PETRÓLEO E ESTADO
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150 Petróleo e Estado<br />
FGV/CPDOC - Arquivo Gabriel Passos<br />
Arquivo ANP<br />
Gabriel Passos foi deputado federal e ministro das Minas e Energia<br />
no governo de João Goulart<br />
Carlos César Meireles Vieira teve sua permanência garantida na<br />
presidência do CNP por meio de simples telex do ministro<br />
Mesmo assim, permaneceu no Conselho até 18 de<br />
dezembro, não sem antes haver apresentado ao<br />
novo ministro um relatório, datado de setembro<br />
de 1961, no qual assinalava as medidas que havia<br />
tomado à frente do CNP.<br />
Carlos César Meireles Vieira, chefe de gabinete<br />
na gestão de Josaphat Marinho, assumiu a presidência<br />
do CNP em caráter interino e só poderia<br />
ocupar o cargo durante 30 dias, de acordo com<br />
o regimento. Quando esse prazo estava prestes a<br />
expirar, ele procurou expor a situação ao ministro<br />
Gabriel Passos. O diálogo entre ambos é reproduzido<br />
abaixo:<br />
“Olha, (...) há uma série de providências a<br />
serem tomadas no Conselho. (...) o professor<br />
Josaphat deixou um alicerce admirável,<br />
para que a gente possa incrementar<br />
(...) uma política nacionalista, resguardar<br />
a Petrobras [e] fortalecer o monopólio.<br />
De forma que eu acho que é premente<br />
escolher-se o presidente do Conselho<br />
(...)” Ele disse: “(...) Mas o governo já escolheu<br />
o presidente do Conselho. Eu combinei<br />
com o Tancredo e com o Jango (...)<br />
fazermos a sua nomeação (...).” Eu disse:<br />
“Como!? Eu não posso ser presidente do<br />
Conselho, um cargo que foi exercitado<br />
por marechais, brigadeiros, professores<br />
etc. Eu sou um moço de 34 anos, [...] advogado<br />
do Banco do Brasil. Eu não sou<br />
técnico em petróleo, não sou economista.”<br />
Ele disse: “Não, é você. Vá trabalhar.<br />
Eu vou passar um telex” – naquele tempo<br />
era telex – “determinando que você permaneça<br />
como presidente, até que seja<br />
feito o decreto e tal. 245<br />
Assim, por meio de um simples telex, o ministro<br />
Gabriel Passos quebrou o encaminhamento protocolar,<br />
determinando que Meireles Vieira permanecesse<br />
no cargo. Alguns meses depois, em<br />
junho de 1962, Gabriel Passos viria a falecer. Seu<br />
filho e chefe de gabinete, Celso Passos, assumiria<br />
interinamente a pasta das Minas e Energia.<br />
No governo<br />
de João Goulart,<br />
o CNP reforçou<br />
sua política<br />
nacionalista,<br />
fortalecendo<br />
a Petrobras<br />
e o monopólio.<br />
Nesse mesmo mês, a queda de Tancredo Neves e<br />
a nomeação de Francisco Brochado da Rocha no<br />
cargo de primeiro-ministro provocaram a formação<br />
de novo ministério. João Mangabeira assumiu<br />
a pasta das Minas e Energia em 25 de julho<br />
e, em 16 de agosto, Meireles Vieira foi finalmente<br />
efetivado na presidência do CNP. No entanto, a<br />
instabilidade política não permitia que os gabinetes<br />
ministeriais durassem muito tempo. Em<br />
apenas dois meses de mandato, nova crise pôs<br />
fim ao gabinete parlamentarista de Brochado<br />
da Rocha. Para seu lugar, João Goulart designou<br />
Hermes Lima, que, por sua vez, convidou Eliezer<br />
Batista para o Ministério das Minas e Energia em<br />
setembro de 1962.<br />
245. Ibid.