PETRÓLEO E ESTADO
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Capítulo 9 - O petróleo é nosso! 105<br />
Polêmica no Clube Militar<br />
Os militares, envolvidos no debate sobre o petróleo<br />
desde os anos 1930, tomaram a iniciativa<br />
de discutir o assunto publicamente. Ao longo de<br />
1947, enquanto a comissão nomeada pelo governo<br />
estava às voltas com a redação do anteprojeto<br />
do Estatuto do Petróleo, o Clube Militar<br />
foi palco de um franco debate entre estatistas e<br />
privatistas, tornando público um confronto que<br />
há anos vinha sendo travado nos bastidores da<br />
cena política.<br />
FGV/CPDOC - Arquivo Horta Barbosa<br />
O primeiro conferencista foi o general Juarez<br />
Távora, estreito colaborador do governo Dutra<br />
e subchefe do Estado-Maior do Exército. Defendendo<br />
a tese da “cooperação internacional”, ele<br />
considerava que o Brasil, na conjuntura da Guerra<br />
Fria que opunha as duas superpotências vitoriosas<br />
na Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos<br />
e União Soviética, deveria tirar vantagem da<br />
necessidade que os norte-americanos tinham<br />
de expandir suas áreas petrolíferas. Como o<br />
Brasil não dispunha de recursos técnicos e financeiros<br />
suficientes para arcar sozinho com a<br />
exploração do petróleo, deveria oferecer atrativos<br />
para que as empresas estrangeiras aqui se<br />
instalassem. Sua argumentação também levava<br />
em conta fatores de ordem militar e estratégica,<br />
ligados à defesa do continente americano contra<br />
o avanço comunista.<br />
Após a primeira conferência de Távora, o general<br />
Horta Barbosa foi também convidado<br />
pelo Clube Militar para prestar seu depoimento<br />
e voltou a defender a posição de que o problema<br />
do petróleo deveria ser encarado como<br />
uma questão de soberania nacional e segurança<br />
militar. Para o ex-presidente do CNP, era impossível<br />
conciliar os interesses nacionais com<br />
os das companhias estrangeiras, sendo por-<br />
Horta Barbosa discursa no Clube Militar, em agosto de 1947, contra a participação estrangeira na indústria de petróleo nacional<br />
tanto indispensável a implantação do monopólio<br />
estatal em todas as fases da indústria do o interesse dos militares no debate das grandes<br />
zes das duas correntes evidenciava não apenas<br />
petróleo. Para isso, o Estado deveria usar seus questões nacionais, como também a divisão<br />
próprios recursos, além de tomar empréstimos existente no interior da corporação. As teses<br />
no exterior, que seriam pagos com os lucros da de Távora eram respaldadas por oficiais ligados<br />
à Escola Superior de Guerra e pelos vete-<br />
refinação. Argumentava ele que, ao contrário<br />
das companhias privadas, que buscavam sempre<br />
maximizar seus lucros, o Estado poderia identificavam com os modelos de organização<br />
ranos da Segunda Guerra Mundial, que mais se<br />
baixar os preços de venda dos derivados como e pensamento norte-americanos. Entretanto, a<br />
meio indireto de reduzir custos e aumentar a maioria dos oficiais brasileiros apoiava as ideias<br />
circulação de riquezas.<br />
de Horta Barbosa, principalmente pela preocupação<br />
em manter a soberania nacional sobre<br />
A repercussão das conferências no Clube Militar<br />
levou outras instituições a iniciativas semebe<br />
Militar, os nacionalistas procuravam difundir<br />
os recursos naturais do País. Baseados no Clulhantes<br />
em vários estados do País, muitas vezes suas teses dentro e fora do Exército, enviando<br />
convidando Juarez Távora e Horta Barbosa. O cópias das conferências de Horta Barbosa a diversos<br />
setores da sociedade fato de dois generais atuarem como porta-vo-<br />
civil.