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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 8 • 391<br />

fetas quiseram ver as coisas que vedes, e, contudo, não as viram [Lc<br />

10.24]. Respondo, dizendo que a fé tem seus graus na contemplação de<br />

Cristo. Assim os antigos profetas contemplaram a Cristo à distância,<br />

como lhes fora prometido, e, contudo, não lhes foi permitido vê-lo presente,<br />

quando se fez familiar e plenamente visível, vindo a eles do céu.<br />

Além disso, somos ensinados, com estas palavras, que, como<br />

Deus não frustrou o desejo de Abraão, assim ele agora não permitirá<br />

que alguém aspire a Cristo sem a obtenção de algum bom fruto que<br />

corresponda a seu santo anelo. A razão por que ele não outorga a<br />

muitos desfrutarem dele é esta: a perversidade dos homens, porque<br />

poucos o desejam. A alegria de Abraão testifica que ele considerava o<br />

conhecimento do reino de Cristo como um tesouro incomparável, e a<br />

razão pela qual somos informados que ele se regozijou quando viu o<br />

dia de Cristo é para que saibamos que nada havia que ele mais sublimemente<br />

valorizasse. Todos os crentes, porém, recebem este fruto de<br />

sua fé: sentindo-se satisfeitos unicamente com Cristo, em quem vivem<br />

plena e completamente felizes e abençoados, sua consciência se acalma<br />

e se regozija. E deveras ninguém conhece a Cristo corretamente, a<br />

menos que ele lhe conceda a honra de confiar inteiramente nele.<br />

Outros a explicam neste sentido: que Abraão, estando já morto,<br />

desfrutou da presença de Cristo quando ele apareceu ao mundo, e<br />

assim diferenciam o tempo de desejar e o tempo de ver. É de fato verdade<br />

que a vinda de Cristo foi manifestada aos santos espíritos depois<br />

da morte, de cuja vinda mantiveram em expectativa durante toda sua<br />

vida. Não sei se uma exposição tão refinada se harmoniza com as palavras<br />

de Cristo.<br />

57. Ainda não tens cinquenta anos. Tudo fazem por refutar a<br />

afirmação de Cristo, mostrando que ele asseverava o que era impossível,<br />

visto que ainda não tinha cinquenta anos de idade e se faz igual a<br />

Abraão que havia morrido há muitos séculos antes. Embora Cristo ainda<br />

não contasse trinta e quatro anos de idade, contudo lhe permitem<br />

ser um pouco mais velho, para que não parecessem ser rígidos e exatos<br />

demais ao tratar com ele. Como se quisessem dizer: “Certamente

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