01.02.2016 Views

PETRÓLEO E ESTADO

1RZuvmj

1RZuvmj

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 13 - A consolidação do monopólio estatal 151<br />

GLP argentino e óleo soviético<br />

Em janeiro de 1961, ao apagar das luzes da gestão<br />

de Henrique Fleiuss, o CNP havia emitido uma<br />

norma que disciplinava as atividades de distribuição<br />

e comércio do GLP, a granel ou envasilhado,<br />

incluindo a compra e venda do produto, seu armazenamento,<br />

engarrafamento, manuseio, transporte<br />

e entrega, além da manutenção do equipamento<br />

empregado. 246 Essas atividades seriam<br />

exercidas por empresas distribuidoras, segundo<br />

regras determinadas pelo próprio CNP. Segundo<br />

depoimento de Meireles Vieira, “essa portaria do<br />

gás fora feita sem os estudos necessários das áreas<br />

técnicas e (...) o Plenário não chegou a aprovar<br />

a resolução. Isso demandou uma série de dificuldades,<br />

de entrechoques, na própria Petrobras,<br />

com as empresas de gás”. 247<br />

Mercedes-Benz<br />

Naquele momento, a produção interna de GLP<br />

era muito pequena, obrigando o País a importar<br />

grandes quantidades do produto. Porém, os custos<br />

da importação eram elevados, entre outros<br />

motivos porque a operação, apesar de ser na<br />

prática um monopólio da Petrobras, fora transferida,<br />

pela estatal, à empresa Mundogaz. Desde os<br />

primeiros momentos de interinidade, Meireles se<br />

deparou com esse problema. Houve então uma<br />

proposta da Argentina para fornecimento de GLP<br />

ao Brasil, através da Faros S.A. – que funcionaria<br />

como intermediária entre a Yacimientos Petrolíferos<br />

Fiscales (YPF) e a Petrobras – prometendo<br />

redução de preço e de frete.<br />

De imediato, a Confederação Nacional da Indústria,<br />

por meio de Fernando Gasparian, propôs uma<br />

permuta: o GLP argentino poderia ser trocado por<br />

chassis da Mercedes Benz, que estava com os seus<br />

pátios sobrecarregados. Por meio desta proposta,<br />

segundo Gasparian, o Brasil poderia importar GLP<br />

a menor preço, quebrando o monopólio da Mundogaz,<br />

e a indústria nacional seria favorecida com<br />

a troca do gás por produtos da indústria automobilística.<br />

248 A maioria dos jornais, como Correio da<br />

Manhã e O Globo, manifestou-se contra a operação.<br />

Com o aval do ministro Gabriel Passos, contudo,<br />

a medida foi aprovada no Plenário do CNP e a<br />

Petrobras passou a importar gás argentino.<br />

Também por esta época, o CNP teve que enfrentar<br />

o problema da não aceitação, por parte das<br />

Pátio da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo (SP), em 1961<br />

refinarias de Capuava e de Manguinhos, em operar<br />

com o óleo baiano. Os empresários alegavam<br />

que este óleo era pesado demais para os esquemas<br />

de refino utilizados por suas refinarias. Por<br />

decisão do próprio presidente João Goulart, o<br />

Ministério das Relações Exteriores trouxe ao Brasil<br />

uma missão comercial da União Soviética, que<br />

ofereceu óleo a um preço razoável, mais fino, e de<br />

melhor qualidade, retirado da região de Baku. O<br />

CNP aprovou a importação do petróleo russo pela<br />

Petrobras, que também ficou autorizada a supervisionar<br />

o processamento experimental desse<br />

produto nas refinarias particulares. 249 Esse óleo<br />

soviético, por determinação do Conselho, passou<br />

a ser processado pela refinaria de Capuava.<br />

246. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Resolução nº 1, de 1 de janeiro de 1961.<br />

247. VIEIRA, C. M., 2005.<br />

248. Ibid.<br />

249. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Relatório de atividades, 1961.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!