do interprete em sala de aula;<br />
Ter intérprete de <strong>LIBRAS</strong> em sala de aula, sem o interprete será impossível o professor<br />
ensinar em duas línguas ao mesmo tempo;<br />
O professor e a equipe pedagógica precisam estudar sobre a cultura do surdo, como é<br />
o seu processo de aquisição de conhecimentos, para, assim, organizar as aulas com<br />
metodologias e avaliações de forma que atinja surdos e ouvintes.<br />
Não é uma tarefa fácil, sabemos disso! Mas é necessário, pois caso contrário não alcançará<br />
o objetivo de incluir e sim excluiremos.<br />
132<br />
MARLENE CARDOSO
Integração<br />
O “princípio da normalização” surgiu nos países escandinavos, com Bank-Mikkelsen<br />
(1969) e Nirje (1969), tendo como pressuposto básico a ideia de que toda pessoa portadora de<br />
deficiência teria o direito inalienável de experienciar um estilo, ou padrão de vida, que seria<br />
comum ou normal em sua cultura.<br />
Isto significaria que a todos os membros de uma sociedade deveriam ser fornecidas o-<br />
portunidades iguais de participar em atividades comuns àquelas partilhadas por grupos de<br />
idades equivalentes.<br />
Braddock (apud ARANHA, 2002) discutiu a questão da “Ideologia da Normalização”<br />
como sendo um conjunto de ideias, as quais refletiriam necessidades sociais e aspirações dos<br />
indivíduos considerados diferentes na sociedade. Nesta, mencionou, também, a existência de<br />
uma condição “normal”, que é representada pela maioria percentual de pessoas em uma curva<br />
da normalidade e uma condição “desviante”, que é representada por baixos percentuais de<br />
pessoas, na mesma curva.<br />
133<br />
<strong>LIBRAS</strong>
As escolas regulares passaram a ter a tarefa de educar a todos os alunos, apesar das diferenças,<br />
incapacidades, interesses que eles apresentassem. A obrigatoriedade da oferta de educação<br />
para todos levou a uma reavaliação da função e organização das escolas que deveriam<br />
ser mais abrangentes, ou seja, integradora e não excludente.<br />
O desenvolvimento de experiência nas escolas, oportunizou uma avaliação de novas<br />
possibilidades de atendimento ao aluno com necessidades educativas especiais.<br />
Nessa perspectiva, a primeira contribuição da educação especial, no contexto da educação<br />
geral, vem sendo a de impor uma discussão ética a respeito da escola para todos como<br />
uma questão de direitos humanos. Nesse sentido, as escolas vêem provocando paulatinamente<br />
a abertura de duas portas para uma parcela da população que, até então, tinha ficado à margem<br />
da sociedade.<br />
Hoje, a escola tem que acolher a todos os alunos, reconhecendo a diversidade da população,<br />
com a consequente diferenciação na demanda. Reconhecer essa diversidade e buscar<br />
formas de acolhimento requer, por parte da equipe escolar, disponibilidade e informações,<br />
discussões, reflexões e, algumas vezes, ajuda externa.<br />
134<br />
MARLENE CARDOSO
A integração defendida pela equipe da educação especial, vem produzindo efeitos positivos<br />
tanto individuais como sociais. Do ponto de vista individual, otimiza as possibilidades de<br />
desenvolvimento físico, intelectual e social de todos os alunos.<br />
Do ponto de vista social, possibilita a construção de uma sociedade mais humanizada,<br />
ao favorecer a convivência dos alunos sem deficiência com a diversidade, com a diferença,<br />
com as pessoas que sempre ficaram a margem da sociedade.<br />
Essa não tem sido uma tarefa simples, pois envolve lidar com mitos, emoções, motivações,<br />
responsabilidades, compromissos, valores e atitudes do sujeito em relação ao outro.<br />
Nas últimas duas décadas, a tendência educacional foi de fomentar a escola de qualidade<br />
para todos e lutar contra a exclusão escolar de alunos com necessidades especiais, de forma<br />
que todas as crianças possam aprender juntas, independente de suas dificuldades e diferenças.<br />
DANÇA FLAMENCA – ESPANHA<br />
FONTE: HTTP://UNIESPANOLLOMEJOR.BLOGSPOT.COM/2010_04_01_ARCHIVE.HTML<br />
135<br />
<strong>LIBRAS</strong>
A Declaração<br />
de Salamanca, proclamada na Espanha, em sintonia<br />
com a Declaração<br />
Mundial sobre Educação paraa Todos, conclama a Universalizaç<br />
ção do ensino e advoga a edu-<br />
de suas condições individuais, econômicas ou socioculturais.<br />
cação de qualidade<br />
para os alunos que apresentam dificuldades<br />
de escolarização, decorrentes<br />
<br />
Vamos conhecer um<br />
pouco mais esta história<br />
DOM PEDRO II – HERNEST HUET<br />
FONTE: HTTP://WWW.BAILLEMENT.COM/INTERNES/HUET.HTML<br />
Pesquise no site a seguir, pois esta história começou em 26<br />
de setembro de 1857, durante<br />
o Império de D. Pedro II, quando o professor francês Hernest Huet fundou, com o apoio do<br />
imperador, o Imperial Instituto de Surdos Mudos, que depois se tornou Instituto Nacional de<br />
Educação de Surdos:<br />
1ª ESCOLA DE SURDOS DO BRASIL<br />
FONTE: WWW.INES.ORG.BR<br />
136<br />
MARLENE CARDOSO
2.2.2<br />
CONTEÚDO 2.<br />
REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA<br />
LINGUAGEM ESCRITA<br />
“Eu realmente não acredito que consigamos criar vidas artificiais. Mas, depois de<br />
haver atingido a lua e de ter pousado uma ou duas naves em Marte, eu vejo que essa minha<br />
descrença significa muito pouco. Mas os computadores são totalmente diferentes dos<br />
crebros, cuja função não é primariamente a de computar, mas a de guiar e equilibrar um<br />
organismo e ajudá-lo a continuar vivo. É por está razão que o primeiro passo da natureza<br />
em direção a uma mente inteligente foi a criação da vida, e eu acho que se nos pudéssemos<br />
criar artificialmente uma mente inteligente deveríamos seguir o mesmo caminho”<br />
