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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 9 - O petróleo é nosso! 107<br />

Reviravolta no Congresso Nacional<br />

O governo tinha ampla maioria para aprovação<br />

do Estatuto do Petróleo quando o anteprojeto começou<br />

a ser debatido na Câmara dos Deputados.<br />

Por um acordo assinado entre o PSD (situacionista)<br />

e a UDN (maior partido de oposição), além do<br />

pequeno PR (Partido Republicano), 235 dos 286<br />

deputados federais acompanhariam o governo<br />

nas votações, pelos menos a princípio. A cassação<br />

dos mandatos dos parlamentares comunistas,<br />

depois que o registro do PCB foi declarado ilegal<br />

pelo Superior Tribunal Eleitoral, enfraqueceu ainda<br />

mais a oposição. 181<br />

Memória Petrobras<br />

Porém, a Campanha do Petróleo mobilizava cada<br />

vez mais a opinião pública em torno do ideário<br />

nacionalista, o que acabou complicando a votação<br />

do Estatuto. Em pouco tempo, se formou<br />

um bloco nacionalista no interior da Câmara, que<br />

embora reunindo apenas cerca de 70 deputados,<br />

passou a fazer oposição tenaz ao Estatuto.<br />

Já se percebia que dificilmente o anteprojeto passaria<br />

incólume. Foi aprovado na Comissão de Constituição<br />

e Justiça (CCJ), mas não por unanimidade.<br />

Na Comissão de Indústria e Comércio, as dificuldades<br />

continuaram: tanto o projeto original quanto as<br />

modificações feitas na CCJ foram rejeitados pelo<br />

relator, que ofereceu um terceiro projeto, prevendo<br />

a constituição de uma empresa de economia mista,<br />

a Jazidas Petrolíferas Nacionais S.A. 182<br />

Corriam rumores de que Dutra estaria interessado<br />

numa solução menos polêmica. Em maio de 1948,<br />

ele encaminhou ao Congresso o chamado Plano<br />

Manifestação popular pela campanha de “O petróleo é nosso”, em 1948, em Belo Horizonte (MG)<br />

Salte (iniciais de Saúde, Alimentação, Transporte O conflito foi atenuado quando Dutra, atendendo<br />

a reclamos dos nacionalistas, solicitou<br />

e Energia), elaborado pelo Departamento de Administração<br />

do Serviço Público (DASP), para coordenação<br />

de despesas públicas. A intensificação para construção de uma refinaria estatal e<br />

ao Congresso a abertura de créditos especiais<br />

das pesquisas e exploração do petróleo pelo CNP, aquisição de navios e equipamentos. Ao mesmo<br />

tempo, autorizou o Banco do Brasil a finan-<br />

a aquisição e montagem de refinarias pela União<br />

e a compra de 15 navios petroleiros eram algumas ciar os grupos interessados na instalação de<br />

propostas do capítulo sobre energia. 183 Na prática, refinarias particulares. Essas decisões buscavam<br />

uma conciliação entre os que defendiam o<br />

o plano ainda vedava o setor petrolífero ao capital<br />

estrangeiro, mas não às empresas privadas monopólio estatal e os que queriam garantir a<br />

nacionais, aguçando a luta entre os setores nacionalistas<br />

da burocracia estatal e os empresários “O Petróleo é Nosso” havia bloqueado a parti-<br />

ação do capital privado nacional. A campanha<br />

brasileiros, que desde 1945 tentavam construir cipação do capital estrangeiro nas atividades<br />

uma refinaria em Manguinhos, no Rio de Janeiro, petrolíferas. A essa altura, o Estatuto do Petróleo<br />

já era letra e outra em Capuava, próxima a São Paulo.<br />

morta.<br />

181. WIRTH, 1973, p. 151.<br />

182. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 97 ; CONH, 1968, p. 115<br />

183. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 97.

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