PETRÓLEO E ESTADO
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Capítulo 17 - O Departamento Nacional de Combustíveis 199<br />
A continuidade da desregulamentação<br />
Em crescente desgaste desde meados de 1991<br />
e sem ter conseguido conter a inflação, o governo<br />
de Fernando Collor foi alvo de denúncias<br />
que levaram à formação de uma Comissão<br />
Parlamentar de Inquérito. A CPI recomendou<br />
seu afastamento, em 1992, e ele renunciou à<br />
Presidência da República, sendo substituído<br />
pelo vice-presidente Itamar Franco. Durante o<br />
governo de Itamar, foi executado um programa<br />
de privatizações que atingiu a Companhia Siderúrgica<br />
Nacional (CSN), a Aço Minas Gerais<br />
(Açominas) e a Companhia Siderúrgica Paulista<br />
(Cosipa). Duas empresas ligadas ao sistema<br />
Petrobras, a Petroquímica União e a Ultrafértil,<br />
foram vendidas.<br />
Duas empresas<br />
ligadas ao<br />
sistema Petrobras<br />
foram vendidas<br />
no governo Itamar:<br />
a Petroquímica<br />
União e a<br />
Ultrafértil.<br />
Auxiliadora Vieira deixou a direção do DNC em<br />
dezembro de 1992, já no governo Itamar Franco, e<br />
o ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero, nomeou<br />
Marcello Guimarães Mello para o cargo, em<br />
janeiro de 1993. O novo diretor considerava que o<br />
mercado de distribuição de combustíveis deveria<br />
contar com a participação de novos agentes, para<br />
diminuir a preponderância das multinacionais. Foram<br />
então abrandadas as exigências de natureza<br />
técnica para abertura de companhias distribuidoras<br />
e o número de empresas passou de cerca<br />
de dez para cerca de 400. A competição acirrada<br />
desse novo cenário, no entanto, não representou<br />
ganhos para o consumidor em termos de preço<br />
e qualidade. 304 Em novembro de 1993, Guimarães<br />
deixou a direção do DNC, sendo substituído interinamente<br />
por José César da Fonseca até abril de<br />
1994, quando o economista Paulo Toshio Motoki<br />
foi nomeado para o cargo.<br />
Ainda na gestão do diretor interino, foi anunciado<br />
o fim do subsídio dos fretes do GLP, medida<br />
que resultaria em preços diferenciados para o<br />
produto conforme a região do País. Até então,<br />
para equalizar os preços, o Governo Federal<br />
subsidiava integralmente o frete do gás, o que<br />
onerava os cofres públicos em mais de US$ 11<br />
milhões mensais. 305 O fim do subsídio visava<br />
evitar fraudes na distribuição de GLP: segundo<br />
o então ministro interino de Minas e Energia,<br />
José Israel Vargas, a emissão de notas falsas<br />
de frete causava prejuízos de US$ 35 milhões a<br />
US$ 40 milhões por ano. Esse tipo de subsídio<br />
para o GLP foi mantido apenas nas regiões mais<br />
distantes, onde o valor do frete fosse superior<br />
a 20% do preço do botijão de gás no posto de<br />
revenda. Nas demais regiões, o governo decidiu<br />
ampliar o universo de aplicação do chamado<br />
Vale-Gás, utilizando para isso uma parte dos<br />
recursos que eram gastos no subsídio do frete.<br />
Assim, o número de famílias beneficiadas pelo<br />
programa subiu de 4,7 milhões para 6 milhões.<br />
Durante a gestão de Motoki no DNC, entre os<br />
preparativos para a liberação de preços no setor,<br />
foi constituído um grupo de auditoria, por<br />
ordem do Presidente da República, para um<br />
levantamento minucioso das práticas da Petrobras<br />
nos cálculos de preço, conta petróleo<br />
etc. Paulo Motoki tinha como parceiro o secretário-geral<br />
de Preços do Ministério da Fazenda,<br />
Milton Dallari, e os dois buscaram diminuir gradualmente<br />
o subsídio ao frete, aplicando nisso<br />
uma parte do aumento do preço final da gasolina.<br />
306 Outra medida importante, em 1995, foi a<br />
liberação do preço da nafta petroquímica, aos<br />
níveis do mercado internacional.<br />
Paulo Motoki deixou a direção do DNC em<br />
agosto de 1995, durante a gestão do ministro de<br />
Minas e Energia Raimundo Brito, já no governo<br />
Fernando Henrique Cardoso.<br />
304. SILVA, 2005.<br />
305. COMBUSTÍVEL SOBE 18,5%: reduzido subsídio do gás. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 fev. 1994. Dísponivel em: < http://www1.folha.uol.com.<br />
br/fsp/1994/2/24/dinheiro/10.html>.<br />
306. SILVA, 2005.