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PETRÓLEO E ESTADO

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174 Petróleo e Estado<br />

Persistência recompensada<br />

Teve início em 1971, na gestão do general Ernesto<br />

Geisel como presidente da Petrobras, a<br />

perfuração do primeiro poço na Bacia de Campos,<br />

com base em levantamentos geológicos,<br />

sísmicos e gravimétricos que vinham sendo<br />

feitos desde 1968. Dois anos depois, sete<br />

poços – em profundidades de lâmina d’água<br />

pouco superiores a 60 metros – não tiveram<br />

sucesso: foram considerados secos.<br />

Para se alcançar<br />

o calcário da<br />

Formação Macaé,<br />

faltavam 200<br />

metros. A decisão<br />

foi continuar<br />

a perfuração.<br />

Outros poços começaram a ser perfurados em<br />

1973, pois havia possibilidade de se encontrar<br />

petróleo nas rochas calcárias da Formação Macaé,<br />

a 3.500 metros de profundidade, mas a perfuração<br />

era difícil e avançava muito lentamente.<br />

Parte da equipe da plataforma Petrobras II (navio-sonda<br />

construído no Japão, em 1971) queria<br />

interromper as operações, que já se estendiam<br />

por vários meses naquela área, sem resultado. 277<br />

A intenção de abandonar os trabalhos de perfuração<br />

na bacia de Campos chegou ao conhecimento<br />

do chefe da Divisão de Exploração da<br />

Petrobras, Carlos Walter Marinho Campos. Ele<br />

estivera em viagem de observação no Oriente<br />

Médio, onde verificou que poços de até 5 mil<br />

metros de profundidade, em zonas calcárias,<br />

estavam produzindo grandes volumes de petróleo.<br />

Para se alcançar o calcário da Formação<br />

Macaé, faltavam 200 metros. A decisão<br />

da Petrobras foi continuar a perfuração até a<br />

profundidade prevista, como ele mesmo conta<br />

em depoimento ao CPDOC/FGV:<br />

O general Geisel achou que eu, como<br />

chefe da ExpIoração, devia conhecer<br />

as outras partes do mundo, conversar<br />

com outras pessoas, e me mandou<br />

fazer uma viagem com o diretor<br />

da Braspetro José Inácio Fonseca.<br />

(...) Eu fiquei impressionado, no Iraque,<br />

com a produção de óleo de calcário<br />

em profundidades da ordem<br />

de quatro, cinco mil metros, quando<br />

geralmente o arenito, que é o nosso<br />

produtor tradicional, abaixo de<br />

2.500, três mil metros, já vai ficando<br />

com uma porosidade e permeabilidade<br />

reduzidas. Praticamente não<br />

se conhecia produção de petróleo<br />

nessas profundidades e aquilo me<br />

impressionou. Quando cheguei aqui,<br />

(...) o homem que controlava os poços<br />

pioneiros em perfuração pôs em<br />

cima da minha mesa um telex, dizendo:<br />

“Abandonar o poço Rio de Janeiro<br />

nº 7.” E eu achei que não, que se<br />

devia furar mais duzentos metros.<br />

Furaram-se mais duzentos metros e<br />

houve uma indicação magnífica de<br />

petróleo no topo do calcário Macaé,<br />

que é um calcário produtor de petróleo<br />

na bacia do Rio de Janeiro. Nos<br />

testes com esse poço não se conseguiu<br />

produzir petróleo: era microporosidade,<br />

não era, discute-se e tal,<br />

não se conseguiu. Mas houve o primeiro<br />

show de petróleo realmente<br />

bom na bacia de Campos. Em vista<br />

disso, a sonda, que já estava abandonando<br />

o poço para mudar de bacia,<br />

porque já era o sétimo poço, foi para<br />

a locação Rio de Janeiro nº 9, que foi<br />

o poço descobridor. 278<br />

Aquela zona calcária saturada de óleo a 3.500<br />

metros de profundidade, no poço 1-RJS-9, embora<br />

não tivesse vazão comercial, justificava<br />

o prosseguimento das perfurações. O ano de<br />

1974 já chegava ao fim quando, em novembro,<br />

o poço chegou a 3.750 metros e encontrou o<br />

campo de petróleo de Garoupa: uma coluna de<br />

277. MORAIS, José Mauro de. Petróleo em águas profundas: uma história tecnológica da Petrobras na exploração e produção offshore. Brasília,<br />

DF: IPEA: Petrobras, 2013. p. 114.<br />

278. CAMPOS, Carlos Walter Marinho. Carlos Walter Marinho Campos: depoimento [1988]. Rio de Janeiro: FGV, CPDOC; Petrobras, SERCOM, 1988. p 146.

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