Fonte: Carta de um surdo (p. 261-20).<br />
Foi num congresso em Milão em 1880 que um grupo não muito numeroso de educadores<br />
ouvintes impôs a superioridade da língua oral sobre a língua de sinais. O importante não<br />
era a comunicação em si, mas a necessidade de tornar os surdos parecidos com os ouvintes.<br />
Atualmente, devido à resistência da comunidade surda, o oralismo perde espaço para<br />
outras formas de buscar o fortalecimento da identidade das pessoas surdas. A partir daí, educadores<br />
comprometidos em apoiar o desenvolvimento intelectual, psicossocial e cognitivo dos<br />
surdos, começam a defender a luta para reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como sendo a<br />
língua materna do surdo.<br />
Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Esta<br />
é uma clara indicação de que já vivemos na sociedade do conhecimento. E, portanto, os seus<br />
processos de aquisição assumirão papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar<br />
dos processos educacionais, em especial daqueles que estão diretamente relacionados à escola.<br />
No momento em que a civilização moderna passa por diversas mudanças, no plano econômico,<br />
educacional e social, a escola é uma das instituições que possibilita ao homem do<br />
nosso tempo, interferi nesse processo, agilizando etapas para construir um novo modelo de<br />
desenvolvimento social, no qual a ampla maioria da população tem acesso ao conhecimento,<br />
necessário à sua qualidade de vida e à realização de ideais de ética, solidariedade e humanismo.<br />
A velocidade das mudanças que ocorrem na sociedade torna impossível pensar se a escola<br />
dará conta de prover todo o conhecimento de que um profissional necessita. A escola será<br />
um – entre muitos outros – dos ambientes e, que será possível adquirir conhecimento. Para<br />
tanto, ela terá que incorporar os mais recentes resultados das pesquisas sobre aprendizagem e<br />
assumir conhecimento, desenvolvendo, assim, competências e habilidades para poder continuar<br />
a aprender ao longo da vida.<br />
137<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Os mais recentes estudos sobre aprendizagem fornecem importantes resultados que podem<br />
ser usados na análise do que acontece com a educação hoje. O trabalho de Piaget mostra<br />
que as pessoas têm uma capacidade de aprender a todo o momento. Aprendemos a andar, a<br />
falar, a ser profissionais, a educar os filhos etc. Aprendemos tudo isso vivendo, fazendo as coisas<br />
e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados. Além disso, toda pessoa tem<br />
a capacidade de ensinar, transmitir a cultura e valores da coletividade em que está inserido.<br />
Tal fato acontece desde a primeira interação mãe-filho. Portanto, aprendemos e ensinamos<br />
porque precisamos resolver problemas reais e interagir com as pessoas.<br />
Uma das pautas de discussão da modernidade é o pensar e repensar constantes sobre o<br />
papel do ambiente socioeconômico-cultural em relação ao diferente. A inclusão tem sido um<br />
tema muito debatido. Ela abrange conceitos como respeito mútuo, compreensão, apoio e e-<br />
quidade. Não é uma tendência, um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais<br />
passageiro a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um valor social que se considerado<br />
desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar modos de conduzir nosso processo<br />
educacional e profissional para promovê-la.<br />
A pesquisa sobre a educação dos surdos, vem tomando um espaço cada vez maior nas<br />
reflexões teóricas dos que atuam com os mesmos. Encontro-me há anos realizando, com professores<br />
e alunos surdos, tanto na rede particular, quanto na municipal e estadual de ensino da<br />
Bahia, um trabalho de orientação e de sala de aula na qual a ação pedagógica é frequente.<br />
Durante muito tempo houve uma incerteza quanto às propostas de ensino dos deficientes<br />
auditivos, devido à divisão de conceitos na qual, havia uma dicotomização referente ao<br />
trabalho prático e as questões teóricas. A insatisfação e a inquietação são constantes no que se<br />
diz respeito às dificuldades dos surdos. Fora sempre relevante refletir sobre as dificuldades<br />
destes em transpor suas ideias e opiniões para a escrita na língua portuguesa e diminuir o distanciamento<br />
da escrita em Libras 10 .<br />
O convívio com os anseios dos professores e de outros profissionais em relação à escrita<br />
dos surdos e seus entraves, demonstra a necessidade de um aprofundamento para compreender<br />
e superar as dificuldades entre os limites da Libras e do Português. A utilização da Língua<br />
de Sinais é fundamental para entender a ausência de alguns elementos do texto (conectivos,<br />
preposição, tempo verbal, concordância verbal e nominal) e esclarecimento das dúvidas entre<br />
professor e aluno. Pesquisadores abordam que o fracasso destes perpassa pela falta de significados<br />
de sua língua (Libras), causando um índice de analfabetismo muito alto.<br />
A experiência com os surdos impõe a necessidade de compreender o seu mundo subjetivo,<br />
para só então fazer algo por ele e com ele. Qualquer atuação profissional com esses sujei-<br />
10<br />
Língua Brasileira de Sinais, segundo a Federação Nacional de Educação de Surdos (FENEIS).<br />
138<br />
MARLENE CARDOSO
tos implica em uma disposição, em fazer mudanças; não apenas no próprio enquadre através<br />
de adaptações, como também na visão de mundo daquele que faz esta escolha.<br />
Para o profissional da educação que trabalha com a palavra, com a língua e a comunicação,<br />
estar diante de alguém que não fala, constitui um desafio; trabalhá-lo é crer, acima de<br />
