PETRÓLEO E ESTADO
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120 Petróleo e Estado<br />
Acervo Iconographia<br />
ras, em geral a serviço do capital monopolista.<br />
Falemos claro: (...) o que constitui<br />
o alicerce da nossa soberania não<br />
pode ser entregue a interesses estranhos,<br />
deve ser explorado por brasileiros<br />
com organizações predominantemente<br />
brasileiras, e, se possível, com alta percentagem<br />
de participação do Estado. 206<br />
Na mensagem que encaminhou o Projeto de Lei<br />
nº 1.516 para apreciação do Congresso Nacional,<br />
talvez já tentando se antecipar às críticas dos defensores<br />
do monopólio estatal, Vargas enfatizou<br />
a enorme importância econômica da criação da<br />
Petrobras para o País, como também o caráter<br />
nacionalista da proposta:<br />
A Cinelândia, no Rio de Janeiro, foi palco de diversas manifestações populares durante a segunda fase da campanha “O petróleo é nosso”<br />
Ele ressaltava a necessidade de um projeto nacionalista,<br />
porém estruturado de forma a não impe-<br />
nem sobre os limites da participação de capitais<br />
em relação ao monopólio estatal do petróleo,<br />
dir o dinamismo da empresa:<br />
privados nacionais e estrangeiros no setor, mas<br />
chegou a abordar essas questões inclusive durante<br />
a campanha presidencial, como fez nesse dis-<br />
A ideia de Getúlio era estudar o problema<br />
e ver como o Brasil manteria o controle curso em agosto de 1950:<br />
do petróleo, mas fazendo uma organização<br />
capaz de se desenvolver, de acumular<br />
(...) Não nos opomos, como se costuma<br />
recursos, de absorver e criar tecnologia e<br />
insinuar, à vinda de capitais estrangeiros<br />
tudo mais, para competir com as grandes<br />
para o Brasil. Ao contrário, desejamos<br />
empresas estrangeiras. 205<br />
que venham. Somos contrários, sim, à<br />
entrega de nossos recursos naturais (...)<br />
Vargas não explicitava claramente sua posição<br />
ao controle das companhias estrangei-<br />
O Governo e o povo brasileiro desejam<br />
a cooperação da iniciativa estrangeira<br />
no desenvolvimento econômico do País,<br />
mas preferem reservar à iniciativa nacional<br />
o campo do petróleo, sabido que a<br />
tendência monopolística internacional<br />
dessa indústria é de molde a criar focos<br />
de atritos entre povos e entre governos.<br />
Fiel, pois, ao espírito nacionalista da vigente<br />
legislação do petróleo, será essa<br />
empresa genuinamente brasileira, com<br />
capital e administração nacional. 207<br />
As críticas não tardaram a chegar. O CEDPEN<br />
acusou Vargas de ensejar a associação com companhias<br />
multinacionais. E o projeto de lei começou<br />
a receber inúmeras modificações na Câmara,<br />
alguns reforçando o controle acionário da União,<br />
outros endossando completamente as teses de<br />
205. MATTOS, Wilson, 2000, p. 49.<br />
206. VARGAS, 1964, apud DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 109.<br />
207. BRASIL. Mensagem presidencial nº 469 de 1951, Brasília, 1951, p. 10.