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PETRÓLEO E ESTADO

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106 Petróleo e Estado<br />

Banco de Imagens Petrobras<br />

comparecer maciçamente às manifestações de<br />

rua em prol do monopólio estatal do petróleo.<br />

Juarez Távora palestra no Clube Militar, em abril de 1947, contrapondo-se a Horta Barbosa<br />

Em meio a essa polarização, vale a pena registrar<br />

a posição de Monteiro Lobato a respeito da voravelmente à abertura do setor petrolífero ao<br />

grupo Folha continuavam posicionando-se fa-<br />

polêmica. Para ele, nem Horta Barbosa nem Juarez<br />

Távora estavam com a razão: quem tinha<br />

capital estrangeiro.<br />

que explorar o petróleo brasileiro era o capital As conferências de Horta Barbosa podem ser vistas<br />

como o verdadeiro ponto de partida da cam-<br />

particular nacional. 178<br />

panha “O petróleo é nosso” – slogan surgido do<br />

A polêmica também repercutiu fortemente na movimento estudantil. 179 Reunindo militares, trabalhadores,<br />

intelectuais, políticos e estudantes, a<br />

imprensa. No Rio de Janeiro, os jornais Correio<br />

da Manhã e O Globo apoiavam as posições de campanha ganhou as ruas com o intuito de combater<br />

o Estatuto do Petróleo e tornou-se uma das<br />

Juarez Távora, ao passo que o Diário de Notícias<br />

tornou-se o principal veículo de divulgação da maiores mobilizações populares da história do<br />

luta pelo monopólio, além do semanário Jornal País. Organizados em diretórios, centros acadêmicos,<br />

uniões estaduais de estudantes e na União<br />

de Debates, que igualmente se destacou pelo<br />

apoio às posições de Horta Barbosa. Em São Nacional dos Estudantes (UNE), os estudantes<br />

Paulo, O Estado de S. Paulo e os periódicos do promoviam congressos e conferências, além de<br />

Quando o Estatuto do Petróleo foi apresentado<br />

no Congresso, em fevereiro de 1948, partidários<br />

do monopólio estatal já se organizavam para<br />

fundar, em abril, o Centro de Estudos e Defesa<br />

do Petróleo, depois transformado em Centro de<br />

Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional<br />

(CEDPEN). Em setembro, na abertura da<br />

1ª Convenção Nacional de Defesa do Petróleo,<br />

promovida pelo CEDPEN na Associação Brasileira<br />

de Imprensa, veementes discursos clamavam<br />

pela necessidade de se resistir às investidas dos<br />

trustes internacionais. Ao final da sessão, cerca de<br />

300 participantes se dirigiram à Cinelândia, onde<br />

depositaram flores junto à estátua do marechal<br />

Floriano Peixoto. A polícia dispersou a manifestação,<br />

mas os trabalhos prosseguiram e a convenção<br />

consagrou a tese do monopólio estatal para<br />

todas as fases da indústria do petróleo.<br />

A polarização do debate não permitia posições<br />

intermediárias entre os nacionalistas, que rotulavam<br />

seus opositores de “entreguistas”, e os defensores<br />

do Estatuto do Petróleo, que chamavam<br />

de “comunistas” os que advogavam a solução<br />

estatal na exploração do petróleo. Na realidade,<br />

o PCB havia participado da campanha “O petróleo<br />

é nosso”, mas até então admitia a presença<br />

de capitais privados nacionais. 180 Sua adesão à<br />

tese do monopólio estatal aconteceu mais tarde.<br />

Os adversários se aproveitaram da presença<br />

de comunistas na campanha para acusar o movimento<br />

de ser conduzido de fora para dentro,<br />

com motivações essencialmente políticas.<br />

178. O MUNDO, Rio de Janeiro, 25 dez. 1947.<br />

179. DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 97.<br />

180. WIRTH, 1973, p. 151.

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