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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 73<br />

33. Sobre aquele que vires descer o Espírito. Aqui surge uma<br />

pergunta difícil: se <strong>João</strong> não conhecia a Cristo, por que sua recusa em<br />

admiti-lo ao batismo? Com toda certeza, ele não devia dizer a ninguém<br />

que não o conhecia: “devo antes ser batizado por ti” [Mt 3.14]. A resposta<br />

de alguns consiste em que ele o conhecia tão vagamente que,<br />

embora o reverenciasse como um eminente profeta, contudo não sabia<br />

ser ele o Filho de Deus. Essa, porém, é uma solução pobre, pois<br />

qualquer um deve obedecer à vocação divina sem qualquer respeito<br />

por pessoas. Nenhuma dignidade ou excelência humana nos deve<br />

impedir de cumprir nosso dever. Portanto, <strong>João</strong> teria desrespeitado<br />

a Deus e ao seu batismo, caso ele tivesse falado assim em relação a<br />

alguma outra pessoa, e não ao Filho de Deus. Portanto, ele deve ter<br />

conhecido Cristo previamente.<br />

Primeiro, devemos notar que isso se refere a um conhecimento<br />

oriundo de familiaridade íntima e recíproca. Embora reconheça a<br />

Cristo assim que o vê, continua sendo verdade que não se conheciam<br />

mutuamente da forma usual pelo prisma da amizade humana, porquanto<br />

o princípio de seu conhecimento veio de Deus. A pergunta,<br />

porém, não está ainda totalmente respondida, porquanto ele diz que<br />

a visão do Espírito Santo seria o sinal de reconhecimento. Ele, porém,<br />

não havia ainda visto o Espírito quando se dirigiu a Cristo como o<br />

Filho de Deus. De bom grado, concordo com a opinião daqueles que<br />

pensam que esse sinal foi adicionado para confirmação, e que ele não<br />

foi dado tanto por causa de <strong>João</strong>, mas por nossa causa. Com toda certeza,<br />

somente <strong>João</strong> o viu, porém mais por causa dos outros do que de<br />

si mesmo. Bucer, com propriedade, cita Moisés em Êxodo 3.12: “E isto<br />

te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo<br />

do Egito, servireis a Deus neste monte.” Indubitavelmente, quando saíram<br />

já sabiam que Deus guiaria e dirigiria sua libertação; mas essa foi,<br />

por assim dizer, uma confirmação a posteriori. Semelhantemente, ela<br />

veio como uma adição à primeira revelação que fora dada a <strong>João</strong>.<br />

34. Eu vi e testifiquei. Ele queria dizer que não alimentava dúvida<br />

alguma; pois a Deus aprouve dar-lhe total e profundo conhecimento

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