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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 4 - Anos de estruturação e fortalecimento 67<br />

Horta Barbosa<br />

encaminhou a Vargas<br />

projeto de decreto-lei<br />

propondo que tudo o<br />

que se relacionasse com<br />

a indústria do refino<br />

fosse revertido à União.<br />

FGV/CPDOC - Arquivo Getúlio Vargas<br />

a Standard Oil pudesse de algum modo recuperar<br />

os campos petrolíferos bolivianos, que tinham<br />

sido expropriados pela YPFB.<br />

Assim, pressionado pelo tempo e pelas propostas<br />

de novas refinarias que, muitas vezes, traziam<br />

o empresário nacional associado às empresas estrangeiras,<br />

Horta Barbosa encaminhou a Vargas<br />

projeto de decreto-lei propondo que tudo aquilo<br />

que se relacionasse com a indústria do refino – terrenos,<br />

prédios, máquinas e veículos – fosse revertido<br />

à União. A divulgação deste projeto provocou<br />

grande reação, não apenas por parte das empresas<br />

estrangeiras que atuavam no setor, mas também<br />

de segmentos da burocracia estatal. As dificuldades<br />

surgidas se traduziram na demora da aprovação<br />

do projeto do CNP, trazendo à tona os limites<br />

da força do órgão e de seu presidente – apesar do<br />

apoio de Vargas.<br />

Em julho de 1941, o CNP submeteu a Vargas resolução<br />

propondo que o refino do petróleo fosse<br />

exercido exclusivamente pela União. Essa medida<br />

era justificada por Horta Barbosa como a “solução<br />

Getúlio Vargas com o embaixador da Bolívia, David Alvestegui, no Palácio do Catete (RJ), em outubro de 1944<br />

que melhor consultava os interesses nacionais”, 110 do CSN, em março de 1942, dizia textualmente: “A<br />

desconsiderando assim o capital privado nacional solução que melhor atenderia aos interesses nacionais<br />

seria a instituição da indústria de destila-<br />

e os governos estaduais, em uma menção implícita<br />

aos projetos apresentados pelos governos de São ção do petróleo, em princípio, como monopólio da<br />

Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. A grande vantagem União”. 113 Vargas, porém, mais uma vez não se definiu<br />

quanto à solução da questão, preferindo enca-<br />

do novo projeto era apresentar o Estado como parte<br />

neutra, o que permitiria um controle efetivo sobre<br />

os preços. 111 Outra vantagem era o fato de que se esperar, fez várias restrições, e o documento foi<br />

minhar o projeto de lei ao DASP, que, como era de<br />

os lucros elevados obtidos com o monopólio do mais uma vez devolvido para o CNP, para estudos.<br />

refino poderiam ser investidos no setor de exploração,<br />

suprindo assim a deficiência de recursos, o A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial alterou<br />

as prioridades e a linha de ação do CNP. Nessa<br />

que também significava, de certo modo, contornar<br />

o controle orçamentário definido pelo DASP. nova conjuntura, o órgão se viu obrigado a transferir<br />

suas atenções para questões mais pontuais decorrentes<br />

do conflito, como racionamento, estocagem<br />

Por determinação do Presidente da República, o<br />

projeto foi encaminhado ao Conselho de Segurança<br />

Nacional e por este analisado. 112 O parecer tuição do monopólio estatal no setor de<br />

e distribuição, deixando em segundo plano a consti-<br />

refino.<br />

110. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Ofício nº 2.664, de 10 de julho de 1941. Relatório de 1942, CNP, Brasília, 1942.<br />

111. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 64.<br />

112. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Relatório de 1942, Brasília, p. 26.<br />

113. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Ofício nº 1.238, de 9 de março de 1942. Relatório de 1942, CNP, Brasília, 1942.

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