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PETRÓLEO E ESTADO

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188 Petróleo e Estado<br />

A gestão de França Domingues<br />

Arquivo ANP<br />

França Domingues<br />

O primeiro ministério do governo Sarney, organizado<br />

por Tancredo Neves, incluiu políticos<br />

que haviam apoiado o regime militar. Era este o<br />

caso de Aureliano Chaves, Vice-Presidente da<br />

República durante o governo do general João<br />

Batista Figueiredo, que foi nomeado para a pasta<br />

das Minas e Energia no primeiro governo civil<br />

em 20 anos. Em junho de 1985, a presidência<br />

do CNP, órgão que fazia parte da estrutura do<br />

MME, foi confiada ao general Roberto França<br />

Domingues, indicado pelo próprio Aureliano.<br />

A nomeação de um general para o primeiro<br />

mandato do CNP na Nova República mantinha<br />

uma longa tradição: em toda a existência do<br />

Conselho, de 1938 a 1990, apenas um presidente<br />

não era militar. Na própria Petrobras, a tutela<br />

militar esteve presente em diversos períodos.<br />

De 1969 a 1973, por exemplo, a empresa intensificou<br />

a exploração no mar e ampliou sua atuação<br />

por meio de novas subsidiárias, sob a presidência<br />

do gen. Ernesto Geisel, que logo depois<br />

assumiria a Presidência da República.<br />

Além da tradição e das preocupações de segurança<br />

nacional, a presença militar no setor<br />

do petróleo tinha outro motivo: tratava-se de<br />

cargos mal remunerados, que não despertavam<br />

ambições de profissionais de outras áreas. Cabe<br />

salientar que a presença de militares não se restringia<br />

à presidência do Conselho: na última diretoria<br />

do CNP, quatro dos cinco diretores eram<br />

coronéis, assim como o chefe de gabinete e o<br />

chefe da Divisão de Administração. 288<br />

O general França Domingues permaneceu à<br />

frente do CNP durante todo o governo Sarney.<br />

Logo no início de sua gestão, ele determinou<br />

a volta ao funcionamento normal dos postos<br />

de serviços. O racionamento de gasolina havia<br />

terminado e não havia mais necessidade de se<br />

restringir o horário de funcionamento, mas os<br />

donos de muitos postos continuavam fechando<br />

os estabelecimentos aos sábados e domingos,<br />

porque era mais econômico mantê-los fechados.<br />

Foi necessário que o CNP atuasse com rigor<br />

para conseguir que os postos voltassem a<br />

atender todos os dias.<br />

Desde 1986, o CNP passou a integrar a Comissão<br />

Nacional de Energia, órgão de natureza<br />

transitória, com a finalidade de “assessorar o<br />

Presidente da República na formulação e execução<br />

de uma Política Nacional de Energia,<br />

bem como no estabelecimento de diretrizes<br />

com vistas à obtenção da autossuficiência<br />

nacional em matéria de energia”. 289 As subcomissões<br />

temáticas, que estudavam os diversos<br />

segmentos energéticos, como energia nuclear,<br />

carvão, petróleo e álcool, traziam aporte<br />

de conhecimento à Comissão. Além do CNP,<br />

tinham assento nessa Comissão o Departamento<br />

Nacional de Águas e Energia Elétrica<br />

(DNAEE), o Departamento Nacional de Produção<br />

Mineral (DNPM), Petrobras, Eletrobrás,<br />

Siderbrás, Ministério da Fazenda, Ministério do<br />

Planejamento, Ministério da Indústria e Comércio<br />

e segmentos da área privada. Foi extinta ao<br />

final do governo Sarney. 290<br />

288. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Conselho Nacional do Petróleo: 50 anos de história. Brasília, 1988.<br />

289. BRASIL. Decreto nº 92.404, de 19 de fevereiro de 1986. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Poder Executivo, Brasília, DF, 20<br />

fev. 1986. Seção 1, p. 2701.<br />

290. SILVA, Carlos Orlando. Carlos Orlando Silva: depoimento [2005]. Rio de Janeiro; FGV, CPDOC, 2005. (Projeto Agência Nacional do Petróleo).

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