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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 71<br />

Deus lho enviara. A suma, pois, é que <strong>João</strong> não fala movido por sua<br />

própria iniciativa, nem com o intuito de agradar aos homens, mas instigado<br />

pelo Espírito e pelo mandato de Deus.<br />

Vim batizando com água, diz ele. Isto é, fui chamado e ordenado<br />

para este ofício, a fim de manifestá-lo a Israel. O Evangelista mais adiante<br />

explica este ponto com mais clareza e o confirma quando introduz<br />

<strong>João</strong> Batista, testificando que ele não tinha conhecimento de Cristo senão<br />

o que obtivera através de um oráculo divino, isto é, por informação<br />

ou revelação de Deus. 26 Em vez do que encontramos aqui, eu vim para<br />

batizar, ele ali declara expressamente [v. 33] que fora enviado. Pois é<br />

somente pela vocação divina que os ministros da Igreja se tornam legalmente<br />

efetivados. Quem quer que se apresente sem ser convidado, seja<br />

qual for a erudição ou eloquência que o mesmo possua, esse não recebe<br />

autoridade alguma, porquanto não veio da parte de Deus. Ora, visto que<br />

<strong>João</strong>, para batizar regularmente, tinha que ser enviado pessoalmente<br />

por Deus, assim o leitor deve entender que ninguém tem direito algum<br />

de instituir Sacramentos. Tal direito pertence exclusivamente a Deus.<br />

Por isso, Cristo em outra ocasião, para provar o batismo de <strong>João</strong>, pergunta<br />

se ele era do céu ou dos homens [Mt 21.25].<br />

32. Vi o Espírito descendo como pomba. Esta não é uma forma de<br />

expressão literal, e, sim, figurada; pois com que olhos ele veria o Espírito?<br />

Como, porém, a pomba era um sinal certo e infalível da presença do<br />

Espírito, ela é chamada o Espírito, por meio de uma figura de linguagem<br />

na qual um nome é substituído por outro; não que ele seja na realidade<br />

o Espírito, e, sim, que aponta para o Espírito, até onde a capacidade<br />

humana o possa admitir. E esta linguagem metafórica é amiúde empregada<br />

nos sacramentos; pois, por que Cristo chama o pão meu corpo<br />

senão porque o nome do elemento é propriamente transferido para o<br />

sinal? Especialmente quando o sinal é, ao mesmo tempo, um penhor<br />

genuíno e eficaz, por meio do qual somos certificados de que a própria<br />

coisa significada nos é outorgada. No entanto, não se deve entender<br />

26 “Par oracle; c’est à dire, advertissement ou revelation de Dieu.”

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