PETRÓLEO E ESTADO
1RZuvmj
1RZuvmj
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
160 Petróleo e Estado<br />
CAPÍTULO 14<br />
O “MILAGRE BRASILEIRO”<br />
E OS CHOQUES DO <strong>PETRÓLEO</strong><br />
Da recessão ao crescimento<br />
Arquivo ANP<br />
O general Araken de Oliveira foi presidente do CNP<br />
e posteriormente da Petrobras<br />
Os militares que assumiram o poder em abril de<br />
1964 não haviam definido, por ocasião do golpe, os<br />
detalhes de um novo modelo de desenvolvimento<br />
para o País. O foco naquele momento era a crise<br />
política, embora os problemas econômicos, sociais<br />
e políticos estivessem combinados, influenciando-se<br />
reciprocamente e gerando uma situação de<br />
crise. O processo de substituição de importações,<br />
de vital importância para o desenvolvimento econômico<br />
brasileiro do pós-guerra, dava claros sinais<br />
de esgotamento. Entre 1957 e 1961, a média anual de<br />
crescimento da economia havia sido de aproximadamente<br />
6,9 %, porém, nos anos de 1962 a 1964, ela<br />
caiu para menos da metade: 3,4%. Foi nesse quadro<br />
recessivo da economia nacional, agravado pela crise<br />
política e por uma crescente mobilização social, que<br />
ocorreu a deposição do presidente João Goulart.<br />
O acentuado fortalecimento do Executivo garantiu<br />
ao governo militar condições para a formulação e a<br />
execução de uma política econômica, sem espaço<br />
para contestações, calcada em duas linhas-mestras:<br />
criar condições para financiar os investimentos<br />
necessários à retomada do crescimento; e fornecer<br />
as bases institucionais adequadas à instauração da<br />
eficácia do mercado como elemento ordenador da<br />
economia. Estabelecia-se dessa forma uma nova<br />
estratégia nas relações Estado-empresariado, que<br />
procurava facilitar a organização e a gestão da vida<br />
econômica com base na hegemonia de poucas e<br />
grandes empresas em cada setor.<br />
De 1964 a 1967, a crise foi enfrentada praticando-se<br />
uma recessão calculada, considerada necessária ao<br />
estabelecimento de um novo ciclo econômico. O<br />
final da década de 1960 e os primeiros anos da década<br />
seguinte, mais precisamente entre os anos de<br />
1968 e 1974, registraram taxas recordes de crescimento<br />
econômico. Esse período ficou conhecido<br />
como o “milagre” brasileiro. Em 1973, o crescimento<br />
da economia chegou aos 11,4%, algo inédito na<br />
história do País. Os principais responsáveis por esse<br />
boom foram a neutralização da taxa de inflação, o<br />
estímulo às exportações (sobretudo de manufaturados),<br />
o incremento das poupanças privadas, os<br />
vultosos investimentos públicos em obras de infraestrutura<br />
e a importação de capitais. Com efeito,<br />
as empresas multinacionais desempenharam um<br />
papel central na expansão da economia brasileira<br />
durante esses anos. 253<br />
253. MEMÓRIA DA ELETRICIDADE, 1988, p. 191-194.