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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 12 - Governo JK: expansão do refino 147<br />

Flirckr/U.S. Embassy Brasilia<br />

Essas acusações do Relatório Alexínio foram avaliadas<br />

por uma comissão de alto nível nomeada<br />

por Juscelino Kubitschek<br />

Favorável às posições defendidas pelo presidente<br />

da Petrobras em relação ao Acordo de Roboré,<br />

241 a comissão reconheceu que várias decisões<br />

da estatal haviam sido tomadas sem a aprovação<br />

do CNP, como a compra de petroleiros e a localização<br />

de novas refinarias. Em compensação,<br />

afirmava que o Conselho não tinha demonstrado<br />

a rapidez necessária na análise e aprovação<br />

dos programas desenvolvidos pela empresa. As<br />

demais acusações contra o presidente da Petrobras,<br />

segundo o relatório da comissão, não<br />

tinham fundamento.<br />

Juscelino, tentando contemporizar, demitiu os<br />

dois presidentes. O CNP passou a ser presidido<br />

pelo tenente-brigadeiro Henrique Fleiuss,<br />

enquanto o coronel Idálio Sardenberg assumia<br />

a presidência da Petrobras. Mas estas mudanças<br />

não foram suficientes para arrefecer a crise<br />

provocada pelo Acordo de Roboré. No Congresso<br />

Nacional, por iniciativa do deputado Gabriel<br />

Passos e com o apoio da Frente Parlamentar Nacionalista,<br />

242 foi criada, em outubro de 1959, uma<br />

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para<br />

apurar a extensão dos compromissos firmados<br />

em La Paz. Ao longo dos trabalhos, Gabriel Passos<br />

solicitou que o CNP fornecesse informações<br />

sobre as empresas brasileiras indicadas para<br />

participar da exploração do petróleo boliviano.<br />

A CPI concluiu os trabalhos afirmando que as<br />

atualizações do acordo caracterizaram um novo<br />

compromisso internacional e que, portanto, dependeriam<br />

da aprovação prévia do Congresso<br />

Nacional. No entanto, o início da campanha para<br />

as eleições presidenciais deixaria em compasso<br />

de espera as discussões em torno do Acordo de<br />

Roboré, criticado tanto pelo marechal Henrique<br />

Lott – candidato da coligação PTB/PSD – quanto<br />

por Jânio Quadros, candidato da UDN.<br />

A campanha da União Nacional dos Estudantes<br />

(UNE) contra Roberto Campos, acusando-o de<br />

defender interesses de companhias petrolíferas<br />

americanas, acabou provocando sua demissão da<br />

Roberto Campos encontra-se com o presidente americano John Kennedy, na Casa Branca, em outubro de 1961.<br />

Taxado de “entreguista”, Campos ganhou o apelido pejorativo de “Bobby Fields”<br />

presidência do BNDE, em julho de 1959. A conjuntura<br />

marcada pelo abandono da política de estabilização<br />

monetária do governo levou também à<br />

saída de Lucas Lopes do Ministério da Fazenda e<br />

ao rompimento do Brasil com o Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI), medida amplamente festejada<br />

pelos setores nacionalistas.<br />

A partir da criação do Ministério das Minas e Energia<br />

(MME), 243 o CNP deixou de ser diretamente subordinado<br />

à Presidência da República, passando,<br />

juntamente com a Petrobras, à esfera da nova pasta.<br />

Até então, os assuntos de minas e energia eram<br />

da competência do Ministério da Agricultura.<br />

241. NUNES, Janary. Defesa dos programas da Petrobras. Rio de Janeiro: Borsoi, 1959.<br />

242. FRENTE PARLAMENTAR NACIONALISTA (FPN). In: ABREU, Alzira Alves de. et al. (Coord.). Dicionário histórico e biográfico brasileiro. Rio<br />

de Janeiro: FGV, CPDOC, 2001. v. 2, p. 2397-2403.<br />

243. BRASIL. Lei nº 3.782, de 22 de agosto de 1960. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 de jul 1960.

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