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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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372 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

senão porque eram considerados filhos de Deus? Portanto, concluem<br />

que são insultados quando a liberdade lhes é exibida como uma bênção<br />

da qual ainda não tinham tomado posse. Mas é possível imaginar-se<br />

estranho que sustentassem que jamais foram escravizados, quando<br />

tinham sido tão frequentemente oprimidos por vários tiranos, e que<br />

naquele tempo viviam sujeitados ao jugo romano e gemiam sob o mais<br />

pesado fardo de escravidão, e por isso pode-se facilmente notar quão<br />

insensata era sua vanglória.<br />

Não obstante, tinham esta plausível justificativa, isto é, que o injusto<br />

domínio de seus inimigos não os impedia de continuar a ser livres<br />

por direito. Mas estavam errados: primeiro, neste aspecto, a saber,<br />

que não consideravam que o direito de adoção estivesse fundamentado<br />

unicamente no Mediador, pois como se dá que a semente de Abraão<br />

fosse livre, senão porque, pela graça extraordinária do Redentor, ela<br />

é isenta da escravidão geral da raça humana? Há, porém, outro erro<br />

menos tolerável do que o primeiro, a saber, embora fossem totalmente<br />

degenerados, queriam ser contados entre os filhos de Abraão, e não<br />

atinavam que nada mais, senão a regeneração procedente do Espírito,<br />

é que os fazia legítimos filhos de Abraão. E, aliás, tinha sido tão comum<br />

um vício em quase todas as épocas, ou seja, associar à origem da<br />

carne os dons extraordinários de Deus, e atribuir à natureza aqueles<br />

remédios que Cristo outorga para corrigir a natureza. Entrementes,<br />

vemos como todos os que, inflados com falsa confiança, se gloriam em<br />

sua condição alienada da graça de Cristo. E, no entanto, esse orgulho<br />

é difundido por todo o mundo, de modo que há raramente uma pessoa<br />

em centenas que sente necessitar da graça de Deus.<br />

34. Todo homem que comete pecado é escravo do pecado. Este é<br />

um argumento extraído das coisas contrárias. Vangloriavam-se de que<br />

eram livres. Ele prova que eram escravos do pecado, porque, estando<br />

escravizados pelos desejos da carne, pecavam sem cessar. É espantoso<br />

que os homens não se convençam pela própria experiência, de modo<br />

que, pondo de parte seu orgulho, aprendam a ser humildes. E é uma<br />

ocorrência muito frequente na atualidade que, quanto maior é o fardo

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