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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 49<br />

[1.14]<br />

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós, cheia de graça e<br />

de verdade, e vimos sua glória, glória como do unigênito do Pai.<br />

14. E a Palavra se fez carne. Ele agora ensina a natureza da vinda<br />

de Cristo de que havia falado, a saber: que, vestido de nossa carne, ele<br />

se manifestou publicamente ao mundo. Embora o Evangelista toque<br />

apenas de leve no inefável mistério de o Filho de Deus assumir a natureza<br />

humana, tal brevidade é maravilhosamente clara. Aqui, alguns<br />

dementes se divertem de forma pueril, fazendo uso de alguns sofismas<br />

desprezíveis, tais como: diz-se que a Palavra se fez carne no sentido<br />

em que Deus enviou seu Filho ao mundo para tornar-se homem como<br />

um conceito mental – como se a Palavra fosse alguma espécie de ideia<br />

fantasmagórica. Mas já demonstramos que isso expressa uma genuína<br />

hypostasis ou existência pessoal na essência de Deus.<br />

O termo carne expressa a ideia com mais eficácia do que se o<br />

Evangelista houvesse dito que ele se fez homem. Ele queria mostrar a<br />

que estado vil e abjeto o Filho de Deus desceu, deixando a amplidão de<br />

sua glória celestial por nossa causa. Quando a Escritura fala do homem<br />

em seu caráter deprimente, ela o chama ‘carne’. Quão imensurável é<br />

a distância entre a glória espiritual da Palavra de Deus e a abominável<br />

vileza de nossa carne! Não obstante, o Filho de Deus se humilhou de<br />

forma tão extrema que tomou para si essa carne permeada de profunda<br />

miséria. Carne aqui não é usada para a natureza depravada (como<br />

em Paulo), mas para o homem mortal. Denota desdenhosamente sua<br />

natureza frágil e transitória: “toda carne é erva” [Is 40.6] e textos semelhantes<br />

[Sl 78.39].<br />

Ao mesmo tempo, porém, é preciso observar que aqui temos uma<br />

sinédoque retórica – a vileza abrange o homem por inteiro. 13 Portanto,<br />

Apolinário procedeu nesciamente ao imaginar que Cristo se vestiu<br />

com um corpo humano destituído de alma. Pois não é difícil deduzir, à<br />

13 “Car sous la chair et la partie inferieure tout l’homme est comprins.” – “pois sob a carne<br />

e a parte inferior está incluído o homem como um todo.”

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