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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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48 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

em seu amor imerecido. Daqui se deduz, primeiramente, que a fé não<br />

provém de nossa própria ação, senão que é fruto de regeneração espiritual.<br />

Pois o Evangelista afirma que ninguém pode crer, a não ser que<br />

seja gerado por Deus. Daqui se depreende que a fé é um dom celestial.<br />

Além do mais, a fé não é um mero e frio conhecimento, porquanto ninguém<br />

pode crer se porventura não for renovado pelo Espírito de Deus.<br />

É como se o Evangelista estivesse mudando a ordem das coisas,<br />

colocando a regeneração depois da fé, como se ela fosse o resultado da<br />

fé e, portanto, a seguisse. Minha resposta é que as duas ordens estão<br />

em perfeita harmonia: pela fé concebemos a semente incorruptível pela<br />

qual nascemos de novo para uma vida nova e de caráter divino; além<br />

disso, a fé propriamente dita é obra do Espírito Santo que não habita em<br />

nenhum outro além dos filhos de Deus. Portanto, em muitos aspectos<br />

a fé é uma parte de nossa regeneração, um ingresso no reino de Deus,<br />

para que ele pudesse incluir-nos no número de seus filhos. A iluminação<br />

de nossas mentes, efetuada pelo Espírito Santo, pertence à nossa<br />

renovação. Dessa forma, a fé flui da regeneração como sua fonte. Visto,<br />

porém, que, mediante essa mesma fé, recebemos a Cristo que nos santifica<br />

através de seu Espírito, ela é chamada o começo de nossa adoção.<br />

Naturalmente, pode-se tentar outra distinção que seja mais clara<br />

e mais completa. Quando o Senhor nos sopra a fé, ele nos regenera<br />

de uma forma íntima e secreta, a qual nos é desconhecida. Uma vez,<br />

porém, que a fé nos tenha sido outorgada, percebemos, por meio de<br />

um vivo senso da consciência, não só a graça da adoção, mas também<br />

a novidade de vida e outros dons do Espírito Santo. Pois já que, como<br />

já dissemos, a fé recebe a Cristo, em certo sentido ela nos leva a tomar<br />

posse de todas as suas bênçãos. E assim, no que tange à nossa atitude,<br />

só começamos a ser filhos de Deus depois de crermos. Porque, visto<br />

que a herança da vida eterna é o resultado da adoção, percebemos<br />

que o Evangelista atribui toda nossa salvação exclusivamente à graça<br />

de Cristo. E de fato, por mais que os homens se examinem, não encontrarão<br />

nada digno da condição de filhos de Deus além do que Cristo<br />

mesmo lhes outorgou.

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