tudo no seu potencial e no do individuo. Já faz parte do senso comum dizer que os professores<br />
estão buscando novos caminhos para trabalhar com essas pessoas que se utiliza de uma outra<br />
língua na sua comunicação, a Língua Brasileira de Sinais.<br />
Um novo saber se impôs no cenário profissional. Nessa perspectiva, os desafios que temos<br />
a enfrentar são inúmeros, e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino<br />
de qualidade implicam na adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações<br />
atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares,<br />
que têm nos objetivos pedagógicos sua eficácia para o ensino destes.<br />
Portanto devemos enfrentar e analisar essa realidade, reconhecendo que os professores<br />
não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao<br />
domínio dos conteúdos a serem ensinados (Perrenoud, 2000). O professor precisa planejar,<br />
atuar e avaliar suas intervenções para cada contexto singular, o que significa um trabalho contínuo<br />
de estudos e reflexões sobre a sua prática.<br />
Construir uma educação capaz de ligar os conhecimentos às práticas sociais, tornar esses<br />
conhecimentos artefatos para a construção da cidadania, orientada para a autonomia e a<br />
democracia, são aprendizados necessários aos educadores do nosso tempo. Philippe Perrenoud<br />
(2000) refere-se à necessidade da escola como espaço de mobilização de conhecimentos<br />
para a construção de competências, de indivíduos que saibam agir em uma sociedade mutante<br />
e complexa.<br />
Referencial teórico e campo epistemológico<br />
A prática pedagógica, atualmente, sofre influência de alguns estudos e pesquisas sobre o<br />
conhecimento e a linguagem. As contribuições à luz das teorias piagetianas e vygotskyanas,<br />
permitem o repensar educativo.<br />
Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky foram dois estudiosos que dedicaram suas vidas<br />
profissionais a descoberta de como o ser humano se desenvolve e aprende e, por isso, seus<br />
trabalhos trazem contribuições significativas em relação à compreensão do desenvolvimento<br />
do ser humano e de seus mecanismos de ensino/aprendizagem para a intervenção em casos<br />
que apresentam alterações no processo do aprender.<br />
A teoria do conhecimento construída por Jean Piaget, não teve intenção pedagógica. Porém,<br />
ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar sua prática. Ele realizou<br />
estudos com o principal objetivo de conhecer a evolução do conhecimento na espécie huma-<br />
139<br />
<strong>LIBRAS</strong>
na. Os resultados das pesquisas epistemológicas realizadas por ele, seus colaboradores e sucessores,<br />
auxiliam sobremaneira a compreensão do desenvolvimento humano e da aprendizagem<br />
no que se refere à lógica matemática e suas relações com a linguagem e com a construção da<br />
moral.<br />
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002<br />
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.<br />
O PRESIDENTEDAREPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono<br />
a seguinte Lei:<br />
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira<br />
de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.<br />
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação<br />
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura<br />
gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos<br />
de comunidades de pessoas surdas do Brasil.<br />
Leia com atenção o que a Lei 10.436/2 e note que ela abre caminhos para um ensino e<br />
formação que garantir acessibilidade dos surdos aos meios de comunicação.<br />
Conhecer as Leis, decretos e portarias aqui apresentados é difundir cidadania. Pense<br />
nisso!<br />
• Recursos Utilizados nas Atividades Individuais e Grupais<br />
Trabalhos com modalidades textuais;<br />
A utilização da análise contrastiva na sala de apoio.<br />
• Análise Contrastiva<br />
É uma metodologia, geralmente associada ao ensino de uma segunda língua. Entretanto,<br />
pode-se afirmar que os recursos que são utilizados na sala de apoio se assemelham aos propostos<br />
por essa metodologia. São estabelecidas as similaridades e as diferenças entre a língua-alvo,<br />
a ser aprendida e a língua materna com a finalidade de facilitar a aprendizagem da segunda<br />
língua pelos indivíduos que já possuem uma primeira língua. Esse procedimento de comparar<br />
as duas línguas é aplicado pela linguística contrastiva.<br />
140<br />
MARLENE CARDOSO
Ao compararmos as produções nas duas línguas, tal princípio implicou a aceitação da<br />
escrita como expressão de sua linguagem e tal produção como legitima e, não como aberração<br />
ou, simplesmente, desvio ou erro. Dessa forma os alunos estabelecem as diferenças e especificidades<br />
de Libras e do Português, sendo um recurso importante.<br />
Durante a trajetória dessa pesquisa, evidenciou-se a Práxis Pedagógica, no tocante a<br />
produção escrita e a mediação na sala de apoio aos deficientes auditivos. Pelo que foi relatado,<br />
conclui-se a importância das condições de produção textual a partir das especificidades desses<br />
sujeitos na apreensão da escrita, não devendo considerar tais diferenças como “aberrações” ou<br />
“erros”.<br />
Pôde observar-se ao efetuo deste trabalho, a importância das condições de produção de<br />
texto dos alunos, ligada às condições essenciais, uma vez que são necessárias essas produções<br />
para que haja uma maior comunicação entre os surdos e o mundo em que vivem.<br />
Diversificar metodologias e estratégias, intercaladas a um acompanhamento pedagógico<br />
especializado, é, sem dúvida, o caminho mais seguro para o sucesso no decorrer da vida escolar<br />
