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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 17 - O Departamento Nacional de Combustíveis 201<br />

gasolina e do álcool hidratado, a partir da refinaria,<br />

em 92% do mercado. Em agosto, teve lugar a<br />

eliminação do controle, pelo Governo Federal, das<br />

margens de distribuição, revenda e fretes de GLP,<br />

e três meses depois foram iniciados os processos<br />

de destroca e de requalificação de botijões, com<br />

vistas à liberação do preço do produto.<br />

Além disso, tiveram prosseguimento várias medidas<br />

iniciadas anteriormente, como a redução do<br />

subsídio ao álcool combustível; a vinculação do<br />

preço do asfalto no mercado brasileiro aos preços<br />

do mercado internacional; e a flexibilização da logística<br />

de suprimento de álcool anidro, tornando<br />

possível a compra direta do produto pelas distribuidoras<br />

junto aos produtores.<br />

Outras importantes iniciativas no campo da desregulamentação<br />

do álcool anidro foram tomadas<br />

em 1997 pelo DNC, juntamente com a Secretaria<br />

de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério<br />

da Fazenda, o Ministério da Indústria, Ciência<br />

e Tecnologia e a Petrobras. Assim, o regime<br />

de preços liberados para os produtores do álcool<br />

anidro, misturado à gasolina na proporção de<br />

22%, entrou em vigor no dia 1º de maio, após nove<br />

meses de discussão envolvendo, além dos órgãos<br />

governamentais, representantes de produtores<br />

de cana, fabricantes de álcool e distribuidoras de<br />

combustíveis. Até então, a Petrobras fazia a intermediação,<br />

adquirindo de usinas e destilarias o<br />

álcool anidro e revendendo o produto às distribuidoras<br />

de combustíveis. Com a liberação, o preço<br />

deixou de ser fixado pelo governo, sendo negociado<br />

entre as partes envolvidas. Por conseguinte,<br />

as vendas passaram a ser feitas diretamente pelos<br />

produtores às distribuidoras por meio de contratos<br />

de fornecimento. As distribuidoras tornaram-<br />

-se responsáveis pela mistura do álcool anidro à<br />

gasolina em todo o Brasil, utilizando os dutos, terminais<br />

e navios da Petrobras.<br />

O fim do monopólio<br />

da Petrobras foi<br />

uma das medidas<br />

do governo<br />

de Fernando<br />

Henrique Cardoso.<br />

Em janeiro de 1997, os postos foram liberados<br />

para comercializar combustível de qualquer distribuidora.<br />

Essa medida do DNC visava aumentar<br />

a concorrência, mas não foi bem recebida pelas<br />

grandes distribuidoras, que apontavam o risco de<br />

ter seus produtos misturados a outros de qualidade<br />

não assegurada. 308<br />

Nessa ocasião, a revenda de derivados de petróleo<br />

era feita por aproximadamente 64 mil empresas<br />

(micro e pequenas empresas, em sua grande maioria),<br />

vinculadas a uma distribuidora específica. O<br />

DNC acompanhava as atividades desenvolvidas em<br />

um grande número de bases de distribuição, principais<br />

e secundárias, localizadas em todo o território<br />

brasileiro. Em 1995, 70 distribuidoras de combustíveis<br />

líquidos e 18 de GLP possuíam e operavam cerca<br />

de 200 instalações destinadas ao recebimento,<br />

armazenamento e movimentação desses produtos.<br />

As unidades de refino – onze da Petrobras e duas<br />

particulares – encontravam-se interligadas por<br />

dutovias aos terminais marítimos, dos quais recebiam<br />

o petróleo a ser processado. Em 1995, a capacidade<br />

total de refino era de aproximadamente<br />

1.560.000 barris por dia.<br />

O DNC tinha sob sua supervisão um amplo sistema<br />

de distribuição, constituído por nove terminais<br />

marítimos e 13 refinarias. Os terminais, todos de<br />

propriedade da Petrobras e distribuídos ao longo<br />

do litoral brasileiro, desempenhavam importante<br />

função no abastecimento, já que 40% do petróleo<br />

consumido no País provinham do exterior<br />

por via marítima (dados de 1995). Os terminais<br />

eram também responsáveis pela movimentação<br />

dos derivados produzidos nas refinarias, tanto os<br />

que atendiam à navegação de cabotagem quanto<br />

aqueles direcionados para exportação.<br />

Para fazer frente a essas atribuições, o DNC contava<br />

com apenas 232 funcionários em 1997, sendo<br />

99 de nível superior e 133 de nível médio. Um<br />

número muito baixo em relação à equipe do CNP<br />

nos anos 1980, que chegou a comportar cerca de<br />

1.000 pessoas. Em 14 de janeiro de 1998, o Departamento<br />

Nacional de Combustíveis foi extinto e<br />

foi criada a Agência Nacional do Petróleo – ANP.<br />

308. ROCHA, Juliana Alves da. Padrões de concorrência e estratégias empresariais no setor de distribuição de derivados de petróleo no Brasil.<br />

Rio de Janeiro, 2002.

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