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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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58 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

to, visto que Deus se nos revela exclusivamente por meio de Cristo,<br />

segue-se que temos de buscar todas as coisas só em Cristo. Esta sequência<br />

doutrinal tem de ser detidamente observada. Nada parece mais<br />

óbvio do que cada um de nós tomarmos o que Deus nos oferece segundo<br />

a medida de nossa fé. Mas apenas uns poucos compreendem que<br />

o recipiente da fé e do conhecimento de Deus tem de ser restaurado.<br />

Ao dizer que ninguém jamais viu a Deus, tal expressão não deve<br />

ser entendida como uma referência à visão externa dos olhos físicos.<br />

Ele quer dizer, em termos gerais, que, já que Deus habita em luz inacessível<br />

[1Tm 6.16], ele não pode ser conhecido senão em Cristo, que<br />

é sua imagem viva. Além do mais, geralmente se expõe este versículo<br />

assim: visto que a majestade nua de Deus está oculta em seu Ser interior,<br />

ele jamais poderia ser compreendido senão até onde se revela<br />

em Cristo. Por isso, foi somente em Cristo que Deus se deu a conhecer<br />

aos antigos patriarcas. Reconheço, porém, que o Evangelista está aqui<br />

estendendo a comparação já feita – quão superior é nosso estado ao<br />

dos patriarcas, no fato de que Deus, que subsistia então velado em sua<br />

glória secreta, agora, em certo sentido, se fez visível. Pois, indubitavelmente,<br />

quando Cristo é chamado “a imagem expressa de Deus” [Hb<br />

1.3], a referência é à benção especial do Novo Testamento. Assim também,<br />

neste versículo, o Evangelista aponta para algo novo e inusitado,<br />

quando diz que o unigênito, que estava no seio do Pai, nos revelou o<br />

que de outra forma continuaria oculto. Ele, pois, enaltece a revelação<br />

de Deus, comunicada a nós pelo evangelho, por meio do qual ele nos<br />

distingue dos patriarcas como sendo superiores a eles. Paulo trata disso<br />

de forma mais ampla em 2 Coríntios 3 e 4, declarando que não resta<br />

mais nenhum véu a interpor-se à lei, mas Deus é publicamente contemplado<br />

na face de Cristo.<br />

Se, porventura, parecer ridículo que os [antigos] pais fossem privados<br />

do conhecimento de Deus, quando seus profetas empunhavam<br />

suas tochas que ainda servem para nós hoje, respondo: o que nos é outorgado<br />

não é simples ou absolutamente negado a eles, mas (como se<br />

diz) o que se faz aqui é uma comparação entre o menor e o maior; pois

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