PETRÓLEO E ESTADO
1RZuvmj
1RZuvmj
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Capítulo 9 - O petróleo é nosso! 113<br />
A polêmica sobre as refinarias privadas<br />
Quatro grupos haviam sido classificados em concorrência<br />
pública promovida pelo CNP no início<br />
de 1946, para a instalação e exploração de refinarias<br />
em São Paulo, no então Distrito Federal e<br />
adjacências, utilizando inicialmente petróleo importado.<br />
Eram eles o grupo Ipiranga, que propunha<br />
instalar uma refinaria em São Paulo, capaz de<br />
processar 10 mil barris por dia (bpd); o grupo Soares<br />
Sampaio (Distrito Federal, 8 mil bpd), Drault<br />
Ernanny (Distrito Federal, 8 mil bpd) e Raja Gabaglia<br />
(São Paulo, 6 mil bpd). No entanto, os grupos<br />
Raja Gabaglia e Ipiranga desistiram de continuar<br />
na disputa depois que o CNP apresentou novas<br />
exigências, entre as quais um contrato definitivo<br />
com o fornecedor de óleo cru. Grandes companhias<br />
norte-americanas faziam pressão sobre os<br />
empresários brasileiros, aproveitando-se da obrigatoriedade<br />
de um contrato de fornecimento de<br />
petróleo e da necessidade de empréstimos em<br />
agências oficiais dos Estados Unidos. 194<br />
Agência O Globo<br />
Os dois concorrentes restantes organizaram as<br />
sociedades comerciais Refinaria e Exploração de<br />
Petróleo União (Soares Sampaio), e Refinaria de<br />
Petróleo do Distrito Federal (Drault Ernanny) e<br />
receberam os títulos de autorização, em setembro<br />
de 1946, para a montagem de refinarias com<br />
capacidade para processar 8 mil barris por dia,<br />
que poderia ser elevada para 10 mil bpd, assim<br />
que o mercado da região permitisse. Em 1947, a<br />
Refinaria de Petróleo do Distrito Federal recebeu<br />
autorização para o início da instalação da futura<br />
refinaria de Manguinhos. Por sua vez, a Refinaria<br />
e Exploração de Petróleo União decidiu elevar sua<br />
Repórter conversa com operários na Refinaria de Manguinhos em dezembro de 1954<br />
capacidade para 20 mil barris diários e mudar seu tuação irregular. Mesmo assim, pressionado pelos<br />
local para São Paulo, tornando-se mais tarde a refinaria<br />
Capuava.<br />
lho, de defender o ingresso da iniciativa privada no<br />
empresários e pela postura adotada pelo Conse-<br />
setor petrolífero, o Governo Federal permitiu uma<br />
Pelo contrato de concessão, essas empresas teriam<br />
um prazo de dois anos para construírem as a prorrogação das concessões sem a abertura de<br />
série de facilidades aos grupos privados, entre elas<br />
refinarias. Uma série de dificuldades, no entanto,<br />
impediu o início das obras em 1949, levando tensas polêmicas na imprensa. Em diversas maté-<br />
nova concorrência. 195 Essas medidas geraram in-<br />
os empresários a pedirem auxílio ao governo. No rias, o Diário de Notícias condenou a atuação desses<br />
grupos, os privilégios e favores que recebiam<br />
entanto, nenhuma das duas empresas havia cumprido<br />
as exigências do CNP, encontrando-se em si-<br />
do governo e a instalação das refinarias privadas. 196<br />
194. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 91.<br />
195. CARVALHO JÚNIOR, 2005, p. 66.<br />
196. DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 16 out. 1948; DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 16 jan. 1949; DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 27 jan. 1949; DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 21 abr. 1949;<br />
DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 24 abr. 1949;