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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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486 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

terno aparentando piedade, mas o que eles apenas pretendem fazer<br />

deve ser sinceramente concretizado pelos filhos de Deus. E, no entanto,<br />

aquele que eleva seus olhos ao céu não deve, em seus pensamentos,<br />

confinar Deus ao céu, porquanto ele está presente em toda parte e<br />

enche céu e terra [Jr 23.24]. Visto, porém, que os homens nunca conseguem<br />

livrar-se de grosseiras imaginações, formando em sua mente<br />

alguma vil e terrena concepção de Deus, a não ser quando se elevem<br />

acima da esfera do mundo, a Escritura os remete ao céu e declara que<br />

o céu é a habitação de Deus [Is 66.1].<br />

No que diz respeito a erguer os olhos, esse não é um costume que<br />

deva ser perpetuamente observado, como que sem ele a oração deixa<br />

de ser legítima, pois o publicano, que ora com seu rosto voltado para<br />

o chão, com isso não deixa de ingressar-se menos o próprio céu com<br />

sua fé [Lc 18.13]. Não obstante, esse exercício é proveitoso, porque os<br />

homens se sentem despertados por ele a buscar a Deus, e não apenas<br />

isso, mas o ardor da oração às vezes afeta o corpo de uma maneira<br />

tal que, sem o sentir, este acompanha a mente em obediência a um<br />

impulso natural. Certamente que não podemos nutrir dúvida de que<br />

quando Cristo elevou seus olhos ao céu ele tenha sido arrebatado por<br />

extraordinária veemência. Além disso, como todos seus pensamentos<br />

estavam com o Pai, assim ele também desejava conduzir ao Pai outros<br />

juntamente consigo.<br />

Pai, eu te agradeço. Ele começa com ações de graças. ainda<br />

que não tenha pedido nada, mas ainda que o evangelista não relate<br />

que ele orasse de uma forma verbal, não pode haver dúvida alguma<br />

de que antes disso houve uma oração, pois de outra forma ela não<br />

poderia ter sido ouvida. E há razão para se crer que ele orou por<br />

entre aqueles gemidos de que o evangelista faz menção, pois nada<br />

poderia ser mais absurdo do que supor que ele fora violentamente<br />

agitado em seu íntimo como as pessoas estúpidas costumam ser.<br />

Havendo granjeado a vida de Lázaro, ele agora agradece ao Pai. Ao<br />

dizer que recebeu do Pai tal poder, e ao não atribuí-lo a si próprio,<br />

ele nada mais faz senão reconhecer que ele é o Servo do Pai. Porque,

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