de alunos deficientes auditivos e surdos.<br />
2.2.3<br />
CONTEÚDO 3.<br />
DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA<br />
1 - Acreditamos e Proclamamos que:<br />
Veja alguns fragmentos do documento:<br />
A tendência em política social durante as duas últimas décadas tem sido a de promover<br />
integração e participação e de combater a exclusão Inclusão e participação são essenciais à<br />
dignidade humana e ao desfrutamento e exercício dos direitos humanos. Dentro do campo da<br />
educação, isto se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram promover a genuína<br />
equalização de oportunidades. Experiências em vários países demonstram que a integração de<br />
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais é melhor alcançada dentro de escolas<br />
inclusivas, que servem a todas as crianças dentro da comunidade.<br />
Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais deveriam<br />
receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. Educação<br />
inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades<br />
educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais<br />
ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam<br />
constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes nos quais fique<br />
claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessi-<br />
141<br />
<strong>LIBRAS</strong>
dades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bemestar<br />
da criança ou de outras crianças.<br />
Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e situações individuais.<br />
A importância da linguagem de signos como meio de comunicação entre os surdos,<br />
por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir<br />
que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de signos. Devido<br />
às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a<br />
educação deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais<br />
e unidades em escolas regulares.<br />
Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais<br />
Reafirmando o direito à educação de todos os indivíduos, tal como está inscrito na Declaração<br />
Universal dos Direitos do Homem de 1948, e renovando a garantia dada pela comunidade<br />
mundial na Conferência Mundial sobre a Educação para Todos de 1990 de assegurar<br />
esse direito, independentemente das diferenças individuais.<br />
Relembrando as diversas declarações das Nações Unidas que culminaram, em 1993, nas<br />
Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência,<br />
as quais exortam os Estados a assegurar que a educação das pessoas com deficiência faça<br />
parte integrante do sistema educativo.<br />
Notando com satisfação o envolvimento crescente dos governos, dos grupos de pressão,<br />
dos grupos comunitários e de pais, e, em particular, das organizações de pessoas com deficiência,<br />
na procura da promoção do acesso à educação para a maioria dos que apresentam necessidades<br />
especiais e que ainda não foram por ela abrangidos; e reconhecendo, como prova desde<br />
envolvimento, a participação ativa dos representantes de alto nível de numerosos governos,<br />
de agências especializadas e de organizações intergovernamentais nesta Conferência Mundial.<br />
Nós, delegados à Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, representando<br />
noventa e dois países e vinte cinco organizações internacionais, reunidos aqui em<br />
Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Julho de 1994, reafirmamos, por este meio, o nosso compromisso<br />
em prol da Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de garantir<br />
a educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no<br />
quadro do sistema regular de educação, e sancionamos, também por este meio, o Enquadramento<br />
da Ação na área das Necessidades Educativas Especiais, de modo a que os governos e as<br />
organizações sejam guiados pelo espírito das suas propostas e recomendações.<br />
142<br />
MARLENE CARDOSO
2 - Acreditamos e proclamamos que:<br />
Cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir<br />
e manter um nível aceitável de aprendizagem;<br />
Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem<br />
que lhe são próprias;<br />
Os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos implementados<br />
tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades;<br />
As crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas<br />
regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de<br />
ir ao encontro destas necessidades;<br />
As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios capazes<br />
para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo<br />
uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; além disso, proporcionam<br />
uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação<br />
custo-qualidade, de todo o sistema educativo.<br />
3 - Apelamos a todos os governos e incitamo-los a:<br />
Conceder a maior prioridade, através das medidas de política e através das medidas orçamentais,<br />
ao desenvolvimento dos respectivos sistemas educativos, de modo a que possam<br />
incluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou dificuldades individuais;<br />
Adaptar como matéria de lei ou como política o princípio da educação inclusiva, admitindo<br />
todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder<br />
de outro modo;<br />
Desenvolver projetos demonstrativos e encorajar o intercâmbio com países que têm experiência<br />
de escolas inclusivas;<br />
Estabelecer mecanismos de planejamento, supervisão e avaliação educacional para crianças<br />
e adultos com necessidades educativas especiais, de modo descentralizado e participativo;<br />
Encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações de pessoas<br />
com deficiência no planejamento e na tomada de decisões sobre os serviços na área das necessidades<br />
educativas especiais;<br />
Investir um maior esforço na identificação e nas estratégias de intervenção precoce, assim<br />
como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva;<br />
143<br />
<strong>LIBRAS</strong>
Garantir que, no contexto duma mudança sistêmica, os programas de formação de professores,<br />
tanto a nível inicial com em serviço, incluam as respostas às necessidades educativas<br />
especiais nas escolas inclusivas.<br />
4. Também apelamos para a comunidade internacional; apelamos em particular:<br />
Aos governos com programas cooperativos internacionais e às agências financiadoras<br />
internacionais, especialmente os patrocinadores da Conferência Mundial de Educação<br />
para Todos, à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a<br />
Cultura (UNESCO), ao fundo das Nações Unidas para a Infância, (UNICEF), ao<br />
Programa de Desenvolvimento da Nações Unidas (PNUD), e ao Banco Mundial;<br />
A que sancionem a perspectiva da escolaridade inclusiva e apoiem o desenvolvimento<br />
da educação de alunos com necessidades especiais, como parte integrante de todos os<br />
programas educativos;<br />
Às Nações Unidas e às suas agências especializadas, em particular à Organização Internacional<br />
do Trabalho (OIT), à Organização Mundial de Saúde (OMS), UNESCO e<br />
UNICEF;<br />
A que fortaleça a sua cooperação técnica, assim como reforcem a cooperação e trabalho,<br />
tendo em vista um apoio mais eficiente às respostas integradas e abertas às necessidades<br />
educativas especiais;<br />
Às organizações não-governamentais envolvidas no planejamento dos países e na organização<br />
dos serviços:<br />
A que fortaleçam a sua colaboração com as entidades oficiais e que intensifiquem o<br />
seu crescente envolvimento no planejamento, implementação e avaliação das respostas<br />
inclusivas às necessidades educativas especiais;<br />
À UNESCO, enquanto agência das Nações Unidas para a Educação;<br />
A que assegure que a educação das pessoas com necessidades educativas especiais faça<br />
parte de cada discussão relacionada com a educação para todos, realizada nos diferentes<br />
fóruns;<br />
A que mobilize o apoio das organizações relacionadas com o ensino, de forma a<br />
promover a formação de professores, tendo em vista as respostas às necessidades e-<br />
ducativas especiais;<br />
A que estimule a comunidade acadêmica a fortalecer a investigação e o trabalho conjunto<br />
e a estabelecer centros regionais de informação e de documentação; igualdade,<br />
a que seja um ponto de encontro destas atividades e um motor de divulgação e do<br />
progresso atingido em cada país, no prosseguimento desta Declaração;<br />
A que mobilize fundos, no âmbito do próximo Plano a Médio Prazo (1996-2000), a-<br />
través da criação dum programa extensivo de apoio à escola inclusiva e de programas<br />
comunitários, os quais permitirão o lançamento de projectos-piloto que demonstrem<br />
e divulguem novas perspectivas e promovam o desenvolvimento de indicadores relativos<br />
às carências no sector das necessidades educativas especiais e aos serviços que a<br />
elas respondem.<br />
144<br />
MARLENE CARDOSO
5 - Finalmente, expressamos o nosso caloroso reconhecimento ao Governo de Espanha<br />
e à UNESCO pela organização desta Conferência e solicitamo-los a que empreendam<br />
da Ação que a acompanha ao conhecimento da comunidade mundial, especialmente a fóruns<br />
tão importantes como a Conferência Mundial para o Desenvolvimento Social (Copenhague,<br />
1995) e a Conferência Mundial das Mulheres (Beijin, 1995).<br />
2.2.4<br />
CONTEÚDO 4.<br />
DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO<br />
SUPER INTERESSANTE<br />
O texto a seguir faz parte do trabalho de pesquisa sobre a Língua de Sinais, da linguista<br />
Ronice Muller de Quadros e Karnopp, que aborda os mitos que envolvem a língua de sinais.<br />
Será que você acredita em alguns desses mitos?<br />
MITOS EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS DE SINAIS<br />
Várias pessoas acreditam em coisas que não necessariamente são verdadeiras. Observamos<br />
nos discursos das pessoas que não conhecem os surdos e as línguas de sinais que há<br />
uma serie de crenças que não correspondem à realidade. As pessoas pensam essas coisas sobre<br />
as línguas de sinais, porque por muitos anos houve ideias a respeito a que foram disseminadas<br />
por questões filosóficas, religiosas, políticas e econômicas. Talvez você mesmo pense que essas<br />
coisas sejam verdadeiras. Não se sinta culpado, pois isso é fruto do desconhecimento. Apesar<br />
do impacto dessas concepções, as pesquisas avançaram muito e nos mostraram que tais concepções<br />
são equivocadas. Estaremos, portanto, apresentando evidências para desmistificar tais<br />
ideias.<br />
MITO 1 – A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta,<br />
incapaz de expressar conceitos abstratos.<br />
DESMISTIFICAÇÃO: Tal concepção está atrelada à ideia filosófica de que o mundo das<br />
ideias é abstrato e o mundo dos gestos é concreto. O equivoco desta concepção é entender<br />
sinais como gestos, na verdade os sinais são palavras apesar de não serem orais auditivas. Os<br />
sinais são tão arbitrários quanto às palavras. A produção gestual na língua de sinais também<br />
acontece como observado nas línguas faladas. A diferença é que no caso dos sinais, os gestos<br />
também são visuais – espaciais tornando as fronteiras mais difíceis de ser estabelecidas. Os<br />
sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer ideias abstratas. Podemos falar sobre as<br />
emoções, os sentimentos, os conceitos em línguas de sinais, assim como em línguas faladas.<br />
145<br />
<strong>LIBRAS</strong>
MITO 2 – haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas<br />
surdas.<br />
DESMISTIFICAÇÃO: Esta ideia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de<br />
sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. Isto é uma falácia, pois as várias<br />
línguas de sinais que já foram estudadas são diferentes uma das outras. Assim como as línguas<br />
faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelos menos dois<br />
troncos identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. Provavelmente,<br />
a nossa língua de sinais pertence ao tronco das línguas de sinais que se originaram na<br />
língua de sinais francesas.<br />
MITO 3 – Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria derivada<br />
das línguas de sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às<br />
línguas orais.<br />
DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não poderiam<br />
apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Isso também não é verdadeiro,<br />
pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em segundo lugar as línguas de<br />
sinais independem das línguas faladas. Um exemplo que evidencia isso claramente é que a<br />
língua de sinais portuguesa é de origem inglesa e a língua de sinais brasileira é de origem francesa,<br />
mesmo sendo o português a língua falada nos respectivos países, ou seja, Portugal e Brasil.<br />
Como essas línguas de sinais pertencem a troncos diferentes elas são muito diferentes uma<br />
da outra. É claro que não podemos negar o fato de ambas as línguas estarem em contato principalmente<br />
entre os surdos letrados. O que se observa diante deste contato é que, assim como<br />
observado que entre línguas faladas em contato, existem alguns empréstimos linguísticos. Para,<br />
além disso, as línguas de sinais não têm relação com a língua falada do seu país. Elas são<br />
autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificados nas línguas faladas, ou<br />
seja, dispõem dos mesmos níveis linguísticos e são tão complexas quanto as línguas faladas.<br />
MITO 4 – A língua de sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo<br />
restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação<br />
oral.<br />
DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são tão complexas quanto as línguas<br />
faladas, esta afirmação não procede. Nós já vimos que a língua de sinais pode ser utilizada<br />
para inúmeras funções identificadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a língua<br />
de sinais para produzir um poema, uma história, um conto, uma informação, um argumento.<br />
Você pode persuadir, criticar, aconselhar, entre tantas outras possibilidades que se<br />
apresentam ao se dispor de uma língua. Assim, a língua de sinais não é inferior a nenhuma<br />
outra língua, mas sim, tão linguisticamente reconhecida quanto qualquer outra coisa.<br />
MITO 5 – As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes.<br />
146<br />
MARLENE CARDOSO
DESMISTIFICAÇÃO: A ideia de que as línguas de sinais seja gestual também reaparece<br />
neste mito. As pessoas pensam que as línguas de sinais são de fácil aquisição por estarem diretamente<br />
relacionados ao sistema gestual utilizado por todas as pessoas que falam uma língua.<br />
Como isso não é verdade, as línguas de sinais são tão difíceis de ser adquiridos quanto<br />
quaisquer outras línguas. Precisamos anos de dedicação para aprender a língua de sinais, mas<br />
com base neste mito, as pessoas pensam que sabem a língua de sinais por usarem alguns gestos<br />
e alguns sinais que aprendem nas aulas de línguas de sinais. A comunicação gestual é usada<br />
exclusivamente é extremamente limitada, pois torna inviável a comunicação relacionadas<br />
com questões abstratas. Assim, você vai precisar da língua de sinais para comunicar estas ideias.<br />
É verdade que você pode comunicar algumas coisas utilizando apenas gestos, assim como<br />
você faz quando chega em um país em que é falada uma língua desconhecida por você. Mas,<br />
também é verdade que você estará limitado à identificação direta entre o gesto e sua intenção,<br />
sem poder entrar em níveis de detalhamento necessário para transcorrer sobre um determinado<br />
assunto. Para transcorrer sobre um determinado assunto qualquer, você vai precisar de<br />
uma língua. No caso de comunicação com surdos, você vai precisar da língua de sinais.<br />
MITO 6 – As línguas de sinais por serem organizadas espacialmente, estariam representadas<br />
no hemisfério direito cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento<br />
de informação espacial, enquanto que o esquerdo pela linguagem.<br />
DESMISTIFICAÇÃO: As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemisférios<br />
apresentam evidencias de que as línguas de sinais são processadas linguisticamente no<br />
hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas faladas. Existe sim uma diferença que<br />
está relacionada com informações espaciais, pois estas, além de serem processadas no hemisfério<br />
esquerdo com suas informações linguísticas, são também processadas no hemisfério direito.<br />
Quanto às suas informações de ordem puramente espacial. Assim, parece haver um processamento<br />
até mais complexo do que observado em pessoas que usam a língua de sinais. As<br />
investigações concluem que as línguas de sinais é um sistema, que faz parte da linguagem humana,<br />
processado pelo hemisfério esquerdo e no hemisfério direito.<br />
Sugestão de filme<br />
