PETRÓLEO E ESTADO

Capítulo 6 - Tempo de conflitos 79
Arquivo Público do Estado de São Paulo/DEOPS
Em 21 de março de 1941, Monteiro Lobato foi preso, após acusar inúmeras vezes o governo brasileiro de atender interesses estrangeiros
de dirigir o CNP por rumos que fugiam à sua
missão, para atender aos “interesses do imperialismo
da Standard Oil e da Royal Dutch”. Estas
duas empresas, segundo o escritor, esperavam
apenas que os empresários nacionais falhassem
para dominar a exploração do petróleo no País.
Vargas encaminhou o documento ao general
Horta Barbosa, que respondeu contestando
cada uma das acusações de Lobato. Usando
ironia em um trecho de seu longo ofício, comentou
que o criador de Jeca Tatu inventara
“a fórmula mágica que resolveria todas as dificuldades
do Brasil” e uma “receita admirável”
para suas empresas. “[...] tudo se resumiria em
dar-lhe o que lhes falta: técnicos e dinheiro e
isso justamente pelo governo que o missivista
afirma não possuir recursos para tal.” 135
Indignado com as acusações de Monteiro Lobato,
Horta Barbosa solicitou ao Tribunal de
Segurança Nacional a abertura de um inquérito
contra o escritor. Do processo por calúnia, resultou
a condenação de Lobato a seis meses
de prisão. Preso em fevereiro de 1941 para ser
julgado, Lobato foi inocentado, mas voltou à
carga com agressividade ainda maior. Por ocasião
do aniversário de Getúlio Vargas, sugeriu a
utilização do presidente e dos demais membros
do CNP como combustível para as caldeiras das
sondas. Levado a julgamento perante o Tribunal
de Segurança Nacional pela segunda vez, não
escapa da prisão. 136
135. HORTA BARBOSA (1881-1965) [Arquivo HB]. Ofício de Horta Barbosa ao presidente Getúlio Vargas, datado de 22 de agosto de 1940. FGV-
CPDOC, Arq. Horta Barbosa, HB, dossiê HB pet 1936.09.16
136. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 88.