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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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404 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

O qual, interpretado, significa Enviado. O evangelista intencionalmente<br />

adiciona a interpretação da palavra Siloé, porque aquela<br />

fonte, que ficava próxima ao templo, recordava diariamente aos judeus<br />

Cristo que estava por vir, mas a quem desprezaram quando se<br />

pôs diante deles. O evangelista, pois, engrandece a graça de Cristo,<br />

porque é tão-somente ele quem ilumina nossas trevas e restaura a vista<br />

ao cego. Porque a condição de nossa natureza é delineada na pessoa<br />

de um só homem, para nos lembrar que todos nós somos destituídos<br />

de luz e entendimento desde o ventre materno, e que devemos buscar<br />

a cura desse mal unicamente em Cristo.<br />

É preciso observar que, embora Cristo estivesse então presente,<br />

não obstante não quis dispensar os sinais, e visava a reprovar a estupidez<br />

da nação que descartava a substância e retinha apenas uma fútil<br />

sombra dos sinais. Além disso, a espantosa bondade de Deus é exibida<br />

neste fato, para que, de iniciativa própria, curasse o cego e não esperasse<br />

que ele lhe apresentasse sua oração por socorro. Aliás, visto que<br />

somos inerentemente avessos a ele, caso não nos encontre antes que o<br />

invoquemos, e antecipe sua mercê em nosso favor, nós que mergulhamos<br />

no esquecimento da luz e da vida, estamos arruinados.<br />

8. Então os vizinhos e os que o tinham visto anteriormente. O<br />

cego era conhecido não só dos vizinhos, mas de todos os habitantes<br />

da cidade, estando acostumado a sentar-se e a mendigar à porta do<br />

templo, e o povo comum via com mais interesse tais pessoas do que<br />

os demais. Esta circunstância – de o homem ser conhecido – contribuiu<br />

para tornar muitas pessoas familiarizadas com a notoriedade do milagre.<br />

Mas, visto que a impiedade é engenhosa em obscurecer as obras<br />

de Deus, muitos chegaram à conclusão de que aquele não era o mesmo<br />

homem, porque um novo poder divino publicamente se manifestou<br />

nele. E assim descobrimos que quanto mais esplendente a majestade<br />

de Deus se manifesta em suas obras, menos crédito granjeiam entre os<br />

homens. Mas as dúvidas daqueles homens corroboraram para provar<br />

o milagre, porque, em decorrência das dúvidas, o cego celebrou ainda<br />

mais sublimemente a graça de Cristo com seu testemunho. Não é sem

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