Chegando ao final das nossas reflexões nesta disciplina, sugerimos mais dois filmes para<br />
refletir sobre tudo que estudamos juntos até aqui.<br />
Filme: E Seu Nome é Jonas (USA/1979)<br />
Jonas (And Your Name Is Jonah?)<br />
Resumo: Nesta produção vemos uma história em que é ensinada a língua de sinais para<br />
que uma criança surda possa sair do isolamento.<br />
147<br />
<strong>LIBRAS</strong>
148<br />
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL<br />
149<br />
<strong>LIBRAS</strong>
ESTUDO DE CASO<br />
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 4,<br />
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus<br />
colegas no fórum da disciplina.<br />
Caso 4<br />
Antonio nasceu surdo devido à mãe ter adquirido rubéola durante a gravidez. Hoje aos<br />
27 anos, não articula uma única palavra e ouve somente sons fortes como o barulho do trovão.<br />
A surdez não impede que Antônio seja uma pessoa bastante produtiva, envolvendo-se<br />
em várias atividades. Ele lidera a associação de surdos da sua cidade e trabalha como instrutor<br />
de <strong>LIBRAS</strong> em uma escola.<br />
Apesar disso, ele tem tido dificuldades para cumprir as exigências da rede regular de ensino<br />
e somente aos 26 anos, após repetir vários anos, conseguiu concluir o ensino médio, o<br />
que exibe para todos com muito orgulho o seu diploma.<br />
Questões:<br />
1. Qual a causa da surdez de Antonio? Explique o período natal que ocorreu.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
2. Considerando o caso de Marta (caso 3) e o de Antônio (caso 4) identifique a classificação<br />
da surdez de Marta, especificando a média da perda auditiva.<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
Vamos lá!<br />
Agora que você estudou e refletiu sobre a Libras, bem como sobre as questões relativas<br />
ao universo social dos surdos, podemos testar conhecimentos fazendo uma pequena<br />
revisão a partir de algumas questões do ENADE.<br />
Caso tenha dúvidas para responder as questões, busque rever os conteúdos discutidos<br />
ao longo deste texto.<br />
150<br />
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS<br />
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares<br />
QUESTÃO 01<br />
O interprete de libras é o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, nos últimos<br />
anos, a presença do interprete de língua de sinais, tem ganhado espaço. Sobre o interprete é<br />
aponte as alternativas verdadeiras e falsas:<br />
I. Devido ao desconhecimento da maioria da população sobre a Libras, torna-se<br />
necessário que existam intérpretes nos mais diversos setores da sociedade, públicos<br />
e privados.<br />
II. As condições essenciais para atuar como intérprete é ter domínio da Libras (e<br />
também da Língua Portuguesa) e, fundamental, da cultura da comunidade surda<br />
e ouvinte – além de boa audição.<br />
III. O intérprete deve adotar uma maneira de se vestir de acordo com seu gosto, podendo<br />
utilizar de adereços, acessórios sem nenhum problema.<br />
IV. A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilingue – bicultural.<br />
Assinale as alternativas corretas:<br />
a) I, II, III<br />
b) I, II, IV<br />
c) II, III, IV<br />
d) I, III, IV<br />
QUESTÃO 02<br />
Alguns bebês nascem ouvindo, já outros precisam de sua ajuda para terem esta oportunidade,<br />
ouvir é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem. O teste da orelhinha<br />
é um método eficaz e moderno para diagnosticar problemas de surdez em recémnascidos.<br />
Sobre a prevenção da surdez podemos desconsiderar que:<br />
a) Os bebês que nascem com problemas de audição de um ou dois ouvidos, necessitam<br />
receber ajuda nos primeiros anos de vida.<br />
b) O diagnóstico após os seis meses de idade traz prejuízos ao desenvolvimento do<br />
bebê e na relação com o meio à sua volta.<br />
151<br />
<strong>LIBRAS</strong>
c) O bebê com perda auditiva diagnosticada logo depois que nasce, e realizando o<br />
tratamento até os seis meses de idade apresentam desenvolvimento muito parecido<br />
com o de uma criança que não apresenta este problema.<br />
d) Todo recém-nascido pode apresentar problemas de audição ou adquiri-los nos<br />
primeiros anos de vida. Pode ocorrer mesmo sem casos de surdez na família ou<br />
outros fatores de risco.<br />
QUESTÃO 03<br />
A exclusão existe desde a antiguidade. Há povos que sacrificavam pessoas devido a sua<br />
deficiência. Não somente em Roma, mas também na Grécia antiga, os surdos eram considerados<br />
incapazes de raciocinar e insensíveis (SOUZA, 1998). Com base na afirmativa, sobre o<br />
processo histórico e social do surdo podemos afirmar que:<br />
I. no século XVI para que o surdo pudesse ter acesso a educação era necessário o<br />
domínio da Língua de Sinais.<br />
II. o uso da língua de sinais pelos surdos é um dos elementos que identifica a diferença<br />
e gera atitudes de anormalidade.<br />
III. os surdos eram considerados pessoas imprestáveis e amaldiçoadas e exterminados<br />
através de infanticídio "legalizado".<br />
IV. IV- a partir do Congresso de Milão de 1880 o ensino da fala passa a ocupar centralidade<br />
máxima como meio e fim da educação do surdo.<br />
Assinale as alternativas corretas:<br />
a) I, II, IV<br />
b) I, III, IV<br />
c) I, II, III<br />
d) II, III, IV<br />
QUESTÃO 04<br />
Leia o depoimento a seguir: “[...] o que mais marcou na minha vida na escola foi quando<br />
a professora disse para mim que fazer os sinais é muito feio, que eu era igualzinho a um macaco,<br />
disse que eu sou parecida com o macaco e me obrigava a não fazer os sinais, [...]” (depoimento<br />
de uma surda, 2005).<br />
Essa prática utilizada pela professora descrita acima apresenta características do modelo<br />
