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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 9 • 423<br />

doravante, passou a ser um de seus discípulos. Quanto a mim, particularmente,<br />

não tenho dúvida de que Jesus pretendia ser reconhecido<br />

por ele como o Cristo, para que, desde o nascedouro da fé, ele fosse<br />

em seguida levado a um conhecimento mais íntimo dele.<br />

38. E o adorou. É possível que se pergunte: O cego honrou ou<br />

adorou a Cristo como Deus? 23 A palavra que o evangelista emprega<br />

(προσέκυνησει) nada mais significa que expressar respeito e homenagem,<br />

pondo-se de joelhos ou por meio de outros sinais. Pessoalmente<br />

creio que ela denota algo raro e incomum, isto é, que o cego prestou<br />

a Cristo mais honra que faria a homem comum, ou inclusive a um<br />

profeta. E, no entanto, não creio que naquele momento ele tivesse<br />

feito progresso suficiente ao ponto de reconhecer que Cristo era manifestado<br />

na carne. Então, o que está implícito nesse adorou? O cego,<br />

convencido de que Jesus era o Filho de Deus, quase perdeu o controle<br />

de si mesmo e, extasiado de admiração, prostrou-se de joelhos<br />

diante dele.<br />

39. Eu vim a este mundo para juízo. O termo juízo, nesta passagem,<br />

não pode ser entendido como significando simplesmente o<br />

castigo que é infligido sobre os incrédulos, 24 e sobre aqueles que desprezam<br />

a Deus, pois nele está inclusa a graça da iluminação. Cristo,<br />

pois, o denomina de juízo, porque ele restaura à perfeita ordem o que<br />

estava desordenado e confuso, mas tenciona dizer que isso é feito pelo<br />

maravilhoso propósito de Deus e contraria a opinião comum dos homens.<br />

E a razão humana considera nada haver mais irracional do que<br />

dizer: aqueles que veem se tornem cegos pela luz do mundo. Este, pois,<br />

é um dos juízos secretos de Deus, pelo qual ele lança ao pó da terra<br />

o orgulho humano. É preciso observar que a cegueira que aqui é mencionada<br />

não procede tanto de Cristo quanto por culpa dos homens.<br />

Porque, por sua própria natureza e estritamente falando, ela não cega<br />

a ninguém, porém, como não há nada que os réprobos mais ansiosamente<br />

desejam do que extinguir sua luz, os olhos de sua mente, que se<br />

23 “Si l’aveugle a honoré ou adoré Christ comme Dieu”.<br />

24 “Aux infideles”.

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