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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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440 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

O que aqui se diz sobre dar a vida pelas ovelhas pode ser considerado<br />

como uma marca indubitável e primordial de afeição paternal.<br />

Em primeiro lugar Cristo pretendia demonstrar que prova extraordinária<br />

ele deu de seu amor por nós, e, em segundo lugar, ele anima a<br />

todos seus ministros a imitarem seu exemplo. Não obstante, devemos<br />

atentar para a diferença existente entre eles e ele. Ele deu sua<br />

vida como o preço da satisfação, derramou seu sangue para purificar<br />

nossas almas, ofereceu seu corpo como um sacrifício propiciatório<br />

para reconciliar o Pai conosco. Nada de tudo isso pode existir nos<br />

ministros do evangelho, todos eles necessitam de ser purificados e<br />

receber a expiação e reconciliação divinas por meio daquele sacrifício<br />

singular. Cristo, porém, não argumenta aqui sobre a eficácia ou<br />

benefício de sua morte, ao ponto de comparar-se com outros, mas<br />

para provar com que zelo e afeto 7 ele se sensibiliza por nós, e, em segundo<br />

lugar, convida outros a seguirem seu exemplo. Em suma, visto<br />

que pertence exclusivamente a Cristo granjear-nos vida por meio de<br />

sua morte, e cumprir tudo o que está contido no evangelho, assim é o<br />

dever universal de todos os pastores ou ministros defender a doutrina<br />

que proclamam, ainda que seja às custas de sua própria vida, e selar<br />

a doutrina do evangelho com seu próprio sangue, bem como mostrar<br />

que não é sem razão que ensinam que Cristo conquistou a salvação<br />

para eles e para outros.<br />

Aqui, porém, pode formular-se uma pergunta. Podemos considerar<br />

como mercenário aquele homem que, por alguma razão, se esquiva<br />

de confrontar-se com os lobos? Isso antigamente foi debatido como<br />

uma questão prática, quando tiranos se enfureciam cruelmente contra<br />

a Igreja. Tertuliano e outros da mesma classe eram, em minha opinião,<br />

demasiadamente rígidos sobre este ponto. Prefiro muito mais a<br />

moderação de Agostinho, o qual admite que os pastores fujam, sob a<br />

condição que, com sua fuga, contribuam mais para a segurança pública<br />

do que fariam levando o rebanho a ser entregue por sua culpa. E ele<br />

7 “De quel zele et affection”.

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