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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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90 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

4. Mulher, o que tenho a ver contigo? O grego literalmente significa:<br />

“O que a mim e a ti?”. Mas a fraseologia grega vem a ser a<br />

mesma coisa que o latim: Quid tibi mecum? (“O que tens tu a ver comigo?”).<br />

O antigo tradutor [Vulgata] desorientou a muitos, dizendo<br />

que Cristo considerou a falta de vinho como algo que não interessava<br />

nem a ele nem a sua mãe. À luz da segunda cláusula, porém, podemos<br />

facilmente concluir quão longe isso estava da mente de Cristo, pois<br />

ele se reveste desse cuidado e declara que isso era de seu interesse<br />

quando acrescenta que sua hora não ainda não chegara. Essas duas<br />

coisas devem estar juntas, ou seja, que Cristo entende o que lhe seria<br />

necessário fazer, e, no entanto, nada fará a esse respeito seguindo a<br />

sugestão de sua mãe.<br />

Esta é uma passagem notável. Ora, por que ele absolutamente<br />

recusa à sua mãe o que depois graciosamente admitiu tão amiúde a<br />

toda sorte de pessoas? Além disso, por que ele não se satisfaz com a<br />

mera recusa, mas ainda a coloca na categoria comum de mulher, nem<br />

mesmo honrando-a com o título de mãe? É indubitável que este dito<br />

de Cristo adverte pública e francamente aos homens a terem o cuidado<br />

de não transferir a Maria o que pertence a Deus, exaltando de<br />

modo tão supersticioso a honra do nome maternal da Virgem Maria. 2<br />

Cristo, pois, se dirige a sua mãe nesses termos com o fim de transmitir<br />

uma lição perpétua e geral a todas as gerações, para que alguma<br />

honra extravagante prestada a sua mãe não viesse a obscurecer sua<br />

divina glória.<br />

Quão necessária se fez esta advertência, em consequência das<br />

grosseiras e abomináveis superstições que se seguiram mais tarde,<br />

o que é sobejamente notório. Pois Maria se transformou em Rainha<br />

do Céu, a Esperança, a Vida e a Salvação do mundo. E, de fato, seu<br />

insano desvario foi tão longe que despiram Cristo de suas prerrogativas,<br />

e o deixaram quase nu. E quando condenamos essas malditas<br />

blasfêmias dirigidas ao Filho de Deus, os papistas nos chamam de ma-<br />

2 “En la vierge Marie.”

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