PETRÓLEO E ESTADO
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186 Petróleo e Estado<br />
CAPÍTULO 16<br />
DESESTATIZAÇÕES<br />
NA NOVA REPÚBLICA<br />
A campanha das diretas e o governo Sarney<br />
Os problemas econômicos, políticos e sociais acumulados<br />
em duas décadas de regime militar, além<br />
do anseio pela democracia plena, desembocaram<br />
na campanha das Diretas-Já, que mobilizou expressiva<br />
parcela da população brasileira. Embora<br />
a emenda constitucional das eleições diretas para<br />
a Presidência da República não tenha obtido votos<br />
suficientes no Congresso Nacional, os militares<br />
não continuariam no poder: em janeiro de 1985, o<br />
Colégio Eleitoral elegeu para a chefia do governo<br />
um líder da oposição moderada, Tancredo Neves,<br />
que adoeceu antes de tomar posse, vindo depois<br />
a falecer, e foi substituído pelo vice-presidente<br />
eleito José Sarney.<br />
As tentativas de combate à inflação durante<br />
o governo Sarney (1985-1990), em sucessivos<br />
planos de estabilização econômica, refletiram-<br />
-se no desempenho das empresas estatais e<br />
colocaram em xeque o papel do Estado brasileiro<br />
como agente primordial do desenvolvimento.<br />
Gradativamente se impôs no governo e<br />
em alguns setores da sociedade a visão de que<br />
a presença do Estado deveria ser reduzida, por<br />
meio de políticas de desregulamentação em<br />
diversos setores, privatização de empresas estatais<br />
e concessões de atividades econômicas<br />
e serviços públicos, com vistas à contenção do<br />
déficit público, além do incremento dos investimentos,<br />
da eficiência e da competitividade.<br />
O I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova<br />
República, baixado ainda em 1985, já deixava<br />
clara essa orientação. O Estado passaria a atuar<br />
como prestador de serviços públicos essenciais,<br />
só desempenhando atividades produtivas naquelas<br />
áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento<br />
nacional de longo prazo, e de forma<br />
complementar à iniciativa privada. Essa perspectiva<br />
também estava presente no Programa Federal<br />
de Desestatização, instituído em março de<br />
1988, que tinha por objetivos:<br />
I - transferir para a iniciativa privada<br />
atividades econômicas exploradas pelo<br />
setor público;<br />
II - concorrer para diminuição do déficit<br />
público;<br />
III - propiciar a conversão de parte da<br />
dívida externa do setor público federal<br />
em investimentos de risco, resguardado<br />
o interesse nacional;<br />
(...)<br />
VII - proceder à execução indireta de<br />
serviços públicos por meio de concessão<br />
ou permissão;<br />
VIII - promover a privatização de<br />
atividades econômicas exploradas,<br />
com exclusividade, por empresas<br />
estatais, ressalvados os monopólios<br />
constitucionais. 287<br />
Ao longo do governo Sarney, foram privatizadas<br />
17 empresas públicas produtoras de bens<br />
industriais.<br />
287. BRASIL. Decreto nº 95.886, de 29 de Março de 1988. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Poder Executivo, Brasília, DF, 30 mar.<br />
1988. Seção 1, p. 5837.