PETRÓLEO E ESTADO
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114 Petróleo e Estado<br />
CAPÍTULO 10<br />
PROJETO PETROBRAS<br />
MOBILIZA OPINIÃO<br />
PÚBLICA<br />
Consolida-se o nacionalismo<br />
O retorno de Getúlio Vargas à Presidência da República<br />
em janeiro de 1951, dessa vez pelo voto<br />
popular, significou uma profunda revisão da<br />
orientação adotada no plano econômico pelo<br />
governo Dutra, privilegiando-se a postura nacionalista,<br />
em grande parte abandonada por este<br />
último. Na mensagem presidencial enviada ao<br />
Congresso Nacional, logo no início de seu novo<br />
mandato, Vargas anunciou um plano de desenvolvimento<br />
econômico autônomo, vinculado à<br />
construção de indústrias de base, sobretudo no<br />
setor energético. 197<br />
O novo governo concentrou suas ações numa crescente<br />
intervenção do Estado na economia, aparelhando-o<br />
com empresas estratégicas e órgãos<br />
públicos de financiamento. Vargas, porém, admitia<br />
a necessidade de contar com a participação do<br />
capital e da tecnologia estrangeiros, bem como de<br />
importar máquinas e outros produtos básicos. Sua<br />
política econômica, portanto, apresentava características<br />
nacionalistas e estatizantes, muito embora<br />
estivesse aberta à colaboração com o capital estrangeiro<br />
– uma dubiedade que também se fazia<br />
sentir no setor de exploração de petróleo.<br />
A decisão da Câmara dos Deputados de mandar<br />
arquivar o projeto do Estatuto do Petróleo tornava<br />
urgente a definição de um planejamento nacional<br />
para o setor. O consumo de derivados de petróleo<br />
praticamente triplicou entre 1945 e 1950. O crescimento<br />
industrial do País só agravava o problema,<br />
exigindo uma política eficaz de abastecimento.<br />
A Assessoria Econômica da Presidência da República,<br />
instalada em 1951 para formular a política<br />
econômica do governo, decidiu desmembrar<br />
as funções do CNP, que ficaria unicamente com<br />
as funções de normatização e de fiscalização do<br />
setor. A execução da política petrolífera propria-<br />
O crescimento<br />
industrial exigia<br />
uma política<br />
eficaz de<br />
abastecimento.<br />
mente dita ficaria a cargo de uma nova empresa a<br />
ser criada, a futura Petrobras. Enquanto esse projeto<br />
era desenvolvido, Vargas optou por manter<br />
João Carlos Barreto na presidência do Conselho<br />
Nacional do Petróleo. Contudo, Barreto enviou-<br />
-lhe uma carta pedindo exoneração do cargo,<br />
pedido aceito pelo Presidente da República. 198 A<br />
presidência do CNP foi então assumida interinamente<br />
por Plínio Cantanhede, membro da Assessoria<br />
Econômica e diretor da Divisão Econômica<br />
do Conselho, um defensor do projeto de criação<br />
da Petrobras e do monopólio estatal do petróleo.<br />
197. MATTOS, Wilson, 2000, p. 49.<br />
198. VARGAS, Getúlio. [Carta] 31 ago. 1951, [para] BARRETO, João Carlos. GETÚLIO VARGAS (1882-1954) [Arquivo GV]. Rio de Janeiro, FGV, CPDOC.<br />
Sigla GV. Carta de Getúlio Vargas a João Carlos Barreto, datada de 31 de agosto de 1951. Accessus, GV c 1951.08.23. Série: c – Correspondência.