educacional:<br />
152<br />
MARLENE CARDOSO
a) Oralista que baseia-se na oralização como o objetivo principal da educação das<br />
crianças surdas.<br />
b) Bilinguista que considera o aprendizado tanto do oralismo como da língua de sinais<br />
como importantes para o crescimento da comunidade surda.<br />
c) Gestualista como filosofia educacional que utiliza na proposta de educação de<br />
surdos todas as formas de comunicação: gestos, mímica, audição e leitura labial.<br />
d) Comunicação Total como abordagem educacional que permite o uso dos sinais<br />
na educação dos surdos.<br />
QUESTÃO 05<br />
A educação para alunos surdos deverá apresentar serviços especializados com propostas<br />
pedagógicas de educação bilíngue que ofereça uma escolarização formal, na Educação Infantil,<br />
Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio. Com base nessa afirmativa e em seus conhecimentos<br />
sobre o processo de ensino aprendizagem, analise as afirmações que seguem.<br />
I. A criança surda ao chegar a uma sala de aula regular deverá ter acesso às atividades<br />
lúdicas, tais como jogos e brincadeiras iguais ao demais grupo.<br />
II. O professor ao planejar suas aulas deverá priorizar em sua prática docente atividades<br />
relativas à realidade da sua turma já que em geral os alunos surdos são excluídos<br />
dos trabalhos em grupo e das exposições orais.<br />
III. Os Jogos são recursos irrelevantes para a educação dos alunos surdos. Limitando<br />
seu desenvolvimento cognitivo e linguístico.<br />
IV. Os professores deverão ser capacitados para o atendimento às necessidades educacionais<br />
especiais dos alunos surdos utilizando atividades ilustrativas, com desenhos<br />
e imagens.<br />
Estão de acordo com o processo pedagógico apenas as afirmações:<br />
a) II, III e IV<br />
b) I, III e IV<br />
c) I, II e III<br />
d) I, II e IV<br />
153<br />
<strong>LIBRAS</strong>
154<br />
MARLENE CARDOSO
GLOSSÁRIO<br />
AASI – É aparelho de amplificação sonora individual,que aumenta os sons.<br />
ANÁLOGO – Algo que tem analogia ou semelhança com outra coisa.<br />
ANOMALIAS – Qualquer irregularidade ou anormalidade no organismo.<br />
ANÓXIA – Diminuição ou insuficiência de oxigenação do sangue para suprir as exigências<br />
metabólicas de um organismo humano vivo, especialmente no cérebro.<br />
ANOXIA PERINATAL – Mesmo que asfixia perinatal, falta de oxigenação no cérebro do feto<br />
durante o parto.<br />
AUDIOGRAMA – Gráfico demonstrativo do nível mínimo de audição que cada orelha consegue<br />
ouvir em várias frequências. A frequência (tonalidade) é medida em Hertz (Hz). A intensidade<br />
(volume) é medida em decibéis (dB).<br />
AUDIOMETRIA – Exame da audição realizado por meio de instrumentos que permite a avaliação<br />
da capacidade dos sons.<br />
BILINGUE – Pessoa que se comunica em duas línguas.<br />
BILINGUISMO – Vertente de profissionais que considera que o surdo deve adquirir a língua<br />
dos sinais como língua materna, com a qual poderá desenvolver-se e comunicar-se com a comunidade<br />
de surdos, e a língua oficial de seu país como segunda língua.<br />
COMUNICAÇÃO TOTAL – Utilização de todos os recursos linguísticos, orais ou visuais,<br />
simultaneamente, privilegiando a comunicação, e não apenas a língua.<br />
CÓCLEA – Porção do ouvido interno dos mamíferos, popularmente: caracol.<br />
D.A – Deficiente Auditivo.<br />
DACTILOLOGIA – Utilização do alfabeto manual para comunicação com o surdo.<br />
DIAGNÓSTICO – Processo realizado por especialista (médico, psicólogo, fonoaudiólogo etc.)<br />
para conhecer a condição (física, orgânica, psicológica etc.) de um indivíduo. Conclusão de<br />
avaliação diagnóstica de um indivíduo.<br />
EMBRIÃO – É o bebê em seu primeiro estágio de desenvolvimento no ventre da mãe.<br />
FONOAUDIOLOGO – Profissional que trabalha com a articulação da fala, percepção dos<br />
sons.<br />
FOTOFOBIA – Hipersensibilidade à luz.<br />
GENÉTICA – Ramo da biologia que estuda as leis de transmissão de caracteres hereditarios<br />
nos indivíduos.<br />
HIPOACUSIA – Hipoacústico aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou<br />
sem.<br />
155<br />
<strong>LIBRAS</strong>
INSULINA – Hormônio segregado pelo pâncreas.<br />
LS – Línguas de Sinais.<br />
L1 – Primeira língua (Materna).<br />
L2 – Segunda língua.<br />
LEITURA LABIAL – É um treino para identificação da palavra falada através da decodificação<br />
dos movimentos orais.<br />
<strong>LIBRAS</strong> – Língua Brasileira de Sinais – é um termo usado para a língua de sinais da comunidade<br />
surda brasileira.<br />
LIMIAR AUDITIVO – Padrão de normalidade para os limiares de audiometria.<br />
LÍNGUA – Um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos.<br />
LINGUAGEM – Sistema de comunicação natural ou artificial.<br />
LINGUAGEM DOS SIGNOS – Expressão usada para identificar línguas de sinais.<br />
NEONATOS – Recém-nascidos.<br />
NERVO COCLEAR – Nervo internamente ligado a cóclea.<br />
ORALISMO – Método de ensino para surdos que entende como sendo a maneira mais eficaz<br />
de ensinar um indivíduo surdo é através de da língua oral.<br />
OUVINTE – Indivíduo que não pertence à comunidade de surdos.<br />
OXIGENAÇÃO – Aumento de oxigênio.<br />
PERINATAL – Período durante o nascimento.<br />
PÓS–NATAL – Período após o nascimento.<br />
PERÍODO PRÉ-NATAL – Período anterior ao parto, ou seja, durante a gravidez.<br />
SONORO – Conjunto de todos as ondas que compõem os sons audíveis e não audíveis pelo<br />
ser humano.<br />
SURDEZ – Enfraquecimento ou abolição do sentido da audição<br />
SURDO MUDO – Mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo.<br />
156<br />
MARLENE CARDOSO
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