PETRÓLEO E ESTADO
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154 Petróleo e Estado<br />
FGV/CPDOC - Arquivo Tancredo Neves<br />
O presidente do CNP, Carlos Meireles Vieira, também<br />
prestou depoimentos à Comissão, sendo<br />
duramente questionado por Antônio Carlos Magalhães.<br />
“Sofri um verdadeiro massacre. Foram<br />
cinco ou seis horas de perguntas de algibeira”,<br />
relata ele, lembrando que “os representantes das<br />
empresas particulares passavam bilhetinhos para<br />
os deputados, para fazer perguntas”. 251<br />
Tancredo Neves foi primeiro-ministro do Brasil por apenas dez meses. O regime presidencial foi reinstaurado em 1963<br />
ficava autorizada a distribuir derivados de petróleo<br />
em todo o território nacional, de acordo com as origens das supostas pressões do Executivo<br />
parlamentar de inquérito (CPI) para investigar<br />
sua capacidade e com os preços fixados pelo contra o Congresso. Intimado a depor nesta CPI,<br />
Conselho. Essa decisão foi tomada com base na o presidente da Petrobras, general Albino Silva,<br />
experiência acumulada pela empresa desde maio declarou na ocasião que não tinha conhecimento<br />
de campanhas de trustes e cartéis internacio-<br />
de 1962, quando começou a distribuir derivados<br />
de petróleo aos órgãos governamentais.<br />
nais contra o fornecimento de combustíveis pela<br />
Petrobras diretamente à Marinha brasileira. Admitiu,<br />
no entanto, que eles tentavam influenciar<br />
A reação das forças contrárias ao monopólio<br />
estatal forçou a convocação de uma comissão a opinião pública.<br />
Em meio ao processo de radicalização, o próprio<br />
CNP tornou-se palco de questões em torno do<br />
abastecimento do GLP, por conta do descontentamento<br />
que havia no setor com o ordenamento<br />
dado a esse mercado desde a revogação da Resolução<br />
nº 1/61. Assim, o Conselho dedicou atenção<br />
especial à revisão desta questão, abordando-a em<br />
seus diferentes aspectos (produção, importação,<br />
armazenamento, distribuição e consumo) e procurando<br />
estar de acordo com os termos da mensagem<br />
presidencial de 1963, na qual João Goulart<br />
enfatizara a urgência de libertar o País da necessidade<br />
de importar quantidades crescentes de “produtos<br />
nobres”, como o GLP. O ano de 1963 começou<br />
com a aprovação da Resolução nº 1/63, através<br />
da qual o CNP estabelecia normas e critérios para<br />
a apuração das quantidades de GLP em tanques<br />
e para a determinação das quantidades recebidas<br />
pelas distribuidoras, por via marítima ou por gasoduto.<br />
Do mesmo modo, foi criada uma comissão<br />
especialmente para verificar a aplicação feita pelas<br />
concessionárias a uma parcela ponderável da estrutura<br />
de preços, o que implicava maior controle<br />
sobre o abastecimento deste produto. Paralelamente,<br />
o Presidente da República criou um grupo<br />
de trabalho destinado a disciplinar o abastecimento<br />
de GLP com a instalação de novos depósitos de<br />
armazenamento pelas concessionárias.<br />
251. VIEIRA, C. M., 2005.